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Concepção da Educação Infantil: Alfabetização, Letramento e Papel dos Pais e Professores, Notas de aula de Pedagogia

Uma pesquisa que investiga a concepção de mães e professores sobre a educação infantil para crianças de 4 e 5 anos, com ênfase na alfabetização e o letramento. O texto analisa produções científicas relacionadas a este assunto e discute as representações históricas da infância. Além disso, discute as implicações das duas tendências na educação infantil: a assistencialista e a educacional.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Maracana85
Maracana85 🇧🇷

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PEDAGOGIA
DIANDRA CORRÊA RIBEIRO
ALFABETIZAR E LETRAR: CONCEPÇÕES DE PAIS E
PROFESSORES
CRICIUMA, JULHO DE 2010.
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE PEDAGOGIA

DIANDRA CORRÊA RIBEIRO

ALFABETIZAR E LETRAR: CONCEPÇÕES DE PAIS E

PROFESSORES

CRICIUMA, JULHO DE 2010.

DIANDRA CORRÊA RIBEIRO

ALFABETIZAR E LETRAR:

CONCEPÇÕES DE PAIS E PROFESSORES

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Graduada no curso de Pedagogia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientadora: Prof.ª M.Sc.Maria Valkiria Zanette

CRICIUMA, JULHO DE 2010.

Dedico este trabalho aos meus pais, pessoas inigualáveis em minha vida, por depositarem confiança em mim em todos os momentos desta caminhada, motivando-me a seguir em frente com determinação.

AGRADECIMENTO

Meus agradecimentos são em primeiro lugar a Deus, luz que guia com sabedoria em todos os momentos; também aos meus amigos e familiares que estiveram ao meu lado durante este período me apoiando quando necessário; e a minha orientadora Maria Valkíria, que sempre atenciosa e paciente colaborou significativamente na elaboração de meu trabalho. Muito obrigada!

RESUMO

Esta pesquisa busca investigar a concepção das mães e professores, sobre como vem ocorrendo a alfabetização e o letramento na Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos, procurando também compreender a função desta etapa educativa, as expectativas dos pais e o trabalho pedagógico dos professores. A elaboração do referencial fundamentou-se em vários autores que discutem o tema em questão, alguns deles são: ÀRIES (1981) KRAMER (1982), SANTA CATARINA (2005), KLEIMAN (1995), CAGLIARI (1998), CARVALHO (2005), SOARES (2003), entre outros. A pesquisa foi desenvolvida com base na abordagem qualitativa. Os instrumentos de coleta de dados foram questionários e depoimentos, envolvendo duas professoras e quatro mães, da rede privada e municipal. As análises comparativas realizadas entre as informações coletadas e o referencial teórico, apontaram que as professoras pesquisadas ainda têm pouco conhecimento em relação ao letramento. Essa constatação pode estar interferindo em sua prática, pois afirmam não encontrar nenhuma dificuldade em desenvolver esse processo junto às crianças. Quanto à expectativa das mães é de que seus filhos aprendam o que a professora acredita ser adequado. Poucos afirmam ser importante alfabetizar neste momento e também, demonstram desconhecer o significado do letramento.

Palavras-chave: Educação Infantil. Alfabetização. Letramento. Mães. Professoras.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

ECA – Estatuto da criança e do adolescente

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1 INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro, estão cada vez mais centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. É necessário ir além da simples aquisição do código escrito, fazendo uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função social dessas duas práticas; é preciso letrar-se. Este é um desafio para o professor atual que deve saber como adequar suas metodologias e práticas, considerando os conhecimentos prévios e historicamente construídos pela criança, para possibilitar esta leitura de mundo. Com a mudança do ensino fundamental para nove anos, surgiram muitas dúvidas nos pais e professores com relação ao que pode ou não ser ensinado na pré-escola e como acontecem essas aprendizagens. O ensino tradicional e as exigências da sociedade atual, também são fatores pelos quais muitos acreditam que quanto mais cedo às crianças aprenderem a ler e escrever, melhor será para o seu futuro de estudante e profissional. Desde que iniciei minha trajetória enquanto docente na Educação Infantil, mais especificamente com a turma de pré-escolar, a questão alfabetização e letramento é um tema que tem me interessado, ao mesmo tempo, provocado muitos questionamentos acerca de sua abordagem e direcionamento no contexto de minha prática profissional. Tratando-se da Educação Infantil em suas bases, ela possui especificidades próprias e complexas que a caracterizam, e não podem ser entendidas apenas como etapa prévia e preparatória para o Ensino Fundamental ou período em que a criança deve ser assistida para possibilitar a entrada ou permanência dos pais no mercado de trabalho. Sendo assim, o trabalho pedagógico na Educação Infantil tem função cultural e social muito importante na vida das crianças, implicando funções fundamentais sobre ‘o cuidar e o educar’ como ações indissociáveis entre si. Portanto, este é um espaço de relações sociais e interação entre os sujeitos, permeado de linguagens, conceitos e interesses. É imprescindível que façam parte da rotina da Educação Infantil situações que promovam a interação com o outro utilizando diversas linguagens.

