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análise do filme amor sem escalas à luz da, Notas de aula de Psicoterapia

Instituto de Educação Continuada. Pós graduação em Psicoterapia de Família e Casal. ANÁLISE DO FILME AMOR SEM ESCALAS À LUZ DA. TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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jacare84 🇧🇷

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Educação Continuada
Pós graduação em Psicoterapia de Família e Casal
ANÁLISE DO FILME AMOR SEM ESCALAS À LUZ DA
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
Tania Marcia Barbosa
Belo Horizonte
2011
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Educação Continuada Pós graduação em Psicoterapia de Família e Casal

ANÁLISE DO FILME AMOR SEM ESCALAS À LUZ DA

TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

Tania Marcia Barbosa Belo Horizonte 2011

Tania Marcia Barbosa

ANÁLISE DO FILME AMOR SEM ESCALAS À LUZ DA

TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

Monografia apresentada ao Curso de Pós- graduação do Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicoterapia de Família e Casal. Orientador: Vicente de Paula Almeida Belo Horizonte 2011

Dedico este trabalho aos meus filhos pelo companheirismo e por me ensinarem um novo, possível e belo conceito de família.

AGRADECIMENTOS

Expresso minha gratidão a Deus pela aceitação, respeitando as limitações que ainda estão latentes em mim e também por me conceder a benção de compartilhar minha atual existência com meus filhos, Damaris e Salomão, pessoas maravilhosas, inteligentes amorosas, afetivas... e a quem sou grata por estarem sempre comigo. Agradeço aos profissionais que com seu amor e competência contribuem de forma significativa para meu crescimento. Destaco aqui, Marisa Verdolin, minha psicóloga que mesmo antes de sê-lo, já me ajudava em minhas escolhas e que, como representação real do que é ser Terapeuta Sistêmica, tem me ajudado em minha formação como Psicoterapeuta de Família e Casal. Obrigada minha família de origem – abençoado espaço de crescimento – principalmente minha irmã e minhas tias paternas. Sendo este um trabalho de pesquisa, importa ressaltar minha gratidão aos diretamente ligados a execução deste trabalho: Professora Ana Morici, pela forma lúdica de ensinar. Professora Eline Renó pelo controle de forma acolhedora. Professor João Pinto por ser amável, flexível e atencioso. Professor Marco Antônio pelo estímulo na produção do projeto deste trabalho. Professora Juliane Paulino pela seriedade na transmissão do conhecimento. Professor Vicente Almeida, meu querido orientador, por seu carinho, disponibilidade, respeito às minhas dúvidas, acolhimento às minhas variações emocionais durante o processo da definição do tema a ser trabalhado até a produção do trabalho. “G7” amado e querido, Alice, Bruna, Fernanda Baldi, Fernanda Brum, Vinícius e Virgínia, muito mais que um grupo de estudo, um grupo de pessoas amigas, amáveis e com disponibilidade e abertura para o aprendizado profissional e pessoal.

É necessário apreciarmos o que somos (...) É preciso ser o que é. Nem colocarmos as criaturas num pedestal, nem nos rebaixarmos à condição de capachos. Hammed

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre as possíveis dificuldades da comunicação nas relações afetivas e também como é possível para o psicólogo ter como ferramenta de trabalho recursos lúdicos e artísticos como a análise de filmes. Aborda conceitos de Mony Elkaim a respeito da linguagem e reações emocionais que tendem a direcionar nossa conduta nas comunicações. Por fim, traz comentários sobre tais conceitos e as implicações em nosso cotidiano, através de cenas do filme Amor Sem Escalas. Palavras Chaves: Comunicação. Família. Relação.

