










Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
usuários, metodologia e técnicas utilizadas na Análise de Balanços. ... Manual de contabilidade societária / Sérgio de Iudícibus ... (et. al.).
Tipologia: Notas de aula
1 / 18
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Esta aula visa introduzir o aluno no estudo das principais características da Análise de Balanços. O conceito, objetivo, importância, amplitude, histórico, áreas afins, usuários, metodologia e técnicas utilizadas na Análise de Balanços.
A literatura que trata deste assunto utiliza vários termos com o mesmo significado, tais como Análise das Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações Financeiras, Análise Financeira de Balanços, Análise Financeira, Análise Econômico-Financeira, ou simplesmente Análise Contábil ou Análise de Balanços, Resumidamente, análise financeira, conforme entendimento de Silva (2010, p. 6) “consiste num exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como das condições endógenas e exógenas que a afetam financeiramente, com o objetivo de verificar sua performance econômico-financeira.” Como dados financeiros disponíveis, pode-se incluir demonstrações contábeis, programas de investimentos, projeções de vendas e projeção de fluxo de caixa, por exemplo. Como condições endógenas, analisa-se estrutura organizacional, capacidade gerencial e nível tecnológico da empresa. Como condições exógenas, relaciona-se os fatores de ordem política e econômica, concorrência e fenômenos naturais, entre outros. Desse modo, a análise financeira transcende as demonstrações contábeis. Na verdade, o que nos interessa é a empresa e não as demonstrações contábeis. As demonstrações contábeis são apenas canais de informação sobre a empresa, tendo como objetivo principal subsidiar a tomada de decisão. Está implícito que devemos trabalhar com informações de boa qualidade para chegarmos a um relatório de análise com o esmero necessário. Para Assaf Neto (2010. P.35) “a análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada e as tendências futura.” Em outras palavras, através da análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, sobre a posição atual, e fornece subsídios para a projeção da posição futuro da empresa. Matarazzo (2010, p. 1) afirma que “a Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões.” As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços transforma esses dados em informações e será tanto mais eficientes quanto melhores informações produzir.
A análise das Demonstrações Contábeis, portanto, têm por objetivo observar e confrontar os elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando o conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e, também, servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da empresa. É importante ressaltar que a análise das demonstrações contábeis, amplamente aceita no meio acadêmico e empresarial, compreende duas categorias distintas: A Análise Financeira, que possibilita a interpretação da saúde financeira da empresa, seu grau de liquidez e capacidade se solvência; e a Análise Econômica, que possibilita a interpretação das variações do patrimônio e da riqueza gerada por sua movimentação. Tanto a análise financeira quanto a econômica são elaboradas e avaliadas sob vários pontos de vistas distintos, conforme a necessidade e amplitude de cada usuário.
2. IMPORTÂNCIA
A análise de balanços é de suma importância para uma empresa que pretende evoluir, pois através dela obtêm-se informações importantes sobre sua posição econômica e financeira. São os analistas que tiram conclusões através de dados relevantes como se a empresa analisada em um determinado momento merece crédito ou não, se a mesma tem capacidade de pagar suas obrigações, se vem sendo bem administrada, se sua atividade operacional oferece uma rentabilidade que satisfaz as expectativas dos proprietários de capital e se irá falir ou se continuará operando, entre outros fatores. Uma análise consistente depende da qualidade das informações analisadas e da acurácia do analista. A qualidade das Demonstrações Contábeis é fundamental para se ter uma boa análise, capaz de refletir a real situação da empresa. Na última década, a contabilidade e, principalmente, os profissionais de contabilidade têm sofrido críticas em virtude da descoberta de falcatruas contábeis e gerenciais em corporações americanas como a Enron (2001), a Word-Com (2002), a Tyco (2002) etc. Também, em função de escândalos contábeis, no caso específico da Enron, houve a falência de uma das mais tradicionais empresas de auditoria: a Arthur Andersen. Ouro escândalo que surtiu grande repercussão na mídia em 2004 foi o caso da Parmalat, empresa italiana que teve sua contabilidade fraudada, caso explicitado, O Brasil não ficou de fora, já foi cenário de alguns escândalos envolvendo a gestão contábil, tais como o Banco Nacional (1995), Banco Santos (2004), e em 2010 foi a vez do Banco Panamericano que apresentou um rombo contábil de R$ 2,5 bilhões, cujas demonstrações contábeis já haviam passado pelos auditores e pelos analistas responsáveis pelo IPO (oferta pública de ações) de R$ 679 milhões, em novembro de 2007, como também pelos olhos dos
Através da abordagem do tripé (Liquidez, Rentabilidade e Endividamento), a análise pode ser aprofundada mediante outro conjunto de indicadores que melhor explica e detalha a situação econômico-financeira da empresa. Esse conjunto de indicadores, ainda que mais profundo que o primeiro grupo, está num nível intermediário, podendo avançar um pouco mais a análise. Nessa proposta didática dos três níveis de análise, cabe ressaltar que os indicadores não são exclusivos para obter informações específicas de cada unidade do tripé. Por exemplo, a análise da DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos – não é mais uma demonstração obrigatória) propicia informações relevantes não só do endividamento, mas também da situação financeira (Liquidez). A DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa) também traz subsídios no que se refere à situação financeira (liquidez).
C. Nível Avançado
Uma série de outros Indicadores e Instrumentos de análise poderia enriquecer ainda mais as conclusões referentes à situação econômico-financeira de uma empresa. Sem querer esgotar todos os recursos de análise, pode-se indicar mais algumas ferramentas para melhor analisar o tripé referido, agora, num nível mais profundo, mais avançado: Indicadores combinados (avaliar a empresa ponderando conjuntamente o tripé, dando-se uma nota final); Analisar a Demonstração do Valor Adicionado (avaliar a capacidade de gerar renda e como essa renda gerada é distribuída); Liquidez Dinâmica (Liquidez econômica, patrimonial etc.); Projeções das Demonstrações Contábeis e sua análise; Análise com ajustamento das Demonstrações Contábeis nível geral de preços; Análise por meio de Dividendos por Ações e outros indicadores para as empresas de capital aberto com ações cotadas no mercado; Análise das variações dos fluxos econômicos versus financeiro; Outros modelos de análise: EVA, MVA, Balanced Scorecard etc.
O quadro a seguir traz a classificação do estudo de Análise de Balanços, conforme proposta de Marion, nos três níveis de análise.
Nível de curso
Disciplinas Nível de análise financeira
Graduação (^) Contabilidade Introdutória, Básica, Geral etc.
Introdutória
Análise de Balanços ou Análise das Demonstrações Contábeis ou Análise Financeira Administração Financeira
Introdutório e Intermediário
Pós-Graduação Lato sensu (^) Intermediário e avançado, exceto projeções das demonstrações e nível geral de preços Stricto sensu (^) Avançado, incluindo outros instrumentos de análise, além dos indicados Quadro 01 – Níveis de Análise das Demonstrações Contáveis Fonte: Marion (2010, p.4)
O nível Introdutório é ideal para os cursos de Contabilidade Introdutória, propiciando ao estudante um conhecimento inicial das utilidades das Demonstrações Contábeis e que todo ensino de Contabilidade (Geral, Básico, Introdutória etc.) deveria abordar esses indicadores iniciais do tripé, evidenciando a Contabilidade como instrumento de tomada de decisão: O nível Intermediário (em conjunto com o Introdutório) é normalmente aplicado aos cursos de Análise das Demonstrações Contábeis em nível de graduação, enquanto o nível avançado seria compatível com a pós-graduação ( lacto e stricto sensu ).
4 BREVE HISTÓRICO
É comum afirmar que a análise das Demonstrações Contábeis é tão antiga quanto à própria Contabilidade. Reportando-se ao início provável da Contabilidade (+ ou – 4.000 a. C.), em sua forma primitiva, encontramos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua atenção para a principal atividade econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza (variação do rebanho). A análise da variação da riqueza realizada entre a comparação de dois inventários em momentos distintos conduz a um primeiro sintoma de que aquela afirmação (análise tão antiga quanto à própria Contabilidade) é possível. Todavia, remota de época mais recente o surgimento da Análise das Demonstrações Contábeis de forma mais sólida, mais adulta. É no final do século XIX que se observa os banqueiros americanos solicitando as demonstrações (praticamente o Balanço) às empresas que desejavam contrair empréstimos. E por se exigir, de início, apenas o Balanço para a Análise é que se introduz a expressão Análise de Balanços, que perdura até nossos dias. Com o tempo, começou-se a exigir outras demonstrações para análise de concessão de crédito, como a Demonstração do Resultado do Exercício; todavia, a expressão Análise de Balanços já é tradicionalmente utilizada. Como forte
explicações que, normalmente, transcendem a esfera da contabilidade, como flutuações econômicas e fatores que afetam a oferta e a demanda na economia local, nacional ou internacional, por exemplo. É necessário transcender à pessoa da empresa, ou seja, a situação econômico-financeira de uma empresa não é influenciada somente por variáveis endógenas (interna), tais como a forma de gerir os negócios (decisões tomadas), capacidade dos gestores etc., mas também por fatores exógenos (externos), de fora da empresa, de cunho setorial, sazonal, macroeconômico, ambiental, etc.
