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A Reforma Protestante e o Desenvolvimento da Música na Alemanha e Inglaterra, Esquemas de Música

Este documento discute o papel da reforma protestante na história da alemanha e inglaterra, particularmente em relação à música. Ele aborda como a reforma gerou uma explosão nacionalista na alemanha, levando à criação de uma cultura musical ampla e abrangente, enquanto na inglaterra, um dos principais centros musicais do mundo ocidental, a música se desenvolveu de forma radicalmente diferente, com uma ousadia harmônica e uma rica tradição instrumental. O texto também discute como a reforma influenciou a música em outros países, como a rússia.

O que você vai aprender

  • Por que a Inglaterra foi um dos principais centros musicais do mundo ocidental durante o período da Reforma?
  • Como a Reforma Protestante influenciou a história da música na Alemanha?
  • Como a Reforma influenciou a música em outros países, como a Rússia?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Havaianas81
Havaianas81 🇧🇷

4.6

(34)

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A música inglesa
Pintura de
serviços luteranos no altar da Torslunde Kirke, Dinamarca
Alemanha
A reforma protestante foi o mais importante catalisador da sociedade alemã em
toda sua história. Dão testemunho disso as grandes convulsões geradas pela
revolta dos camponeses, a intensa atividade literária que se seguiu, tanto no
círculo dos cantores de Nuremberg quanto em muitos outros lugares e ambientes
da sociedade alemã. De um certo modo foi o grande surto nacionalista
germânico, ou o seu nascimento. Apesar de um estado alemão já existir há
muito tempo – o Heiliges Römisches Reich –, este era demasiado latino, ligado
ao papado, e não representava a Alemanha como a nação que nascia. Como prova
disso, um dito espirituoso do imperador alemão Carlos V: “Falo espanhol com
Deus, italiano com as mulheres, francês com meus homens e alemão com meu
cavalo” – no ambiente do Renascimento, a Alemanha não representava mais do
que isso.
Apenas para ver como se sucedeu uma explosão nacionalista, antes de se
afastar completamente de Roma, Lutero e seus seguidores alemães exigiam a
realização de um concílio em território germânico. Se, por acaso,
interesses práticos nessa exigência – tendo em vista que as comunicações e
transportes, especialmente o transporte transalpino, eram muito deficientes
no século XVI – trata-se muito mais de uma questão simbólica, de valorizar a
Alemanha que então nascia para o mundo.
Na verdade não chegou a nascer, os eventos subseqüentes, em especial a guerra
dos trinta anos, viriam a assegurar a divisão da Alemanha em diversos
territórios independentes (o método que se encontrou para preservar a
reforma) e de certa forma frear esse renascimento cultural até a Aufklärung.
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A música inglesa

Pintura de serviços luteranos no altar da Torslunde Kirke, Dinamarca

Alemanha

A reforma protestante foi o mais importante catalisador da sociedade alemã em toda sua história. Dão testemunho disso as grandes convulsões geradas pela revolta dos camponeses, a intensa atividade literária que se seguiu, tanto no círculo dos cantores de Nuremberg quanto em muitos outros lugares e ambientes da sociedade alemã. De um certo modo foi o grande surto nacionalista germânico, ou o seu nascimento. Apesar de um estado alemão já existir há muito tempo – o Heiliges Römisches Reich –, este era demasiado latino, ligado ao papado, e não representava a Alemanha como a nação que nascia. Como prova disso, um dito espirituoso do imperador alemão Carlos V: “Falo espanhol com Deus, italiano com as mulheres, francês com meus homens e alemão com meu cavalo” – no ambiente do Renascimento, a Alemanha não representava mais do que isso.

Apenas para ver como se sucedeu uma explosão nacionalista, antes de se afastar completamente de Roma, Lutero e seus seguidores alemães exigiam a realização de um concílio em território germânico. Se, por acaso, há interesses práticos nessa exigência – tendo em vista que as comunicações e transportes, especialmente o transporte transalpino, eram muito deficientes no século XVI – trata-se muito mais de uma questão simbólica, de valorizar a Alemanha que então nascia para o mundo.

