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A Língua das Mariposas, Exercícios de Tradução

Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte. A Língua das Mariposas. Filme: A Língua das Mariposas (La Lengua de Las Mariposas), de.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Cineclube Janela Aberta A Língua das Mariposas pré-debate
Escrito por Rubens Baldini Neto
Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte
A Língua das Mariposas
Filme: A Língua das Mariposas (La Lengua de Las Mariposas), de.
Gênero: Ficção /Drama
Direção: José Luiz Cuerda
Roteiro: José Luiz Cuerda, Manuel Rivas e Rafael Azcona
Elenco: Manuel Lozano (Moncho), Fernando Fernán Gómez (Don Gregorio), Uxia
Blanco (Rosa), Gonzalo Martín Uriarte (Ramón), Alexis de los Santos (Andrés), Alberto
Castro (Jose Maria), Antonio Lagares (Alcalde), Elena Fernández (Carmiña), Guillermo
Toledo (O’Lis)
País e ano de produção: Espanha/1999
Duração: 96 min
Classificação Indicativa: 16 anos
Sinopse: Moncho é um garoto que tem medo de ir à escola, até
que conhece Don Gregorio, um professor humanista, que defende
uma educação libertária. Cria-se uma forte relação afetiva entre
aluno e professor. Os pais de Moncho guardam divergências
políticas: a mãe é católica e conservadora, seu pai é republicano.
Estamos em 1936, às vésperas da eclosão de um dos maiores
movimentos revolucionários do Século XX: a Guerra Civil
Espanhola. Como ficará o mundo de Moncho?
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Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte

A Língua das Mariposas

Filme: A Língua das Mariposas (La Lengua de Las Mariposas ), de. Gênero: Ficção /Drama Direção: José Luiz Cuerda Roteiro: José Luiz Cuerda, Manuel Rivas e Rafael Azcona Elenco: Manuel Lozano (Moncho), Fernando Fernán Gómez (Don Gregorio), Uxia Blanco (Rosa), Gonzalo Martín Uriarte (Ramón), Alexis de los Santos (Andrés), Alberto Castro (Jose Maria), Antonio Lagares (Alcalde), Elena Fernández (Carmiña), Guillermo Toledo (O’Lis) País e ano de produção: Espanha/ 1999 Duração: 96 min Classificação Indicativa: 16 anos Sinopse: Moncho é um garoto que tem medo de ir à escola, até que conhece Don Gregorio, um professor humanista, que defende uma educação libertária. Cria-se uma forte relação afetiva entre aluno e professor. Os pais de Moncho guardam divergências políticas: a mãe é católica e conservadora, seu pai é republicano. Estamos em 1936, às vésperas da eclosão de um dos maiores movimentos revolucionários do Século XX: a Guerra Civil Espanhola. Como ficará o mundo de Moncho?

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte

Sobre o diretor José Luis Cuerda

Nascido em Albacete, na província de Castilla-La Mancha, em 1947, Cuerda fez seu primeiro trabalho como diretor em 1975: um episódio da série de TV "Cultura 2". Seu primeiro longa foi "Pares y nones", em 1982. Dedicou-se ao humor e aos filmes surrealistas. Seu filme mais conhecido é "A língua das mariposas" (1999) que escreveu e dirigiu. também escreveu e dirigiu a comédia fantasiosa Amanece, que no es poco (1989), considerada uma das mais representativas do cinema espanhol. Cuerda venceu quatro vezes os Prêmios Goya, principal premiação do cinema na Espanha: melhor roteiro adaptado por Los girasoles ciegos , em 2009, e A Língua das Mariposas , em 1999; Melhor filme para Os outros , em 2002, e Tesis , em 1996. O cineasta é um dos produtores do suspense Os Outros , estrelado por Nicole Kidman e dirigido por Alejandro Amenábar. Morreu em 4 de fevereiro de 2020, aos 72 anos, em Madri, Espanha, após sofrer uma embolia.