10 No processo de letramento as crianças devem interagir com diversos tipos de leitura e de escrita ampliando seus conhecimentos de forma global e fazendo uso de sua função social. Para isso, torna-se necessário que o currículo desta etapa seja repleto de conversas, discussões, narrativas e gêneros textuais. Pois as crianças ouvem, balbuciam, expressam-se oralmente, arriscam letras, interpretam imagens, fazendo uso e dando sentido ao que vêem no mundo letrado. A partir do tema “Alfabetizar e letrar: concepções de pais e professores” busca-se investigar qual a visão dos pais e professores quanto a alfabetização e o letramento na Educação Infantil para as crianças de 4 e 5 anos. Dentro desta perspectiva, o objetivo geral da pesquisa é compreender qual a visão que professoras e mães têm sobre o processo de alfabetizar e letrar, na Educação Infantil. Também traz como objetivos específicos perceber a opinião das mães sobre o que deve ser ensinado para as crianças da faixa etária estabelecida, identificar como as professoras entendem a alfabetização e o letramento nesta etapa, assim como, verificar quais as expectativas das mães quanto à aprendizagem das crianças. As questões que nortearam esta pesquisa são Qual a concepção dos pais e professores sobre a Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos?Como as professoras entendem a alfabetização e o letramento na Educação Infantil? Nas turmas da faixa etária de 4 e 5 anos da Educação Infantil são utilizadas metodologias que privilegiam alfabetização e/ou letramento?Quais as expectativas dos pais quanto a aprendizagem de seus filhos? Pesquisas sobre o papel Educação Infantil, na visão de mães e professores, são essenciais, no sentido de se compreender sua especificidade e não confundi-la com as outras etapas da educação, a fim de melhor entender sua função social e cultural para a formação do ser humano. Analisando as produções existentes no banco de trabalhos científicos produzidos pelo curso de Pedagogia da Unesc, foi possível observar a existência de pesquisas relacionadas à alfabetização e ao letramento na Educação Infantil, que são as seguintes: Alfabetização e letramento: uma reflexão na educação infantil (2003), Letramento ou alfabetização: saberes e fazeres de professoras da Educação Infantil (2009). Pode-se perceber que a que se aproxima do meu propósito de investigação, é a última pesquisa citada, porém foi realizada no município de Criciúma e seu o foco está voltado às práticas das professoras dos anos finais da Educação Infantil, não considerando as expectativas e concepções das mães a

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2 CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DA INFÂNCIA E SEU ATENDIMENTO

A infância é algo que está em constante transformação e para que se consiga compreender melhor suas características é necessário um resgate histórico. Existem vários conceitos de infância que perpassaram e prevaleceram em determinadas épocas e contextos sociais, porém continuam em permanente construção, pois se modificam e são modificados de acordo com a organização e desenvolvimento da sociedade humana. Desse modo, “trabalhar a concepção de infância em uma perspectiva histórica demanda compreendê-la como fruto das relações sociais de produção que engendram as diversas formas de ver a criança e produzem a particularidade infantil.” (SANTA CATARINA, 2005, p.19) Áries (1981) demonstra que a concepção de desenvolvimento humano, no século XI estava relacionada às ações exercidas pelos homens na sociedade. As crianças deveriam exercer os mesmos papéis dos adultos, participavam das mesmas festas e desempenhavam as mesmas funções que os pais. Eram vistas como “adultos em miniatura”, ou como “bibelôs”. A arte medieval tentava escondê- las, ficando claro nas obras dos artistas da época. Portanto, em uma das pinturas que retrata a cultura dessa época,