Na verdade não chegou a nascer, os eventos subseqüentes, em especial a guerra dos trinta anos, viriam a assegurar a divisão da Alemanha em diversos territórios independentes (o método que se encontrou para preservar a reforma) e de certa forma frear esse renascimento cultural até a Aufklärung.

Mas tiveram pelo menos uma grande conseqüência: o desenvolvimento da música nacional alemã.

Pois foi dois séculos antes de Bach que as bases da cultura musical alemã foram fundadas. E nela está o coral luterano, cuja importância é inestimável: ele foi fomentando a criação de músicos nas mais diversas igrejas, criando assim uma cultura de conhecedores e alimentadores de música, em especial desenvolvendo famílias ligadas à música por gerações e gerações e forjando uma cultura musical ampla e abrangente (neste período, no centro musical da época, a Itália, a atividade era desenvolvida principalmente por padres e consistia em um monopólio absoluto do Vaticano). É óbvio que a influência da música de outros lugares foi importante e que a música alemã não permaneceu isolada por dois séculos, mas a reforma gerou uma cultura musical muito diferente da cultura transalpina e que seria responsável, nos anos seguintes, pela obra de Bach e Händel – isso em uma cultura que até então fora quase completamente ignorante aos desenvolvimentos musicais transrenanos e transalpinos.

Inglaterra

Thomas Tallis (1505-1585)

Curiosamente, fato oposto aconteceu na civilização insular: a Inglaterra dos séculos XV e XVI é um dos mais importantes centros musicais do mundo ocidental, centro de várias inovações harmônicas (veja a obra de John Dunstable, por exemplo), formais e instrumentais – foi na Inglaterra que um instrumento de teclado ganhou independência e repertório próprio. É na Inglaterra desse período que vemos as obras brilhantes dos madrigalistas ingleses desafiarem a noção de dissonância da forma mais radical vista até então, é lá que vemos obras extremamente ousadas como o famoso moteto Spem in alium de Thomas Tallis exigir 40 (!) vozes. É a Inglaterra o país de compositores como William Byrd, Orlando Gibbons, John Taverner, alguns dos mais importantes de seu tempo.

Fato curioso, como na Itália, todos estes compositores estavam ligados à igreja Católica, e era a Igreja britânica a responsável pela manutenção e ensino de instrumento e canto para grande parte da população britânica e para ela trabalhava toda a elite musical de sua época: Byrd, Taverner, Tallis, etc.

Não era uma música simples, já falei da ousadia harmônica que caracteriza

Oliver Cromwell (1599-1658), por Samuel Cooper

É inestimável o que se perdeu com a aventura de Cromwell, e isso significou o fim completo da música britânica, o que, de certa forma, perdura até hoje. Houve depois de Purcell alguns bons compositores, veja compositores como Elgar e Britten, mas comparado com qualquer outro país da Europa continental, a tradição musical britânica é quase nula. Aquilo em que a Inglaterra especializou-se, e até hoje é uma de suas especialidades, é no patrocínio e financiamento de compositores e instrumentistas continentais, e só pelo incentivo a Händel, J. C. Bach, Mozart, Haydn, Mendelssohn, Brahms, Dvorák, entre muitos outros, que a Inglaterra exerceu alguma importância histórica.

A música faz parte da história religiosa e esta tem uma profunda influência no surgimento e na criação da música. Não apenas ela deriva de práticas religiosas, como estas influenciaram por quase 1000 anos seu desenvolvimento. Poderia prosseguir, comentar como na Rússia o desenvolvimento de uma música clássica foi retardado pela liturgia ortodoxa – não que a música ortodoxa seja irrelevante (não é, pelo contrário) e muito menos que não tenha grande utilidade litúrgica (talvez até mais do que o madrigal de 40 vozes do Thallis), mas a sua fixação e simplicidade são como um empecilho para o desenvolvimento de outras formas de música. Na Rússia a música se desenvolve com a influência da corte ocidentalizada de Pedro II e, principalmente, de Catarina, a Grande, que criou um teatro fixo de ópera, trouxe compositores como Cimarosa, Hasse e muitos outros; ela surge como uma influência ocidental, e vai continuar sempre uma música profana.

Nesses casos, vemos como a história pode determinar de maneira decisiva a cultura de todo um país.