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A MACROBIÓTICA E A SUA DIMENSÃO ESPIRITUAL, Resumos de Energia

Esta dissertação irá, principalmente, focar-se na dieta macrobiótica, embora aborde também o efeito do reiki nos alimentos.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Jacirema68
Jacirema68 🇧🇷

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Luiza Antunes Fernandes
A MACROBIÓTICA
E A SUA DIMENSÃO ESPIRITUAL
Dissertação de Mestrado em Alimentação Fontes, Cultura e Sociedade, orientada pela Doutora Ana Leonor Dias
Conceição Pereira e coorientada pelo Doutor João Rui Couto Rocha Pita, apresentada a Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra
2015
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Luiza Antunes Fernandes

A MACROBIÓTICA

E A SUA DIMENSÃO ESPIRITUAL

Dissertação de Mestrado em Alimentação – Fontes, Cultura e Sociedade, orientada pela Doutora Ana Leonor Dias Conceição Pereira e coorientada pelo Doutor João Rui Couto Rocha Pita, apresentada a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2015

II

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

A macrobiótica

e a sua dimensão espiritual

Luiza Antunes Fernandes

Ficha Técnica:

Tipo de trabalho Dissertação de Mestrado Título A MACROBIÓTICA E A SUA DIMENSÃO ESPIRITUAL Autor/a Luiza Antunes Fernandes Orientador/a Ana Leonor Dias Conceição Pereira Coorientador/a João Rui Couto Rocha Pita Júri Presidente: Doutora Marina Helena da Cruz Coelho Vogais:

**1. Doutora Ana Leonor Dias Conceição Pereira

  1. Doutora Célia Margarida dos Santos Cabral Identificação do Curso 2º Ciclo em Alimentação- Fontes, Cultura e Sociedade Área científica** (^) Alimentação- Fontes, Cultura e Sociedade Data da defesa 8 - 10 - 2015 Classificação 16 Valores

IV

V

Agradecimentos

Pretendo em primeiro lugar agradecer a todos aqueles que me ajudaram em termos práticos na concretização desta dissertação de Mestrado. Devo toda a minha gratidão aos meus professores orientadores, que estiveram desde o início envolvidos na realização deste projeto. Obrigada à Doutora Ana Leonor Dias Conceição Pereira e ao Doutor João Rui Couto Rocha Pita, pela dedicação, disponibilidade, atenção, simpatia e ajuda. Tenciono também agradecer à Doutora Maria Helena Cruz Coelho e à Doutora Carmen Isabel Leal Soares, professoras e coordenadoras do 2º Ciclo em Alimentação- Fontes, Cultura e Sociedade, por se dedicarem a este belíssimo curso de Mestrado, que me deu a oportunidade de realizar este desejo já longínquo, de concretizar uma dissertação.

Também foram muito importantes os convidados aos questionários por entrevista realizados neste âmbito académico, começando pelo Doutor Torcato Santos e Doutora Fernanda Pereira. Foram sem dúvida pessoas que apreciei conhecer e pelas quais fui nutrindo uma certa admiração, devido aos seus brilhantes conhecimentos tanto na área cientifica como na área holística. Muito obrigada pela agradável hospitalidade no vosso domicílio, onde foi realizada a entrevista e agradeço também a atenção dada por ambos à temática. A vossa simpatia e disponibilidade marcaram-me principalmente. Não podia deixar de agradecer à Doutora Margarida Filipe por me ter posto em contacto com o casal de médicos. Mais uma vez, encontrei no meu caminho uma pessoa prestável e dedicada em ajudar-me.

O meu obrigado ao Senhor Francisco Varatojo, Diretor do Instituto Macrobiótico de Portugal, por me ter ajudado e com atenção ter respondido ao questionário. Teve um papel importante nesta dissertação, não apenas pela simpatia em ter respondido às minhas dúvidas, como também por todos os documentos por ele escritos que me ajudaram no desenvolvimento desta temática da macrobiótica. Agradeço igualmente a minha colega de Mestrado, a nutricionista Camila Bácsfalusi, que com muita benevolência me ajudou ao responder ao questionário por entrevista. Outra pessoa marcante a quem devo a minha profunda gratidão, é a minha irmã Elisabete Fernandes,

VII

Resumo

Este trabalho pretende dar a conhecer a alimentação macrobiótica e partilhar a estreita ligação que une esta dieta à espiritualidade. Nesta dissertação pode ser encontrada uma contextualização dos estudos relevados acerca da temática da macrobiótica, como também uma contextualização geral, referindo a importância do papel da alimentação, mais concretamente da macrobiótica, na sociedade contemporânea e todas as mudanças pela qual a humanidade está a passar, abordando deste modo o conceito de “Nova Era”.

