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Este documento discute a importância da abordagem nutricional em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (dpoc), uma das doenças mais letais no brasil. Apresenta os desafios nutricionais em pacientes com dpoc, como a detecção de desnutrição e a melhoria da qualidade de vida. O documento também discute os parâmetros mais sensíveis para detectar desnutrição, como o massa livre de gordura avaliada por bioimpedância elétrica, e os benefícios da suplementação nutricional e do exercício físico. Além disso, o documento apresenta os desafios de diagnóstico e tratamento de dpoc e os métodos utilizados para avaliar a parte nutricional em pacientes com dpoc.
Tipologia: Notas de estudo
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Clarice Siqueira Silva^1 , Cyro Teixeira da Silva Junior^2 , Patrícia Siqueira Silva^3 , Renato Bergalo Bezerra Cardoso 4 , Rodolfo Fred Behrsin 5 , Gilberto Perez Cardoso 6.
Endereço para correspondência: Professor Dr. Cyro Teixeira da Silva Junior. Rua da Conceição 13/210 – Centro – Niterói (RJ) – Brasil. CEP: 24 020 080. Tel/Fax: (21) 2620 1362. E-mail: ctsilvajunior@predialnet.com.br
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) produz conseqüências sistêmicas significativas e é a quarta doença mais letal no Brasil, atingindo mais de 6 milhões de pessoas e acarretando aproximadamente 30 mil óbitos ao ano. Embora sem cura, pode ser controlada por métodos de diagnóstico precoce, uso contínuo de medicações e de vários aspectos de reabilitação pulmonar, incluindo abordagem nutricional. O fator nutricional em pacientes com DPOC é um problema grave porque é considerado pelas pesquisas atuais um fator de mortalidade independente do volume expiratório forçado em um segundo. O índice de massa corporal (IMC) tem sido usado como um marcador de estado nutricional e preditor de sobrevida em pa- cientes com DPOC. Entretanto, pesquisas recentes concluíram que os valores de massa livre de gordura (MLG), avaliados por bioimpedancia elétrica foi o parâmetro mais sensível para detectar desnutrição em um grupo de pacientes pneumopatas com DPOC e outros distúrbios ventilatórios, em comparação com IMC menor do que 20 kg/m^2. Níveis plasmáticos de leptina estão relacionados com consumo dietético na DPOC.Conduta nutricional em pacientes com DPOC incluem suplementação nutricional oral e agentes anabólicos. Além de uma composição adequada de proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas e minerais na dieta, a prescrição de exercícios físicos também é fundamental para reduzir complicações, co-morbidades e mortalidade nestes pacientes. Descritores: doença pulmonar obstrutiva crônica; DPOC; reabilitação pulmonar; caquexia; dieta; suporte nutricional.
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) produces systemic consequences and is the fourth most lethal disease in Brazil, reaching more than 6 million people and causing approximately 30 thousand deaths per year. Although without cure, can be controlled by methods of early diagnosis, continuous use of medications and the various aspects of pulmonary rehabilitation, including nutritional approach. The nutritional factor in patients with COPD is a serious problem because it is considered by current researches a mortality factor independent of forced expiratory volume in one second. Body mass index (BMI) has been used as a marker for nutritional status and it is a prognostic factor for COPD. However, recent studies concluded that the values of fat free mass (FFM) evaluated by electric bioimpedance was the parameter more sensitive to detect malnutrition in a group of patients with COPD and other ventilatory disorders, in comparison with BMI less than 20 kg/ m2. Plasma leptin is related to proinflammatory status and dietary intake in patients with COPD. Nutritional intervention in COPD patients are oral supplements and anabolic agents. In addition to an appropriate composition of proteins, carbohydra- tes, lipids, vitamins and minerals in the diet, the prescription of physical exercises is also essential to reduce complications, co-morbidities and mortality in these patients. Keywords: chronic obstructive pulmonary disease; COPD; pulmonary rehabilitation; cachexia; diet; nutritional support.