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte Blanco) é dona de casa e muito católica - representa um dos polos da radicalização política da década de 1930 na Espanha - e Ramón Gonzalo, pai de Moncho é alfaiate - representa o polo oposto: republicano convicto, defensor de Manuel Azaña^4. Além dos pais, o personagem de Andrés (Alexis de los Santos), irmão mais velho de Moncho, desempenha um papel importante na economia narrativa, suas aspirações e maturidade proporcionam o nexo necessário para conectar o conto Um saxofone na neblina. Este narra com grande simplicidade o despertar de um jovem saxofonista para o amor impossível entre ele e uma jovem de traços orientais (chinesa), mas casada com um homem muito mais velho e prefeito da cidade de Santa Marta. Da mesma maneira, o conto Carminha se conecta com a narrativa principal do filme por meio do pai de Moncho, que teve uma filha com outra mulher antes de se casar com Rosa. Aborda o sexo e o amor como essências da humanidade animal. O'lis (Guillermo Toledo) tem uma relação passional com Carminha (Elena Fernadéz) que vive distante da cidade com sua tia doente e um cachorro chamado Tarzan. Os dois amantes se encontram todas as semanas para suprir suas paixões carnais, porém, o que provoca o conflito é a presença do cachorro durante o coito dos amantes. Para Carminha, o cachorro representa o estímulo sexual, enquanto para O'lis representa um macho rival. Portanto, os três contos estão entrelaçados por uma relação familiar e um questionamento muito coerente sobre a condição humana. É evidente que o excepcional roteirista Rafael Azcona, conjuntamente com Cuerda, elaborariam um filme muito bem estruturado e respeitariam as pretensões narrativas de Rivas. No entanto, o que mais interessa nessa transcodificação^5 artística não é sua relação com a forma narrativa dos três contos, e sim os mecanismos específicos de comunicação^6 no suporte cinematográfico, sempre levando em consideração que a Arte e a Sociedade estão intimamente imbricadas: tanto a sociedade, que produz uma obra, influencia seu conteúdo e mecanismos de linguagem, como a obra de arte atua sobre a sociedade que a produziu.^7 (^4) Manuel Azaña Díaz (1880 —1940) foi o segundo e último Presidente efetivo da Segunda República Espanhola, seu governo se caracterizou pela aliança entre Partido Republicano Radical (PRR) e Confederação Espanhola de Direitas Autônomas (CEDA), jornalista, escritor e orador hábil, em seu discurso mais famoso, de 1931, pronunciou a famosa sentença: “Espanha parou de ser católica". In: Memorias políticas y de guerra de Manuel Azaña Díaz, Ed. Grijalbo (Barcelona) 1996. (^5) Peña-Ardid, Carmen.. Literatura y Cine: una aproximación comparativa. España: Cátedra. 1996. (^6) Vargas, Juan Carlos. - Cinema e literatura, os labirintos da criação. IN: Revista Signos. Cultura y sociedad , No. 9, noviembre de 1994. (^7) GELL, Alfred. - Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon Press. 1998

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte Compreendendo desta forma o texto e o contexto em uma relação dialética^8 buscamos destacar os elementos de estilo que refletem o conteúdo discursivo e sua ancoragem sócio- histórica. A Maçã Republicana Aquela força que diz "não" à família, ao mesmo tempo em que o Estado também há de dizer "não" a Deus; e do mesmo modo que infringimos as ordens do funcionário e sacerdote, temos igualmente que infringir a velha lei do Gênesis: 'Com o suor do teu rosto comerás o teu pão; parirás com dor." O crime de Adão e Eva consiste estritamente em tolerar esta lei. EMMANUEL BERL, La mort de la pensée bourgeoise^9 As obras de arte explicitam conteúdos discursivos que dão sentidos às experiências históricas e, assim como a historiografia, constroem uma Memória sobre um fato ou uma cadeia de fatos experimentados. Por outro lado, a Memória está vinculada com o presente de quem examina o passado, ou melhor, as múltiplas temporalidades que contém.^10 A língua das Mariposas de José Luis Cuerdas é uma obra de (re)construção da Memória histórica sobre a radicalização política e social em toda a Espanha na década de 1930 e o trauma de cisão que implica uma Guerra Civil. Por essa razão, a narrativa se desenvolve em uma pequena cidade galega entre o início e julho de 1936, quando estoura a Guerra Civil Espanhola, entre republicanos e franquistas, conflito que marca a história da Espanha e da memória do século XX. O centro narrativo, no entanto, é a perda da inocência de Moncho. Desta maneira, nossa hipótese analítica é que Moncho representa as próprias possibilidades da incipiente Segunda República Espanhola (1931-1939) e que seu "despertar para a vida", auxiliado pela educação humanista de D. Gregório revela um caminho interrompido pela "guerra entre vizinhos". Portanto, abordaremos os elementos formais e narrativos que corroboram esta hipótese. Para começar, o primeiro elemento que devemos destacar é a fotografia do filme. Logo na apresentação da obra surge um prólogo composto por fotografias em preto e branco, originais da Espanha dos anos 1930, com cenas bucólicas da vida cotidiana e uma trilha sonora (^8) SOUZA, Antônio Cândido de Mello. - Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010. (^9) BERL, Emmanuel. - La mort de la pensée bourgeoise, París, 1929, pp. 172 - 174. Cit. en W. Benjamin, Diários de París , Obras, IV, I, p. 533. (^10) CROCE, Benedetto. – Teoria e storia della storiografia. Bari: Laterza, 1917.