Vão sendo abordado ao longo desta dissertação vários temas relacionados com a macrobiótica tais como a sua história: desde a sua origem etimológica na Grécia Antiga, passando pela construção do seu conceito na Alemanha do século XVIII; o seu nascimento enquanto alimentação e estilo de vida no Japão, pelas mãos de Georges Ohsawa e a sua divulgação no ocidente através de Michio Kushi; até à sua introdução em Portugal nos anos 1970 e à sua situação atual no nosso país. Este trabalho tem não só como objetivo diferenciar a macrobiótica do vegetarianismo, como também de analisar os pontos em comum de ambas as dietas. Um ponto de situação sobre o estado da macrobiótica em Portugal é então elaborado, questionando esta dieta como uma moda ou uma adesão, com a finalidade de conseguir perceber quais são as suas perspetivas no nosso pais.

Para além da sua história, são também estudados os princípios da macrobiótica, abordando sobretudo os conceitos de Yin e de Yang, assim como o papel dessas duas energias na alimentação. Outro objetivo guia esta dissertação, pois nela pode ser encontrada a vontade de desmitificar as dietas sem carne, abordando vários assuntos como os alimentos que se destacam na macrobiótica: o arroz e o seu papel protagonista, as polémicas associadas ao leite e às carnes. A temática da carne é uma temática bastante salientada ao longo deste trabalho, onde o objetivo se fixou em apontar todas as desvantagens da carne, para tentar perceber as razões pelas quais cada vez mais pessoas optam por não comer este alimento tão controverso nestes últimos anos.

Todo um capítulo é dedicado ao processo de adaptação à dieta macrobiótica, desde as motivações e incentivos, passando pelas precauções e preocupações, até às

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diversas adaptações desta alimentação, como a adaptação a um novo estado físico, mental e espiritual, como igualmente a adaptação da macrobiótica ao mundo, projetando assim a nova adaptação do Homem à humanidade nesta “Nova Era”. Por fim, poderá ser observada uma ligação entre macrobiótica e reiki , onde em primeiro lugar será detalhada esta prática terapêutica, desde a sua história, aos seus princípios, abordando até a introdução em Portugal desta prática igualmente originária do Japão. Esta dissertação é concluida com algumas conclusões que puderam ser tiradas ao longo dela.

Palavras-chave : Macrobiótica, Alimentação, Espiritualidade, “Nova Era”, Japão, Portugal, Georges Ohsawa, Michio Kushi, Yin-Yang, Arroz, Carne, Leite de vaca, Moda, Adesão, Reiki.

X

adaptations of this alimentation, as adapting to a new physical, mental and spiritual state and also the adaptation of macrobiotics to the world, consequently projecting the new adaptation of the Man to humanity in this “New Age”. Finally, a link can be observed between macrobiotics and reiki, where this therapeutic practice will be described in detail, from its history to its principles, addressing until the introduction of this Japanese- originated practice in Portugal. This dissertation is completed with some conclusions drawn throughout the study.

Keywords: Macrobiotic, Spirituality, “New Era”, Japan, Portugal, Georges Ohsawa, Michio Kushi, Yin-Yang, Rice, Meat, Cow’s milk, Fashion, Accession, Reiki

XI

Índice

**- Agradecimentos V

  • Resumo VII
  • Abstract IX**

Introdução 13

  • Estado da arte 15
  • O impacto da “Nova Era” na alimentação 23
  • Alimentação e espiritualidade 32

