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Guias e Dicas
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Textos Escritos em 4ª e 5ª Séries: Oralidade e Textualização, Notas de aula de Artes

Uma pesquisa sobre a produção textual escrita em 4ª e 5ª séries do 1º grau, enfatizando a influência da oralidade e os desafios encontrados na transição para a modalidade escrita. O texto identifica causas para a rejeição de textos escritos, estabelece objetivos específicos para a análise e aponta características observadas em textos de alunos dessas séries. Além disso, o documento discute a importância de estabelecer uma tipologia de discursos dialógicos e analisa textos de uma corpus publicados em revistas e jornais franceses.

O que você vai aprender

  • O que são os objetivos específicos estabelecidos para a análise de textos escritos em 4ª e 5ª séries do 1º Grau?
  • Como a influência da oralidade afeta a produção textual escrita em 4ª e 5ª séries do 1º Grau?
  • Qual é a importância de estabelecer uma tipologia de discursos dialógicos na análise de textos escritos?
  • Quais causas foram identificadas para a rejeição de textos escritos em 4ª e 5ª séries do 1º Grau?
  • Quais características foram observadas em textos de alunos de 4ª e 5ª séries do 1º Grau?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
MESTRADO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA
ALGUMAS MARCAS DA ORALIDADE NA PRODUÇÃO TEXTUAL
ESCRITA DE ALUNOS DE 4ª - E 5ª - SÉRIES
MARIA DAS GRAÇAS SOARES RODRIGUES
Dissertação de Mestrado apresentada
ao
Programa de Pós-
Graduação em Letras e
Lingüística da UFPE, para obtenção do
Grau de Mestre em Lingüística.
ORIENTADORA: DRA. DÓRIS DE ARRUDA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO

MESTRADO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA

ALGUMAS MARCAS DA ORALIDADE NA PRODUÇÃO TEXTUAL

ESCRITA DE ALUNOS DE 4ª - E 5ª - SÉRIES

MARIA DAS GRAÇAS SOARES RODRIGUES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós -Graduação em Letras e Lingüística da UFPE, para obtenção do Grau de Mestre em Lingüística.

ORIENTADORA: (^) DRA. DÓRIS DE ARRUDA CARNEIRO DA CUNHA

A Carol, minha filha, por sempre ter compreendido e admitido que me ausentasse, em prol da melhoria de meu desempenho acadêmico.

A papai e mamãe que se dedicaram ao trabalho, incansavelmente, para obter os recursos necessários à minha formação e de meus irmãos.

A minha tia, Davina Soares, pela presença, estímulo e dedicação durante toda minha formação acadêmica, inclusive para que fizesse o Mestrado em Recife.

