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Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Comunicação, expressão
e diversidade linguística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer as variações da expressão linguística. Identificar os aspectos que diferenciam os modos de utilizar a língua. Comparar os contextos de produção e circulação dos textos.
Introdução
Neste capítulo, você estudará como as línguas apresentam variações, isto é, diferentes formas de falar, de utilizá-las, e verá que o passar do tempo provoca mudanças nestas, mas não sozinho, uma vez que o contato com outras línguas também influenciará essas variações. Esse princípio está relacionado à existência de diferentes línguas, mas é não restrito a isso. Uma mesma língua terá diferentes grupos, os quais terão variadas características linguísticas que os ligam e os separam, como o dialeto paulista, carioca, mineiro, gaúcho, entre outro. Além disso, haverá grupos dentro de grupos, como os formados de acordo com a idade, o gênero, a profissão. Você também estudará que uma língua, como o português, tem duas modalidades, isto é, duas formas de realização: por meio da oralidade (fala) ou da escrita. Estas funcionam como um conjunto, às vezes até mesmo sendo amalgamadas no uso. Entre variação linguística, modalidade e níveis de fala (variação de registro), é importante a adequação linguística, em que se escolhe qual norma (variedade linguística), qual modalidade (e se é preciso uma apenas) e qual nível de fala melhor atende aos objetivos da comunicação e ao contexto comunicativo.
de um indivíduo inserido em uma comunidade linguística, ou seja, o que o distingue linguisticamente (ainda que não exclusivamente).
Comunidade linguística é um agrupamento de falantes que têm características linguísticas em comum (BELINE, 2014).
Qualquer língua que ainda seja natural (diferentemente de línguas arti- ficiais, como Klingon e Dothraki ) tem variação, isto é, varia no tempo e no espaço (objeto de estudo da sociolinguística variacionista) e também de um indivíduo para outro, modificando-se até quando utilizada por um mesmo indivíduo em diferentes situações (objeto de estudo da sociolinguística inte- racional). Linguisticamente, não há uma variedade linguística melhor, mais bonita ou mais desenvolvida do que outra. Qualquer que seja a variedade, ela será igualmente válida, rica e desenvolvida. A valorização de uma em detrimento de outra é social, isto é, a sociedade (ou parte dela) que classifica uma variedade positiva ou negativamente. Algumas variedades são estigmatizadas, como, por exemplo, as do interior dos estados em relação às das regiões metropolitanas, as de classes sociais menos prestigiadas e menos escolarizadas em relação às mais prestigiadas e mais escolarizadas (BAGNO, 1999; FARACO, 2008; GÖRSKI; COELHO, 2009). É comum, com essa postura, encontrar afirmações como: “eu não sei português”, “fala feio”, “antes de aprender inglês, francês, tinha que aprender português”, “matou a língua portuguesa”; todas com relação a falantes nativos. Ao dizer isso, a pessoa expõe desconhecimento sobre a realidade linguística e também sobre o preconceito linguístico. De acordo com Görski e Coelho (2009, p. 82), “[...] muitas pessoas acham que falar uma variedade diferente da variedade padrão é um problema sério para a sociedade, uma manifestação de inferioridade. Sempre que isso acontece, a língua se torna um veículo de preconceitos e exclusões.” Segundo Faraco (2008), todas as variedades linguísticas têm uma própria norma , isto é, um conjunto de características que lhes são normais , envolvendo aspectos fonéticos (identificados no sotaque), lexicais, semânticos, sintáticos
e, às vezes, até pragmáticos. Contudo, saindo do âmbito linguístico, norma é entendida como um conjunto de regras que normatizam a forma como os falantes deveriam utilizar a língua. Esse tipo é chamado pelo autor de norma padrão , um “ideal” artificial que, apesar de defendido, nenhum falante utiliza de fato (é aquela encontrada nas gramáticas mais tradicionais, normativas e não linguísticas). Para ele, a norma associada aos grupos mais escolarizados é a norma culta. Essa seria comum aos falantes de áreas urbanas em situações mais formais, principalmente na escrita, e seria balizada pela linguagem urbana comum.
Modalidades da língua
Além da variação que as línguas apresentam, elas também podem ter mais de uma modalidade. A língua portuguesa, por exemplo, apresenta as modalidades oral e escrita , mas nem todas as línguas são assim. Algumas apresentam apenas a modalidade oral, sendo denominadas ágrafas. A modalidade oral, sempre primeira com relação à escrita, sofre e aceita mudanças muito mais rapidamente. Ela é mais dinâmica, seja por ser mais propensa à variação e à mudança, seja por causa do “jogo” comunicativo como palco e fonte. Ela influencia as mudanças na modalidade escrita, que, por sua vez, tem o poder de “frear” a modalidade oral. Com o advento da imprensa, esse poder foi intensificado. Entretanto, a modalidade escrita continua sendo uma representação da oral, dependendo de convenções para sua inteligibilidade (como ortografia e uso do mesmo alfabeto), bem como para questões políticas.