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO
  • 2 TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
    • 2.1 A História da Terapia de Família...................................................................
    • 2.2 Conceituando Família....................................................................................
    • 2.3 O Terapeuta de Família
    • 2.4 Teoria Familiar Sistêmica na visão de Mony Elkaïm
    • 2.5 Alguns conceitos de Mony Elkaim
  • 3 O SISTEMA CASAL
  • 4 ANÁLISE DO FILME AMOR SEM ESCALAS
  • 4.1 Análise de cenas escolhidas
  • 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • REFERÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO

Na psicologia tem-se como objeto de estudo o ser humano e o instrumento de trabalho, a escuta. O psicólogo é preparado para ouvir e lidar com as emoções daquele que o procura. Na nossa cultura falar/vivenciar as próprias emoções não é algo comum. Ainda se diz que quem procura um profissional de saúde mental é louco. Como falar de forma objetiva sobre algo subjetivo como as emoções? A Abordagem Sistêmica traz significativa contribuição para o entendimento das emoções e suas implicações na vida das pessoas e em suas relações interpessoais. Na família começa o aprendizado sobre ser e estar no mundo e esse aprendizado é contínuo. Quando adulto, o indivíduo reproduz, de forma direta ou indireta, o que foi aprendido. A família é o lugar onde se ouvem as primeiras falas, com as quais se constrói a auto imagem e a imagem de mundo. É na família que o indivíduo tem sua primeira experiência de relação interpessoal, é o filtro através do qual se começa a ver e significar o mundo. É também na família, que são estabelecidos os conceitos de afeto e desafeto e esse conceito contribui para escolha da parceria afetiva. No exercício profissional da psicologia clínica, percebo que o ser humano necessita de experiências de solidão e interação com o outro. Ele sente-se inexoravemente atraído a se ligar ao outro. Diante disso, o presente trabalho pretende verificar como a análise de um filme, neste estudo o intitulado, Amor sem Escalas , pode tornar-se mais um exemplo de ferramenta para ser utilizado pelos psicólogos para observação de comportamentos humanos que são vivenciados no seu dia a dia na clínica, como também facilitar o estudo da teoria. No capítulo I é apresentado a história da Terapia Familiar Sistêmica e alguns conceitos exemplificados da metodologia de Mony Elkaïm. No capítulo II é abordado, de forma resumida, o sistema casal, buscando clarear o conceito de casal e identificar o modo de funcionamento das relações conjugais.

2 TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

Neste capítulo expresso um breve percurso sobre a Terapia de Família. Inicialmente, apresento alguns de seus precursores e suas contribuições para a Terapia de Família. Em seguida, explano sobre conceitos de família e a formação do Terapeuta de Família. Ainda neste capítulo, apresento alguns conceitos da metodologia de Mony Elkaïm. 2.1 A História da Terapia de Família A História da Terapia de Família é, segundo a bibliografia existente, muito nova. O olhar para a família como um sistema a ser observado, estudado, tratado se iniciava nos primeiros fundamentos da Terapia de Família. Desde então se verifica vários estudos constatando a real necessidade de existir alguma forma de intervenção na família como apoio ao atendimento do indivíduo. Em meados do século XX, com a socialização das ciências, da psicologia, da psiquiatria e da psicanálise, a família ganhou papel determinante no processo de saúde/doença das pessoas e passou a ser objeto de intervenção. Na década de 70, importantes movimentos aconteceram na Europa, como o Grupo de Milão que por suas características próprias, é atualmente designada Escola de Milão, pela fundamentação na teoria sistêmica de J. Haley, V. Satir, S. Minuchin e do Grupo do MRI (Mental Research Institute). Os autores Satir, Jackson e Watzlawick foram considerados por Hoffman como originadores da Terapia de Família. Já no Brasil, vários estudos foram realizados para identificar o nascimento da terapia de família por aqui. Uma contribuição muito significativa para a Terapia de Família é o atendimento realizado pelos assistentes sociais que tinham como foco de seu

