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No ditado será verificado como os alunos realizam a juntura intervocabular e a segmentação em quinze palavras previa-mente determinadas. Far-se-á também uma ...
Tipologia: Provas
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Lígia Maria Campos Imaguire (USP) INTRODUÇÃO Este trabalho analisará um ditado, realizado com as quatro primeiras séries do 1o grau em uma escola particular de São Paulo. No ditado será verificado como os alunos realizam a juntura intervocabular e a segmentação em quinze palavras previa-mente determinadas. Far-se-á também uma análise detalhada dos “erros” ortográficos encontrados nos ditados. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA JUNTURA A estrutura fônica de palavras pode sofrer alterações quando juntamos uma palavra com outra em frases ou até mesmo quando juntamos ou separamos as sílabas de uma única palavra. Esse fenômeno de juntar sílabas em palavras ou juntar palavras em frases é conhecido pelos lingüistas como juntura silábica ou intervocabular. Muitas vezes a palavra juntura é usada significando “juntura intervocabular”, ficando especificada como juntura silábica só quando se referir às sílabas. No português o fenômeno da juntura tem muitos aspectos interessantes e importantes não só para conhecer como a fala funciona, como também para se entender muitos dos erros de escrita de crianças que estão começando a escrever. Vamos considerar o que acontece com uma palavra terminada por vogal quando se junta com outra que se inicia também por uma vogal. Observe como se pronunciam comumente as seqüências de palavras: pingo de água [??????????], tam-bém escrito pingo d’água; casa amarela [??????????]; todo amigo [toduamigu]; casa horrível [kazoxiv?u]; casa úmida [kazaumida] etc. Como se verifica pode haver alteração na estrutura de palavras quando em juntura. O fenômeno de juntura pode envolver até três vogais, como é o caso de toda a amizade, que perde duas das sete sílabas que poderia ter: [to-da-a-mi-za-di] = [to-da-mi-za-di]. O aluno que escreve “O jabuti correu no mato e viu macaco” e lê [... iviumakaku] deveria ter posto na escrita “... e viu um macaco”, mas não o fez porque achou que um estava representado pelo final de viu. O aluno que escreve “Ele com-prou um abacate comeu” e faz dois grupos tonais ao ler, separando abacate de comeu, deveria escrever “... abacate e comeu”, mas não o faz porque não fala normalmente esse e nesse contexto e, como não fala, não vê razão para escrever. A frase acima não lhe parece estranha, porque ele a lê com a entonação correta, o que não é feito por quem não sabe ler o que criança escreve; estes necessitam da presença da conjunção e, que então dá origem a uma outra estrutura sintática. Através dessas observações vemos a importância de buscar as explicações corretas para a fala e para a ortografia sem confundi-las. (Cagliari p. 68, 69).
Segundo o Dicionário de Termos Lingüísticos II a segmentação é o processo de divisão de um enunciado nos segmentos que o constituem. No domínio dos sons, a segmentação pode efetuar-se com base em dois critérios: físico ou perceptivo. No primeiro caso, a divisão opera-se com base nos pontos de mudança acústicos ou articulatórios identificados como fronteiras de segmento. No segundo caso, a base da divisão são as alterações fonológicas na quantidade e na qualidade, muitas vezes refletindo as influências das unidades fonêmicas da língua. Para David Cristal a segmentação pode se dar de acordo com critérios físicos ou auditivos. No primeiro caso, os pontos de mudança acústico ou articulatória são identificados como os limites dos segmentos; no segundo caso, as mudanças observáveis, em termos de qualidade ou quantidade, freqüentemente mostrando a influência das unidades fonêmicas da língua, formam a base da divisão. O termo é particularmente usado na fonética, onde a unidade discreta mínima obser-vável é conhecida como fone. BREVES COMENTÁRIOS SOBRE A LINGUAGEM É comum, ao falarmos sobre a linguagem, ter como ponto de referência a língua escrita. E muitas vezes, o estudo desta faculdade distintiva da espécie humana fica reduzido ao estabelecimento das regras do bem escrever das quais se derivam as regras do bem falar. A linguagem é, porem, uma atividade primordialmente oral. A importância atribuída a língua