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A profissionalização da enfermagem, Resumos de Enfermagem

A profissionalização da enfermagem

Tipologia: Resumos

2019

Compartilhado em 09/09/2019

milena-schauer
milena-schauer 🇧🇷

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Reviews
Trabalho, Educação e Saúde, v. 4 n. 2, p. 467-474, 2006
a profissionalização da enfermagem brasilei-
ra
. almerinda Moreira e Taka Oguisso. rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, 152 pp.
Rosalba Pessoa de Souza Timoteo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
<rpstimoteo@hotmail.com>
Eis um livro que, diferentemente dos estudos
realizados sobre a origem da enfermagem no
Brasil, vem questionar a concepção hegemôni-
ca sobre sua institucionalização no país, a qual
somente é reconhecida a partir da regulamenta-
ção da escola de enfermagem vinculada ao De-
partamento Nacional de Saúde Pública, no ano
de 1923. Para Almerinda Moreira e Taka Oguis-
so, trata-se de uma omissão que altera os rumos
da história e ignora a existência de mais de 30
anos da Escola Profissional de Enfermeiros e
Enfermeiras (EPEE), atual Escola de Enfermagem
Alfredo Pinto, criada em 1890, junto ao Hospital
Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro.
Movidas pela necessidade de reverter es-
ta condição da história da enfermagem no país,
as autoras lançam-se ao desafio de questionar,
levantar hipóteses, analisar controvérsias na-
quilo que esteve, segundo elas, anos a fio sem
ser contestado.
Desse modo, o livro tem por objetivo pers-
crutar e registrar os primórdios da profissionali-
zação da enfermagem brasileira, tendo como re-
corte temporal o período histórico que começa
em 1890 e termina em 1920, ou seja, uma etapa
que antecede a inserção da enfermagem moder-
na no país. De uma maneira geral, trata-se de
rediscutir as origens deste campo no Brasil, me-
diante a análise e interpretação de documentos
que também tiveram como propósito ressaltar
o impacto e a representatividade da EPEE no
contexto social em que foi criada.
Para as autoras, as omissões e lacunas nos
registros históricos acerca da existência da
EPEE, criada pelo decreto no 791, de 27 de se-
tembro de 1890, favoreceram a construção de
uma história oficial, vista na maioria das vezes
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Reviews 469 a profissionalização da enfermagem brasilei- ra. almerinda Moreira e Taka Oguisso. rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, 152 pp. Rosalba Pessoa de Souza Timoteo Universidade Federal do Rio Grande do Norte rpstimoteo@hotmail.com Eis um livro que, diferentemente dos estudos realizados sobre a origem da enfermagem no Brasil, vem questionar a concepção hegemôni- ca sobre sua institucionalização no país, a qual somente é reconhecida a partir da regulamenta- ção da escola de enfermagem vinculada ao De- partamento Nacional de Saúde Pública, no ano de 1923. Para Almerinda Moreira e Taka Oguis- so, trata-se de uma omissão que altera os rumos da história e ignora a existência de mais de 30 anos da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras (EPEE), atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, criada em 1890, junto ao Hospital Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro. Movidas pela necessidade de reverter es- ta condição da história da enfermagem no país, as autoras lançam-se ao desafio de questionar, levantar hipóteses, analisar controvérsias na- quilo que esteve, segundo elas, anos a fio sem ser contestado. Desse modo, o livro tem por objetivo pers- crutar e registrar os primórdios da profissionali- zação da enfermagem brasileira, tendo como re- corte temporal o período histórico que começa em 1890 e termina em 1920, ou seja, uma etapa que antecede a inserção da enfermagem moder- na no país. De uma maneira geral, trata-se de rediscutir as origens deste campo no Brasil, me- diante a análise e interpretação de documentos que também tiveram como propósito ressaltar o impacto e a representatividade da EPEE no contexto social em que foi criada. Para as autoras, as omissões e lacunas nos registros históricos acerca da existência da EPEE, criada pelo decreto no 791, de 27 de se- tembro de 1890, favoreceram a construção de uma história oficial, vista na maioria das vezes

