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A NATUREZA DO DIACONATO, Notas de aula de Ética

O diácono que não vive para servir a igreja de Deus, não serve para viver como ministro ... em seu nascedouro, representava toda a assembléia dos santos. E,.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Brasilia80
Brasilia80 🇧🇷

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IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS
EM JARDIM AMÉRICA
O DIACONATO
Pr. JOSÉ ANTONIO DOS SANTOS
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IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS

EM JARDIM AMÉRICA

O DIACONATO

Pr. JOSÉ ANTONIO DOS SANTOS

ÍNDICE

CAPÍTULO I – A NATUREZA DO DIACONATO

1 – INTRODUÇÃO

2 – DEFINIÇÃO

3 – A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO

3.1 – O Crescimento da Igreja 3.2 O Descontentamento Social 3.3 – O Comprometimento do Ministério Apostólico 3.4 – A Organização Ministerial da Igreja 4 – A NATUREZA DO DIACONATO 4.1 – O Diaconato Como Ofício 4.2 – O Diaconato Como Ministério 4.3 – O Diaconato Como um Importante Negócio 5 – DIACONATO: UM MINISTÉRIO LOUVÁVEL 6 – JESUS, O DIACONO DOS DIACONOS 7 – CONCLUSÃO (do Capítulo I)

CAPÍTULO II – AS QUALIFICAÇÕES DO DIACONO 1 – O QUE SÃO AS QUALIFICAÇÕES DIACONAIS? 2 – BOA REPUTAÇÃO 2.1 – O Que é a Reputação? 2.2 – O Significado Grego da Palavra Reputação 3 – PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO 3.1 – O Ser Cheio é o Mesmo Que Ser Batizado no Espírito Santo? 3.2 – A Experiência Pentecostal 3.3 – Batismo ou Fruto do Espírito? 4 – SABEDORIA ESPIRITUAL 4.1 – O Que é Sabedoria? 4.2 – Como se adquire Semelhante Sabedoria? 5 – HONESTIDADE 5.1 – O Que é Honestidade? 5.2 – A Razão da Honestidade 6 – NÃO DE LÍNGUA DOBRE 7 – ABSTINÊNCIA ÀS BEBIDAS ALCOÓLICAS 8 – INCORRUPÇÃO E INTEGRIDADE 9 – A OBSERVÂNCIA NO MINISTÉRIO DA FÉ NUMA CONSCIÊNCIA PURA 10 – FIDELIDADE CONJUGAL 11 – A EDUCAÇÃO E O GOVERNO DOS FILHOS 12 – O GOVERNO EFICIENTE DA CASA 13 – CONCLUSÃO (do Capítulo II)

CAPÍTULO III – COMO SERVIR A SANTA CEIA 1 – O QUE É A SANTA CEIA? 2 – MANTENDO A SOLENIDADE DA SANTA CEIA 3 – CUIDADOS QUE O DIÁCONO DEVE TER DURANTE A CELEBRAÇÃO DA SANTA CEIA 4 – O CUIDADO COM A VESTIMENTA DO DIÁCONO 5 – ASSEIO PESSOAL 6 – A PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS 7 – A DISTRIBUIÇÃO DO PÃO E DO CÁLICE

CAPÍTULO I

A NATUREZA DO DIACONATO

1 – INTRODUÇÃO

Aquilino de Pedro afirmou que o diaconato é o ministério por excelência e o serviço é a sua razão primacial. Se nos voltarmos aos Atos dos Apóstolos, constataremos que não exagera o ilustrado teólogo. A diaconia outra coisa não é senão um serviço incondicional e amoroso a Deus e à sua igreja. O diácono que não vive para servir a igreja de Deus, não serve para viver como ministro de Cristo. A essência do diaconato é o serviço. O serviço também é o amoroso fundamento e sem serviço a diaconia é impossível. Nesse sentido, quão excelso e perfeito diácono foi o Senhor Jesus. Não buscamos aqui nenhum efeito retórico. Todas essas implicações acham-se em perfeita consonância com o significado da palavra diácono.

2 – DEFINIÇÃO A palavra diácono é originária do vocábulo grego diákonos e significa, etimologicamente, ajudante, servidor. Já que o diácono é um servidor, pode ele ser visto também como ministro. A essência do ministério cristão, salientamos, é justamente o serviço. Em seu Dicionário do Novo Testamento grego. Oferece-nos W. C. Taylor a seguinte definição: garçom, servo, administrador e ministro. Na Grécia clássica, diácono era o encarregado de levar as iguarias à mesa, e manter sempre satisfeitos os convivas. Na Septuaginta, eram os servos chamados de diáconos, porém não desfrutam da dignidade de que usufruíam seus homônimos do Novo Testamento, nem eram incumbidos de exercer a tarefa básica destes: socorrer os pobres e necessitados. Não passavam de meros serviçais. Aos olhos judaicos, era esse um cargo nada honroso. Se quisermos entender a real função do diácono, ver-nos-emos obrigados a recorrer ao étimo da palavra diaconia. No original, ostenta o referido vocábulo estes sentidos: distribuição de comida, socorro, ministério e administração. Não são esses basicamente os misteres do diácono eclesiástico? A palavra diácono aparece cerca de trinta vezes no Novo Testamento. Às vezes, realça o significado da palavra, outras o do ministro. Finalmente, sublima a função que passou a existir na igreja primitiva a partir de Atos capítulo seis. Observamos, entretanto, que, nesta passagem de Atos dos Apóstolos, não encontramos a palavra diácono. O cargo é descrito, e o título não é declinado. A obviedade do texto, contudo, não atura dúvidas: referiam-se os apóstolos, de fato, ao ministério diaconal.

