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A importância do ato de contar histórias na educação infantil.pdf, Resumos de Pedagogia

Trabalho de conclusão de curso (TCC), apresentado ao Curso de Pedagogia da ... Palavras-chave: Educação infantil; contação de histórias; textos literários; ...

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA
LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
LUCINEIDE SANTOS DA SILVA
SHIRLENE MARIA NASCIMENTO MIRANDA
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
CAPANEMA – PA
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA

LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

LUCINEIDE SANTOS DA SILVA

SHIRLENE MARIA NASCIMENTO MIRANDA

A IMPORTÂNCIA DO ATO DE CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

CAPANEMA – PA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA

LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

LUCINEIDE SANTOS DA SILVA

SHIRLENE MARIA NASCIMENTO MIRANDA

A IMPORTÂNCIA DO ATO DE CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção do grau de Licenciado Pleno em Pedagogia. Orientadora: Profª MSc. Sônia Maria Fernandes dos Santos.

CAPANEMA-PA

Dedicamos este trabalho a nossas famílias pelo apoio e incentivo em todos os nossos projetos.

AGRADECIMENTOS

Às nossas famílias, filhos, que dispensaram os momentos de convívio para a conquista deste curso.

Aos nossos colegas de turma, pela convivência e aprendizagem.

Aos nossos professores que se empenharam de forma profissional e amiga sempre no intuito de oferecer o que tinham de melhor, nos ensinando como agir melhor enquanto profissionais, eles são exemplos de mestres.

À nossa orientadora que se dispôs a nos ensinar e a mostrar como agirmos nas mais diversas situações para que pudéssemos encerrar mais essa etapa em nossas vidas, obrigada professora!

ABSTRACT

This work is the result of concerns of teachers working with the children's education and that question, every day, on what to do to improve the performance of their students in the practice of reading and hence writing. Your goal is to discuss the storytelling to build the child's imagination, as well as for the development of the child in the psychological aspects, social, cultural and intellectual. The oral genre of storytelling, the method is analyzed as propellant other skills within the school environment because it brings with it a range of benchmarks that can contribute to parents, students and school in general. For, before being told, the story should be cataloged according to age / year of students, read and reread the counter so that in its telling, this can convince the listener that what counts is the truth. The methodology used is literature and classroom experiences. After a survey of what is oral and therefore what is literature and children's literature, it is an overview of how the storytelling is linked to the practice of reading. Practices are cited ax memories (2004) and Freire (1989), and then is made an overview of the importance of storytelling to Silva (2009 ). Following one of the ways it is shown to work with this genre, along the lines of Schneuwly and Doz (2004) on teaching sequence, indicative of how storytelling could be worked and thus the readings of literary texts.

Keywords : Early childhood education; storytelling; literary texts; reading practice.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..............................................................................

2.1 O ato de contar história: Das narrativas orais a Literatura Infantil .... 2.2 A importância do ouvir, ler, contar histórias ........................................

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...............................................................

4 DISCUSSÕES .........................................................................................................

4.1 Contar e ouvir histórias como estratégia de ensino para a educação infantil ............................................................................................................. 4.2 A arte de contar histórias e sua contribuição para o desenvolvimento integral de crianças pequenas .................................................................... 30 4.3 O ato de contar histórias e a contribuição da família para o fomento à leitura ..............................................................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................

REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

Também, contar histórias pode ser um suporte didático para professores, pais, que poderão se utilizar da prática de contar histórias para incentivar a produção escrita e leitora dos discentes, já que muitos professores questionam sobre a falta de metodologias para se trabalhar em sala de aula. Abramovich (1989, p.16) ressalta que : “é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo”. Na ação de ouvir alguém contando histórias se cria um imaginário surreal que pode influenciar positivamente no (a)s aluno (a)s em sala de aula e levantar questões como: comportamento; atenção; motivação, por meio das ações (atitudes) das personagens. Para isso, o professor/contador, precisa conhecer sua clientela, para que assim, possa selecionar as histórias que farão parte de um acervo cada vez maior na vida de seus alunos, pois pode se tornar uma atividade constante se for bem trabalhada. Esta pesquisa se justifica por fornecer dados sobre a importância de se contar histórias para a formação do imaginário infantil e, da necessidade de se conscientizar os pais, professores e demais pessoas que trabalham com crianças sobre a importância da literatura, que atrelada ao processo de aquisição da leitura e ministrada de forma adequada, pode trazer à formação psíquica e moral delas benefícios imensuráveis. Fala-se que um dos grandes problemas dentro das escolas brasileiras é a total desconsideração da linguagem que a criança já adquiriu e traz para a escola, ou seja, a linguagem materna. Destarte, a maioria delas é conduzida à escola para serem alfabetizadas seguindo normas e padrões da língua padrão, o que acaba prejudicando a velocidade e a compreensão de cada educando em relação à aquisição da aprendizagem. Por isso, professor e família precisam em parceria despertar o interesse do educando pelo estudo da arte de contar histórias e serem mediadores da aquisição e do estímulo à leitura aos discentes. Para nortear este estudo, foi formulada a seguinte pergunta: Que tipo de contribuição o ato de contar histórias pode oferecer para a construção do imaginário infantil, bem como para o desenvolvimento da criança nos aspectos psíquico, social, cultural e intelectual?

Diante dessa problemática, faz-se necessário buscar respostas às seguintes questões norteadoras: O ato de ouvir e contar histórias pode estimular a aquisição da leitura de crianças na Educação Infantil e para o desenvolvimento de outras habilidades e competências estabelecidas para esse nível de ensino? É possível, pela arte da contação de histórias, a aprendizagem de inúmeras ações que ajudariam o desenvolvimento cognitivo e motor de crianças da Educação Infantil? A família pode também contribuir para o fomento do interesse da criança pela leitura? A partir destas questões, elencamos, para este estudo, o seguinte objetivo geral: analisar o ato de contar histórias para a construção do imaginário infantil, bem como para o desenvolvimento da criança nos aspectos psíquico, social, cultural e intelectual. E ainda, os específicos: investigar o ato de contar e ouvir histórias como estratégia de ensino colaboradora no processo de estímulo à leitura na Educação Infantil e demais habilidades e competências determinadas para esse nível de ensino; verificar em que medida a arte de contar histórias contribui para a aprendizagem de inúmeras ações que ajudariam o desenvolvimento cognitivo, emocional e motor de crianças; discutir como a família contribui para o fomento do interesse da criança pela leitura. Acredita-se que se podem oferecer às crianças, além da contação de histórias, outras práticas e oportunidades de se reconhecerem como partícipes de seu próprio processo ensino-aprendizagem. Mas para que isso venha a acontecer é necessário que o professor antes de tudo, analise alguns aspectos da formação do leitor, tomando como base teorias a respeito de leitura, pois para Kleiman (1989, p. 13), “ler é uma atividade complexa, plural, multidirecionada e necessita do engajamento de muitos fatores – memória, atenção, percepção e conhecimentos linguísticos, que precisam se ativados quando se quer fazer sentido ao texto”. Assim, munido desse conhecimento prévio o professor deve organizar-se e selecionar seus próprios objetivos, pois é primordial em seu trabalho ser agente de leitura, que antes de tudo seja leitor, pois quem lê faz comentários, fala com emoção e entusiasmo sobre suas leituras. Dessa forma é necessária a conscientização individual dos educadores, sobre o ato de ler, não por ser preciso trabalhar com a leitura, mas ler por prazer, porque é importante para sua vida individual, social e cultural, mas também do educando que estará sob sua responsabilidade, pois se acredita que o professor é o espelho dos seus alunos.