es-crita, importância essa que ocasiona até mesmo uma inversão dos fatos, advém do papel capital que a escrita desempenha nas sociedades complexas e de massa para a coesão política e social e para a comunicação a longa distância. A linguagem humana se destingue dos demais sistemas simbólicos por ser segmentável em unidades menores, unidades essas em número finito para cada língua e que têm a possibilidade de se recombinarem para expressar idéias diferentes. O contínuo sonoro pode, pois, ser escandido em segmentos linearmente dispostos cuja presença ou ausência, assim como sua ordem, tem uma função distintiva, isto é, ocasiona mudança no significado de uma palavra. (Ladefoged, Apud Dinah Callou at al). São estas combinações de unidades segmentais que revelam o conhecimento fonológico que o aluno tem de seu sistema lingüístico. O CONHECIMENTO FONOLÓGICO O conhecimento fonológico é a consciência de que as palavras são compostas por sílabas e fonemas e que palavras po-dem rimar ou começar/terminar com os mesmos sons. Nos primeiros estágios da aquisição da linguagem as crianças apresentam pouco conhecimento da estrutura da lingua-gem. Nesta época o foco é o entendimento, usam a linguagem sem dar importância à estrutura (o aspecto semântico é mais forte). Com o passar do tempo as crianças começam a apreciar a estrutura das palavras, notam, por exemplo, que foca começa com o mesmo som de fofoca ou rimas bola e cola. As crianças devem ser estimuladas a criar rimas com ou sem sentido.
representados por letras ou seqüên-cias de letras como também devem juntar esses fonemas em ordem para formar palavras. Devido a sua importância a juntura é muitas vezes o componente primário do aprendiz da leitura. Após esta fase deve ser ensinado a criança o nível silábico. Por exemplo: As palavras cujas sílabas tenham significado semântico. Depois que as crianças aprenderam a misturar sílabas pode-se começar a misturar fonemas ou unidades subisilábicas. Exemplo: Palavra prato trocar fonemas do encontro consonantal pra ou construir rimas da sílaba to. Outro programa (Lindamood) consiste na discriminação auditiva. É um programa preventivo e corretivo para iniciação à leitura e soletramento. São apresentadas para as crianças placas para cada som da linguagem: Bilabiais “pai, mama”, al- veolar “tia, dia”. Onde as crianças reconhecem e classificam os fonemas. Após isto é que inicia o aprendizado com letras. Tarefas de manipulação de sons Acréscimo de outras tarefas para reforçar o conhecimento fonético. Ex: Manipulação de sons (Rosner & Simon 1971) desenvolveram exercícios onde as crianças apagam ( diga vaivém sem vai), adicionam (diga: ato com f no início), ou substituem (diga: mola trocando m por b) palavras, ou seqüências de palavras: couve-flor por flor couve. Todas as tarefas mencionadas acima requerem a segmentação e a isolação silábica antes da manipulação destas unidades. Somente após a segmentação dá-se a juntura e depois a manipulação. PROCEDIMENTOS INFORMANTES Para execução da nossa pesquisa utilizamos como informantes sessenta e um alunos divididos em quatro séries de acordo com a faixa etária (6-7 anos) 1a série, (7-8 anos) 2a série, (8-9 anos) 3a série, (9-10 anos) 4a série, todos freqüentando uma escola particular de classe média, localizada na zona oeste da cidade de São Paulo. MATERIAL Neste trabalho foi desenvolvido uma atividade: Um ditado de quinze (15) palavras previamente estabelecidas, aplicado coletivamente na sala de aula aproveitando a dinâmica da própria escola. Na 1a e na 2a série foi aplicado pelas respectivas professoras e na 3a e 4a série foi aplicado por mim. Tivemos dez (10) minutos para a aplicação do ditado. O ditado de palavras foi o seguinte: 1 - comigo 2 - de repente 3 - por enquanto 4 - de nada 5 - embaixo 6 - sem dúvida 8 - de manhã 9 - de novo 10 - em cima 11 - por isso 12 - no entanto 13 - embora