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AGRADECIMENTOS

À Profa. Dra. Dóris de Arruda Carneiro da Cunha, minha orientadora, pela paciência, pelo rigor científico na orientação desse trabalho, pelas correções nos níveis lingüístico e semântico e por ter-me feito descobrir alguns teóricos da linguagem. Aos Professores Dra. Judith Hoffnagel e Dr. Luiz Antônio Marcuschi pelas discussões e sugestões valiosas, por ocasião da pré-banca. A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística da UFPE dos quais tive a honra de ser aluna, com os quais muito aprendi e percebi que tenho muito mais a aprender. Aos funcionários que sempre me dispensaram sua atenção, com muita presteza, na Secretaria da Pós- Graduação em Letras e Lingüística da UFPE. A todos que fazem o Campus de Currais Novos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que me liberaram para fazer o Mestrado, em especial, aos meus colegas do Curso de Letras. Aos professores João Emanoel Evangelista de Oliveira e Pedro Vicente Costa Sobrinho - do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, pela orientação na caracterização social dos informantes. Às professoras Jeanete Alves Moreira Souto e Maria Helena Spyrides Cunha - do Departamento de Estatística da UFRN, pelo tratamento estatístico dado aos questionários. À colega e amiga, Profa. Marise Adriana Mamede Galvão, pela gentileza em traduzir textos básicos para o referencial teórico. Aos que fazem a escola XB, principalmente as professoras que me permitiram invadir suas salas por todo semestre letivo de 1993.1. À Profa. Dra. Yaracilda Oliveira Farias, pelos contatos iniciais para realização do meu estágio na França, em escolas do Movimento Freinet. À Profa. Dra. Françoise Dominique Valéry, Vice-Cônsul Honorário da França em Natal, pelo apoio incontinenti para que estagiasse na França, com o intuito de vivenciar a Pedagogia Freinet. Ao Prof. Jacques Brunet que conseguiu o apoio logístico para minha estadia na França e por me ter orientado e recebido para estagiar no Lycée Polyvalent Elie Faure em Lormont. Ao Prof. André Penot que me orientou durante o estágio de observação em sua sala de aula na Escola Primaire Mixte Martinon em Gradignan. À Profa. Françoise Luc que me recebeu para estagiar em sua sala de aula na Escola Primaire Mixte de Bordeaux. À Profa. Catherine Mazurie que me recebeu para estágio de observação em sua sala de aula no Colégio Jean Jaurès de Cenon.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo geral identificar os fatores que dificultam a produção de textos escritos, no contexto escolar, de acordo com as exigências dessa modalidade. Para tanto, fizemos a análise de um corpus constituído de redações de alunos de 4ª - e 5ª - séries de uma escola estadual situada na periferia de Natal. Partimos da hipótese de que um dos fatores responsáveis pelos problemas das redações escolares é a interferência das condutas dialógicas na produção monológica escrita de 4ª - e 5ª - séries. A pesquisa teve como suporte teórico, principalmente, estudos realizados sobre textos dialógicos conversacionais, tendo em vista a influência da oralidade na produção textual escrita das primeiras séries do 1º. Grau. No corpus, foram identificados mecanismos da modalidade falada da língua - alta freqüência dos conectivos - “e”, “que” e “mas”, envolvimento do falante consigo mesmo, com o interlocutor e com o conteúdo, continuidade temática. Pudemos constatar ainda a extrema heterogeneidade dos gêneros discursivos na produção escolar: os alunos desconhecem a macro-estrutura de cada gênero discursivo, escrevendo como se estivessem participando de um diálogo. Por último, propusemos um novo tratamento para a redação no contexto escolar, a partir da Pedagogia Freinet, no que concerne ao texto livre e sua reelaboração.

“Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana, o que não contradiz a unidade nacional de uma língua.”(...) BAKHTIN, (1992:279)

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ÍNDICE DOS GRÁFICOS

Gráfico I - Freqüência de redação .......................................................................... 07 Gráfico II - Existência de biblioteca na escola ....................................................... 10 Gráfico III - Atividades desempenhadas pelos pais dos informantes da escola XB ............................................................................................................................ 13 Gráfico IV - Grau de instrução dos pais dos informantes ..................................... 13 Gráfico V - Hábito de leitura dos informantes ...................................................... 14 Gráfico VI - Distribuição bidimensional de alguns traços distintivos entre língua falada e língua escrita em quatro gênero .................................................... 55 Gráfico VII - Aspectos da linguagem falada e escrita, de acordo com Chafe ....... 58 Gráfico VIII - Emprego dos elos coesivos na 4ª- série ........................................... 79 Gráfico IX - Escolha dos elos coesivos na 5ª- série ................................................. 80

xi

ÍNDICE DOS QUADROS

Quadro I - Propriedades das línguas falada e escrita, de acordo com Chafe ....... 49 Quadro II - Ponto de convergência, segundo Marcuschi ...................................... 53 Quadro III - Modelo Interacional proposto por Marcuschi .................................. 55 Quadro IV - Síntese de tipos textuais ..................................................................... 60

viii

2.1. Envolvimento...................................................................... 46 2.1.1. Envolvimento do falante consigo mesmo................. 46 2.1.2. Envolvimento do falante com o ouvinte.................. 47 2.1.3. Envolvimento do falante com o conteúdo da ma- téria........................................................................... 48 PARTE III - ANÁLISE DO CORPUS ................................................................... 66