Esperamos que ao término dessa pesquisa consigamos atender ao que fora proposto e consigamos acrescentar mais um ponto na discussão, a do inovar e se reinventar, pois na tarefa tão árdua do ensinar é preciso saber como ensinar, o que, e para quem se destina esse ensino. A contação de histórias como recurso é o caminho norteador de vários outros caminhos e procuras por outros gêneros, já que não é um produto acabado, mas um indicador de outros rumos. Quem terá que decidir qual estrada seguir é o próprio professor.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O ato de contar histórias: das narrativas orais à literatura infantil

Contar histórias é tão importante quanto ouvi-las, mas para isso é preciso estar aberto a novas descobertas ou redescobertas e exige muito mais do contador, pois esse terá de apresentar as histórias como se tivesse contando um fato, algo verídico, para que quem está ouvindo possa interagir com o que está sendo narrado e passe a acreditar no enunciado. Na realidade é uma via de mão dupla, uma complementa a outra. Dependendo do espaço em que se está contando a história e do público que se faz presente, o contador precisa estar consciente do que vai contar, para quem vai contar, de qual forma e com qual objetivo, pois estabelece-se um clima de união de quem está contando com quem está ouvindo. Ao contar histórias é possível iniciar um processo de preparação da criança para vivenciar com mais segurança suas próprias dificuldades, e onde se pode criar um mundo de encantamento, suspense, surpresa, emoção, no qual personagens ganham vida e o enredo possa transformar tanto a realidade de quem está narrando como a de quem está ouvindo. Assim, a contação de histórias é uma grande aliada, também, na prática da leitura em sala de aula, pois poderá estimular tanto professores quanto alunos, envolvê-los numa temática nova, onde o lúdico, as intrigas, as fantasias, os enredos poderão estimular os alunos a desenvolver essa prática cada vez mais e melhor. Coelho (1998, p. 14) diz que:

A história é um alimento da imaginação da criança e precisa ser dosada conforme sua estrutura cerebral. Sabemos que o leite é um alimento indispensável ao crescimento sadio. No entanto, se oferecermos ao lactante leite deteriorado ou em quantidade excessiva, poderão ocorrer vômitos, diarreia e prejuízo à saúde. Feijão é excelente fonte de ferro, mas nem por isso iremos dar feijão a um bebê, pois fará mal a ele. Esperamos que cresça e seu organismo possa assimilar o alimento. A história também é assimilada de acordo com o desenvolvimento da criança e por um sistema muito mais delicado e especial. (COELHO, 1998, p. 14).

Desse modo, é necessário que o professor, ao contar histórias tenha conhecimento de quem vai ouvi-las, para que assim, possa selecionar com cuidado

O aluno muitas vezes não resolve problemas de matemática, não porque não saiba matemática, mas porque não sabe ler o enunciado do problema [...] Porque de fato ele não entende mesmo é o português que lê. Não foi treinado para ler números, relações quantitativas, problemas de matemática [...] Tudo o que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver (CAGLIARI, 1996, pp.148- 149). Desse modo, o processo de aquisição da leitura é e deve assim ser entendido como um processo natural e essencial que garanta a cidadania a cada ser humano. Pois, segundo Machado (2002, p. 15),

Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é um dever. É alimento de espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo deve ter a sua disposição e boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome. Mas é um absurdo impingir um prato cheio de comida pela goela abaixo de qualquer pessoa. Mesmo que se ache que o enche aquele prato é a iguaria mais deliciosa do mundo. (MACHADO, 2002, p. 15). Na realidade, o que a autora exemplifica é que a leitura tem que ser estimulada, e que o interesse deve ser pessoal, pois, a primeira impressão fica marcada. Se o professor, que é quem está no comando da sala de aula apresentar uma leitura como obrigação para o discente, este vai entender que ela só servirá para prendê-lo, e dessa forma causará um afastamento quase irreversível do prazer de ler. O leitor deve tirar suas conclusões, experimentar as sensações que o texto traz, no entanto a leitura precisa ser apresentada como algo essencial para o aluno, assim como a comida, pois nesse caso ele tem a opção de escolher que prato quer começar, pois as opções de leituras são infinitas. A leitura, a partir desse entendimento não se encontra apenas dentro da escola, mas está no dia a dia e é uma forma de descoberta individual, que dificilmente duas pessoas a farão da mesma forma. Um texto lido por várias pessoas ou até mesmo em ambientes diferentes pode gerar várias interpretações, por ser baseado na estrutura de vida e no meio em que o leitor está inserido socialmente.