1. Contextualização: as origens da macrobiótica e a sua introdução em

Portugal

1.1 Breve apresentação da evolução histórico-geográfica da macrobiótica 35

1.2 A chegada a Portugal 41

1.3 As diferenças entre a macrobiótica e o vegetarianismo 43

1.4 O ponto da situação da macrobiótica em Portugal 48

2. Os fundamentos da dieta macrobiótica

2.1 As bases da dieta macrobiótica e o equilíbrio Yin-Yang 61

2.2 O objetivo do equilíbrio entre Yin e Yang 69

3. Os alimentos em destaque

3.1 O arroz: propriedades e vantagens 73

3.2 A carne: alimento polémico 76

3.3 O leite: alimento controverso 94

4. Tornar-se macrobiótico: motivações e precauções

4.1 Iniciação: uma mudança gradual em busca de um equilíbrio 103

4.2 Sentir a diferença e descobrir sabores 107

4.3 Deixar a carne, uma etapa incentivadora 112

Introdução

No âmbito do segundo ano letivo do Mestrado em Alimentação- Fontes, Cultura e Sociedade da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, foi proposto a cada aluno concluir o 2º Ciclo concretizando um projeto, um estágio ou uma dissertação. Foi sem dúvidas que me inclinei para a opção da dissertação, com o objetivo preciso de abordar a temática da alimentação macrobiótica como alternativa alimentar e como dieta em comunhão com a natureza e espiritualidade. Portugal foi dos primeiros países a divulgar esta dieta a partir dos finais dos anos 70, a qual tem vindo a conquistar cada vez mais o mundo nas últimas décadas (anexo III, pergunta 5 e 6). Nestes contextos apresentados, eu quis então debruçar-me sobre o impacto desta dieta em Portugal e o seu contributo para a abertura da consciência espiritual.

Esta dissertação irá, principalmente, focar-se na dieta macrobiótica, embora aborde também o efeito do reiki nos alimentos. Parecendo uma nova moda no ramo alimentício, pretendo mostrar que a macrobiótica é uma dieta que pode já estar enraizada em Portugal e ser bem mais do que uma simples tendência. O objetivo deste projeto está em pesquisar e revelar que certos alimentos aos quais estamos habituados, podem ser mais prejudiciais do que pensamos, podendo a macrobiótica ser uma excelente vertente alimentar para quem busca um bem-estar físico, mental e espiritual, para quem deseja fazer bem ao meio ambiente e a si mesmo, facilitando deste modo uma abertura espiritual para perceber melhor o nosso “eu interior” e o mundo que nos rodeia. Este trabalho terá também por objetivo procurar entender qual é o papel destas dietas que “rejeitam” as carnes, tal como a macrobiótica e o vegetarianismo, na história da alimentação.

A minha história pessoal explica o meu interesse por esta temática: nasci em França onde vivi até aos meus 13 anos de idade, e onde ouvia falar (ao longo da década de 1990) que o vegetarianismo era destinado aos “hippies radicais”. Desde muito jovem, não fazia sentido para mim comer animais, sobretudo porque sempre amei a companhia deles e não entendia porque é que uns eram destinados ao nosso consumo (vacas, porcos, ovelhas etc) e outros para a nossa companhia (cães, gatos etc), sendo esta diferenciação um absurdo para mim. Filha de emigrantes portugueses, não pude expor esta minha opinião aos meus pais, os quais devido às suas origens beirãs eram grandes apreciadores

de carnes, nomeadamente os tradicionais enchidos do distrito da Guarda, para onde acabei por me mudar em 2006.

Desde então até à minha admissão na Licenciatura de Estudos Artísticos (2010-

  1. na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, fui-me adaptando a cultura e língua portuguesa, que ainda não eram fluentes em mim, contrariamente à comida portuguesa que já fazia parte da minha cultura. Meus pais sempre mantiveram uma ligação especial com as receitas tradicionais portuguesas, mesmo durante a década em que se encontravam em França. Durante a adaptação ao meu novo país, a minha relação com a alimentação resumia-se às diversas dietas (com ou sem nutricionista) que eu alternava devido a algum excesso de peso que mantive durante a adolescência.