grave e IMC menor que 25 kg/m^2 apresentam aumento da sobrevida quando ocorre ganho de peso.6- O impacto da desnutrição na DPOC altera a fisio- logia da composição corporal, parênquima pulmonar, função respiratória (ventilação, hipoxemia, força mus- cular e teste da caminhada em 6 minutos), além da ca- pacidade física. Em indivíduos desnutridos o estímulo respiratório hipoxêmico está diminuído.^13
mECANISmoS DA CAQuEXIA NA DPoC Várias causas são propostas para a deficiência nu- tricional observada nos pacientes com DPOC, porém os mecanismos envolvidos ainda não estão totalmente elucidados.6-
1- Fatores gerais Diversos fatores gerais devem ser considerados, incluindo tabagismo, tosse, fadiga, dispnéia, anorexia, distúrbios do sistema nervoso central, medicamentos com suas ações e complicações, diminuição do débito cardíaco e do leito capilar e distúrbio gastrointestinal.6-
2- Fatores específicos Os fatores específicos relatados na literatura incluem:
a) Desequilíbrio energético e alterações metabólicas Pacientes com DPOC, devido ao esforço respirató- rio, necessitam de cerca de 20% a mais de suplemen- tação energética em relação aos seus valores basais preditos. Na maioria dos casos a deficiência nutricional resulta de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético. Nestes pacientes foram encon- trados resistência a insulina, dislipidemia relacionada a síndrome metabólica e níveis altos de catecolaminas que podem induzir hipermetabolismo e conseqüente indução de aumento do gasto energético e catabolis- mo protéico muscular. 14 Cabe lembrar que pacientes com distúrbio no metabolismo da glicose têm piora da sua função pulmonar ventilatória. 15
b)Atrofia muscular por desuso Pacientes com DPOC grave são inativos quando comparados com indivíduos saudáveis da mesma ida- de. Esta inatividade induz a ativação do fator de trans- crição NF-kB e upregulation de óxido sintetase induzí- vel (iNOS) na musculatura esquelética dos pacientes com DPOC e baixo peso.^16 O NF-kB destaca-se pela sua vasta gama de ações e pelo fato de diversas proteínas estarem in- tegradas na dinâmica de sua ativação. O NF-kappa B (NF-kB) é um fator de transcrição que participa da resposta inflamatória. No citoplasma ele é inativo porque está ligado ao seu inibidor (IkB). Após um es- tímulo adequado, o IkB é fosforilado. A fosforilação do IkB libera o NF-kB. O NF-kB liberado da inibição do IkB é translocado para o núcleo onde promove a transcrição de genes. 16
HISTóRICo A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), segundo definição GOLD 1 (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease) de 2009 é “uma enfermida- de respiratória prevenível e tratável, que se caracteri- za pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo.” A DPOC produz conseqüências sistêmicas signifi- cativas e é a quarta doença mais letal no Brasil, atingin- do mais de 6 milhões de pessoas. Aproximadamente 30 mil pacientes com DPOC morrem por ano no Brasil. 2- A prevalência de DPOC no Brasil ainda não é conhe- cida. O estudo Platino, realizado em cinco áreas me- tropolitanas da América Latina, mostrou valores entre 7,8% (Cidade do México) e 19,7% (Montevidéu) na po- pulação acima dos 40 anos. Em São Paulo a prevalência de DPOC foi de 15,8%.^5 Embora sem cura, pode ser controlada por meio de diagnóstico adequado, uso constante de medica- ções e de vários aspectos de reabilitação pulmonar.