3 – A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO O diaconato é o único ministério cristão a originar-se de um fato social; surgiu de uma premente necessidade da igreja primitiva: o socorro às viúvas helenista. Atenhamo-nos à narrativa de Lucas: Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos dentre vós, sete homens de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia, e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos (At 6. 1-7). Do texto sagrado, apontemos alguma das razões que levaram os apóstolos a instituírem o diaconato:

3.1 – O Crescimento da Igreja – Do pentecostes à instituição do diaconato, a igreja primitiva cresceu de maneira vertiginosa. De aproximadamente três mil convertidos, passou logo a cinco mil; a partir daí, o rebanho do Senhor não mais parou de multiplicar-se (At 2.41; 4.4). De forma que, em Atos capítulo seis, o número de discípulos já havia superado a capacidade estrutural da igreja (At 6.1). Crescendo o número dos fiéis, cresceram também os problemas. Tivesse a igreja se limitado aos cento e vinte, certamente nenhuma dificuldade teriam os primitivos cristãos. Não haveriam de precisar de diáconos, nem de pastores. Até os mesmos apóstolos seriam prescindíveis. Acontece que as grandes igrejas enfrentam grandes desafios, e demandam, por conseguinte, grandes soluções. Com a chegada das ovelhas, vai o aprisco deixando sua rotina, vai o pastoreio desdobrando-se em cuidados e desvelos pelas almas, e o Reino de Deus vai alargando suas fronteiras e descortinando os mais promissores horizontes. O maior problema da igreja Primitiva, naquele momento, era o desconcerto social gerado pelo clamor das viúvas helenistas que, na distribuição diária, vinham sendo preteridas em relação às hebréias.

3.2 – O Descontentamento Social – Relata-nos Lucas que “houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecida na distribuição diária”. Tal contingência não podia esperar, exigia imediata solução. Caso não houvesse uma alternativa urgente e satisfatória, a situação deteriorar-se-ia, agravando a injustiça social, e aprofundando a fissura entre os dois principais segmentos culturais da igreja em Jerusalém: os hebreus e os helenistas. Afirma o eminente teólogo da universidade de Salamanca Lorenzo Torrado: “A queixa dos helenistas, a julgar pela iniciativa tomada pelos apóstolos, parece que tinha sério fundamento”. A situação que se desenhava deixou os apóstolos muito preocupados. Como israelitas, sabiam eles que a injustiça e as desigualdades sociais eram intoleráveis aos olhos de Deus (Dt 15.7,11). Não foi por causa da opressão que o Senhor desterrara a Israel? A palavra de Ezequiel não tolera dúvidas: “O povo da terra tem usado de opressão, e andado roubando e fazendo violência ao pobre e ao necessitado, e tem oprimido injustamente ao estrangeiro” (Ez 22.29). Infelizmente, a questão social continua a ser descurada por muitos ministros do Evangelho. Acham eles que a desigualdade social é um problema que cabe apenas ao governo resolver. Mas a Bíblia assim não ensina. Embora a igreja de Cristo seja um organismo espiritual e desfrute da cidadania celeste, ela é vista como uma comunidade administradora de uma justiça que tem de exceder a do mundo (Mt 5.20). O comentário é de Broadman: “os cristãos têm infligido quase tantas feridas à comunhão quanto os perseguidores externos, abrigando em si preconceitos raciais, religiosos e de classe. Esse preconceito leva à discriminação, e a discriminação destrói a unidade dos crentes. Estas distinções não deviam ter entrado na igreja, naquela época, e não devem entrar hoje”. Por conseguinte, quando o colégio apostólico decidiu instituir o diaconato, tinha em vista também a administração da justiça entre o povo de Deus. A partir da ordenação dos sete, puderam os 12 dedicar-se com mais zelo ao seu ministério básico: a administração da Palavra e o exercício da oração, a fim de que a igreja continuasse una.

3.3 – O Comprometimento do Ministério Apostólico – Continuassem os apóstolos a suprir pessoalmente as necessidades dos órfãos e das viúvas, haveriam de comprometer de forma irremediável as principais funções de seu ministério, por isso deliberaram: “não é razoável que nós deixemos a palavra de DEUS e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete

b) A instituição do diaconato foi eclesiasticamente acordada. Ou seja, contou com o apoio de toda a igreja de Jerusalém que, em seu nascedouro, representava toda a assembléia dos santos. E, de conformidade com as instruções do próprio Cristo, “se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt18.19). Logo, o diaconato surgiu com o pleno apoio da Igreja de Cristo.

c) os diáconos foram formalmente ordenados. A passagem de Atos 6.6 é claríssima: “e os apresentaram ante os apóstolos” (At 6.6). Não foram os sete separados em segredo, mas consagrados ante a congregação. Contaram eles, consequentemente, com o apoio tanto da igreja quanto do ministério apostólico.

d) Os diáconos receberam formalmente a imposição de mãos. Ai está a prova cabal de seu ministério. À semelhança dos apóstolos Barnabé e Saulo, foram os diáconos santificados ao ministério através desse ato tão significativo: “orando lhes impuseram as mãos” (At 6.6; 13.1-3). Se não são ministros os diáconos, porque a oração e a imposição de mãos?

e) A real dimensão do diaconato. Convém ao diácono entender que, embora ministro, jamais deve ignorar a autoridade que tem o pastor sobre todos os ministérios, órgãos e departamentos da igreja. Que ele reconheça sempre a verdadeira dimensão de seu cargo e a exata razão de sua chamada, e coloque-se à inteira disposição de seu pastor. Seja amigo e companheiro deste. Cabe aqui lembrar o que disse Otis Bardwell, experiente diácono: “O diácono não foi chamado para receber honrarias, mas para servir a Deus e a Igreja”.