O tema é a cena do Evangelho em que Jesus pede que se deixe vir a ele as criancinhas, sendo o texto latino claro: parvuli. Ora, o miniaturista agrupou em torno de Jesus oito verdadeiros homens, sem nenhuma das características da infância: eles foram simplesmente reproduzidos numa escala menor. (ÁRIES, 1981, p. 51)

Estas características representam o conceito de infância que prevalecia, ou melhor, que não existia na visão sócio-cultural da época. Tratava-se de um período transitório, sem nenhuma valorização e nem caracterização específica. Inicialmente as vestimentas das crianças eram faixas de tecidos chamadas cueiros, algumas também usavam vestidos e aventais. Quando deixavam de vestir estas roupas logo começavam se vestir como adultos. Havia uma diferenciação apenas com relação à hierarquia social. Ainda de acordo com Àries (1981, p. 61), “uma outra representação da criança desconhecida na Idade Média é o putto , a criancinha nua”, que surgiu para reviver o modelo helenístico e tornou-se a “febre” dos artistas da época.

13 Teve um tempo em que a taxa de mortalidade infantil era muito alta, quando as crianças vinham a morrer os pais não manifestavam sentimento de perda ou tristeza, aceitando normalmente o fato.

[...] a infância era apenas uma fase sem importância, que não fazia sentido fixar na lembrança; [...] não se considerava que essa coisinha desaparecida tão cedo fosse digna de lembrança: havia tantas crianças, cuja sobrevivência era tão problemática. (ÁRIES, 1981, p. 56)

Sendo assim, as mães dessa época já faziam muitos filhos com a idéia de que poucos sobreviveriam diante da precariedade de recursos. Estes fatos se repetiram por bastante tempo. No entanto, a visão da infância vem se construindo desde esta época, de acordo com as modificações sociais e culturais. Kramer (1982, p. 18), enfatiza este aspecto quando diz que:

[...] a idéia de infância não existiu sempre da mesma maneira. Ao contrário, ela aparece na sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que mudam a inserção e o papel social da criança na comunidade. Se, na sociedade feudal a criança exercia um papel produtivo direto (de adulto) assim que ultrapassava o período da alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para a atuação futura. Este conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação nas formas de organização da sociedade.

A partir destas modificações começa-se a ter um novo olhar para a criança, de forma individualizada, surgindo o sentimento de infância, que corresponde à consciência da particularidade infantil, ou seja, as características próprias que a diferenciam do adulto. Àries (1981) destaca também, dois tipos de sentimentos que acompanharam a evolução do conceito de infância: o de “paparicação”, que surgiu no ambiente familiar com crianças menores, vistas como dependentes dos adultos e com necessidades de proteção, e o sentimento de “moralização”, nascido da necessidade de preservar e disciplinar as crianças. Primeiramente estes sentimentos foram assumidos pela burguesia e aos poucos foram sendo impostos à sociedade em geral. O resultado destes dois sentimentos está relacionado com a visão de que seria necessário preservar a inocência, proteger e fortalecer as crianças contra as corrupções do meio, impondo a elas características ideais e abstratas, voltadas para o perfil da criança burguesa. Portanto, a concepção de criança vivida nesse

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Renascimento, começaram a aparecer novas idéias em relação à educação das crianças. Neste sentido, “[...] surgiram arranjos mais formais para o atendimento de crianças fora da família em instituições de caráter filantrópico [...]”. (OLIVEIRA, 2005, p. 60). Nessas instituições o ensino religioso estava presente, pois tinha a concepção de que a criança nascia do pecado e a família ou a sociedade deveriam corrigi-la desde pequena, essa correção se fazia através do cristianismo. Nas “escolas de tricô” as crianças aprendiam a tricotar e ler a Bíblia. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, surgiram os “asilos” para atender crianças acima de 3 anos. E de acordo com Oliveira (2005, p. 61), também a idéia de que o básico “[...] para os filhos dos operários era o ensino da obediência, da moralidade, da devoção e do valor do trabalho [...].” Assim, a partir dos séculos XVIII e XIX percebeu-se o papel da educação para o desenvolvimento social, esboçado por meio de novas propostas educacionais:

Autores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori, entre outros, estabeleceram as bases para um sistema de ensino mais centrado na criança. [...] Embora com ênfases diferentes entre si, as propostas de ensino desses autores reconheciam que as crianças tinham necessidades próprias e características diversas das dos adultos, como o interesse pela exploração de objetos e pelo jogo. (OLIVEIRA, 2005, p. 63).