7 - por aqui 14 - enfim 15 - anteontem Abaixo serão mostradas várias tabelas: a primeira refere-se a quantidade de “erros” cometidos nos ditados em cada série, salientado-se o total de “erros” em cada série e em cada palavra. TABELA REFERENTE À QUANTIDADE DE ERROS COMETIDOS EM CADA SÉRIE PALAVRAS ERRADAS 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE TOTAL LISTA DE PALAVRAS comigo 1 0 0 1 2 de repente 10 10 16 12 48 por enquanto 6 7 13 9 35 de nada 4 3 10 3 20 embaixo 5 1 6 1 13 sem dúvida 2 5 2 2 11 por aqui 8 5 9 1 23 de manhã 2 2 6 0 10 de novo 3 3 6 0 12 em cima 3 6 10 12 31 por isso 7 4 5 6 22 no entanto 4 4 6 3 17 embora 5 0 5 1 11 enfim 10 8 13 11 42 anteontem 8 3 13 11 35 Total 78 61 120 73 332 As tabelas que seguem explicitam e analisam as variantes de: juntura, segmentação e ortográficos em cada uma das pala-vras do ditado. TABELA REFERENTE AS VARIAÇÕES DA PALAVRA “COMIGO” VARIAÇÕES DA PALAVRA “COMIGO” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE comigo (1) ________ __________ co migo (1) Este vocábulo foi o que apresentou a menor incidência de erros TABELA REFERENTE AS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “DE REPENTE” VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “DE REPENTE”
__________ seiduvida (1) sen duvida (1) __________ TABELA REFERENTE AS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “POR AQUI” VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “POR AQUI” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE poraqui (6) poraqui (3) poraqui (9) poraqui (1) pora qui (1) po raque (1) _________ pora aqui (1) poraque (1) poaqui (1) _________ __________ ________ por raqui (1) _________ __________ TABELA REFERENTE AS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “DE MANHÔ VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “DE MANHÔ 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE demanhã (1) demanhã (2) demanhã (4) __________ denanhão (1) __________ demahã (1) __________ de nhamã (1) __________ de mahã (1) __________ __________ __________ demaa (1) __________ TABELA REFERENTE AS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “DE NOVO” VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “DE NOVO” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE denovo (3) denovo (3) denovo (6) di novo (1) ________ ________ ________ de nove (1) TABELA DAS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “EM CIMA” VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “EM CIMA” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE ensima (1) encima (2) ensima (1) encima (7) encima (1) emcima (2) encima (3) emcima (5) en sima (2) emssima (1) emcima (3) ________ emcima (1) em sima (1) em sima (2) ________ ________ emsima (1) emsima (1) ________ ________ ________ enscima (1) ________ ________ ________ ecima (1) ________ TABELA DAS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “POR ISSO” VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “POR ISSO”
1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE poriso (5) poriso (3) poriso (2) poriço (2) pori so (1) por iso (2) poriço (2) porisso (3) poriço (2) porisso (1) porisso (1) por ixo (1) TABELA DAS VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “NO ENTANTO” VARIAÇÕES DAS PALAVRAS “NO ENTANTO” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE no em tanto (2) noentanto (3) noentanto (1) noentanto (3) noentanto (1) no em tanto (1) no entando (1) __________ noemtanto (1) no emtato (2) noem tanto (1) __________ no etanto (1) no entando (1) no intanto (1) __________ no emtanto (1) ___________ num intanto (1) __________ ___________ ___________ nointanto (1) __________ ___________ ___________ noitanto (3) __________ TABELA DAS VARIAÇÕES DA PALAVRA “EMBORA VARIAÇÕES DA PALAVRA “EMBORA” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE em bora (5) empora (1) em bora (4) em bora (1) enbora (3) _________ enbora (2) enbora (2) _______ _________ em bor (1) _________ TABELA DAS VARIAÇÕES DA PALAVRA “ENFIM” VARIAÇÕES DA PALAVRA “ENFIM” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE em fim (8) em fim (8) em fim (12) em fim (11) en fim (2) emfin (1) emfim (2) emfim (2) _______ _______ enfin (1) _______ TABELA DAS VARIAÇÕES DA PALAVRA “ANTEONTEM” VARIAÇÕES DA PALAVRA “ANTEONTEM” 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE 4a SÉRIE ante ontem (5) ante ontem (1) ante ontem (9) ante ontem (9) ateonte (1) anteomte (1) ante onte (3) ante onte (1) ontenhote (1) ate onte (1) anteonte (2) anteonte (1) ante onte (3) _________ ante otem (1) ante onten (1) anteomte (1) _________ anteotem (1) _________ anteonte (2) _________ __________ _________
CATTS H. W. (1991) Facilitating phonological awareness: role of speech-language pathologists. Language, speech and hearing services in schools, Volume 22, 196-