Foi também durante o período da adolescência que me fui abrindo para a espiritualidade, identificando-me com alguns ensinamentos da doutrina espírita. Esta visão filosófica foi-me despertando uma consciência relativamente à alimentação, pois a ideia do vegetarianismo ser para os “hippies radicais” parecia-me já bem distante, começando assim a entender a perspetiva dos vegetarianos em relação à “rejeição” das carnes. Ao longo da licenciatura em Estudos Artísticos, fui notando gradualmente em mim uma repulsa pela carne, não sentindo mais necessidade de a ingerir, embora mantivesse o meu gosto pelos pescados. Foi também durante a minha formação em Estudos Artísticos, que fui frequentando a cantina vegetariana da Universidade de Coimbra, na qual aprendi que a alimentação vegetariana podia ser saborosa.

No final do meu 1º Ciclo, senti a necessidade de mudar de área. Embora sempre tivesse tido uma grande afinidade com as artes, uma maior curiosidade pela alimentação crescia em mim quando descobri o 2º Ciclo em Alimentação- Fontes, Cultura e Sociedade na mesma faculdade que frequentava. O gosto pela história que me foi transmitido durante a minha escolaridade em França contribuiu também para o meu entusiasmo em relação ao Mestrado em Alimentação. Quando fui admitida para o Mestrado, havia já alguns anos que eu evitava consumir carnes vermelhas, mas foi após 2 meses de frequência neste 2º Clico, que dispensei de vez todo o tipo de carnes, fossem vermelhas ou brancas. Encontrei a necessidade de saber mais acerca da macrobiótica depois de me aperceber que não conseguia explicar aos próximos o facto de não ser totalmente vegetariana, por continuar a consumir peixe. O meu interesse pela macrobiótica também se explica pelo facto de

apesar de serem poucos os estudos feitos em Portugal sobre macrobiótica, não impede “estar em franca expansão noutros países e também em Portugal”^4 expondo dados como: o número de vegetarianos nos EUA que passou de 6 milhões em 1958, para 12,5 milhões em 1992, e o número de vegetarianos no Reino Unido, que aumentou de 76% de 1984 a

Apesar de poucos estudos e trabalhos acerca desta temática, podem encontrar-se em Portugal algumas dissertações de mestrado e de doutoramento, como também artigos sobre a macrobiótica, mostrando sobretudo o seu efeito terapêutico como refere Virgínia Calado (2012): “Analisar a macrobiótica sem a perspetivar como sistema terapêutico seria uma quase impossibilidade”.^5 A monografia intitulada Alimentação Macrobiótica (2008)^6 de Ana Isabel Duarte Rodrigues da Silva, é um exemplo de dissertação que aborda a macrobiótica sob o ponto de vista terapêutico, o que não é de admirar já que foi feita no âmbito do curso de nutrição da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto no ano de 2008. Muitos dos estudos encontrados sobre o tema estão relacionados como efeito terapêutico da macrobiótica, sobretudo a aplicação desta alimentação em crianças e gravidas, como o indica a autora Ana Isabel da Silva na sua monografia: “A maioria dos estudos existentes centra-se na adequação deste tipo de alimentação a crianças, gravidas e lactantes (…)”.^7

Esta monografia é considerada pela própria autora, como um auxiliar para os nutricionistas, para que eles conheçam mais acerca da filosofia macrobiótica, tendo também como objetivo poder responder às necessidades alimentares do crescente número de pacientes integrantes deste tipo de alimentação. Deste modo, esta dissertação de 2008 pretende ser um recurso profissional na área da saúde, baseando-se numa bibliografia variada para ajudar os nutricionistas a sugerir diversas adaptações desta dieta e a adequar uma alimentação macrobiótica às carências do ser humano.^8 Nesta monografia, a autora abordou ainda algumas questões acerca da macrobiótica, tais como se a macrobiótica é uma dieta segura, ou quais são os seus benefícios e riscos para a saúde, como também se

(^4) Veja-se CALADO, Virgínia Maria dos Santos Henriques- «À mesa com o Universo» A proposta macrobiótica de experiência do Mundo. Lisboa: Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais,

  1. p. 99 5 6 Idem:^ p. 39 Veja-se SILVA, Ana Isabel Duarte Rodrigues da – Alimentação Macrobiótica. Porto: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, 2008. 7 8 Idem:^ p. 21 Idem: p. V

é um tipo de alimentação adequado às crianças ou às gravidas, se este padrão alimentar pode ser um meio de prevenção ou de tratamento para as doenças crónicas, colocando ainda a pergunta se é possível a adaptação da macrobiótica à sociedade moderna.^9

Já a monografia «À mesa com o Universo» A proposta macrobiótica de experiência do Mundo (2012),^10 de Virgínia Maria dos Santos Henriques Calado, foi publicada em 2012 e trata a macrobiótica sob o ponto de vista social, pois esta monografia foi desenvolvida no contexto de Doutoramento em Ciências Sociais com especialização em Antropologia Social e Cultural na Universidade de Lisboa, no Instituto de Ciências Sociais. Esta monografia teve por objetivo trabalhar sobre o tema da macrobiótica centrando-se em Georges Ohsawa, fundador da macrobiótica moderna, percorrendo a sua trajetória de vida, evidenciando de que forma uma visão do mundo (que é a macrobiótica) germinada no Japão com forte inspiração filosófica e religiosa oriental, pode ter sido dispersa pela Europa e pela América, sendo bem recebida pelo resto do mundo e apropriada como prática e discurso de orientação no mundo. A autora indicou ainda no seu trabalho que a macrobiótica foi tida em conta como uma alternativa alimentar e terapêutica, que sai das alimentações e terapias convencionais. Retomando as palavras da autora, esta dissertação procurou contribuir para a identificação dos processos através dos quais a macrobiótica se tornou “numa proposta significativa de orientação no mundo”.^11 Para este fim, a autora Virgínia Calado, identificou ao longo do seu projeto não só os “principais agentes envolvidos nesse processo social”,^12 como também as circunstâncias sociais e históricas que levaram à difusão da macrobiótica.

Em Portugal, sobre o tema da macrobiótica encontram-se também referências no Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP), dirigido por Francisco Varatojo, ao qual foi proposto um questionário por entrevista no âmbito desta dissertação, que pode ser consultado em anexo (anexo III). Muitos artigos foram escritos pelo diretor do IMP sobre a macrobiótica e tudo o que a constitui, como a sua história, os seus fundamentos, os seus alimentos, o modo de confecionar receitas macrobióticas, etc. O IMP é o maior veículo

(^9) Veja-se SILVA, Ana Isabel Duarte Rodrigues da – Alimentação Macrobiótica. Porto: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, 2008. p. V 10 Veja-se CALADO, Virgínia Maria dos Santos Henriques- «À mesa com o Universo» A proposta macrobiótica de experiência do Mundo. Lisboa: Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais,

  1. 11 12 Idem : p. V Ibidem

dietas sem carnes dum ponto de vista médico e espiritual. A biografia profissional dos médicos Torcato Santos e Fernanda Pereira pode ser consultada em anexo (anexo VI).

Outros dois questionários por entrevistas foram estruturados com duas finalidades distintas: saber mais acerca do reiki e obter informações nutricionais sobre a macrobiótica. A fim de obter alguns esclarecimentos a nível nutricional foi então aplicado um questionário por entrevista à nutricionista Camila Bácsfálusi, que pode ser consultado em anexo (anexo VII). Para obter mais informações acerca da temática do reiki , foi proposta uma entrevista a Mestra de reiki Elisabete Fernandes. Esta entrevista também pode ser consultada em anexo (anexo IX). Elisabete Fernandes nasceu em 1975 e é residente em Azeitão (Setúbal), terapeuta e gestora de marketing, formou-se em reiki em 2013 na Escola do Dragão Dourado (Lisboa) e desde a sua formação em reiki que apenas consome carnes brancas esporadicamente (apenas as carnes brancas, excluindo totalmente as carnes vermelhas). Quanto à Camila Bácsfalusi, nascida em 1989 é natural de São Bento do Sul (Santa Catarina, Brasil) e formada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná em 2012. Apresentou como trabalho de conclusão de curso um livro intitulado Lebkuchen – o bolo da vida , no qual ela revela as suas pesquisas sobre a história da tradição germânica na produção e consumo da bolacha de natal no município de São Bento do Sul (Santa Catarina, Brasil). Tornou-se vegetariana aos 20 anos e é atualmente mestranda no 2º Ciclo em Alimentação- Fontes, Cultura e Sociedade na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Para a sua dissertação pesquisou sobre a relação entre alimentação e identidade cultural dos Brasileiros estudantes da Universidade de Coimbra. Podem ser consultadas em anexo mais notas biográficas acerca das duas entrevistadas: sobre a Camila Bácsfalusi no anexo VIII e sobre Elisabete Fernandes no anexo X.