Educar crianças de 0 a 6 anos, já era proposto por Comênio, afirmando que o ensino iniciava pelo colo da mãe. Depois elaborou um plano de escola, recomendando o uso de materiais pedagógicos, exploração do brincar e atividades diferenciadas de acordo com a idade da criança, contribuindo para o desenvolvimento de aprendizagens abstratas e da comunicação oral. Em 1657, criou a idéia de “Jardim-de-infância” para o lugar da educação de crianças pequenas, e este seria o lugar onde “árvorezinhas seriam regadas”. Jean Jacques Rosseau (1712-1778 apud. OLIVEIRA, 2005) apresentou uma proposta pedagógica de combate ao preconceito e autoritarismo. Para ele a mãe é a educadora natural e a infância tem valor em si mesmo. “Defendia uma educação não orientada pelos adultos, mas que fosse resultado do livre exercício das capacidades infantis e enfatizasse não o que a criança tem permissão para saber, mas o que é capaz de saber” (OLIVEIRA, 2005, p. 65). Destacava também, a importância da emoção, a curiosidade e a liberdade infantil, além de acreditar que a

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aprendizagem e o desenvolvimento da criança não se faziam a partir da repressão e imposição de idéias, mas devia-se deixar que ela expressasse sua opinião e formulasse suas idéias naturalmente. Froebel (1782-1852 apud OLIVEIRA, 2005, p. 68) enfatizava em sua proposta educacional, atividades de cooperação e jogo. No entanto, “[...] partia também da intuição e da idéia da espontaneidade infantil, preconizando uma auto- educação da criança pelo jogo, por suas vantagens intelectuais e morais, além de seu valor no desenvolvimento físico.” Deviam estar presentes na educação as canções, a criação de brinquedos, as poesias e o cultivo a horta. Na visão desse pensador, é importante trabalhar com instrumentos pedagógicos que possibilitem a ação da criança, a expressão de suas idéias e instiguem sua curiosidade para que avance em seus conhecimentos. Essa liberdade que era atribuída às crianças foi vista como ameaçadora para a política alemã e o autoritarismo acabou fechando os jardins-de-infância, mas os modelos pedagógicos desses autores influenciaram nas escolas e instituições de atendimento às crianças em diversos outros países. Conforme Oliveira (2005), no Brasil até meados do século XIX, o atendimento de crianças pequenas fora da família praticamente não existia. Só após a abolição da escravatura e proclamação da República começaram a surgir algumas entidades de amparo a crianças. No Rio de Janeiro e São Paulo foram criados os primeiros jardins-de-infância particulares e, alguns anos depois surgiram também os jardins-de-infância públicos influenciados pela visão pedagógica existente. Em seguida, surgem posições que refletem na Educação Infantil até hoje, com características de assistencialismo ou educação compensatória, destinadas aos desfavorecidos socialmente.

[...] ocorreu em 1922, no Rio de Janeiro, o primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, no qual foram discutidos temas como a educação moral e higiênica e o aprimoramento da raça, com ênfase no papel da mulher como cuidadora. Neste contexto surgiram as primeiras regulamentações do atendimento de crianças pequenas em escolas maternais e jardins-de-infância.(OLIVEIRA, 2005, p. 97)

Essas transformações nas escolas brasileiras colocavam a educação para o centro do debate das políticas nacionais. As intervenções propostas nesta época fazem parte da luta cultural historicamente elaborada. Neste sentido, “[...] alguns

