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Um estudo sobre as recorrências da linguagem visual e verbal na transposição de histórias em quadrinhos para o cinema, com ênfase na marvel studios e seus filmes de super-heróis. O texto aborda o panorama dos filmes sobre super-heróis baseados em quadrinhos, a relação entre as linguagens de quadrinhos e cinema, e a importância dos elementos gráficos e figurinos na análise da imagem gráfica. Além disso, o documento discute a estratégia da marvel em estabelecer conexões entre as produções solo de cada personagem e as grandes produções da equipe.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
Compartilhado em 07/11/2022
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Monografia apresentada à Universidade Fe- deral de Pernambuco Centro Acadêmico do Agreste UFPE-CAA, como requisito para ob- tenção do título de graduação em Design, sob a orientação do Professor Doutor Diego Gou- veia Moreira.
A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera JOANATAN FELIPE DA SILVA
APROVADO Caruaru, 13 de julho de 2016
Prof. Diego Gouveia Moreira (Orientador)
Prof. Amanda Mansur Custódio Nogueira
Prof. Izabela Domingues da Silva
O cinema de super-heróis tem ganhado cada vez investimentos da indústria ci- nematográfica e ampliado o alcance de público e fãs. Diante desse cenário, esta monografia problematiza como os quadrinhos Os Vingadores , da Marvel, precisaram se adaptar para alcançar o público do cinema. O objetivo geral é mostrar as adapta- ções sofridas pelos quadrinhos da Marvel para o cinema a partir de dois eixos: a lin- guagem visual e a linguagem verbal. Para isso, é realizado um estudo das imagens das histórias em quadrinho e de cenas do filme de forma que fiquem claras as recor- rências de uso da linguagem visual na transposição do HQ para o cinema. Também é apontada a utilização de estratégias transmídias como indispensável do ponto de vista da linguagem verbal para atrair a atenção do público do cinema. Por fim, a pesquisa constata que as recorrências de uso de elementos da linguagem visual e verbal contribuem para a consolidação de um cinema de super-heróis, alimentando também a indústria de quadrinhos.
Palavras-chave : Quadrinhos; Os Vingadores; Cinema; Design gráfico; Narrativa transmídia.
2.1 As primeiras HQs e o conceito de histórias em quadrinhos.................. 11 2.2 A Marvel nos quadrinhos ...................................................................... 17 2.3 Os Vingadores....................................................................................... 21 3 DOS QUADRINHOS PARA O CINEMA .............................................. 25 3.1 A consolidação de um cinema de super-heróis .…………..……........... 25 3.2 Os Vingadores na telona ………………………………………………… 29 4 ADAPTAÇÕES DAS HQS DE OS VINGADORES PARA O CINEMA 36
Relações entre design e cinema e recorrências no uso de elementos da linguagem visual dos quadrinhos para os filmes.............................. Recorrências de uso da linguagem verbal em Os Vingadores e a implementação de estratégias transmídias...........................................