4.3 – O Diaconato Como um Importante Negócio – Na versão revista e corrigida de Almeida lemos: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões (....) aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). A versão atualizada, porém, buscando maior aproximação com o grego, usa a seguinte expressão: “aos quais encarreguemos deste serviço”. É o diaconato, afinal, um serviço ou um importante negócio? Ambas as coisas, pois estão certas ambas as versões. A palavra grega obreía tanto pode ser traduzida como serviço quanto como negócio. Ela pode ser compreendida, ainda, como “um serviço para suprir auxilio em caso de necessidade”. Portanto, nenhum erro cometeram os revisores dessas versões. Servir a igreja, a Noiva do Cordeiro, é de fato um importante negócio! Pense nisso diácono, e conscientize-se de sua responsabilidade.

5 – DIACONATO: UM MINISTÉRIO LOUVÁVEL.

Louvamos a Deus porque vêm os diáconos exercendo tão bem o seu ofício e ministério que desde a sua instituição a palavra diákonos cresceu de importância; transcendeu o seu primitivo significado. Se antes evocava a imagem de um garçom solícito hoje lembra um autêntico ministro de Cristo. Se no judaísmo o serviço aos pobres era exercido através de esmolas os diáconos vieram a demonstrar ser isso insuficiente. É necessário proporcionar aos necessitados um serviço relevante. Não se admite mais que os santos, à semelhança de Lázaro, fiquem sob a nossa mesa à espera de alguma migalha. Agora, devem eles, mesmo no extremo de sua carência, postar-se à mesa do Senhor, enquanto os diáconos, amorosa e eficientemente, prontificam-se a servi-los. Portanto, o diácono não é um mero oficial da igreja. É um ministro. Haja vista que Paulo arrola-o juntamente com os bispos ao discorrer sobre as qualidades indispensáveis ao ministério cristão (1Tm 3.13).

6 – JESUS, O DIÁCONO DOS DIÁCONOS. Foi o Senhor um diácono em tudo perfeito. Na declaração que faz Ele em Marcos 10.45, encontramos a variante da palavra diakonia duas vezes: “O Filho do Homem também não veio

para ser servido (diakonêtbnai), mas para servir (diakonêsai) e dar a sua vida em resgate de muitos”. Ele era Senhor, e servia a todos, Era o Rei prometido, mas se dizia servo dos servos de Deus. Deveria estar à mesa, mas ei-lo a lavar os pés aos discípulos. Embora o Apocalipse mostre-o na plenitude de sua glória, vemo-lo, em Isaías, como o servo sofredor. A fim de assumir a sua diaconia, despojou-se de suas prerrogativas, assumiu a nossa forma e pôs-se a servir indistintamente a todos. Este é o nosso Senhor; Diácono dos diáconos!

7 – CONCLUSÃO. Como você pôde constatar, o ministério diaconal reveste-se de especial importância à igreja de Cristo. É imprescindível aos Santos! Por isso, deve ser exercido com amor e eficiência. Ou eficiência amorosa? Não o menospreze, não o tenha como um degrau para se alcançar outros cargos e ministérios. Mas como seria útil se os pastores todos tivessem experimentado os privilégios do diaconato! Seríamos, hoje, mais úteis no episcopado. O diaconato é ministério; tem de ser exercido integral e plenamente. Pense nisso! E assuma o seu compromisso com Deus.

3 – PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO.

“A vida do cristão começa no calvário, mas o trabalho eficiente, no pentecostes.” Lavrada pelo evangelista Stanley Jones, essa afirmativa deixou-me bastante impressionado. E só viria a comprovar-lhe a veracidade ao ser batizado no Espírito Santo em 30 de setembro de 1978. A partir desse dia, comecei a sentir-me duplamente impulsionado a entregar-me ao serviço cristão. Igualmente, conscientizei-me de que teria de preservar a unção do Espírito. De outra forma, jamais alcançaria a excelência que a palavra de Deus requer de cada um dos servos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Além de ser cheio, teria eu de continuar pleno do Espírito Santo. Não foi sem razão terem os apóstolos colocado como indispensável condição para o diaconato, o ser pleno do Espírito Santo (At 6.3).

3.1 – O Ser Cheio é o Mesmo Que Ser Batizado no Espírito Santo? – Não quero, aqui, perder-me em discussões desse binômio. Se desprezarmos nossas razões, diremos tratar-se de coisas completamente distintas. Se nos voltarmos, todavia, aos primeiros dias da igreja, constataremos: os discípulos só eram considerados cheios do Espírito somente depois de haverem passado pela experiência pentecostal (At 2.4; 10.47; 19.6). Sobre a controvérsia, pronuncia-se o Dr. George E. Ladd: “quando o Espírito Santo foi dado aos homens, os discípulos foram batizados e ao mesmo tempo cheios do Espírito Santo”. Stanley M. Horton também é bastante taxativo; não admite réplicas: “Todos os 120 presentes foram cheios, todos falaram noutras línguas, e o som das línguas foi publicamente notório”. O saudoso pastor Estêvam Ângelo de Souza, um de nossos maiores teólogos, não faz separação entre o ser batizado no Espírito Santo: “O batismo com o Espírito Santo é um ato de Deus pelo qual o Espírito vem sobre o crente e o enche plenamente. É a vinda do Espírito Santo para encher de Deus como propriedade exclusivamente sua” Mais adiante, o pastor Estêvam refere-se aos discípulos de Cristo: “Jesus já havia soprado sobre eles, dizendo: recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Isto lhes proporcionou antecipadamente bastante gozo espiritual, pois já haviam recebido certa porção do Espírito, mas ainda precisavam ser batizados, cheios do Espírito. É muito oportuno aqui recordar o que disse Hopkins: “devemos reconhecer o fato de que ter o Espírito é uma coisa, e ficar cheio (batizado) do Espírito é bem outra”. Diante do exposto, como entender Efésios 5.18? Leiamos a passagem: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Como harmonizar essa recomendação de Paulo com a reivindicação feita aos sete diáconos? Em primeiro lugar, há que se entender que, em todos os episódios de Atos dos Apóstolos, onde se menciona o “encher do Espírito”, temos um ato soberano e instantâneo de Deus. É algo que se dá de fora para dentro, de cima para baixo. Temos, aqui, pois, a efusão ou o derramamento de Espírito Santo. Ao passo que, em Efésios, deparamo-nos não com um ato, mas com um processo, ao contrário daquele, depende da vontade do crente. Se este não seguir a recomendação bíblica, e desprezar o exercício da piedade, não poderá conservar o enchimento do Espírito. Vejamos como, no original, o verbo grego é usado em Efésios 5.18: Allá plerousthe en pneúmati, “mas enchei-vos do Espírito”. O verbo plerousthe acha-se no presente do imperativo passivo da segunda pessoa do plural. Neste caso, o tempo presente exige uma ação habitual continuada. "É como se o apóstolo Paulo estivesse recomendado aos irmãos de Éfeso: Deveis, constante e permanentemente, permitir que o Espírito Santo domine vossas vidas”. Deve o diácono, por conseguinte, não apenas ser batizado no Espírito Santo como também manter a plenitude do Espírito através do cultivo da piedade e do fruto do Espírito. É uma ordem a ser cumprida hoje por todo o crente, seja este obreiro ou não.