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educativo voltado para os aspectos cognitivos, emocionais e sociais da criança pequena”. (OLIVEIRA, 2005, p. 109) Começa-se também a dar destaque à criatividade e à sociabilidade nessas escolas, deixando de ser apenas assistencialista ou compensatória. De modo geral, de acordo com Oliveira (2005) percebe-se que nas famílias de classe social baixa as crianças frequentam a escola em um período e no outro trabalham para ajudar em casa, ou seja, brincam por períodos curtos e com brinquedos improvisados. Já nas classes médias os pais trabalham para colocar os filhos em escolas particulares, compram inúmeros brinquedos e roupas e no período que não estão na escola, normalmente estão fazendo cursos de aperfeiçoamento ou tendo acesso direto às novas tecnologias. Estes aspectos variam de acordo com a realidade sócio-cultural de cada família. No entanto, quando o interesse da classe média pelas pré-escolas, foi sendo compartilhado com a classe baixa, começaram a surgir reivindicações e discussões de estudiosos e pesquisadores, sobre o caráter assistencialista e compensatório que caracterizavam a Educação infantil, destinada a crianças menos favorecidas economicamente. No início da década de 80, técnicos e professores questionavam a privação cultural na pré-escola, afirmando que estavam apenas tornando-os marginalizados mais precocemente, através da discriminação. Então na década de 90 acontece a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, que concretizou as conquistas dos direitos das crianças promulgados pela Constituição Federal de 1988. A Coordenadoria de Educação Infantil (COEDI) também teve importante papel na busca de uma educação de qualidade para as creches e pré- escolas. Esses fatos,

[...] prepararam o ambiente para a aprovação da nova LDB, Lei 9.394/96, que estabelece a educação infantil como etapa inicial da educação básica, conquista histórica que tira as crianças pequenas pobres de seu confinamento em instituições vinculadas a órgãos de assistência social. [...] Amplia o conceito de educação básica, que passa a abranger a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. (OLIVEIRA, 2005, p. 117)

Trata-se de uma nova concepção de Educação Infantil, aumentando assim, as responsabilidades das unidades escolares e expandindo o conceito de educação que passa a estar vinculado com o mundo do trabalho, mas principalmente com a convivência social, familiar e o lazer.

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3 FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com a Proposta Curricular de Santa Catarina (2005) vale ressaltar que a instituição de Educação Infantil é modificada a partir da história que a constitui, de acordo com seu tempo e espaço. Ela surgiu historicamente marcada por mudanças significativas na sociedade, que contribuíram para a reversão das concepções padronizadas e exclusivas, presentes nas concepções iniciais sobre o atendimento a infância. A proposta atual de Educação Infantil considera a criança de 0 a 6 anos um ser em constante modificação, com características, necessidades e culturas singulares. Vale lembrar que o primeiro documento, que legitima este atendimento enquanto direito da criança, é a Constituição Federal de 1988. A partir deste direito proclamado surgem documentos relacionados à criança e seu atendimento, buscando melhor valorizá-la. Em 1996, foi promulgada a nova LDB Lei. 9.394/ aliando a Educação Infantil ao sistema educacional como um todo. De acordo com,

[...] definindo-a como primeira etapa da educação-básica (art.21/I) e que, tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (art.29) (CRAIDY; KAERCHER, 2008, p.24)

Estas definições estabelecidas na LDB e nos Parâmetros Nacionais Curriculares fazem com que a Educação Infantil passe a ter um caráter educacional, não apenas assistencialista, mas educativo com o objetivo de propiciar o desenvolvimento integral da criança nesta faixa etária como um todo, nos seus aspectos físicos, sociais e cognitivos. Trata-se de uma responsabilidade da família, da comunidade e do poder público de forma integrada. No entanto, para que isso seja possível, é necessário que os cidadãos e principalmente os educadores lutem pela efetivação desta prática, exigindo seus direitos e fiscalizando a adequação do espaço físico das instituições, dos materiais pedagógicos utilizados, buscando a maior qualificação dos profissionais atuantes nesta área, como também, a diversificação das metodologias utilizadas, a fim de articular o cuidar e o educar. O cuidar e o educar são funções indissociáveis na Educação Infantil, eles devem caminhar juntos. Na prática das creches e pré-escolas, muitas vezes ainda permanece a visão de que o cuidar está relacionado ao assistencialismo já definido