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objetivo de estudo, serão investigados os quadrinhos Os Vingadores e também os dois filmes lançados até o ano de 2016. Também serão importantes os filmes rela- cionados à franquia Os Vingadores , bem como, os universos construídos na inter- net, criados pela instância produtora, em torno dessas produções. Além desta introdução, que tem a intenção de situar o leitor no contexto que gerou o problema de pesquisa deste trabalho, há outros capítulos que ajudarão a desenvolver as ideias necessárias para o entendimento do assunto. O segundo capítulo se dedica a apresentar o universo dos quadrinhos. O ob- jetivo é contar um pouco sobre a história das HQs e de como podemos identificar os quadrinhos pelas suas características próprias como meio de linguagem, bem como apresentar ao leitor a Marvel e os quadrinhos Os Vingadores. No terceiro capítulo, é traçado um panorama dos filmes sobre super- heróis baseados em quadrinhos. A pesquisa também irá estudar o comportamento do ci- nema nesse sentido, trazendo um breve olhar sobre o histórico do cinema e das an- tigas produções de filmes de super-heróis para poder entender como o mercado en- xerga esse tipo de filmes atualmente. Mais uma vez, a pesquisa se propõe a com- preender como a migração do HQ para o cinema aconteceu ao longo do tempo para poder entender melhor o que se faz no mercado cinematográfico nesse gênero atu- almente. O quarto capítulo se dedica a analisar como os quadrinhos da Marvel precisa- ram se adaptar para alcançar o público no cinema. No início desse capítulo, a pes- quisa aborda rapidamente como o design e o cinema se relacionam, em que áreas dentro do cinema temos a atuação do design e de como o design gráfico está forte- mente ligado às obras cinematográficas. A partir dessa inquietação condutora, o tra- balho apontará dois procedimentos recorrentes que revelam as adaptações neces- sárias para os quadrinhos conquistarem o público no cinema. Essas recorrências, como serão explicadas, são da ordem da linguagem visual e da linguagem verbal. Um desses procedimentos está centrado no uso recorrente de elementos gráficos que levam o espectador a identificar no cinema características da HQ. Para essa e- tapa, serão usadas as noções de sentido conotativo e denotativo, apresentados por Martine Joly (2007), a partir de estudos de teóricos como
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Roland Barthes. A pesquisa mostrará os elementos dos filmes da Marvel, correla- cionando-os com os quadrinhos já que essas produções são adaptadas de tais qua- drinhos. Nesta etapa, será, então, elaborada uma análise e um estudo dos quadri- nhos e dos filmes Os Vingadores da Marvel para aplicar a metodologia de análise da linguagem visual a partir da produção de sentido (conotação e denotação). O outro procedimento investigado está associado ao olhar sobre as recorrên- cias de uso da linguagem verbal. Nesse aspecto, ficou claro que o uso de estraté- gias transmídias é o grande caracterizador da adaptação dos quadrinhos para o ci- nema. Essas estratégias, como veremos, leva o público a percorrer as histórias de um determinado produto midiático em diversos meios de comunicação. Para traba- lhar melhor esse conceito, serão utilizadas as ideias propostas pelo autor Henry Jenkins (2008), que ajudam a entender a troca de elementos narrativos entre as di- ferentes mídias. A pesquisa trata da relação entre as linguagens de quadrinhos e ci- nema, como essas linguagens conversam e trocam informações entre si na forma de adaptações do universo dos quadrinhos Marvel para o cinema e vice-versa. Com essa análise, centrada na linguagem visual e verbal, a pesquisa preten- de mostrar os elementos gráficos presentes nos filmes vindos das HQs e como eles são adaptados dos quadrinhos para gerar uma sensação de “familiaridade’ entre os espectadores. Do outro lado, também se tem a intenção de revelar como a narrativa e roteiro funcionam para criar algo único, porém tendo relação com algo que já foi feito nos quadrinhos e está sendo adaptado para o cinema. A ideia é mostrar como o cinema e os quadrinhos conversam e interagem cada um em seu respectivo uni- verso para criar as obras do estúdio e como a história Os Vingadores se transmidia- liza. Tudo isso será feito com o intuito de analisar e explorar que elementos da lin- guagem visual e verbal são utilizados pela Marvel Studios em Os Vingadores para criar as adaptações dos seus maiores personagens dos quadrinhos para os cine- mas. Agora, esta monografia apresenta um pouco sobre a história dos quadrinhos.
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teria sentido e assim Töpffer deu início a uma grande história nas produções desse tipo de linguagem. Na imagem abaixo, um dos trabalhos desenvolvidos por Töpffer.
Figura 1 - M. VIEUX – BOIS (1827) de Rudolph Töpffer
Fonte:MOYA, 1986, p. 11
Como vemos, a história criada por Töpffer segue exatamente a estrutura in- formada anteriormente (desenho e texto). Outro nome proeminente na história dos quadrinhos é Richard Felton Out- cault. Ele foi o responsável por criar o que viria a ser considerado o primeiro quadri- nho propriamente dito da história. No ano de 1894, Outcault era um dos principais ilustradores do suplemento dominical do New York World , um jornal da época. O World nunca foi muito expres- sivo e sempre teve de lutar para se manter vivo no mercado, no ano de 1883, o jor- nal foi comprado pelo então deputado estadual Joseph Pulitzer,. A partir daí, passou a ter uma nova estrutura, o jornal trazia matérias mais sensacionalistas, artigos es- portivos e muitas ilustrações. É, nesse contexto, que entra em cena Richard F. Out- cault e sua maior criação: O Menino Amarelo.