2.2 A importância do ouvir, ler e de contar histórias

Inicialmente para se falar sobre a importância do ouvir, ler e contar histórias é preciso reconhecer como procede um contador. Por que ele é importante? O contador de histórias conhece seu papel? Segundo Silva (2009, p.34),

Seu papel é levar o ouvinte a tornar-se leitor, por isso, além de proporcionar-lhe um entretenimento na hora da contação, presta-lhe também informações sobre o livro onde a história se encontra, o nome de seu autor, a editora que o publicou. [...] O contador é antes de tudo um leitor privilegiado, que cumpre seu papel ativo: faz leituras prévias, seleciona textos, informa-se sobre o autor, observa a ilustração do livro, memoriza o texto, interpreta suas intenções para transformá-las em modulações de voz e gestos. A partir desse entendimento sobre o papel do contador, fica mais fácil compreendermos os personagens, as viagens a lugares distantes e tão próximos do real, a sensação do lúdico presente no brincar das palavras de um poema, o carinho da essência das histórias escutadas, lidas e contadas, ajudam as crianças, a compreender o mundo interno e externo a elas. Ou seja, é o início de um processo mágico, proporcionado pela alegria e pelo prazer da leitura de textos literários. Assim, entende-se que oferecer uma história a uma criança é permitir, despertar do imaginário para que as mais infinitas e profundas relações de expressividade e sensações marquem, hoje e sempre, a memória deste ser repleto de afetividade e tudo o que é capaz de lhe sugerir uma liberdade lúdica, uma vez que nesta fase da vida, a maior essência está ligada às brincadeiras, aos sonhos e a felicidade que significam a vivência de uma infância possibilitada por diferentes leituras. Apesar disso, há uma luta muito grande em diminuir a distância entre a criança e o livro, pois os discentes estão rodeados de tecnologias: televisão, videogames, e agora, pelas redes sociais, que exercem um papel importante no desenvolvimento cultural desses. Não obstante, esses atrativos da vida moderna estimulam de alguma maneira a leitura, usados pelo professor na questão da aproximação do aluno com os textos literários, e eles podem ser fortes aliados da escola, se utilizados e apresentados de aos alunos da educação infantil de maneira correta, dando oportunidade a todos de pensarem, refletirem suas atitudes e emoções, pois os textos literários são cheios de fantasias e reúnem características necessárias e indispensáveis ao ser humano, que vai além do papel pedagógico, mas é preciso que escola e sociedade se aliem para que esse processo seja uma constante em suas vidas. Machado (2002, pp.7-9) descreve suas recordações de infância ligadas ao convívio literário que teve em sua vida e mantém na memória, sentimentos e

daquele céu...Afinal, era lá que eu iria quando chegasse a hora de ouvir história prometida. Não sei, há coisa que a memória da gente não guarda. Mas nunca vou esquecer as aventuras de Dom Quixote que meu pai foi me contando aos poucos, com suas próprias palavras, enquanto me mostrava as ilustrações. (MACHADO, 2002, pp. 7-9).