Dois grandes autores se destacam na temática da macrobiótica: o seu fundador moderno, Georges Ohsawa, e o seu discípulo mais conhecido, Michio Kushi. Ohsawa nascido dia 18 de Outubro 1893 como Joichi Sakurazawa (mudou posteriormente o seu nome em Paris), foi um japonês descendente direto dos samurais, que começou o seu percurso espiritual quando teve que deixar os estudos por falta de meios financeiros. Encontrou em 1913 um discípulo de Sagen Ishizuka, médico japonês que desenvolveu um sistema terapêutico unicamente baseado na alimentação, sistema este que acabará por ser mais tarde a base da macrobiótica.^16 Com este discípulo estudou em Tóquio um

(^16) Veja-se VARATOJO, Francisco «Macrobiótica». Site IMP.

movimento chamado Shoku-yo Kai (primeira organização macrobiótica mundial)^17 que depois foi denominado no ocidente de macrobiótica, termo retomado do livro Macrobiótica ou a Arte de Prolongar a Vida Humana (1796) de Christoph Hufeland, datado do século XVIII.^18 Já Hufeland inspirou-se em Hipócrates, o pai da medicina ocidental, que já usava a palavra macrobiótica, vinda do grego antigo ( makrobioticos ).^19 Foi Ohsawa que difundiu a macrobiótica viajando para Paris e divulgando esta filosofia de vida pela Europa e pelo mundo.

Antes de falecer em 1966, Ohsawa deixou muitos textos dos quais alguns foram retomados pela fundação George Ohsawa Macrobiotic Foundation e outros utilizados a título póstumo para a edição de varias obras tais como Guia para o Dia-a-dia Macrobiótico (1975), Macrobiótica - Saúde, Felicidade e Paz (1994), Essential Ohsawa: From Food to Health, Happiness to Freedom (1994), Le Livre de Fleurs (1989), A Ordem do Universo (1983), A Filosofia da Medicina Ocidental-macrobiótica Zen (1967), Macrobiotics: An Invitation to Health and Happiness (1971) e Introdução à Macrobiótica (1969), deixando da sua autoria o livro Macrobiótica Zen- Arte do Rejuvenescimento e da Longevidade (1965). A biografia de Georges Ohsawa pode ser consultada em anexo (anexo I).

Neste último livro citado, Ohsawa condensa as tradições de alimentação equilibrada, tolerância, sabedoria, de amor à liberdade, alegria, paz e de duradoura juventude, impulsores da grandeza espiritual dos orientais. Este livro constitui uma tripla mensagem do Oriente milenário para os leitores com finalidade de ajudar na cura dos diversos males que suportamos atualmente. Georges Ohsawa ensina neste livro a comer, a amar e a raciocinar, com “um certo fascínio pelo oculto e pela espiritualidade”^20 que acabam por caracterizar a sua obra. Macrobiótica Zen- Arte do Rejuvenescimento e da Longevidade (1965) é uma mensagem de ajuda do sábio oriente ao ocidente que tem

(^17) Veja-se blog Macrobiótica «Macrobiótica». Fevereiro 2009. (Veja-se também OHSAWA, George- Essential Ohsawa: From Food to Health, Happiness to Freedom. Carl Ferré, ed., Avery Publishing Group, George Ohsawa Macrobiotic Foundation, 1994. p. 213) 18 Veja-se KUSHI LH., CUNNINGHAM JE., HEBERT JR., LERMAN RH., BANDERA EV., TEAS J. - «The macrobiotic diet in cancer». The Journal of Nutrition. The American Society for Nutritional Sciences,

  1. 19 Veja-se SILVA, Ana Isabel Duarte Rodrigues da – Alimentação Macrobiótica. Porto: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, 2008. p. 2 20 Veja-se CALADO, Virgínia Maria dos Santos Henriques- «À mesa com o Universo» A proposta macrobiótica de experiência do Mundo. Lisboa: Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais,
  2. p. 104