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é, como o nome diz, uma língua, e não uma modalidade da língua portuguesa. A LIBRAS apresenta, como qualquer outra língua, os sistemas fonológico (em sentido um pouco diferente), morfológico, sintático e semântico. Além disso, ela é uma língua natural e, consequentemente, também apresenta variação.
Tipos de variação Variação diatópica é aquela que ocorre em decorrência da região, por exemplo: jerimum versus abóbora, mexerica versus bergamota, rótico velar (“erre” forte — comum no Rio Grande do Sul) versus rótico uvular (“erre” forte, caipira — comum no interior paulista), etc. Variação diastrática é aquela comum a estratos sociais, por exemplo: classes mais ou menos prestigiadas, advogados, influenciadores digitais (que ainda varia de acordo com o campo de interesse), etc. Variação diafásica é aquela que ocorre em função do contexto comunicativo, por exemplo: mais ou menos informal, mais ou menos afetiva, mais ou menos técnica, etc. Variação de registro é um tipo de variação diafásica e diz respeito ao nível de formalidade ou de informalidade. Para ler mais sobre alguns exemplos de variação linguística, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/3e1QYK
A experiência permite que o falante force os limites entre normas e entre níveis de fala, do mais formal ao mais coloquial. Entretanto, quando ainda não se tem essa experiência, algumas orientações se tornam úteis. Algumas são mais ou menos assumidas como instintivas, outras já seguem certos padrões estabelecidos (por exemplo, por gêneros textuais ou por contexto comunicativo). O meio acadêmico apresenta uma grande variação de contextos comu- nicativos, de conversas informais com amigos a produções formais, como tese de doutorado e respectiva defesa oral. Considerando-se os textos e discursos comuns a esse meio, alguns permitirão uma linguagem coloquial, enquanto outros, não, de uma linguagem urbana comum à norma culta. No Quadro 1, são apresentados alguns gêneros textuais, uma breve definição e a linguagem esperada.
Gênero textual Caracterização Linguagem
Memorial Do tipo acadêmico, é uma apresentação textual da trajetória acadêmica de uma pessoa de modo mais detalhado do que o currículo (que apresenta os dados através de tópicos).
Norma culta.
Resumo Apresenta as principais ideias de um outro texto ou trabalho, de modo conciso, objetivo, coeso e coerente.
A linguagem tende a seguir o estilo do original, porém, do acadêmico, espera-se a norma culta. Entrevista É um diálogo a princípio planejado, pois pelo menos uma das partes terá se preparado. Consiste em perguntas feitas a um entrevistado. Ela pode ser feita inteiramente de forma oral, mista (quando as perguntas são passadas por escrito para que o entrevistado possa se preparar, ou quando é transcrita) ou escrita.
A linguagem será determinada pelo contexto, mais informal ou mais formal. Em contexto acadêmico, é comum a entrevista de teóricos e pesquisadores, e, nesse caso, a linguagem será mais formal.
Manifesto É um texto em que um grupo de pessoas ou entidades expressam sua opinião sobre uma situação-problema.
A linguagem pode apresentar uma formalidade maior, por meio do uso da norma culta, ou um pouco menos formal, por meio da linguagem urbana comum.
Quadro 1. Gênero textuais e níveis de linguagem
(Continua)
BAGNO, M. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
BELINE, R. A variação linguística. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística: objetos teóricos. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2014. v. 1.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola Edi- torial, 2008.
GÖRSKI, E. M.; COELHO, I. L. Variação linguística e ensino de gramática. Working Papers em Linguística, v. 10, n. 1, p. 73-91, fev. 2010. Disponível em: <https://periodicos.ufsc. br/index.php/workingpapers/article/view/1984-8420.2009v10n1p73/12022>. Acesso em: 2 dez. 2018.
FIORAVANTI, C. "R" caipira é invenção dos brasileiros, conclui estudo linguístico. Re- vista Pesquisa Fapesp, abr. 2015. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ciencia/ ultimas-noticias/redacao/2015/04/12/em-200-anos-teremos-dificuldades-para-nos- -comunicar-com-portugueses.htm>. Acesso em: 2 dez. 2018.
MESAN, L. Jornal Hoje — Sotaques do Brasil mostra os jeitos diferentes de falar brasileiro. Youtube, jul. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HwHfkuRCfl c&feature=youtu.be>. Acesso em: 2 dez. 2018.