Este relato de memória é capaz de elucidar questões que constituem o universo infantil de uma criança privilegiada, a qual teve por perto pessoas com o repertório literário que serviu não só como exemplo, mas acima de tudo, souberam transmitir e se comprometer com a formação da criança enquanto leitora, sem desconsiderar as oportunidades emotivas vivenciadas pela mesma a cada oportunidade que lhe era disponibilizada. Sobre sua memória, Machado descreve o ambiente em que vivia sua relação afetiva com seu pai, a curiosidade e a maneira lúdica da vida aos olhos de uma criança, percebe-se também o modo como a mesma faz relação com as coisas que teve oportunidade de conhecer, como exemplo, sua geografia infantil (Santa Teresa, Centro do Rio, Petrópolis, Argentina e imaginariamente a Espanha); e a importância, uma vez que nos abre os olhos para as necessidades da criança em conhecer obras de qualidades e quem sejam possíveis de se tornarem nítidas nas lembranças infantis, obras estas que devem ser possibilitadas na família ou na escola enriquecendo a formação literária do ser. Benjamim (1987, p. 227) diz que “a memória das crianças é constituída também das lembranças das outras gerações”. Dessa forma, existe inúmeros recursos que a literatura infantil oferece ao seu deslumbramento na formação do leitor de textos literários. Abramovich, (1997, p. 10), tece comentários plenos de significação nesse sentido, ela, assim como, Machado (2002), recorda sua iniciação à leitura: meu primeiro contato com o mundo mágico das histórias aconteceu quando era muito pequenina, ouvindo minha mãe contar algo bonito todas as noites antes de eu adormecer, como se fosse um ritual”. (ABRAMOVICH, 1997, p.10). Portanto, o contar histórias deve ser enriquecido com a vivência que se constrói entre o contador, a história, e a criança. Deve ser uma possibilidade em um embalo de um momento aconchegante capaz de não simplesmente contar, mas encantar, através do mundo mágico das narrativas, inspirar o fantasioso, corresponder às expectativas do ouvinte atento as relações vivenciadas pela criança ou não.

Assim, permite-se o brotar das emoções, o revelar de lugares, dos tempos, das maneiras de ser e atuar conforme o enredo narrativo, o qual acima de qualquer conhecimento didático, preocupado com a compreensão do mundo, se encontre cheio de elementos atraentes ao procedimento da leitura prazerosa que, como diz Abramovich (2006, p.17): “pois é, ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário!”. No entanto, vale lembrar as exigências que cada vez mais o contar histórias requisita, visto que essa prática vem perdendo sua dimensão e, assim, seu desfrutamento, devido aos veículos tecnológicos da contemporaneidade citados anteriormente. Sobre esse fato ainda, as colocações de Nicolau e Dias, no livro “Oficina de Sonho e Realidade na formação do Educador da Infância”, enfatizam que:

Corremos aceleradamente contra o tempo e, apesar de estarmos desfrutando de tantos meios de comunicação – com inúmeras informações circulando rapidamente por intermédio da TV, do rádio, da internet, entre outros -, parece que, infelizmente, não mais nos comunicamos. Deixamos de ouvir o outro, de nos emocionar com suas histórias, de compartilhar experiências e idéias. Perdemos a nossa voz, a palavra pulsante, corpórea e significativa que brotava vida do interior. Com a criança não é diferente. Ela “recebe” informações de diversas fontes e o tempo todo encontra-se imersa nessa teia complexa de relações e, muitas vezes, é impossibilitada de ouvir, expressar-se ou contar sobre suas experiências cotidianas e de viver suas histórias. Estamos também deixando de olhá-la, de ouvir seu apelo, sua voz e, até mesmo, de narrar-lhe nossas histórias. A palavra oral, tão fundamental para o seu desenvolvimento e construção do ser psicológico social e cultural, é infelizmente pouco explorada nas famílias, nas escolas e nos vários lugares que ele frequenta. (NICOLAU E DIAS, 2003, p. 96).

Portanto, o contato com as narrativas desde cedo é fundamental para a formação do leitor de textos literários, já que se devem apresentar para a criança diversas oportunidades de leituras literárias, para que além de conhecer, possam sentir entusiasmo e passem a exprimir seu gosto pela leitura, a partir das referências que teve, ainda mais, deve facilitar o contato entre a criança e a leitura de textos literários, no sentido de que, ela sinta a liberdade para explorar um universo, sem que este seja, forçado ou obrigatório. De acordo com essa posição, Machado diz que:

Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é um dever. É alimento de espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo deve ter a sua disposição e boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome. Mas é um absurdo impingir um prato cheio de comida pela