3.2 – A Experiência Pentecostal – Conclui-se, pois, que os diáconos têm de ser não somente batizados no Espírito Santo como se manter na plenitude do Espírito. Sua experiência haverá de ser completa; da conversão ao batismo no Espírito Santo, mais do que plena. Os pentecostais têm

se pautado por esta regra de ouro. É por isso que separamos para o ministério somente os que, além de sua comprovada conversão, já receberam o batismo no Espírito Santo, e na plenitude do Espírito, perseveram. Hoje, porém, não são poucas as igrejas que, alegando ser o diaconato um mero cargo local, vem consagrando a esse ofício homens que ainda não experimentaram o batismo no Espírito Santo. Isso é muito Temerário! Pois estaremos, desta maneira, abrindo um perigoso precedente nas fileiras de nossos obreiros que, desde o início da obra pentecostal, vêm pautando- se por uma vida espiritual singularmente plena. Além do mais, consideremos as dificuldades que envolvem o diaconato. Por ser um ministério que se põe na linha de frente, exige de quem o exerce um poder sobrenatural. Já pensou se Estevão ou Felipe não desfrutassem de semelhante virtude? Como se haveriam naqueles dias tão difíceis?

3.3 – Batismo ou Fruto do Espírito? – Alegam outros que, mais importante que o batismo no Espírito Santo, é o fruto do Espírito. A palavra de Deus, contudo, mostra-nos que ambos são igualmente importantes; são igualmente imprescindíveis ambos. Nenhum meio da graça pode ser tido como periférico ou acessório. Além do mais, como haveremos de cultivar o fruto se ainda não recebemos o suficiente poder? Por conseguinte, ao invés de alimentarmos tais especulações, bem faremos se incentivarmos os obreiros a buscarem, de forma zelosa, a experiência das línguas de fogo, e a cultivarem, desveladamente, o fruto do Espírito. Se de fato somos pentecostais, vivamos no cenáculo. E levemos todos os servos de Deus a se moverem sob o poder do alto. Busquemos a plenitude do Espírito, e jamais descuidemos de seu imprescindível fruto (Gl 5.22). Não nos percamos em tolas discussões; necessitamos tanto do batismo quanto do Espírito. E o Senhor Jesus, na infinitude de suas riquezas, quer dispensar-nos ambos. Sem a plenitude do Espírito Santo, não podemos jamais levar a bom termo a missão que nos entregou o Senhor. A plenitude é o batismo pentecostal! É o fogo que nos amadurece o fruto do Espírito.

4 – SABEDORIA ESPIRITUAL. Alguém já disse, mui apropriadamente, que este é o século do conhecimento, mas não da sabedoria. Embora tenhamos avançado tanto, em todas as áreas da tecnologia, espiritualmente pouco, ou quase nada logramos. Se para adquirir conhecimento, bastam estudo e a pesquisa, o mesmo não acontece com a sabedoria. Para se conquistá-la, demanda-se o exercício contínuo e pessoal da piedade; o temor do Senhor é o seu princípio. (Pv 1.7). De acordo com a ótica Bíblica, a sabedoria é a forma como vivemos, agimos e reagimos às circunstâncias; é o reflexo da natureza divina em nossa existência. Traduz-se a sabedoria num viver irrepreensível e santo. Esse era o tipo de sabedoria que os apóstolos esperavam encontrar nos diáconos. Não buscavam necessariamente homens letrados e cultos. Mesmo porque, como diria Chaucer, nem sempre são os mais eruditos igualmente os mais sábios. Os diáconos, porém, não deveriam ter apenas sabedoria. Desta, eles haveriam de ser plenos. A expressão grega não deixa dúvidas: pléreis sophías. Cheios de sabedoria! É o que se impunha a cada um dos diáconos.