trabalho, o grupo familiar. Os mesmos introduziram a perspectiva ecológica na terapia de família (NICHOLS E SCWARTZ, 2007). No Brasil, os anos 80 aparecem como um momento de grande expansão da Terapia de Família como método terapêutico, possuidora de teoria e prática próprias, deixando de ser experiências isoladas e sendo mais acessível a um maior número de profissionais e famílias. A Terapia de Família propicia entender o indivíduo e ter como ajudá-lo em seu contexto social e cultural. 2.2 Conceituando Família A análise da família exige um esforço de estranhamento, isso pelo fato de confundirmos a família atendida com a nossa própria família, de acordo com as referências sociais e culturais aprendidas. “Cada família constrói seus mitos a partir do que ouve sobre si, do discurso externo internalizado, mas devolve um discurso sobre si que contém também sua própria elaboração, objetivando sua experiência subjetiva”. (SARTI, 2004, p.15) Na cultura ocidental vem-se falando da possibilidade de um declínio do grupo familiar, mas com a idéia da transmissão geracional e ampliando o conceito de família pensando em famílias reconstituídas, monoparentais, homoafetivas, é possível relativizar essa possibilidade. A família tradicional que traz em si a função moral e não afetiva, dá espaço para um novo tipo de família que busca o estabelecimento do sucesso relacional. Não desaparece a questão moral, mas aumenta as possibilidades de negociações entre os sujeitos que compõem a família. Independente do critério biológico, a família é formada por um grupo afetivo. (FERES-CARNEIRO; PONCIANO; MAGALHÃES, 2007) Um dos pioneiros da Terapia de Família da cidade do Rio de Janeiro entrevistado por Ponciano; Féres-Carneiro, 2003, p.70 , acredita que “a família se forma a partir das histórias que as famílias vão contando não importa por onde. Seja pelo silêncio, seja pelas narrativas”.

A abordagem sistêmica assume um espaço importante na formação dos terapeutas de família, tratando o organismo como um sistema familiar e não como causa e efeito. Os terapeutas sistêmicos devem aprender a questionar, entender e aceitar arduamente as próprias limitações e alcances dentro da prática clínica. Eles são também indivíduos que fazem parte da sociedade, seres humanos, membros de famílias e não donos da razão carregados de onipotência. 2.4 Teoria Familiar Sistêmica na visão de Mony Elkaïm Mony Elkaïm é médico neuro psiquiatra e psicoterapeuta. Formou-se como Terapeuta Sistêmico em Palo alto. Durante um grande período de sua vida profissional, trabalhou em guetos negros e porto riquenhos em Nova Iorque, e também junto às minorias de emigrantes de Bruxelas. Fundador e presidente da Associação de Terapia Familiar Européia; professor da Universidade Livre de Bruxelas; introduziu as práticas de terapia de rede no âmbito da Saúde Mental. Consultor do Departamento de Psiquiatria do “Hospital Universitário Erasme”, dirige o “Instituto de Estudos da Família e Sistemas Humanos” de Bruxelas. É um dos responsáveis, de grande expressividade pelo desenvolvimento da corrente sistêmica, incorporando o pressuposto da intersubjetividade no trabalho terapêutico e também sobre a importância de elaboração de uma hipótese inicial sobre o problema e sua influência no sistema, apresentada para oferecer aos envolvidos um significado para seu problema. Fundamentando diferentes atuações terapêuticas, Mony Elkaïm concentrou- se na premissa sistêmica de que um sintoma pode ter a função de manter um sistema aberto em certo estado de equilíbrio – homeostase – mas que em sistemas abertos, longe do equilíbrio – instabilidade – o sintoma pode servir de ensejo para desencadear mudanças necessárias. Ele considera que o sistema humano é um sistema que se constitui de elementos singulares, de regras intrínsecas, que o homem é o agente de sua história e que o destino de um sistema pode ser