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte padre local com D. Gregório sobre o desinteresse de Moncho por assuntos religiosos, depois de começar a frequentar as aulas do professor republicano, explicita os dois projetos antagônicos.^13 O conflito entre o próprio professor e o pai de José Maria^14 também explicita as visões antagônicas entre uma Educação técnica e positivista, interessada apenas em aprender ferramentas úteis para o trabalho; e uma Educação Humanista, que acredita que o conhecimento da Natureza e das Artes enriquece a experiência humana, por exemplo com a leitura de poemas. Dom Gregório e o padre discutem sobre a educação de Moncho. Portanto, cabe apontar que essa convivência que caminha crescentemente para o conflito aberto é sugerida por uma construção poética e bem pontuada ao longo da obra. Uma cena exemplar é a conversa entre Rosa, Moncho e Andrés na cozinha ( locação significativa para expor o local mais íntimo da convivência familiar),^15 onde Moncho conta à sua família o que aprendeu na escola e como D. Gregório conduz suas aulas.^16 (^13) Nesta cena, a briga retórica das duas figuras de autoridade aparece como uma discussão em Latim: o padre diz " Nido tepentes absilunt aves" , retrucado por D. Gregorio, " Libertas viorum fortium pectoria acuit " [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 28.19]. (FIG. 1) (^14) Colega de escola de Moncho, filho de um grande proprietário da região. Representa a família do lado nacionalista (conservadores que apoiarão a insurreição de Franco). Nesta cena, fica claro o valor da isonomia praticada pelo professor D. Gregório, rejeitando presentes (ou tratamento coercivo) do fazendeiro poderoso. (^15) Minutos 00:14:52 – 00:16:40 – (Fig. 2) (^16) Mas, além de demonstrar a admiração pela forma como D. Gregório ensina, o garoto percebe, pela primeira vez, que as lições dos professores também são um Mundo novo e desconhecido para seu irmão e sua mãe. A escola constitui um espaço de formação e (re)significação da aprendizagem familiar, o menino agora também conhece coisas que sua família não sabe e, portanto, é capaz de trocar informações com eles.

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte A família de Moncho na cozinha, espaço íntimo. No entanto, nesta sequência Cuerda explicita a dicotomia que representa a família de Moncho. Nas últimas cenas da sequência, Moncho e sua mãe conversam sobre o que significa ser ateu e, logo depois da definição da mãe ("quem não acredita em Deus"), Moncho diz: "o papai é ateu", já que ele "não está nem aí para Deus". Esta proposição é rapidamente rejeitada por Rosa, que explica que ser ateu "é um pecado", e que seu pai não é ateu, já que "acredita que deus existe, como toda pessoa de bem". Imediatamente, aparece o quadro de uma panela transbordando com água fervendo, tradução poética da situação política da Espanha e da própria família de Moncho.^17 A panela mostrada por Cuerda é a própria Segunda República, que, ao longo de sua curta existência, vai revelando seu conteúdo de ebulição interna, seu caldo de contradições e disputas. A panela fervendo, metáfora da situação política da Espanha no período. (^17) É verdade que Rosa, a mãe católica convicta, também expõe um discurso humanista cristão, pois ao final da sequência Moncho pergunta a ela sobre o demônio, e porque Deus não o mata, já que ele é tão mal, ao que a mãe responde: "Deus não mata, Moncho". Desta maneira, o Deus de Rosa é o do Novo Testamento, um Deus benévolo e compreensivo, e não o "pai severo" e castigador do Antigo Testamento.

