Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Origens e Desenvolvimento do Samba: Expressão Musical Brasileira, Manuais, Projetos, Pesquisas de Música

O samba é a expressão musical mais conhecida do brasil, com raízes na áfrica e no carnaval. Este documento explora as teorias sobre suas origens, desde a áfrica até a formação de escolas de samba no rio de janeiro. Além disso, discute os diferentes estilos de samba que se desenvolveram em várias regiões do brasil.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Neilson89
Neilson89 🇧🇷

4.4

(70)

224 documentos

1 / 7

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
A Influência Africana na Música Brasileira: Samba
Welson Tremura
Introdução
Apesar da forte influencia que a herança afro-brasileira exerce em nós,
pouco sabemos da sua extensa contribuição para a cultura brasileira. Sem
dúvida, o samba é o estilo e gênero musical mais popular de sempre
produzido para o carnaval no Brasil. A palavra samba deriva da palavra
Bantu, semba, ou umbigo. Na África, aldeias inteiras se reuniam em círculo
para cantar e dançar, uma oportunidade para cada um demonstrar a
habilidade e conhecimento que possuía da sua herança, tanto na dança
quanto na música. Após a participação de cada indivíduo, era a vez de um
novo membro ser convidado com o padrão de dança semba ou toque de
umbigo”.
Como a palavra batuque, samba foi inicialmente associada com qualquer
tipo de celebração populari. quem acredite que o lundu, uma dança de
origem africana no Brasil transportada nos navios negreiros vindos de
Angola, é o verdadeiro progenitor musical do sambaii. Outros teorizam que
escravos e ex-escravos levaram uma forma prematura de samba, da Bahia
para o Rio no século XIX “devido ao declínio de fortunas originadas das
plantações de tabaco e cacau na Bahia, e por causa da criação de duas
novas leis: A Lei do Ventre Livre de 1871 (que declarava livres todas as
crianças nascidas de escravos), e a abolição da escravatura em 1888iii.
Assim, ocorreram migrações internas e a população afro-brasileira teve a
oportunidade de levar suas tradições musicais para o Sul.
Batuque (1835), de Johann Moritz Rugendas.
Outra teoria sobre as raízes do samba está associada aos ranchos, a
palavra portuguesa que descreve um grupo de pessoas. No início do século
pf3
pf4
pf5

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Origens e Desenvolvimento do Samba: Expressão Musical Brasileira e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Música, somente na Docsity!

A Influência Africana na Música Brasileira: Samba Welson Tremura Introdução Apesar da forte influencia que a herança afro-brasileira exerce em nós, pouco sabemos da sua extensa contribuição para a cultura brasileira. Sem dúvida, o samba é o estilo e gênero musical mais popular de sempre produzido para o carnaval no Brasil. A palavra samba deriva da palavra Bantu, semba , ou umbigo. Na África, aldeias inteiras se reuniam em círculo para cantar e dançar, uma oportunidade para cada um demonstrar a habilidade e conhecimento que possuía da sua herança, tanto na dança quanto na música. Após a participação de cada indivíduo, era a vez de um novo membro ser convidado com o padrão de dança semba ou “toque de umbigo”. Como a palavra batuque , samba foi inicialmente associada com qualquer tipo de celebração populari. Há quem acredite que o lundu , uma dança de origem africana no Brasil transportada nos navios negreiros vindos de Angola, é o verdadeiro progenitor musical do sambaii. Outros teorizam que escravos e ex-escravos levaram uma forma prematura de samba, da Bahia para o Rio no século XIX “devido ao declínio de fortunas originadas das plantações de tabaco e cacau na Bahia, e por causa da criação de duas novas leis: A Lei do Ventre Livre de 1871 (que declarava livres todas as crianças nascidas de escravos), e a abolição da escravatura em 1888 ”iii. Assim, ocorreram migrações internas e a população afro-brasileira teve a oportunidade de levar suas tradições musicais para o Sul. Batuque (1835), de Johann Moritz Rugendas. Outra teoria sobre as raízes do samba está associada aos ranchos , a palavra portuguesa que descreve um grupo de pessoas. No início do século