4.1 – O Que é a Sabedoria? - W.C Taylor explica-nos qual o seu significado no grego do Novo Testamento: “O mais elevado dom intelectual, de compreensiva intuição nos caminhos e propósitos de Deus; sabedoria prática, os dotes do coração e mente que são necessárias à conduta da vida”. Afirma Souter que a sabedoria é “o variado conhecimento das coisas humanas e divinas adquirido pela agudez e experiência, e resumido em máximas e provérbios; perícia na direção de afazeres; prudência nas relações com homens incrédulos; discrição e aptidão em ensinar a verdade; o conhecimento e a prática dos requisitos de uma vida reta e piedosa; conhecimento do plano divino, outrora velado, de prover a salvação para os homens pela morte expiatória de Cristo”.

homens para nela se exercitarem. Atentei para as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão” (Ec 1.13,14). Dessa maneira, tornou-se ele no mais sábio dos homens. Que os nossos diáconos dediquem-se a este mister. Sendo eles atentos observadores, jamais cometerão injustiças nem se colocarão como pedras de tropeço na casa de Deus. O sábio é aquele que observa, considera e só depois age. Que os nossos diáconos sejam em tudo sábios e ponderadíssimos obreiros.

5 – HONESTIDADE.

Depois de haver discorrido acerca dos requisitos ao episcopado, Paulo põe-se a considerar o ofício diaconal. Pelas expressões que usa, tinha ele os diáconos em elevada consideração. Destes, exige o apóstolo promovidas qualificações: “Da mesma sorte os diáconos” (Tm 1.8). No original, tal expressão é mui significativa: Diakónous bosaútos. O vocábulo bosaútos equivale a de igual modo, da mesma maneira. Wilbur B. Wallis lembra que “o pensamento principal parece ser que deveria haver o mesmo tipo de grau de dons e qualificações para os diáconos, segundo o padrão dos anciãos”. Devem os diáconos, portanto, ser tão qualificados quanto os Bispos. E um de seus requisitos mais básicos é a honestidade. O apóstolo prescreve: “Da mesma sorte os diáconos sejam honestos” (Tm 3.8).

5.1 – O Que é a Honestidade? - Probidade, decência e decoro. É a qualidade de quem é íntegro e digno. A palavra grega para honestidade é semnótes: seriedade, honradez, respeito. Barret é de opinião que esse versículo pode ser assim traduzido: “Da mesma forma sejam os diáconos homens de princípios elevados”.

5.2 – A Razão da Honestidade - Em virtude de suas obrigações administrativas, o diácono tem de se mostrar incorruptível. É ele quem estará a lidar com os tesouros santos. Em muitas igrejas, além de recolher os dízimos e ofertas, estará também administrando os recursos captados aos homens, mulheres, jovens e crianças que vêm ao santuário adorar ao Criador com suas fazendas e haveres. Caso não seja honesto, agirá o diácono como Judas: lançará mão de quanto se deposita na bolsa do Cristo (Jo 12.6). A honestidade também é sinônimo de seriedade. Como estará o diácono a tratar com o povo, é imperativo inspire ele respeito. Como seria lamentável se as senhoras o evitassem por causa de sua postura lasciva! Na casa de Deus, tem o diácono um elevado papel a representar: é o guardião do santuário. À semelhança dos levitas, deve dispensar um cuidado singularíssimo aos santos. A honestidade é um de nossos maiores legados. Que jamais percamos. Se dela abrirmos mão o que nos restará? Pergunta o romancista inglês Jonh Lyli do século XVI.

6 – NÃO DE LÍNGUA DOBRE.

O portador desse aleijão moral, não pode ser depositário de confiança alguma. É alguém que não consegue manter a própria palavra; jamais serve como testemunha. Tem sempre duas palavras. Uma para cada ocasião. Versões? Muitas! Depende da circunstância. Ele é falso, caluniador, peçonhento. Vive para difamar e difama para viver. Está sempre pronto a trair os melhores amigos, e a semear inimizades entre os companheiros. Terá ele, por ventura, algum companheiro ou amigo? Por força das reivindicações diaconais, terão os candidatos uma só palavra. O seu dizer será: sim, sim e não, não. O que disto passar virá certamente do maligno. A probidade no falar é-lhes imprescindível. Deparar-se-ão com situações, onde terão de prestar fiéis testemunhos e depoimentos confiáveis. Nenhuma duplicidade será admitida; não será consentido nenhum resquício de dubiedade. Nenhuma ambiguidade ou meias verdades. Deverá o diácono sustentar a sua palavra em todas as instâncias custe o que custar.

No original, a expressão língua dobre é mui significativa. Dilógous significa língua- dupla. O que detém semelhante deformidade moral dá a um mesmo fato as mais variadas versões. Pouco lhe importa se a honradez do próximo será ou não comprometida. O homem de língua dobre, de acordo com o grego, é também o fofoqueiro. É aquele que não sabe guardar segredo; está sempre presto a arruinar a reputação alheia. É uma tragédia para o povo de Deus o diácono de língua dobre. Compromete o seu pastor e a honradez de cada uma das ovelhas. Vê coisas que jamais existiram; fala daquilo que nunca houve. Inventa fantasia e está sempre a mentir. Pouco lhe importa se vidas forem enlameadas, ou lares, destruídos. O que mais lhe importa é falar o que não convém, o que não é, e o que jamais será. O bom diácono é discreto; sabe guardar segredo. Possui ele o suficiente despacho para resolver as mais embaraçosas situações sem comprometer o caráter de seus conservos. Ele tem uma só palavra; não se preocupa em ser politicamente correto conquanto seja justo, fiel e leal.