FAToRES DE RISCo PARA DPoC Atualmente recomenda-se ao médico observar os fatores de risco externos e os individuais como um dos aspectos importantes para o diagnóstico precoce, pre- venção e tratamento adequado da DPOC ou de qual- quer doença. Fatores de risco externos para DPOC incluem ta- bagismo, poeira ocupacional orgânica e inorgânica, irritantes químicos, fumaça de lenha, infecções respira- tórias graves na infância e condição socioeconômica.^2 Fatores de risco individuais incluem a deficiência de alfa-1 antitripsina, deficiência de glutationa transferase e alfa-1 antiquimotripsina, hiper-responsividade brôn- quica, prematuridade e desnutrição.^2
RELAÇÃo ENTRE DPoC E NuTRIÇÃo A perda de peso começou a ser descrita como um sinal clínico na evolução dos pacientes com DPOC na década de 60 e tem sido associada à menor sobrevi- da.6-12^ Má nutrição associada com doença pulmonar avançada tem sido denominada de “síndrome de ca- quexia pulmonar”. Esta síndrome é bem conhecida em pacientes com DPOC. Está associada com declínio acelerado do estado funcional do paciente e segundo pesquisas recentes é um preditor independente de mortalidade.6- A prevalência de pacientas com DPOC que têm caquexia está estimada entre 30% e 70%.6- Ocorre relação inversa entre o índice de massa corpórea (IMC) e a sobrevida em pacientes com DPOC. Em todos os grupos, a perda de peso está associada com mortalidade aumentada. Pacientes com DPOC
kg/m 2. O suplemento alimentar utilizado constava de 125 mL de um preparado oral hipercalórico com 60% de carboidratos, hiperproteíco com 20% de proteínas e hipolipídico com 20% de lipídios, três vezes ao dia, com um total de 570 Kcal por dia, durante o perio- do de reabilitação do paciente (sete semanas). Este suplemento alimentar possui volume reduzido para ingestão, está disponível para venda no mercado brasileiro, e está indicado para pacientes com DPOC que apresente IMC menor do de 22 kg/m 2 e perda de peso significativo (maior que 5% em 3 meses ou maior que 10% em 6 meses). 27 As vitaminas e minerais devem ser incluídas na te- rapia nutricional desses pacientes. Níveis normais de magnésio e cálcio são necessários à manutenção nor- mal da estrutura e função do pulmão. O magnésio, que compete com o cálcio em sua ação na contração da musculatura lisa, pode exercer uma função regulató- ria na atividade dos brônquios. A deficiência de zinco pode levar à anorexia.24,
b) Exercício O treinamento físico dos pacientes com DPOC possui efeitos positivos como um processo anabólico principalmente associado a uma suplementação nutri- cional.^27
c) Agentes anabólicos Anorexia é um de muitos fatores que contribui para a caquexia em pacientes com DPOC. Para tra- tamento da anorexia nestes pacientes a literatura recomenda o uso de hormônios androgênicos com- binado com exercícios físicos. O grande problema são complicações com as dosagens extra fisiológicas destas substâncias. 13
Estudo duplo-cego controlado com placebo con- duzido por Faager et al. (2006)^28 concluiu que a suple- mentação oral de creatina combinada com exercícios físicos não mostrou melhora significativa na perfor- mance física em um grupo de pacientes com DPOC comparados somente com exercício físico.^29
ESTRATÉGIAS PARA A TERAPIA NuTRICIoNAL NA DPoC Após diagnóstico da DPOC e seu estadiamento seguindo regras das diretrizes nacionais, um programa multidisciplinar de reabilitação pulmonar dever ser ini- ciado. As estratégias descritas adiante são recomenda- das para a terapia nutricional.13,24,25, Nos casos de anorexia , ingerir primeiro os alimen- tos mais energéticos, fracionar a dieta com alimentos preferidos. Ingerir alimentos com baixa produção de gases e não constipantes. Nos pacientes com dispnéia e intensa incapacida- de física, deve ser orientado cuidados com higiene oral eficiente, alimentação fracionada durante o dia, masti- gação lenta e descanço entre as porções alimentares. Nos casos de saciedade precoce , ingerir inicial- mente os alimentos mais energéticos, limitar líquidos às refeições e dar preferência aos alimentos frios. Concluímos que uma abordagem multiprofissio- nal de pacientes com DPOC é importante. Uma ava- liação adequada da parte nutricional deste pacientes deve ser incluída entre os vários componentes de um programa de reabilitação pulmonar. Além de uma composição adequada de proteínas, carboidratos, li- pídeos, vitaminas e minerais na dieta, a prescrição de exercícios físicos também é fundamental para reduzir complicações, co-morbidades e mortalidade nestes pacientes.
REFERêNCIAS:
e sua influência na patofisiologia de distúrbios alimentares. Rev Nutr. 2006; 19(3): 369-379.