470 Resenhas como a única versão, na qual não estão incluí- dos diversos acontecimentos relevantes nem a existência de profissionais que atuaram como enfermeiros no período em análise. Todavia, ressaltam que, além de rever a importância do estudo da história da enfermagem, o livro se propõe também a obter elementos que condu- zam à reconstrução da identidade profissional, incluindo-se algumas discussões acerca da fe- minização na profissão, dos modelos adotados no ensino e do processo de profissionalização em diversos países, particularmente no Brasil. Por conseguinte, trata-se de estudo que não se limita apenas a lograr uma visão crítica da profissão, mas a desvelar a realidade de mo- do a permitir um novo olhar sobre a profissão. Tal compreensão impulsiona a investigação, aprofundada e cuidadosa, contribuindo para a superação do pensamento pragmático que nega o passado, ou o relega a planos menos impor- tantes. Além disso, desmistifica a visão unila- teral da história como processo anacrônico, for- mado por vultos, mitos e heróis que, solitaria- mente, enfrentam desafios, vencem batalhas e traçam jornadas sem que apareçam as idéias, a luta e o trabalho de outros que compartilharam com eles as vitórias e dividiram os insucessos. Essa é uma das teses que passam a ser de- fendidas em todo o percurso metodológico que orienta o desenvolvimento do livro, que, após introduzir o tema, discorre sobre a gênese e o desenvolvimento do processo de profissionali- zação da enfermagem em diversos países e no Brasil. Nas considerações iniciais da obra, apre- sentam-se os objetivos, o percurso metodológi- co, as fontes e os locais pesquisados. Assim, com vistas a alcançar os objetivos anterior- mente expostos, utilizando-se da análise de con- teúdo como técnica de pesquisa a documentos e registros escritos e iconográficos, as autoras desenvolveram o estudo histórico na perspec- tiva orientadora da História Nova. Neste senti- do, foram priorizados como fontes de pesquisa os documentos oficiais da EPEE, os relatórios da Assistência aos Alienados, encaminhados ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, a revista O Brazil-Médico , o periódico Jornal do Commércio e manuais de enfermagem, pes- quisados em arquivos e bibliotecas de âmbito nacional, estadual e setorial. No capítulo 2, “Gênese da profissionaliza- ção da enfermagem”, trabalham-se o conceito de profissionalização e as implicações contextu- ais que consolidaram o termo profissão ao lon- go do tempo. O ponto central é o debate sobre a diferenciação entre ocupação e profissão e, den- tre as ocupações, sobre quais poderiam ser con- sideradas profissões. Na saúde, as profissões, da maneira como hoje se apresentam, parecem ter emergido de um tronco histórico comum, o que contribui para dificultar, de certa forma, a identificação dos cuidados e práticas específi- cos da enfermagem. No Brasil, a profissionalização da enferma- gem passa a se configurar a partir da prestação de cuidados às pessoas enfermas em domicílios, o que, posteriormente, ganha contornos de profissionalização com a sistematização do en- sino. Para as autoras, a enfermagem profissional representa a atividade exercida por pessoas que passaram por um processo formal de aprendiza- do, com base em um ensino sistematizado, por- tadoras de diploma legal e titulação específica que lhes conferem direitos ao exercício do ofí- cio pelos conhecimentos adquiridos. No capítulo 3, “O hospital: origens e influ- ência na formação dos enfermeiros”, realiza-se uma breve retomada da origem da instituição hospitalar, fazendo a relação com seu processo de modernização e com a profissionalização das práticas desenvolvidas nessas instituições. No Brasil, a exemplo dos hospitais europeus, a fi- nalidade era prestar cuidados a enfermos, alie- nados e portadores de doenças infectocontagio- sas oriundos da camada pobre da sociedade. A característica principal dessas instituições era a benemerência e os cuidados, na maior parte das vezes realizados por religiosos e religiosas. A saída desses religiosos das instituições hospi- talares gerou uma séria crise nos hospitais, pois, até então, o governo não havia se preocupado com a formação de trabalhadores que substitu- íssem a força de trabalho exercida pelas irmãs de caridade. Foi preciso, portanto, contratar enfermeiras vindas da França. Como a necessidade se centrava, principal- mente, no Hospital Nacional de Alienados, os psiquiatras trouxeram para o Brasil o modelo de escola que preparava pessoal para cuidar dos doentes mentais, trazendo também o modelo laico de enfermagem que admitia o recebimento