7 – ABSTINÊNCIA ÀS BEBIDAS ALCOÓLICAS. Afinal, é lícito ao crente ingerir álcool? Se lermos as sagradas escrituras, deparar-nos- emos com homens e mulheres piedosos que o beberam. Todavia, há que se responder outra pergunta: é conveniente? Responde Paulo: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6.12). Entre a licitude e a conveniência, optemos por esta; aquela acarreta-nos, não raro, dificuldades e amargores. Era lícito a Noé beber do fruto da vide? Certamente, mas descobriu-se inconvenientemente em sua tenda (Gn 9.20-29). E as filhas de Ló? Era-lhes lícito dar vinho ao pai? Só que um abismo chamou outro abismo, até que o incesto para sempre manchou a família desse patriarca (Gn 19.30-38). Como diria Salomão, o vinho de tudo; jamais se farta de escarnecer. Conscientizemo-nos de que o Senhor Jesus nos chamou para sermos uma sociedade de temperança. Por isso, temos de optar pela conveniência, e da licitude, em outros casos, abrir mão. Se bebermos moderadamente estaremos pecando? Todavia, bem faremos se, das bebidas fortes, nos abstivermos. Pois não são poucos os que se contaminaram com o álcool. Levavam os recabitas tão a sério as recomendações divinas e as tradições paternas, que vieram até a renunciar os mais legítimos direitos. Num momento particularmente difícil em Judá, quando os filhos de Abraão quebrantavam abertamente a lei de Moisés, ignoravam sua cultura e os mais santos legados, os descendentes de Recabe aferraram-se ainda mais ao seu companheiro. Instados a tomar vinho, redarguiram: “Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: nunca bebereis vinho, nem nós nem vossos filhos” (Jr 35.6). Se devemos pautar-nos como sociedade de temperança, como encarar a presente recomendação de Paulo? Claramente recomenda o apóstolo que os diáconos não sejam dados a muito vinho (Tm 3.8). Como nos haveremos diante dessa aparente contradição? Em primeiro lugar, entendamos o contexto cultural em que a epístola foi escrita. Tanto a sociedade grega quanto a hebréia encaravam com naturalidade o vinho; tinham-no como bênção dos céus. Eurípedes chegou a afirmar que, onde não há vinho não existe amor. Todavia com o aprimoramento consuetudinário da igreja, foi esta assumindo sua vocação como agência de temperança. Até que, em Efésios, recomenda o apóstolo: “E não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do espírito” (Ef 5.18). Já em Timóteo, Paulo é ainda mais explícito. Segundo deixa bem patente, o candidato ao ministério pastoral não pode ser dado ao vinho (1Tm 3.3). Com respeito aos diáconos, parece haver certa tolerância. A expressão grega é piedosamente esclarecedora: mé oino pollo proséchontas. A idéia no original retrata alguém com a mente voltada para o vinho; não pode livrar-se dessa obsessão. É alguém dominado pelas bebidas fortes. Por conseguinte, como pode um diácono, nessas condições servir a obra de Deus e zelar pelo bem estar dos santos? Como pode ser um ministro se não ministra o próprio ser? Ainda que haja nessa recomendação paulina uma aparente abertura para beber moderadamente, a experiência alerta-nos: a abstinência ainda é

qualificarmos como guardiões dos ministérios da fé se pura estiver nossa consciência. Requer-se, pois, do diácono obediência ativa e reverente. De outra forma, cairá na tentação do diabo; e não demora muito, eis mais um heresiarca egresso das fileiras diaconais. Somente uma consciência purificada pelo sangue de Jesus pode debelar a virulência da heresia. Por conseguinte, é inadmissível um diácono que, embora social e moralmente correto, ostente aleijões doutrinais. Tem de ser ele um expoente incorruptível da Palavra de Deus. Haja vista Estevão. Diante do sinédrio, expôs este com tanta maestria a história da salvação, que deixou a todos assombrados (At 7). Seu discurso é o pronunciamento de uma autoridade incontestável das Sagradas Escrituras. E Filipe? Não se revelaria ele um abalizado evangelista? O plano da salvação que expôs ao eunuco de Candace foi tão eficaz, que levou o etíope a converter-se radicalmente ao Senhor Jesus (At 8.26-40). Se Estevão e Filipe destacaram-se pela correção doutrinária, o mesmo não aconteceria a Nicolau. Foi este um escândalo para a igreja de Cristo. Não demorou muito, e já estava revelando suas deformidades doutrinárias e comportamentais. A muitos corrompeu; e, da verdade desviou várias igrejas. No próximo capítulo, quando estivermos a discorrer sobre a prova dos diáconos, veremos como aferir a sua pureza doutrinária. Por enquanto, que estes conselhos sejam piedosamente observados:

a) Leitura diária da bíblia - Deve o diácono ser um assíduo leitor das Escrituras Sagradas, quanto mais estudar a Bíblia, mais livre estará de cair em heresias e enganos. A recomendação de Paulo é mui taxativa: “persiste em ler” (1Tm 4.13).

b) Estudo sistemático da Bíblia - Além do estudo diário e devocional das Sagradas Escrituras, deve o diácono também estudar sistematicamente a Palavra de Deus. Fazia bem o diácono se cursar um seminário que zele pela ortodoxia. Em suma: primando pelo estudo sistemático e sempre piedoso da Bíblia, o diácono jamais se contaminará com os engodos doutrinários, pois estará a guardar o ministério da fé numa pura consciência.

10 – FIDELIDADE CONJUGAL. A vida conjugal do diácono tem de ser um exemplo. Atenhamo-nos à recomendação do apóstolo: “sejam maridos de uma mulher” (1Tm 3.12). O que sejam Paulo aqui demanda é que o candidato ao ofício diaconal tenha uma vida conjugal sem embaraços ou equívocos. Nada deve prendê-lo ao passado; todos os seus problemas sentimentais têm de estar resolvidos. Nada de casos pretérito nem episódios que estejam a reclamar explicações e desdobramentos. O seu comportamento em relação às mulheres deve evidenciar um homem comprovadamente de Deus. Com jovens seja um irmão mais velho respeitador e cortês. Com as mais idosas, um filho querido e solícito. Com as crianças um pai cuidadoso e atento. Se não se contiver com o sexo oposto, seja vetada sua indicação ao diaconato. O diácono tem de ser fiel à esposa. E que jamais se dê aos namoricos fortes.