1. Fragmentação textual................................................................ 69 1.1. Unidades de idéias justapostas na 4ª série........................ 69 **1.2. Unidades de idéias justapostas na 5ª série........................ 73

  1. Unidades de idéias integradas ................................................. 78 2.1. Freqüência de UIs integradas por conectivos .................. 78
  2. Envolvimento/afastamento ....................................................... 81 3.1. Ego envolvimento ............................................................... 82 3.2. Envolvimento com o interlocutor ...................................... 84 3.3. Envolvimento com o conteúdo da matéria ........................ 3.3.1. Freqüência do envolvimento com o conteúdo da matéria..................................................................**

4. Contiunuidade temática .......................................................... 88 4.1. Repetição lexical............................................................... 88 4.2. Repetição de construção sintática.................................... 90 4.3. Elipses - as formas de realização...................................... 91 **4.4. Organização tópica........................................................... 93

  1. Gêneros discursivos ................................................................. 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 104 PROPOSTA PARA ENFRENTAR OS PROBLEMAS........................................ BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................**

ANEXOS.................................................................................................................. 117

Textos de 4ª- série .................................................................... 118 Textos de 5ª- série ..................................................................... 126 Questionário aplicado aos alunos da escola XB ...................... 137 Questionário aplicado aos alunos de dezesseis escolas

ix

estaduais de Natal - RN ........................................................... 140 Questionário aplicado às professoras de Língua Portuguesa de 4ª- e 5ª- séries da escola XB ................................................. 141

2

didático, de salários dignos), a concepção de língua como código e não como produto da

interlocução, o tratamento dado à oralidade, entre outras.

Nesse trabalho, mostraremos que os textos dos alunos de 1º. Grau estão

permeados de traços da fala que estruturam e favorecem o desenvolvimento de um tema. Se a

escola trabalhasse com os alunos no sentido de ensinar o que são as marcas da oralidade, de

mostrar que elas não podem permanecer no texto escrito e de orientar os alunos na reformulação

de seus textos, contribuiria para que os alunos do 1º. Grau se sentissem estimulados a produzir seus

textos escritos, uma vez que não seriam desperdiçados, mas aproveitados por meio da reelaboração

textual planejada. Posteriormente, os textos poderiam ser publicados em uma coletânea ou em um

jornal, a exemplo do que acontece com as escolas que praticam a Pedagogia Freinet.

A análise das redações escolares fornecerá, sem dúvida, uma contribuição

para a reflexão sobre o ensino da língua materna. Viabilizar ao aluno o exercício da produção textual escrita, possibilitando-lhe o desencadeamento de um processo que o estimule a escrever com

prazer, constitui, portanto, o maior desafio para o professor de língua portuguesa no sistema educacional brasileiro. Esta

dissertação é constituída de três partes. A primeira contém a caracterização social do universo de coleta de dados, a caracterização social dos informantes que fornecem, respectivamente, detalhes

do cotidiano da escola XB, dos que fazem o processo ensino -aprendizagem (professores e alunos), além dos problemas que enfrentamos para obtenção dos dados que nos eram imprescindíveis, tendo

em vista o caráter indutivo de nosso trabalho. Descreve também nosso método de trabalho: o objetivo geral e os específicos, a hipótese e o procedimento de análise dos dados.

A segunda parte apresenta a fundamentação teórica: as características do diálogo entre crianças e crianças e adultos, os gêneros discursivos uma vez que toda produção é

calcada em um gênero, a relação fala/escrita examinada a partir dos conceitos de fragmentação e envolvimento da fala e de integração e afastamento - típicos da escrita. Apresenta, ainda, essa

relação a partir do conceito de complexidade sintática.

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A terceira parte, dedicada à análise do corpus, em consonância com o

referencial teórico, contempla os seguintes aspectos da redação escolar: fragmentação da linguagem, unidades de idéias integradas, complexidade sintática, envolvimento/afastamento, continuidade

temática e gêneros discursivos. A conclusão apresenta os resultados. Em seguida, sugerimos uma proposta

para enfrentar os problemas detectados, ou seja, tratar a redação no conte xto escolar, a partir da Pedagogia Freinet, no que se refere ao texto livre e sua reelaboração.