Administração financeira Normalmente os programas de Administração Financeira abrangem uma parte significativa de análise financeira, havendo, portanto, uma relação bem próxima entre Administração Financeira, Análise Financeira e Contabilidade. O papel do administrador financeiro depende também do porte da empresa. Numa empresa pequena, muitas vezes não há um órgão específico responsável pelo gerenciamento das operações financeiras, ficando essas atribuições distribuídas ente a contabilidade e o proprietário. Á medida que a empresa cresce, torna-se necessária a profissionalização do gerenciamento das funções financeiras. Nas grandes organizações normalmente há separação entre finanças e controladoria. Conforme o organograma da empresa, uma diretoria financeira pode administrar as funções de investimento de capital, financiamentos de longo prazo, crédito e caixa, por exemplo. Por outro lado, a Controladoria responde pela contabilidade geral, orçamento, custos e tributos, por exemplo. Em muitos casos, há uma vice-presidência financeira à qual se subordina tanto as funções financeiras propriamente ditas quanto às funções de controladoria.
Economia A economia pode ser vista em duas dimensões. A microeconomia e a macroeconomia. A microeconomia relaciona-se diretamente com as empresas e com os indivíduos, cobrindo conceitos relacionados ao comportamento do consumidor, aos níveis “ótimos” de vendas, à decisão de investimento, ao risco e à maximização do lucro, entre outros. A macroeconomia abrange o ambiente global, ou seja, tanto nacional como internacional. O Sistema Financeiro Nacional, a política cambial, a política de juros, bem como as atividades de comércio exterior são parte de um contexto macroeconômico. O Comportamento da economia é parte de um ambiente no qual a empresa está inserida. Esse ambiente oferece oportunidades e ameaças, direcionando as estratégias dos administradores financeiros e das empresas. A busca da compreensão da performance de uma empresa, em determinado período, certamente, remeterá o analista ao exame do comportamento do setor em que a empresa atua. A amplitude da análise decorrerá principalmente de seu objetivo, do tipo de
atividade e dos produtos da empresa. Uma empresa que tenha suas vendas concentradas no mercado externo, isto é, nas exportações, terá sua análise ampliada para apreciação de fatores relacionados à economia internacional e à política cambial de seu país. Portanto, há forte relação entre economia e análise financeira.
Estatística A estatística tem prestado sua contribuição à administração financeira, nos modelos de avaliação de risco e na estimativa de retornos. Conceitos que vão desde valor esperado, desvio- padrão, variância e correlações até os modelos de precificação de ativos (CAPM – capital asset pricing model ) são exemplos de uso da estatística na administração financeira. No campo da análise financeira, inclusive na análise de crédito, os modelos de previsão de insolvência, de classificação de risco ( rating ) e de credit scoring , são exemplo de utilização de recursos estatísticos como análise discriminante, regressão logística, modelos bayesianos e redes neurais. Na realidade, a empresa mantém relação com diversos campos da ciência e do conhecimento. Ao mesmo tempo, internamente, a empresa é um todo e, em seu funcionamento, a área financeira deve relacionar-se com diversas outras áreas, como tecnologia de informação, marketing, produção e recursos humanos, por exemplo. Essas áreas necessitam de recursos financeiros para desenvolvimento de seus projetos e, ao mesmo tempo, suas ações trazem efeitos nos resultados financeiros da empresa.
6. USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS
A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos consoante os interesses de seus vários usuários ou pessoas físicas ou jurídicas que apresentam algum tipo de relacionamento com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. Os usuários mais importantes da análise de balanços de uma empresa são os fornecedores, clientes, intermediários financeiros (bancos), acionistas, concorrentes, governo e seus próprios administradores. Os interesses dos fornecedores estão preferencialmente voltados para o conhecimento da capacidade de pagamento da empresa, ou seja, sua liquidez. Porém, observam também alguma coisa além da liquidez, visto que os balanços são divulgados uma vez por ano e a análise proporcionar-lhes segurança pelo prazo de sua validade, ou seja, até a Análise de Balanço seguinte. Por isso, não observam pura e simplesmente índices de liquidez, mas alguma coisa além, como a rentabilidade e o endividamento. Análises importantes também são aquelas efetuadas por empresas clientes. Em verdade, é prudente que empresas compradoras avaliem firmas vendedoras em algumas situações especiais,
essa análise de toda a concorrência, é possível a construção de índices-padrão indispensáveis a uma autoavaliação. O interesse do governo na análise de balanços é explicado em processos de concorrência pública, em que o desempenho empresarial é fator importante no processo de seleção; na necessidade de conhecer a posição financeira dos diferentes ramos e setores de atividade como forma de subsidiar a formulação de certas políticas econômicas; no controle mais próximo de empresas públicas e concessionárias de serviços públicos etc. Para os próprios administradores, a análise de balanços não é menos importante, servindo como instrumento de acompanhamento e avaliação das decisões financeiras tomadas pela empresa. Em outras palavras, ao avaliar seus diversos relatórios contábeis, os dirigentes das empresas poderão mensurar os resultados de suas políticas de investimentos totais, a rentabilidade do capital dos proprietários etc. Da mesma forma, por meio de demonstrações projetadas, é possível desenvolver-se uma avaliação sobre o desempenho futuro da empresa, sua capacidade esperada de gerar lucros, posição prevista de caixa, crescimento das vendas e custos etc.
Todas as decisões empresariais requerem a assistência técnica de um especialista. A orientação para investir, para que a prosperidade seja conseguida é, sem dúvida, a principal e mais significativa função do Contador, posto que este é o cientista dos empreendimentos. Porém, este profissional não consegue emitir opinião válida sem que a mesma deflua de um estudo das informações contábeis. Uma análise, seja de que fenômeno for, necessita de método competente para que possa produzir conclusões apoiadas na verdade. Segundo Silva (2010, p.6), a análise financeira de uma empresa envolve basicamente as seguintes atividades: Coletar, Conferir, Preparar, Processar, Analisar e Concluir. Coletar consiste na obtenção das demonstrações contábeis e outras informações, como as relativas ao mercado de atuação da empresa, seus produtos, seu nível tecnológico, seus administradores e seus proprietários, bem como sobre o grupo a que a empresa pertence, entre outros. A Conferência consiste em uma pré-análise para verificar se as informações estão completas, se são compreensíveis e se são confiáveis. Esta etapa é conhecida pelos analistas financeiros, no meio bancário, por análise documental. Preparar equivale a fase de padronização e reclassificação das demonstrações contábeis para adequá-las aos padrões internos da instituição que vai efetuar a análise, bem como aos interesses dos usuários da análise (quem vai tomar a decisão). É, portanto, a organização do
material de leitura e adequação dos demais dados disponíveis para análise. Esta fase é o alicerce para a obtenção de uma boa análise. O Processamento corresponde ao processo de transformação dos dados em informações e emissão dos relatórios no formato interno da instituição. Entre os relatórios emitidos, podemos encontrar o próprio balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa, o quadro dos indicadores, tais como: índices de liquidez, de endividamento, rentabilidade, atividade, capital de giro, entre outros. Normalmente, esse processo de emissão de relatórios e cálculos de indicadores é feito por meio de processamento eletrônico de dados. A análise é interpretação das informações disponíveis, principalmente dos relatórios e indicadores já obtidos, verificação da consistência das informações, a observação das tendências apresentadas pelos números e todos os diagnósticos que possam ser extraídos do processo. Essa é uma fase que exige muito da capacidade de observação, do conhecimento e da experiência do analista. Nessa fase, portanto, há dois focos principais: (i) um relativo à análise da empresa e dos diversos fatores relacionados a seu risco (risco do tomador); e (ii) outro relativo à transação que se pretende com a análise, como, por exemplo, a compra de ações ou aprovação de operações ou de limite de crédito (risco da operação). Esta etapa contempla ainda o que Marion (2010, p.32) chama de “escolha dos indicadores”, “comparação com padrões”. A conclusão é uma das fases mais importantes da análise. Consiste em identificar, ordenar e escrever sobre os principais pontos e recomendações acerca da empresa. Não basta ser um bom analista, é preciso saber expor seu parecer em linguagem simples, clara e consistente, de modo que o usuário da análise, pela leitura do relatório, conheça a empresa e possa tomar decisão sobre a mesma. É importante destacar que o conhecimento prévio do objetivo da análise é fundamental para o analista no direcionamento de seu trabalho. Esta etapa, para algumas instituições, tais como bancos, agências classificadoras de risco, contempla também a emissão de um rating para a empresa analisada. Poderia ainda acrescentar uma última etapa, “decisão”, como fazem alguns autores, porém, na maioria das vezes, o analista emite apenas o parecer conclusivo, ficando a decisão final a ser tomada pelo usuário demandante da análise.