11 – A EDUCAÇÃO E O GOVERNO DOS FILHOS. A advertência de Paulo não admite evasivas: “e governem bem seus filhos” (1Tm 3.12). Busquemos a expressão no grego: téknõn kalõs proistámenoi. O verbo proístemi, aqui na primeira pessoa do indicativo singular, é riquíssimo em acepções. Etimologicamente, significa: tomo posição em frente, assumo a direção, a liderança e o governo. Significa também: sou cuidadoso, sou atencioso, e aplico-me aos meus deveres. Da expressão paulina, somos instados a concluir: o pai cristão não é um mero educador; é antes de tudo o administrador de seus filhos. Nessa condição, tudo fará a fim de que estes sejam bem sucedidos tanto diante de Deus quanto diante dos homens. Não foi educado assim o menino Samuel. E, nessa tarefa, a disciplina é de fundamental importância. Se há um obreiro que necessita trazer os filhos sob disciplina, é o diácono. Pela natureza mesma de seu cargo, seus filhos têm de ser um consumado exemplo de vida cristã. Isto não significa, porém, que estes devam abdicar da infância e das coisas próprias de sua idade. De outra forma, deveriam eles nascer já adultos. Haja vista o que Paulo confessa aos coríntios:

“Quando menino, falava como menino e, como menino, agia. Mas chegando a maturidade, já se comportava como adulto e, como adulto, já discorria” ( 1Co 13.11). Se por um lado, não podemos violentar a pueril natureza de nossos filhos; por outro, não devemos deixá-los entregues à própria vontade. Em seus Provérbios, exorta-nos Salomão a educar a criança no caminho em que deve andar porque, mesmo grande, jamais apartar-se-á dele (Pv 22.6). Isso significa que, mesmo disciplinada, uma criança jamais deixará de ser criança feliz, educada e bem orientada quanto ao futuro. Faça o culto doméstico todos os dias. Ore com os seus filhos; leia a Bíblia com eles. Ouça-os em seus dilemas. Admoeste-os na Palavra. Leve-os à Escola Dominical. Procure saber quem são os seus amigos e colegas. Interrogue-os acerca de seus lazeres. Na Casa de Deus, que eles se portem com decência e profundo temor. Crianças, adolescentes ou jovens, podem os nossos filhos ter uma postura reconhecidamente cristã, e nem por isso deixarão de ser eles mesmos. Que exemplo maravilhoso viu Paulo na casa de Filipe! Em sua viagem a Jerusalém, visitou Paulo a esse antigo diácono, e ficou impressionado pela maneira como, agora evangelista, dirigia o lar. Tinha quatro filhas virgens, e todas elas profetizavam (At 21.9). Se conseguirmos ordenar assim o nosso lar, que maravilha não haverá de ser.

12 – O GOVERNO EFICIENTE DA CASA. Governar a casa não é somente trazer os filhos sob disciplina nem manter perfeita sintonia com a esposa. É gerir os negócios do lar de tal forma que este venha a funcionar produtiva e eficazmente. Aliás, a palavra economia tem uma etimologia bastante interessante. Ela é formada por dois vocábulos gregos: oikos, casa e nomos, lei. Se fosse necessário, daríamos a esta palavra a seguinte definição: conjunto das leis que regulam o funcionamento da casa, com o objetivo de suprir-lhe todas as necessidades, e equilibrar suas receitas e despesas. Talvez tivesse Paulo este vocábulo em mente ao recomendar: “que governem[...] bem a sua casa” (1Tm 3.12). em grego: proistámenoi kai ton idíon oikon. Governar bem a casa implica em contemplar-lhe e suprir-lhe todas as carências e demandas; saldar-lhes os compromissos; fazer com que as rendas da família sejam bem empregadas. Governar bem a casa implica em equilibrar-lhe as receitas e as despesas. Afinal, terá o diácono de, em algumas igrejas, administrar os bens materiais destas. Se não tem ele o governo de sua casa, como haverá de gerir a casa de Deus? Se não sabe lidar com o próprio dinheiro, como lidará com o dinheiro dos santos? Que esta pergunta seja respondida com sinceridade por todos os diáconos.

13 – CONCLUSÃO. Reúne você as condições necessárias para o diaconato? Como está a sua reputação? O seu testemunho condiz com sua vida? Vive você na plenitude do Espírito Santo? Como estão as qualificações que Deus lhe requer? Enquanto fazemos uma pausa no estudo desta apostila, responda com toda sinceridade e

essas perguntas. Se alguma falha você descobrir em sua vida, recorra imediatamente ao Senhor.

Não seja condescendente com os próprios pecados. Através da Bíblia Sagrada, busque o ideal do

homem de Deus: a perfeição de Cristo Jesus. Afinal, nosso caminho tem de ser como a luz da

aurora: haverá de brilhar e brilhar até se fazer perfeito dia,

Não se conforme jamais com sua condição, exalte sempre Cristo em sua vida pessoal e

íntima, em seu ministério e no amor que você devota a Deus e aos santos.

cerimônia. Não é recomendável a permanência de pessoas com trajes indecorosos durante a celebração da Ceia do Senhor. De forma cortês, mas firme, explique-lhes as normas observadas no lugar; j) Dê toda a assistência ao celebrante a fim que este, no transcorrer do ato, não venha a sentir-se isolado ou estressado. Esteja sempre atento; ao menor sinal de seu pastor ou do celebrante, apresente-se; e l) Conscientize-se de sua responsabilidade. Você verá que, com sua ajuda e prontidão, a Santa Ceia alcançará seu principal objetivo: edificar o povo de Deus e guindá-lo às regiões celestiais.

4 – O CUIDADO COM A VESTIMENTA DO DIÁCONO. Durante a Santa Ceia, estará o diácono envergando uma roupa sóbria e que reflita a sua condição de oficial da igreja e auxiliar direto do pastor. Evitar-se-á as cores fortes e espalhafatosas. Que nada desvie a atenção dos presentes; que todos se concentrem na importância espiritual do que se está celebrando. Não é necessário dizer que a roupa do diácono deverá estar limpa e passada. Recomenda- se que, durante o partir do pão estejam os diáconos com os paletós fechados (caso estejam de paletó) a fim que suas gravatas não toquem os elementos da Santa Ceia. Se não estiverem de paletó, que usem um prendedor adequado. Evitar-se-á também que a gravata fique roçando as pessoas.

5 – ASSEIO PESSOAL. Que o diácono também esteja atento para o asseio pessoal durante a celebração da Ceia do Senhor. Embora não estejamos no Antigo Testamento, faríamos bem se atentássemos ao cuidado que tinham os levitas com o próprio corpo. Observemos, pois, estas recomendações: a) Não somente os diáconos, mas os crentes de uma forma geral, devemos, sempre que formos à casa de Deus, tomar banho e arrumar-nos com esmero, afinal, estaremos nos dirigindo ao lugar mais importante desta terra; b) Mantenha as unhas sempre cortadas e limpas. Lembre-se: você estará a manusear os utensílios sobre os quais se encontram os elementos da Ceia. A higiene das mãos, pois, é um requisito indispensável. Não as perfume; podem impregnar as vasilhas e os elementos a serem distribuídos; c) Evite desodorantes e fragrâncias fortes, pois poderá provocar reação alérgica nas pessoas; d) Esteja sempre barbeado para não passar a impressão de descaso com a cerimônia ou até mesmo estar sem banho; e e) Se estiver resfriado, não sirva a Ceia. Observe todos esses cuidados, seja um exemplo também no asseio pessoal, principalmente quando estiver assistindo a mais solene das reuniões da igreja.

6 – A PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS. Tem o diácono a responsabilidade de preparar com antecedência os elementos da Santa Ceia: o pão e o suco de uva. Nada mais desagradável chegar à hora da Ceia, e verificar que os elementos não foram ainda providenciados. Em alguma igreja, o pão é confeccionado pelas irmãs. Nesse caso, entre em contato com estas, e certifique-se de que esteja tudo em ordem. O suco de uva deve ser novo; nada de utilizar o que restou da ceia passada. Verifique sempre a validade dos produtos a serem utilizados. Atenção às vasilhas! Estejam estas sempre limpas. Acondicione-as num lugar apropriado. Tratemos as coisas de Deus com esmero e cuidado.

7 – A DISTRIBUIÇÃO DO PÃO E DO CÁLICE. Já com ás mãos devidamente lavadas, aproximar-se-á o diácono do púlpito, ou da mesa da Santa Ceia, e receberá do pastor a bandeja com o pão. Nas igrejas onde são necessários vários diáconos para distribuir o primeiro elemento da Ceia, recomenda-se que o responsável dos

diáconos indique aos seus pares onde devem estes distribuir o pão. Evitar-se-á assim que, numa fileira de bancos, haja diáconos em demasia, e noutra, falta. Eis alguns cuidados que devemos observar na distribuição dos elementos da Ceia: a) Já de posse da bandeja do pão, evite cantar em cima dos elementos por razões óbvias; b) Aproximando-se de alguém para servir o pão, recite-lhe, de forma solene: “em memória do corpo do Senhor”; c) Havendo três ou quatro pedaços de pão na bandeja, volte ao púlpito, ou à mesa da Ceia, e pegue mais elemento. Em seguida, retorne a distribuição a partir do ponto interrompido. Se por acaso alguém deixar o pão cair, pegue-o, envolva-o num guardanapo, leve-o de volta à mesa da Ceia e entregue ao celebrante; d) O que acima dissermos sobre a distribuição do pão, também vale quanto à do cálice. Neste caso específico, deve-se tomar especial cuidado para que a bandeja do cálice não entorne. Mas se isso acontecer, e o suco cair no chão, absorva-o num guardanapo; e e) Se sua igreja utiliza-se do chamado cálice único, não deixe de limpar a borda do recipiente com um guardanapo antes de passá-lo de uma pessoa para outra, tendo o cuidado de usar todos os lados do guardanapo para evitar que este se encharque. Não deixe que o cálice esvazie-se; volte sempre que necessário ao púlpito para enchê-lo.

8 – CUIDADOS POSTERIORES. Servidos o pão e o cálice, certifique-se de que as bandejas sejam recolhidas, e que as sobras dos elementos estejam bem acondicionadas. Cada igreja tem um modo próprio de lidar com as sobras da Santa Ceia. O ideal é que sejam usados o pão e o vinho na medida certa de maneira que nada venha a faltar ou a sobrar. O bom diácono estará também atento a esses detalhes. Que todas as coisas saiam a contento, e que nada comprometa a solenidade da Ceia do Senhor.

9 – CONCLUSÃO. Servir a Santa Ceia é uma elevadíssima honra. Em sua celebração, participamos ativamente da execução da segunda ordenança da igreja, empenhemo-nos, pois, nesse importante negócio! Busquemos ser um obreiro zeloso em todos os detalhes. Mas para que isso ocorra, a sua participação, diácono, é fundamental. Esmere-se em seu

ministério; não se desleixe quanto aos ofícios. Á semelhança dos levitas do Antigo testamento,

trate as coisas de Deus com o cuidado que estas requerem. No caso específico da Santa Ceia,

lembre-se: estamos a tratar da mais importante solenidade da igreja de Cristo.