Os anexos contêm o corpus da análise, os questionários aplicados aos alunos e às professoras da escola XB, e o questionário aplicado em dezesseis escolas de Natal.

PARTE I - ASPECTOS METODOLÓGICOS

A investigação foi realizada numa escola da rede estadual situada na periferia de Natal-RN, conforme descrição feita sobre o universo de coleta dos dados. Durante o 1º.

semestre letivo de 1993, observamos duas turmas do turno vespertino, assim identificadas: 4ª -^1 série C e 5ª -^2 série A. Aplicamos, nessas turmas, um questionário com cinqüenta e cinco

questões, visando a coletar informações sobre o mundo extra-escolar dos informantes e descrever o processo ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa.

Além dessa observação, durante o 1º. semestre letivo de 93, fomos a 16 (dezesseis) escolas da rede estadual para aplicar um questionário cujo objetivo era averiguar o

exercício da produção textual escrita na cidade de Natal. Em seguida, com o apoio do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, obtivemos o

tratamento dos dados estatísticos para a análise.

1. OBJETIVOS E HIPÓTESE

O objetivo geral é identificar os fatores que dificultam a produção de textos escritos, de acordo com as exigências dessa modalidade. Considerando-se que os textos escritos

das primeiras séries do 1º- Grau, geralmente, estão permeados de fenômenos do discurso oral, estabelecemos como objetivos específicos - identificar fenômenos da oralidade nos textos escritos;

verificar os processos de textualização; adequação do tema ao gênero discursivo e observar se a escola leva os alunos a progredirem através da reelaboração do texto. Partimos da hipótese de que

um dos fatores responsáveis pelos problemas das redações escolares é a interferência das condutas dialógicas na produção monológica escrita de 4ª - e 5ª - séries.

(^1). Esta série foi escolhida por ser a última do 1º - Grau Menor, logo queríamos verificar se os problemas da modalidade falada que, normalmente, interferem na produção textual escrita das primeiras séries, estavam solucionados. 2

. A seleção desta série se deve ao fato dela ser a primeira série do 1º - Grau Maior, então decidimos observar se ela ainda apresenta ou não marcas da relação fala/escrita.

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2. A COLETA DOS DADOS

Para atingir os objetivos decidimos acompanhar as duas séries anteriormente mencionadas. Enfrentamos problemas de diversas ordens. Inicialmente, pensávamos

em coletar textos da 8ª - série, para verificar se as dificuldades encontradas nas 4ª - e 5ª - séries tinham sido solucionadas, no final do 1º - Grau. No entanto, só tivemos acesso a uma redação dessa

turma. A maior dificuldade, sem dúvida, foi a falta de hábito das professoras em

solicitar de seus alunos o exercício de redação, embora, nas entrevistas, elas tenham dado os seguintes depoimentos quanto à freqüência dessa tarefa: "duas por mês para melhorar a ortografia",

"uma redação por mês porque é importante". A primeira resposta está voltada para o enfoque de que a redação tem por objetivo melhorar a ortografia, concepção muito limitada quanto ao ato de

produzir textos escritos e a segunda resposta é vaga, não contém explicações. Quanto aos alunos, a maioria, na 5ª - série, respondeu negativamente à

pergunta sobre a freqüência de redação, enquanto na 4ª. série o resultado foi quase oposto. Eis como mostram os resultados abaixo:

Série 4ª - 5ª -

Alunos 27 34

Sim 15 09

Não 10 23

Às vezes 02

Não responderam

02

Quando indagados se faziam redação semanalmente, na escola,

responderam assim:

Série 4ª - série 5ª - série

Alunos 27 34

Sim 11 06

Não 16 25

Às vezes

03 Os informantes também foram questionados, se faziam redação

semanalmente, em casa, tendo respondido: