



Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
A transição do feudalismo para o capitalismo na europa medieval, explorando as características da sociedade feudal, o papel do comércio e das cidades no desenvolvimento do capitalismo, e a influência da igreja e da usura nesse processo. O texto aborda a organização social, a economia, as relações de poder e as mudanças que levaram à ascensão do capitalismo.
Tipologia: Resumos
1 / 5
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Neste primeiro capítulo, o autor delineia os aspectos gerais e sociais da Idade Média. A sociedade feudal estava dividida entre três classes principais: os pregadores (sacerdotes), os lutadores (guerreiros) e os trabalhadores. Estes últimos eram os responsáveis por produzir e fornecer vestuário, alimentação e tudo o que as classes eclesiásticas e militares necessitavam. O papel desempenhado pelo camponês nesse período era o de atender às classes superiores.
Nessa época, as fábricas e usinas ainda não existiam, e a forma de trabalho realizada pelos camponeses era o trabalho agrícola, retirando da terra aquilo que precisavam para sobreviver. Essas terras estavam divididas em áreas chamadas de "feudos", que variavam em tamanho e organização, constituindo uma unidade autossuficiente. Cada propriedade feudal tinha um senhor, que podia possuir vários feudos e vivia em uma moradia fortificada.
A organização espacial do feudo era simples: os prados, bosques e ermos localizados na propriedade eram usados em comum, mas a terra cultivável era dividida em duas partes: uma pertencente ao senhor (seus domínios) e a outra sob o comando dos arrendatários. Além disso, as terras aráveis não se encontravam em campos contínuos, mas sim em faixas espalhadas. Com o tempo, essa tendência foi de formar um único bloco.
Outra característica feudal era a rotatividade de culturas, para evitar o esgotamento do solo. Enquanto dois campos eram utilizados, o terceiro ficava em descanso. Os arrendatários deviam trabalhar não apenas a sua terra, mas também a do senhor. Caso desejassem utilizar o moinho ou a prensa do senhor, deveriam pagar pelo seu uso. Isso limitava a vida do camponês a uma miserável servidão.
O servo não pertencia ao senhor feudal, não era sua propriedade, mas estava atrelado à terra. Se o senhor transferisse a posse da terra a outro, o servo permanecia nela, o que lhe garantia uma espécie de segurança. No entanto, o servo não poderia abandonar a terra, sendo severamente punido caso fugisse.
Alguns tipos de servos podem ser observados, como os "servos de domínio", os "fronteiriços", os "aldeães" e os "vilãos". Estes últimos gozavam de privilégios pessoais e econômicos, possuindo tarefas bem específicas ou mesmo não desempenhando qualquer tarefa, pagando apenas uma parcela de sua produção ao senhor ou realizando o pagamento em dinheiro.
As leis no período feudal eram "de acordo com o costume do feudo", e todos, fossem servos ou senhores, tinham obrigações e deveres. Tribunais específicos mediavam os casos, sendo que as questões entre servo e senhor geralmente eram favoráveis ao senhor, embora houvesse casos em que os camponeses podiam ser ouvidos no tribunal real.
O senhor feudal também era arrendatário da terra, pois arrendava-a de um conde, que já a arrendar de um duque, e assim por diante. Quanto mais vassalos um senhor possuísse, mais chances tinha de vencer as guerras, pois a terra era a fonte de toda a riqueza do homem na Idade Média.
Em troca da terra e proteção recebidas, os vassalos tinham alguns deveres a cumprir, como o pagamento de certos impostos e a ajuda no pagamento da libertação do senhor caso fosse capturado.
A Igreja teve um papel fundamental nesse período, sendo a maior proprietária de terras da época feudal. Isso ficava claro na questão do celibato, pois, enquanto os nobres dividiam suas terras, a Igreja proibia os padres de se casarem, de modo a não perderem-nas mediante herança aos filhos de seus funcionários. Com o dízimo, a Igreja aumentou ainda mais seus domínios.
Como o estado feudal retirava da terra tudo o que precisava, fabricava e consumia seus produtos, a vida econômica decorria sem muita utilização de capital, que ficava inativo e improdutivo. No entanto, havia intercâmbio de mercadorias, realizado por meio da troca daquilo que se tinha pelo objeto que se precisava, normalmente nos mercados semanais próximos a um castelo ou mosteiro.
Contudo, não poderia haver produção de excedentes em larga escala se não havia procura. Assim, o comércio nos mercados semanais não era intenso e era sempre local. Além da baixa procura, as péssimas condições das estradas, a escassez de moedas e dinheiro e os diferentes pesos e medidas constituíram outros obstáculos para o crescimento do comércio.
As Cruzadas foram um grande passo rumo à expansão comercial, pois intensificaram a procura por mercadorias estrangeiras e fizeram com que a Europa retomasse o monopólio da rota do Mediterrâneo. Cada classe dominante via nas Cruzadas vantagens: a Igreja Romana via a oportunidade de converter outros países ao cristianismo, a Igreja Bizantina via o meio de restringir o avanço muçulmano, os nobres e cavaleiros desejavam saquear e conquistar terras e fortuna, e as cidades comerciais italianas, como Veneza, Gênova e Pisa, encaravam as Cruzadas como uma oportunidade de obter vantagens comerciais.
Enquanto as cidades italianas representavam o comércio ao sul, no norte, Bruges, em Flandres, estabelecia contato com o mundo russo-escandinavo. Esses dois centros comerciais precisavam de um lugar para realizar o intercâmbio comercial, e esse lugar foi a planície de Champagne. Ao contrário dos mercados, as feiras de Champagne eram imensas e
da terra, ou seja, fazer com ela o que bem entendessem, sem a necessidade de solicitar a uma série de proprietários.
Essa liberdade, no entanto, não era concedida de uma vez só, e sim aos poucos. Em muitos casos, os senhores feudais e bispos se negavam a atender as reivindicações até que se vissem forçados a isso pela violência das populações das cidades. Mesmo assim, essa luta não visava à derrubada de seus senhores, apenas garantir as mudanças necessárias à expansão comercial. Os graus de liberdade variavam de cidade para cidade, sendo as cidades-repúblicas da Itália e Flandres totalmente independentes, enquanto outras conseguiam arrebatar apenas alguns poucos privilégios.
As corporações de mercadores tinham regras de conduta bastante rígidas, a fim de garantir o monopólio das mercadorias e evitar a concorrência de estrangeiros. Além disso, eles eram bastante influentes junto às autoridades, opinando na escolha dos funcionários e, às vezes, sendo eles mesmos os funcionários do governo.
A posição tomada por esses mercadores nas cidades reflete a posição e a importância da riqueza em capital, em contraste com a riqueza em terras. Esse novo grupo que surgia, com a posse e a habilidade de trabalhar com o dinheiro, trouxe consigo a partilha do governo, que antes era monopolizado pelos senhores das terras.
Houve uma época em que cobrar juros pelo dinheiro emprestado era proibido pela Igreja, pois ela considerava a usura um pecado. No início do período feudal, quando a possibilidade de se investir capital era praticamente inexistente, não havia motivo ou justificativa para se lucrar com as desventuras daqueles que recorriam aos empréstimos.
No entanto, apesar da condenação da usura pelos bispos e reis, eles próprios eram os primeiros a violar as leis e o discurso impostos. Essa condenação e perseguição aos usurários tornou-se um verdadeiro obstáculo para os mercadores que desejavam ampliar seus lucros e negócios. Portanto, aos poucos, a doutrina religiosa foi cedendo espaço para a prática até então condenada, introduzindo casos especiais e usando a "prática comercial diária" como justificativa para legitimar uma "usura moderada e aceitável".
O camponês, que até então se encontrava preso a uma "camisa-de-força econômica", viu nas mudanças decorrentes da introdução da economia monetária uma forma de romper suas amarras. Com o crescimento das cidades, onde seus habitantes se ocupavam do comércio e da indústria, a demanda de suprimentos provenientes do campo aumentou significativamente.
Para aumentar a produção, o campesinato europeu voltou seus olhos para as terras incultas e abundantes, como meio de fugir à opressão. Essa "marcha para oeste" ocorreu na Europa cinco séculos antes da marcha americana. A luta foi longa e árdua, mas a vitória significou a liberdade e a possibilidade de possuir um pedaço de terra, livre das taxas e do trabalho compulsório a que eram submetidos nas terras dos senhores feudais.
Outro passo importante rumo à liberdade dos servos foi a percepção de que o trabalho servil era menos lucrativo que o trabalho assalariado. Os camponeses perceberam que, se trabalhassem mais e produzissem bastante excedentes, esses poderiam ser vendidos e assim, eles poderiam pagar as dívidas que tinham com o senhor. Alguns senhores feudais, então, permitiram que seus servos pagassem anualmente um tanto por hectare, considerando que isso era melhor que possíveis fugas.
A peste negra, que assolou a Europa em meados do século XIV, teve grande impacto nesse movimento de libertação, pois a escassez de mão de obra fez com que o trabalho dos camponeses fosse mais valorizado. Essa situação acabou culminando em uma série de levantes e revoltas camponesas contra aqueles senhores que se negavam a atender as suas reivindicações.
No início do período feudal, a concepção de indústria era aquela realizada na casa do próprio camponês, apenas para suprir e satisfazer suas necessidades. Porém, o progresso das cidades e o uso do dinheiro deram aos artesãos a oportunidade de largar a agricultura e se dedicarem ao seu ofício. Inicialmente, eles de dedicavam apenas a atender as necessidades locais, mas, com o tempo, passaram a produzir para um mercado mais amplo.