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte mostram outra busca de Moncho, que só poderia surgir após sua inserção em um âmbito social mais global. Ou seja, o interesse de Moncho pela sexualidade, juntamente com seu interesse por Aurora, irmã de Roque, representa o duplo despertar do personagem: pela Natureza como tal, o que é muito bem explorado nas cenas de busca por insetos no campo com D. Gregório; e pela Natureza Humana, isto que nos faz seres sociais. 18 Segunda travessia da ponte. Aqui vale ressaltar a importância da trilha sonora como ambientação e motor semântico do filme. A trilha ganha importância não apenas ao incorporar elementos extra diegéticos (como sons da natureza, o murmúrio do rio ou o gorjeio dos pássaros) para construir uma atmosfera de natureza harmoniosa e verossímil, como também diegética (com o personagem de Andrés - irmão saxofonista de Moncho - e a história do conto Um saxofonista na neblina ).^19 Portanto, a narrativa também é construída a partir da trilha sonora: Andrés estuda saxofone sempre acompanhado de seu irmão pequeno, que o admira e procura entrar no caminho da música também. Mas, sua doença o impede de tocar qualquer instrumento de sopro, de forma que Moncho, ao ser incorporado à Orquestra Azul, aprenderá bateria. Todavia, para além do fio conector do argumento de Um saxofone na neblina, o instrumento também representa a descoberta do amor para os jovens Andrés e Moncho. Uma cena clara da relação entre a música (especialmente o saxofone) e o despertar para o amor é (^18) Em outro estudo, seria interessante aprofundar este jogo duplo que o filme propõe sobre a Natureza. Uma possível linha de pesquisa seria relacionar esta forma de conceber a Natureza com os escritos filosóficos de Karl Marx e seu conceito de "segunda natureza", construída pelo homem, ou mesmo uma reflexão dentro da História da Filosofia ocidental, buscando as relações entre Homem e Natureza. É verdade que este tipo de reflexão levaria a um trabalho filosófico, mais do que histórico, remontando pelo menos os questionamentos de Platão em Primeiro Alcibíades, ou da natureza humana. (^19) VICENTI MATÍN, Beatriz. - Reseña: La lengua de las mariposas. 20 janeiro, 2012. IN: madrimasd.org

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte a que mostra uma aula de Andrés, acompanhado de seu irmão, com um professor mais velho e, portanto, experiente tanto no sax como na vida. Nesta cena, após repetidas tentativas de Andrés de tocar o instrumento corretamente, o professor lhe diz que falta emoção ao seu sopro, e diz que tocar saxofone é como estar com uma garota, é preciso ter firmeza e delicadeza ao mesmo tempo. Assim, o argumento paralelo da viagem às festas de Santa Marta de Lombás e a paixão de Andrés pela garota de traços orientais, junto com seu irmão, que também experimenta a relação entre o amor e a perda, compõem uma parte substancial do processo de despertar do personagem. Da mesma maneira, a melodia com traços claros de música celta ganha interesse por se apresentar como leitmotiv desse despertar. Todas as vezes que Moncho atravessa a ponte, toca a mesma música extra diegética, do mesmo modo que quando Moncho adentra com D. Gregório à natureza em busca de insetos. Portanto, a trilha sonora ratifica que o interesse de Moncho pela Natureza se relaciona com o seu despertar para o amor e para a vida social. A última passagem pela ponte marca a etapa final tanto do processo da perda da inocência do garoto, como da intensificação do conflito político e social. Localizada nos últimos quinze minutos do filme, essa travessia marca uma mudança clara no ritmo da montagem, que acelera. Desta forma, o epílogo do filme é certamente o ponto em que a tensão emotiva explode com maior intensidade, e suas sequências são pontos finais dos caminhos abertos ao longo do filme de forma trágica e magistral. Terceira e última travessia da ponte. O epílogo começa no bar (ambiente de sociabilização) com os homens da cidade ouvindo o rádio e O'lis claramente bêbado tomando mais um drinque, enquanto Moncho e Roque jogam xadrez em outro ambiente do mesmo local. O personagem de O'lis, que a partir desse momento representará toda a brutalidade e animalidade (ou até irracionalidade) dos