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Exatamente no dia 5 de maio de 1895, um domingo, no jornal World, de Nova Iorque, surgiu o primeiro personagem fixo semanal, dando margem ao aparecimento das histórias em quadrinhos e, ao mesmo tempo, ao termo "jornalismo amarelo", para a imprensa sensacionalista, por causa do cami- solão do Menino Amarelo(MOYA, 1986, p. 23).
Figura2 - O Menino Amarelo (1895) de Richard Felton Outcault
Fonte: Google
Na figura anterior, há um exemplo de O Menino Amarelo. No entanto, isso foi apenas o início da construção dos quadrinhos como um meio de comunicação e como uma linguagem visual própria da forma como conhecemos atualmente. Exis- tem critérios e conceitos que determinam como é classificada uma história em qua- drinhos. Eisner (1985), por exemplo, definiu os quadrinhos como arte sequencial. Para ele, as histórias em quadrinhos combinam duas linguagens: a visual e a verbal. É necessária a decodificação de imagens e texto para o desenvolvimento da leitura.
A história em quadrinhos lida com dois importantes dispositivos de comuni- cação, palavras e imagens. Decerto, trata-se de uma
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definido, porque se refere ao meio em si, não há um objeto específico como ‘ revista’ ou ‘gibi’” (MCCLOUD, 1995, p. 4).
Figura 3 – Página do livro de Scott McCloud, conceito dos quadrinhos.
Fonte: MCCLOUD, 1995, p.
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Como McCloud fala, demonstrado na imagem anterior, é necessário separar forma e conteúdo para criar a definição do que é quadrinho. O autor afirma que os quadrinhos funcionam como um recipiente que podemos preencher com ideias e imagens e que o conteúdo depende do autor da história em quadrinhos. Sendo as- sim, o quadrinho se torna um meio e não um objeto em si como uma revista por e- xemplo. Então, segundo o autor se faz necessário o maior entendimento do que é quadrinho, fazendo uma análise baseada no conceito e no nome proposto por Eis- ner (1985) para esse tipo de linguagem, a ‘Arte Sequencial’. Comparando os quadrinhos com as animações, que também viria a ser um ti- po de arte sequencial visual, McCloud (1995) diferencia ambos afirmando que “a di- ferença básica é que a animação é sequencial em tempo, mas não espacialmente justaposta como nos quadrinhos” (p. 7). Nas animações ou filmes, por exemplo, as imagens são projetadas no mesmo quadro, que seria a tela, enquanto que, nos qua- drinhos, elas são dispostas em espaços diferentes. McCloud (1995) afirma que o espaço é para os quadrinhos o que o tempo é para o filme. O autor completa sua constatação da arte sequencial, dizendo que essas i- magens devem vir acompanhadas de letras, porém,segundo ele,as letras também são imagens e que se tornam palavras apenas quando são dispostas em uma de- terminada sequência. Concluindo a contextualização de arte sequencial, proposta por Eisner, Mc- Cloud (1995) define os quadrinhos como sendo “imagens pictóricas e outras justa- postas em seqüência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador” (MCCLOUD, 1995, p. 9). Sendo assim, os quadrinhos são um meio de comunicação, uma linguagem própria que se usa de determinadas características para se construir e, dessa forma, transmitir a informação desejada para o leitor. Ela é composta pela combinação de palavras e figuras, usando o termo palavras para identificar toda a forma textual que aparece nos quadrinhos, já que, segundo McCloud (1995), as letras também são consideradas imagens e as palavras seriam a combinação de uma ordem de letras, formando assim uma espécie de ‘imagem-palavra’, já o termo figura se refere a todo o conteúdo que aparece desenhado de forma não textual nos quadrinhos.
