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Parnasianismo e Poesia: Perfeição formal e Retorno à Orientação Clássica, Resumos de Poesia

Este texto apresenta uma análise do parnasianismo na poesia brasileira, um movimento literário que representou o retorno à orientação clássica, buscando o belo na arte, o equilíbrio e a perfeição formal. Os autores alberto de oliveira, raimundo correia e olavo bilac são discutidos, destacando-se suas obras e suas ideias sobre a poesia. O texto também aborda a influência clássica na poesia parnasiana, a ampla divulgação dos realistas e a abolição do abolicionismo, república e vasos gregos.

O que você vai aprender

  • Quais autores são discutidos no texto em relação ao Parnasianismo?
  • O que significa a frase 'arte pela arte' no contexto do Parnasianismo?
  • Quais são as influências clássicas na poesia parnasiana?
  • Como o Parnasianismo se diferencia do Realismo e do Naturalismo?
  • Qual era a orientação clássica que o Parnasianismo representou na poesia?

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Mauricio_90
Mauricio_90 🇧🇷

4.5

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Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac
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Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac

  • “Quanto à forma, isto é, a construção nenhuma ordem seguimos; exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração cada paixão requer sua linguagem própria.” Gonçalves de Magalhães

Profissão de fé (Olavo Bilac)

Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem, A idéia veste: Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito: E que o lavor do verso, acaso, Por tão subtil, Possa o lavor lembrar de um vaso De Becerril. E horas sem conto passo, mudo, O olhar atento, A trabalhar, longe de tudo O pensamento. Porque o escrever - tanta perícia, Tanta requer, Que oficio tal... nem há notícia De outro qualquer. Assim procedo. Minha pena Segue esta norma, Por te servir, Deusa serena, Serena Forma!

  • O poeta se compara ao ourives, pois também quando escreve, aprecia a minúcia, o detalhe e a perfeição formal.
  • O material do poema é comparado a materiais de ourivesaria e da escultura. Considerando o valor desses materiais, o poeta revela a concepção que o poeta tem sobre a poesia: por um lado, a vê como arte requintada e superior; por outro, identifica-a também como decoração.
  • De acordo com a 6ª, 9ª e 10ª estrofes o fundamento maior do projeto estético do Parnasianismo é a perfeição formal.

Olavo Bilac: o ourives da

linguagem

  • Dedicou-se a temas de caráter histórico-nacionalista.
  • A primeira obra de Bilac foi Poesias (1888). Nela, o poeta já demonstrava estar plenamente identificado com as propostas do Parnasianismo, como comprova se poema “Profissão de fé”. Porém, nem mesmo ele seguiu à risca toda a concepção poética excessivamente formalista defendida pelo poema.
  • Valorização de sentimentos que remete ao Romantismo, embora sua poesia nem sempre alcançasse uma visão profunda sobreo homem e sua condição.

NEL MEZZO DEL CAMIN

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha. Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo...Na partida Nem o pranto os teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo.

Dante Alighieri: “Nel mezzo Del camin de nostra vida / mi ritrovai numa selva oscura”, que fala dos trinta e cinco anos do poeta italiano, da metade do caminho da vida.

E aos mornos beijos, às carícias ternas Da luz, cerrando levemente os cílios Satânia os lábios úmidos encurva, E da boca na púrpura sangrenta Abre um curto sorriso de volúpia. (...)

  • Apesar de ser composto apenas por versos decassílabos, o que revela alguma preocupação formal, não há nele uma preocupação com a rima nem com o tamanho das estrofes.
  • Há um modo idealizado como é descrito esta figura feminina. Por outro lado, não há nesta descrição a participação direta de um “eu” romântico, que sofre ao perceber a beleza desta mulher. A descrição que é feita traz grande dose de objetividade, de distanciamento, além de conter um alto grau de sensualidade, elemento bastante presente nesta obra de Olavo Bilac, Sarças de Fogo.
  • Descrição desta figura feminina segue um padrão pouco usual: o truque utilizado pelo poeta foi o de colocar ante esta mulher a luz do sol. Esta luz, que entra pela janela do quarto e se desenrola pelo chão, pelos tapetes, vai iluminar primeiramente os pés de Satânia e, a partir daí, vai fazer uma sensual viagem pelo corpo desta mulher, descrevendo-o à medida que ele vai sendo iluminado pelo sol.
  • O sol é uma figura distante, não é um “eu” romântico, não é um indivíduo colocado frente a esta mulher, mas tem reações humanas. Pode-se, então, dizer que a luz do sol simboliza qualquer observador que pudesse ser colocado nesta cena, o que reforça o poder de sedução da personagem.
  • No fragmento final, percebemos que faz Satânia ao sentir-se observada: ciente de seu poder de sedução e de controle, simplesmente sorri.
  • As sugestões sonoras (badalar do sino)
  • Sugestões cromáticas do ouro (luz do sol e do ouro das minas) e do negro (da noite, do passado e do próprio nome da cidade).
  • Além disso, podemos notar as oposições que reforçam o contraste entre passado e presente, riqueza e pobreza, o passado glorioso e o presente humilde.
  • “No soluçar de Dirceu”, ao mesmo tempo que há a repetição do som s , lembrando um choro, sugere também o sofrimento amoroso de Marília e Dirceu e dos inconfidentes mineiros.
  • É um poema que reúne técnicas de construção a um rico conteúdo histórico.

Alberto de Oliveira

  • Foi o poeta que melhor se adequou aos princípios parnasianos e, ao mesmo tempo, uma espécie de líder do movimento. Sua poesia é fria e intelectualizada, com um gosto acentuado pelo preciosismo formal e linguístico. Defendia a “arte pela arte” e, em vez de se interessar pela realidade brasileira, preferia buscar inspiração nos modelos clássicos que perseguia: os poetas barrocos e árcades portugueses.

Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E á tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um céleres voam, Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais...

• PARNASIANISMO X REALISMO

O parnasianismo no Brasil foi um movimento essencialmente poético tornando-se sinônimo de “academicismo” durante cerca de quarenta anos.

  • Os parnasianos cultivaram uma arte sem ideologia social e política, centrando suas preocupações básicas na estética, e, por isso, foram chamados de “poetas da torre de marfim”.
  • Tematicamente, a poesia parnasiana foi uma reação à subjetividade e à idealização romântica, enquanto que do ponto de vista formal reduplicou a ideologia clássica de “beleza e perfeição”.

Sepultura d'um Poeta Maldito

Se, em noite horrorosa, escura, Um cristão, por piedade, te conceder sepultura Nas ruínas d'alguma herdade,

As aranhas hão-de armar No teu coval suas teias, E nele irão procriar Víboras e centopeias.

E sobre a tua cabeça, A impedi-la que adormeça.

  • Em constantes comoções,

Hás-de ouvir lobos uivar, Das bruxas o praguejar, E os conluios dos ladrões.

Auto Retrato, Auguste Renoir (1875)