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte Após esse trajeto horizontal pela nossa hipótese de trabalho é necessário um pequeno trajeto vertical. Para isso, escolhemos um plano sequência chave, e tentaremos demonstrar sinteticamente que nossa proposta é plausível. Localizada nos cinquenta e dois minutos do filme, aproximadamente na metade (a obra possui 1:31:31'') e exatamente depois de que Moncho observa de longe o enterro da mãe de Carminha, e, portanto, relacionada ao tema da morte. A sequência começa com Moncho caminhando pensativo por um caminho de terra, rodeado por uma construção de pedra à direita e um pequeno muro à esquerda (onde aparece D. Gregório em um pomar) A estrada de terra representa o próprio trajeto de Moncho durante sua viagem de descoberta da Natureza, do Mundo das coisas e do Humano. Neste momento crucial, aparece a figura de guia de D. Gregório. O caminho de terra. Por isso, Moncho encontra o professor no pomar de "um amigo", recolhendo maçãs (uma clara referência à imagem católica do conhecimento representado pela macieira). Estas maçãs, que "um amigo" permite que D. Gregório coma de sobremesa, são, na realidade, as perguntas que todo ser humano constrói em seu ciclo de vida, e que, talvez no crepúsculo da vida, onde se encontra Gregório, permite-se saborear como sobremesa, ou melhor, como perspicácia e sabedoria. A maçã presenteada.

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte Desta maneira, a sequência se desenvolve em um claro jogo de campo/contracampo entre o professor e seu discípulo e amigo Moncho. A tensão dramática se centraliza no diálogo dos personagens sobre a vida após a morte e, em última instância, sobre Deus. Campo (Moncho) Contracampo (Don Gregório) Moncho está fisicamente no mesmo espaço que D. Gregório (no pomar das dúvidas), mas distante no tempo (ciclo da vida), e na reflexão.^21 Portanto, confuso entre o ateísmo cético do pai e o fervoroso catolicismo da mãe, Moncho procura em D. Gregório as respostas à questão central: "quando a gente morre, morre ou não morre?", já que não pode consegui-la em casa. Desta forma, questionado por seu discípulo sobre a existência da vida após a morte, D. Gregório devolve a pergunta com "o que dizem na sua casa?". No âmbito das crenças e da moral, portanto, a primazia é dos pais. Contudo, Moncho revela explicitamente o conflito entre as concepções de seu pai e de sua mãe. Este conflito sintetiza um país separado por valores irreconciliáveis de conservadores e reformadores ou revolucionários que amalgama o sentido geral da Guerra Civil. Mas D. Gregório age como um verdadeiro educador, e não somente um professor que ministra conteúdos, é um homem que educa para algo que está além, um "princípio orientador": a Liberdade, que neste filme está identificada com a República. Por isso, o professor não evita entrar no debate moral e ético de Moncho e mostrar sua humanidade. "Eu tenho medo" diz Moncho, refutado por um ‘segredo’ de D. Gregório: "este inferno do além (^21) Aqui surge uma relação com o pensamento de Hannah Arendt e suas reflexões obre a Educação, especialmente em The crisis in Education ", In: Between Past and Future , Viking Press, New York, 1961. pp. 181 -

  1. Mas que, infelizmente, pelas dimensões desta análise não poderemos explorar. Apenas cabe mencionar que suas reflexões sobre a Crise da Autoridade e o "princípio da autonomia" são muito bem representados na película. Para uma reflexão sobre esta relação, ver: CARVALHO, José Sérgio F.. Ode à liberdade. Revista Educação - Coluna Contraponto, São Paulo, , v. 142, p. 52 - 52, 01 fev. 2009.

Escrito por Rubens Baldini Neto Tradução do original espanhol por Laura Mogadouro Duarte CROCE, Benedetto. Teoria e storia della storiografia. Bari: Laterza, 1917. (versión en lengua española Teoría e historia de la historiografía , tr. Eduardo J. Prieto, Editorial Escuela, Buenos Aires, 1965.) GELL, Alfred. Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon Press. 1998 HOBSBAWN, Eric. Historia del siglo XX. Crítica (Grijalbo Mondadori), Buenos Aires, 1998. HUERTA FLORIANO, Miguel Angel. Análisis fílmico del cine español, 60 películas para un fin de siglo. Globalia. 2006. Salamanca. Página 276. Peña-Ardid, Carmen. Literatura y Cine: una aproximación comparativa. España: Cátedra.

SOUZA, Antônio Cândido de Mello. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2010. Vargas, Juan Carlos. Cinema e literatura, os labirintos da criação. IN: Revista Signos. Cultura y sociedad , No. 9, noviembre de 1994. En línea: VICENTI MATÍN, Beatriz. Reseña: La lengua de las mariposas. 20 janeiro, 2012. <www.madrimasd.org> Acesso em: 26 de abril de 2014.