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Em 1939, ocorreu a primeira publicação da Marvel tendo os heróis Tocha- Humana^1 e Namor o Príncipe submarino, como estrelas da edição. Em seguida, no ano de 1941, um personagem que viria a se tornar um grande ícone da Marvel Co- mics foi criado: o Capitão América. O personagem foi criado por Joe Simon e Jack Kirby. Capitão América era o primeiro herói patriota e foi criado com o intuito de ins- pirar os soldados americanos na guerra do Vietnã, o Capitão tornou-se muito popu- lar e suas revistas vendiam incrivelmente bem.
Com o Capitão América nas alturas e títulos a se multiplicar, a rotina na Ti- mely andava exaustiva. Mas Simon e Kirby eram despachados por nature- za, e continuaram tranquilamente a fazer frilas para outras editoras, mesmo enquanto contratavam mais funcionários para a Timely (HOWE, 2013, p.
A partir desse ponto, muitas reviravoltas aconteceram no interior da Timely- Comics, que havia contratado Stanley Lieber que era primo da esposa de Goodman. Stanley assinava sob o pseudônimo de Stan Lee e esse viria a ser o nome pelo qual ele ficou amplamente conhecido até os dias de hoje. Stan Lee trouxe frescor e criati- vidade à TimelyComics. Lee foi o responsável por gigantescos sucessos da Marvel. Por volta de 1950, os quadrinhos não andavam muito bem depois da guerra e a pro- dução e vendas de quadrinhos caíam exponencialmente.
As tendências dos gibis estavam mudando a velocidade alarmante. Os EUA pós-guerra, agora obcecados com a praga da delinquência juvenil, começa- ram a arrancar quadrinhos de temática criminosa das mãos dos jovens e, ao notar a permissividade sexual e a violência nas páginas, acharam que haviam encontrado a arma do crime (HOWE, 2013, p. 36).
Nessa década, a Timely atravessava um período conturbado, seus maiores personagens estavam sendo engavetados e descaracterizados para que suas publi- cações continuassem ativas. Tudo isso devido à crescente onda de rejeição que os quadrinhos estavam sofrendo por serem os possíveis precursores da violência entre os jovens, inclusive existia até leis que dificultavam a vida das HQs, “cidades como Detroit tiveram projetos de lei para banir o flagelo” (HOWE, 2013, p 36). (^1) Trata-se da versão original do herói, que era um andróide que inflamava em contato com o oxi-
gênio, é um personagem diferente do homônimo membro do quarteto Fantástico.
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Em abril de 1954, [...] a fúria contra os quadrinhos voltou com mais força. O psicólogo infantil FredricWertham, que há anos se destacava como crítico dos quadrinhos, publicou A sedução do inocente, ataque ferrenho ao mate- rial lúgubre de diversos títulos de crime, terror e até de super-heróis (inclu- indo ilustrações explícitas de espancamento de cônjuges, sadomasoquismo e assassinatos macabros); semanas depois, um subcomitê do Senado dos EUA que tratava da delinquência juvenil voltou os olhares para a mesma coisa, tendo Wertham como perito (HOWE, 2013, p. 38).
Foram anos muito difíceis dentro da Timely, porém a concorrente e também uma grande e importante editora de quadrinhos, a DC Comics, por volta de 1960, começou a reanimar o gênero de super-heróis com a inovação de criar uma super equipe com seus principais heróis, a Liga da Justiça. Seguindo os passos da DC Comics, a Marvel decide criar sua própria super equipe, então Goodman encarrega Stan Lee de se inspirar na idéia da concorrente, nasce assim o Quarteto Fantástico no ano de 1961, junto com a mudança de nome da editora para Marvel Comics. Desde seu nascimento, o Quarteto mostrou grande potencial e se tornou sucesso de vendas, trazendo assim a Marvel de volta aos ho- lofotes e iniciando uma nova era na editora.
Figura 5 - Capa de uma edição do Quarteto Fantástico.
Fonte: Google