passado, surgiu a primeira organização de um rancho , e a ideia de organização foi substituída pela palavra escola, que foi a primeira definição de uma associação de bairro. Com o objetivo de alcançar uma ampla audiência brasileira, os membros dos ranchos (constituídos principalmente por afro-brasileiros) mudaram o nome, e no inicio da década de 1920, os ranchos passaram a ser chamados de escolas de samba, atingindo rapidamente a comunidade brasileira em geral. Os ranchos foram originalmente criados por organizações de negros na Bahia para a recreação de afro-brasileiros: “A sua origem é geralmente creditada aos baianos que chegaram ao Rio com as suas procissões religiosas”iv. A composição de Chiquinha Gonzaga (1847-1935) Ó abre alas de 1899 foi a primeira melodia escrita para os ranchos e foi interpretada pela Associação Rosa de Ouro. Este novo tipo de música, chamada mais tarde de “marcha-rancho”, não usava instrumentos de sopro no inicio, embora utilizasse muita percussão. Posteriormente, a música foi adotada por bandas de metais. É ainda importante lembrar que outros estilos rítmicos derivados da África e do samba se desenvolveram em regiões diferentes no Brasil, paralelamente ao samba. Estes estilos musicais ficaram frequentemente relegados a regiões menores e a música ficou isolada relativamente aos grandes centros do Rio de Janeiro e Salvador. Samba Sem dúvida, o samba é a expressão musical mais bem conhecido do Brasil. Sinônimo de música brasileira tornou-se um termo que engloba uma grande variedade de estilos populares: Samba carnavalesco, samba de breque, samba de exaltação, samba de gafieira, samba de partido-alto, samba de quadra, samba de terreiro, samba-batido, samba-canção, samba-choro, samba-chulado, samba-corrido, samba-de-chave, samba-lenço, samba- enredo, samba exaltação, sambalada, sambalanço, samba-rural v. Estas formas são variações entre o lento e o rápido e incorporam estruturas líricas distintas. O desenvolvimento destes estilos musicais dependia, em grande parte, de cada comunidade individual. Instrumentos musicais, padrões rítmicos, e estilo composicional variavam de cidade para cidade e de região para região. O samba foi inventado e se desenvolveu principalmente por descendentes africanos, tornando-se a palavra padrão que descrevia a música e a dança de um grande número de comunidades por todo o Brasil. A migração interna frequente da população negra das regiões do norte para as do sul, especialmente para o Rio de Janeiro, criou um ambiente favorável a novos desenvolvimentos de estilos musicais. No Estado de São Paulo, o samba era dançado não só por afrodescendentes, mas também por mulatos e caboclosvi. No inicio do século XX, compositores da cidade do Rio de Janeiro como Pixinguinha, Donga, Sinhô, e João da Baiana juntavam-se no bar da Tia Ciata para compor samba e outros gêneros musicais. Não são claros os motivos da escolha do lugar; muitos acreditam que a fama de excelente cozinheira e doceira de Ciata contribuiu muito para isso. “Seu bar logo se tornou ponto de encontro dos sambistas dos morros e de músicos profissionais, assim como daqueles que tinham feito a transição de um para o outro”vii. Em 1923, com a chegada ao país da primeira estação de rádio, o

história do samba e deu inicio ao conceito de como utilizar outros temas não tradicionais para explorar o samba no Brasil. A Viagem Encantada de Zé Carioca à Disney , Escola de Samba da Rocinha, 1997. Novos Desenvolvimentos Quem não gosta de samba bom sujeito não é É ruim da cabeça ou doente do pé Dorival Caymmi, “Samba da Minha Terra” Samba é um fenômeno social conhecido de praticamente todos os brasileiros. Uma forma musical vibrante, que se distingue pelo crescente canto responsorial, com ênfase na interação percussiva e ritmo sincopado. Formulado em 2/4 e com uma estrutura de estrofe e refrão com sincopas que se interligam e usam o tempo forte no segundo tempo do compasso – são características que fazem do samba um autêntico gênero musical brasileiro. Samba e carnaval são palavras próximas e praticamente evoluíram juntas. Desde o início, o samba foi quase sempre tratado como