8 TÉCNICAS DE ANÁLISE
O raciocínio básico da análise de balanços desenvolve-se por meio de técnicas oriundas de diferentes áreas do saber (contabilidade, matemática e estatística, principalmente). Essas técnicas apresentam uso bastante generalizado e sofrem periodicamente um processo natural de aprimoramento e sofisticação. Métodos empíricos de avaliação de empresas, por sua vez, alcançaram evidências científicas ao longo do tempo, comprovando suas validades.
8.4 Modelos de análises de rentabilidade
a) Análise do ROI (Retorno Operacional dos Investimentos) Esse tipo de análise, desenvolvida há cerca de cinqüenta anos, é ainda instrumento de grande utilidade na análise interna ou externa à empresa. Permite ampla decomposição dos elementos que influem na determinação da taxa de rentabilidade de uma empresa e explica quais os principais fatores que levam ao aumento ou à queda de rentabilidade quando esta estiver em estudo Modernamente, faz-se pesquisa a respeito da utilidade desse modelo de análise acoplado à análise de Custo/Volume/Lucro e à análise da Curva de Demanda dos produtos de uma empresa. Em análises externas à empresa, pouco uso tem sido feito da análise do ROI, no Brasil, sem um motivo, aparentemente, mais forte. Talvez a pouca importância que lhe tem sido dada pelas obras de Análise de Balanços ou suposto academicismo desse modelo ou, ainda, algumas pequenas dificuldades de montagem expliquem a falta de entusiasmo por esse modelo.
b) Análise da Alavancagem Financeira Analisar a “alavancagem financeira” sob condições de inflação era até pouco tempo tarefa a que os estudiosos não se haviam arriscado, tal a complexidade de conhecimentos de contabilidade, de efeitos inflacionários sobre as demonstrações financeiras e de finanças que envolvem. Segundo Matarazzo (2010, p.12) há pouco tempo, esse tema foi objeto de tese de livre- docência na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Essa tese foi editada com o titulo Análise da correção monetária das demonstrações financeiras; implicações no lucro e na alavancagem financeira , de autoria do Prof. Eliseu Martins. Por comparar o custo das diferentes alternativas de capitais de terceiros com o custo do capital próprio, a análise da “Alavancagem Financeira” é imprescindível para as decisões de subscrição de ações e muito recomendável nas decisões de financiamentos de longo prazo.
8.5 Análise de outras demonstrações contábeis Como vimos, a análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício constitui-se parte fundamental do processo de Análise das Demonstrações Contábeis. Todavia, a análise de outras demonstrações como Doar, DFC e DVA enriquecem sobremaneira a interpretação da situação econômico-financeira da empresa em análise.
a) Análise da Demonstração do Fluxo de Caixa
A partir de 2008, passa a ser obrigatória a elaboração e divulgação da Demonstração dos Fluxos de Caixa – com a divulgação a partir de 2009. Os analistas de balanços pouco conhecem das potencialidades informativas dessa demonstração e não a vêem utilizado para emissão de seus pareceres. Utilizando os dados da Demonstração dos Fluxos Líquidos de Caixa, pode-se elaborar análise profunda e por fim é a melhor avaliação sobre a situação financeira da empresa e sobre sua gestão de caixa.
b) Análise da Demonstração do Valor Adicionado A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua respectiva distribuição. As informações predominantes na DVA servem como base para a efetivação de análises contábeis que possam identificar a relação da entidade tanto com os agentes internos, como os empregados, administradores, proprietários e acionistas, quanto com os agentes externos, representados pelo governo, sindicatos, financiadores e credores, por exemplo.
c) Análise da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR A DOAR é um poderoso instrumento contábil para tomada de decisões. Ela explica as origens de recursos e sua influência no capital de giro da empresa em função da aplicação destes recursos. Por ser a demonstração mais difícil para o leigo entender, os legisladores da Contabilidade preferem o Fluxo de Caixa pelo fato de ser uma demonstração mais comum, já que todos (inclusive os leigos) usam no seu cotidiano.
8.6 Análise prospectiva A Análise de Balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da empresa, por serem os dados do passado os únicos contidos nas demonstrações financeiras. O pensamento dominante é de que, analisando-se o passado, se poderá inferir como será o futuro, supondo-se que o comportamento da empresa no futuro seja igual àquele do passado. Esse é, aliás, um raciocínio que a própria sociedade no mundo ocidental tem usado largamente. Apenas modernamente é que se desenvolveram técnicas previsionais na Análise de Balanços. Em virtude de as técnicas previsionais incorporarem novas variáveis acredita-se que o uso de tais técnicas supera em muito os resultados que se obtém pela simples análise do passado. E claro que o grau de erro numa análise previsional é maior do que a análise do passado, mas que isso não lhe tira a qualidade de mais eficiente, visto que a análise do passado, mesmo que
a tendência apresentada pelos indicadores de desempenho, e não limitar a avaliação num resultado a um único período; b) Interempresarial – relacionando o desempenho de uma empresa com o setor de atividade e o mercado em geral. Na comparação interempresarial são utilizados índices-padrão do mercado, os quais podem ser obtidos de publicações especializadas ou desenvolvidos pela própria empresa.
a) Características pessoais Potencial adequado à função, automotivação, estabilidade emocional, empatia, diplomacia, habilidade de ouvir com atenção, comunicação, atenção para detalhes e integridade, entre outras.
b) Habilidades profissionais Escolaridade, conhecimentos de economia, contabilidade, direito, matemática financeira, ótima capacidade de redigir e conhecimento dos negócios relacionados a sua área de atuação.
c) Mercado de trabalho O mercado de trabalho no campo financeiro abrange: Bancos: análise de crédito, gerência de negócios, análise de investimento e administração de carteiras, entre outros; Empresas industriais ou comerciais: análise de crédito, análise de concorrência, análise de desempenho e previsões financeiras; gerência de orçamento de capital (investimentos); gerência de projetos financeiros (financiamentos); gerência de caixa, exercendo o controle dos saldos diários, captação e aplicação de recursos a curto prazo; gerência de crédito, avaliando risco e a capacidade de pagamento. Há um leque grande de opções de trabalho em vários outros tipos de organizações, como corretoras, fundos de pensões e até entidades sem fins lucrativos, por exemplo.
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de balanços : um enfoque econômico-financeiro / Alexandre Assaf Neto. – 9. ed. – São Paulo : Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços / Sérgio Iudícibus. – 10. ed. – 3. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2010.
Manual de contabilidade societária / Sérgio de Iudícibus ... (et. al.). – São Paulo : Atlas, 2010. Outros autores: Eliseu Martins, Ernesto Rubens Gelbecke, Ariovaldo dos Santos FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisa Contábeis, Atuariais e Financeiras, FEA/USO.
MARION, José Carlos. Contabilidade Básica / José Carlos Marion. – 10. ed. – São Paulo : Atlas,
MARION, José Carlos. Analise das demonstrações contábeis: Contabilidade Empresarial / José Carlos Marion. – 6. ed. – São Paulo : Atlas, 2010.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem gerencial / Dante Carmine Matarazzo. – 7. ed. – São Paulo : Atlas, 2010.
MORANTE, Antônio Salvador. Análise das Demonstrações Financeiras : Aspectos contábeis da demonstração de resultado e do balanço patrimonial / Antônio Salvador Morante. – 2. ed. – São Paulo : Atlas, 2009.
SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis / Alexandre Alcântara da Silva. – 2 ed. – São Paul: Atlas, 2010.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas / José Pereira da Silva. – 10. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010.
Exercícios