modificado se se dá importância aos elementos anódinos – ampliação dada a um elemento aparentemente insignificante. O vínculo que existe entre os fatos do passado e os do presente é semelhante àquele que existe entre os diferentes elementos que compõem um coquetel, participam mas nenhum sozinho é o definidor do gosto do coquetel. Para Elkaïm (2000), a história de um sistema pode ser uma história na qual os elementos passados não impõem automaticamente os elementos futuros; os elementos históricos são necessários, mas não suficientes para explicar a aparição de problemas no cotidiano. Os sistemas humanos são basicamente construídos pela comunicação e a relação, pois todas as pessoas se comunicam ao estabelecerem relações. A comunicação se faz de diversas formas. Nos sistemas, e seus contextos, aprendemos a aprender, desenvolvendo premissas básicas de conduta e comunicação. Todos nós temos registros armazenados de forma tal que muitas vezes até esquecemos que os temos. Estes registros foram coletados pelas informações/formações de conhecimento de nosso mundo externo. Vivemos a partir de nossas experiências, falamos do que conhecemos, do que conseguimos explicar através das reformulações de nossas experiências. Cada um de nós tem experiências próprias, daí haver várias formas de explicação e muitas formas de aceitar os conceitos que são baseados nas experiências do outro. (Maturana, 2001) 2.5 Alguns conceitos de Mony Elkaim Duplos vínculos: É o ciclo vicioso que se forma nas relações a partir da conjunção de programas oficiais e mapas de mundo antagônico. Se refere ao paradoxo como algo corriqueiro e inexoravelmente presente no centro da vida cotidiana, nas relações humanas, é o desejo de ser amado e o medo de ser rejeitado. No seu livro Se você me ama, não me ame, Mony Elkaïm (2000) ilustra este conceito no caso apresentado no capítulo I, página 19:

Ressonância: São elementos semelhantes, comuns a diferentes sistemas em interseção. A queixa de uma família pode trazer situações que desperte no terapeuta lembranças de situações parecidas vividas em sua família de origem ou em seus relacionamentos atuais.

3 O SISTEMA CASAL

É na família que a pessoa tem sua primeira experiência de relação interpessoal, é o filtro através do qual se começa a ver e significar o mundo. Segundo Satir (1988) as relações familiares se formam através do eixo constituído pelo relacionamento conjugal. Para conseguir se ligar ao(s) outros(s), é necessário que haja minimamente uma espécie de ressonância entre as pessoas envolvidas, seja ela positiva ou negativa. É inegável que a atração entre pessoas obedece a certos princípios que respondem a questões chaves (na maioria das vezes inconscientes) dos envolvidos. Durante décadas de atendimento clínico, observo que relações fugazes – relações superficiais, sem envolvimento ou compromisso afetivo – podem deixar marcas profundas contribuindo, ou reforçando, dificuldades para se criar vínculos afetivos sexuais saudáveis. Intimidade é um elo que se constrói, com zelo e constância até que se tenha confiabilidade; não é um bem de consumo que se pode adquirir com jogos de poder e sedução num relacionamento fugaz e superficial entre duas pessoas. A definição intimidade é complexa uma vez que seus significados variam de relacionamento para relacionamento, e dentro de um mesmo relacionamento ao longo do tempo. Em alguns relacionamentos, a intimidade está ligada ao sexo e sentimentos de afeto podem estar conectados ou serem confundidos com sentimentos sexuais. Em outros relacionamentos, a intimidade tem mais a ver com momentos divididos pelos indivíduos do que interações sexuais. De qualquer forma, a intimidade está ligada com sentimentos de afeto entre parceiros em um relacionamento. Esta não é uma definição precisa, mas mesmo sem ser específico, parece que a intimidade e relacionamentos saudáveis andam de mãos dadas. Certamente a intimidade é um ingrediente básico em qualquer relacionamento com algum significado: a base da amizade e uma das fundações do amor. (MORRIS, 1997) A relação de intimidade, o sentir-se à vontade e descontraído na companhia do outro, é desejada secretamente por todo ser humano. Embora muitos não saibam expressar esta expectativa e nem dela tenham consciência, todos querem uma relação de continuidade, em que um se importa com o outro, em que ambos se desejam, se acolhem, se respeitam e se nutrem, onde cabe a expansão da individualidade de cada um em coexistência com um “nós” afetuoso e forte.