um verbo. Um verbo principalmente conjugado no presente é uma celebração individual através da participação comunitária. Num artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo , Theo de Barros, que redige sobre música brasileira, afirmou que ao longo da década passada, o samba mudou seu gingado. Theo assegura que o samba é para ser dançado e não marchado. Talvez o aumento da velocidade da batida do surdo de marcação tenha corrompido a essência rítmica, que pretendia ser dançada sincopada e com ginga. No entanto, os brasileiros concordam que um dos objetivos do samba e do carnaval é fazer com que as pessoas esqueçam relógios e agendas em casa e saiam para cantar e dançar. Afro Samba O termo quilombo deriva da língua Bantu-Angola e se refere a um lugar de habitação. Em 1740 o rei de Portugal, falando ao Conselho Ultramarinoix definiu quilombo “... toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”. Como núcleo de resistência, os quilombos operavam como estados mantendo seus próprios governos e leis e não dependendo do resto do Brasil para existirem. A maioria dos habitantes dos quilombos consistia de descendentes africanos, além de outros grupos étnicos perseguidos que não se conformavam com as restrições e leis importas por Portugal durante o período colonial brasileiro. Em quase meados do século XVII e até ao inicio do século XVIII, os quilombos resistiram às tentativas do governo para destruí-los. Os principais grupos étnicos/culturais nos quilombos pertenciam aos grupos Yoruba, Fon, Ewe, e Axânti (grupos sudaneses). Os quilombos foram essenciais para a preservação da sua música e a sobrevivência da sua cultura. De fato, a música era um fator importante na unificação de grupos afrodescendentes diversos que apenas nestas áreas isoladas e de refúgio puderam expressar a sua herança cultural. No início do século XVIII, o governo conseguiu finalmente acabar com os quilombos. Seus “cidadãos” foram devolvidos às suas habitações anteriores ou enviados para a prisão. No entanto, o governo brasileiro deu inicio a um processo de emancipação gradual que culminou com a abolição da escravatura pela princesa Isabel a 13 de maio de 1888 – um ano antes da proclamação da República do Brasil. O desenvolvimento da tradição do samba teve várias ramificações no campo da música. O carnaval brasileiro e outras celebrações adotaram vários ritmos africanos e influências culturais de seus descendentes. Por exemplo, no Estado da Bahia, emergiram muitos grupos, incluindo Império da África, Filhos de Odé, Filhos de Obá, Pandecos da África e Embaixada Africana. Embora esses grupos partilhassem os ritmos africanos, eles se distinguiam pelas diferenças regionais africanas de onde eram originários e pela forma como suas culturas tinham sido integradas na vida brasileira. A influência diversificada da cultura africana no Brasil tornou-se óbvia em 1897 na Bahia, quando os baianos produziram uma celebração de carnaval similar às celebrações africanas em Lagos na Nigéria. Desde a década de 1970, quando muitos jovens afro-brasileiros se deixaram fascinar pela música de James Brown, dos Jackson Five, e outros músicos afro-americanos, estes

outros ritmos afro-caribenhos como a salsa, reggae e merengue. Por exemplo, o ritmo reggae da Jamaica é semelhante ao da Bahia. Os brasileiros chamam estes novos movimentos de samba-reggae. A música e dança herdadas destes estilos misturados estão presentes em vários segmentos da sociedade de hoje, especialmente nos sons de conjuntos novos como Timbalada, Filhos de Ghandi, Olodum, Ilê Aiyê, Banda Mel, e Ara Ketú. Estes conjuntos contribuíram não só para os estilos musicais da década de 1990 , mas também influenciaram uma variedade de outras posturas musicais. A canção Fragile de Sting, o álbum Rhythm of the Saints de Paul Simon, e o mais recente trabalho de Michael Jackson Olodum , uma banda brasileira, todos exibem esta influência de ritmos afro. Muito da forma de vida e comportamento brasileiro são ditados por esta nova geração de música e de músicos. Podemos, talvez, dizer que no Brasil, as classes sociais têm algo em comum: o mesmo gosto e apreciação pela música do Brasil, que não é nem afro-brasileira e nem europeia, mas antes, brasileira. i (^) Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, Folclórica e Popular 1977: 684 ii (^) McGowan & Pessanha 1991: 28 iii (^) Ibid iv (^) Schreiner 1993: 104 v (^) Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, Folclórica e Popular 1977: 685 vi (^) Giffoni 1973: 111 vii (^) Guillermoprieto 1990: 26 viii (^) Ibid viii (^) A 14 de Julho de 1652, o rei de Portugal ordenou a instauração do Conselho Ultramarino para auxiliar a administração das colônias. O Conselho antecedeu o Ministério da Ultramar e o Ministério das Colônias. No entanto, os efeitos óbvios da centralização para as colônias ultramarinas não ocorreu até à tomada de poder do Marquês Pombal em pleno século XVIII. References: Barros, Theo de. 1996. Cenários são Montados para os Videoclips. São Paulo: Caderno2 de O Estado de São Paulo. Cascudo, Luís da Câmara.1980. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo: Edições Melhoramentos. Giffoni, Maria Amália Corrêa. 1973. Danças Folclóricas Brasileiras. São Paulo: Edições Melhoramentos em Convênio Nacional do Livro - MEC. Guillermoprieto, Alma. 1990. Samba. London: Jonathan Cape Ltd. Marcondes, Marcos Antônio. 1977. Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, Folclórica e Popular. São Paulo: Art Editora Limitada. McGowan, Chris & Pessanha, Ricardo. 1991. The Brazilian Sound: Samba, Bossa Nova, and the Popular Music of Brazil. New York: Watson-Guptill Publications. Schreiner, Claus. 1993. Música Brasileira - A History of Popular Music and the People of Brazil. Translated from the German by Mark Weinstein. Ney York: Marion Boyars Publishers.