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A psicoeducação é uma abordagem para tratamento de doenças mentais, particularmente depressão, que tem ganho destaque devido à sua eficácia em melhorar a adesão terapêutica e prevenir recaídas. Este documento discute a importância da compreensão da doença, reconhecimento de sintomas, relação entre equipe multidisciplinar e pessoa, adesão ao tratamento e papel de associações e grupos de autoajuda. Além disso, são discutidos os benefícios da psicoeducação em termos de redução de sintomas, melhor qualidade de vida, diminuição do estigma e culpa, e mudanças no estilo de vida. O documento também apresenta estudos que demonstram a eficácia da psicoeducação em reduzir episódios de humor e internamentos psiquiátricos.
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Tipologia: Exercícios
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Nuno Miguel Cordeiro Bravo
Orientador Professor Doutor Raúl Alberto Carrilho Cordeiro
Nuno Miguel Cordeiro Bravo
Relatório Apresentado para a Obtenção do Grau de Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria
Orientador Professor Doutor Raúl Alberto Carrilho Cordeiro
Título - A importância da psicoeducação na alteração do humor no doente depressivo
A depressão é uma perturbação mental que provoca um impacto negativo na vida dos doentes. O tratamento desta patologia pode ser realizado através de terapêutica farmacológica, ou de intervenções psicoterapêuticas. A Psicoeducação é uma modalidade de tratamento, que tem vindo a ganhar um lugar em destaque no processo de recuperação de determinadas doenças mentais. Esta abordagem tem como principal objetivo fornecer informações ao doente sobre a sua situação clínica e disponibilizar ferramentas para lidar com as particularidades do problema de saúde. As intervenções psicoeducativas são realizadas através de sessões expositivas de conhecimentos técnicos sobre a depressão. Assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar um programa de psicoeducação, dando principal enfoque ao papel dos vários métodos e técnicas pedagógicas utilizadas no mesmo.
Palavras-chave: Enfermagem; Depressão; Psicoeducação; Humor.
Abstract
Title- The importance of psychoeducation in changing the mood in depressed patients
Depression is a mental disorder that causes a negative impact on patients' lives. Treatment of this condition may be achieved through drug therapy, or psychotherapeutic intervention. The Psychoeducational is a treatment modality that has gained importance because of the positive impact it has on the recovery of certain mental illness process. This approach aims to provide information to the patient about their medical situation and provide tools to deal with the particularities of the health problem. The psychoeducational interventions are carried out through expository sessions of technical knowledge about depression. The objective of this study is to present a psychoeducation program, giving primary focus to the role of various educational methods and techniques used in it.
Keywords: Nursing; Depression; Psychoeducation; Humor.
ADEB - Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares ACMHN - Australian College of Mental Health Nurses CID- 10 - Classificação Internacional de Doenças CIPE - Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem prática através do SAPE - Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais EPE – Empresa Público Estatal HAM-D - Escala de depressão de Hamilton ISRS - Inibidores seletivos da recaptação de serotonina OMS – Organização Mundial de Saúde UlSNA - Unidade Local de Saúde do norte Alentejano YOUNG - Escala de mania de Young OE – Ordem dos Enfermeiros
Tabela nº 1 – Programa de Psicoeducação Tabela nº 2 – Diagnósticos CIPE Tabela nº 3 – Prescrição de intervenções de enfermagem Tabela nº 4 - Características da população alvo Tabela nº 5 – Definição de objetivos
A depressão constitui uma patologia com elevada e crescente prevalência na população geral (Bahls, 2002). É considerada pela OMS como a doença do século e um problema grave de saúde pública. Prevê-se que 121 milhões de pessoas em todo o mundo sofram desta doença mental. Em 2020 passará a ser a segunda causa de morte por doença em todo o mundo e cerca de 16%da população mundial já teve uma depressão pelo menos uma vez na vida. (OMS, 2010) De acordo com o mais recente estudo sobre a prevalência das perturbações mentais em Portugal, as perturbações depressivas em 2014 afetavam 7,9% da população (Direção-Geral de Saúde, 2015). O tratamento da depressão deve ser feito através de fármacos, psicoterapias e intervenções psicoeducativas ao doente (Gonçalves e Coelho, 2005). A Psicoeducação enquadra- se nas formas de educação não formal, visto que se trata de uma ação educativa organizada, que se desenvolve fora dos sistemas formais de ensino (Tudor, 2013). Neste sentido, a psicoeducação consiste numa intervenção que se carateriza por informar ao utente informações sobre o seu diagnóstico. Estas informações abrangem a etiologia, o funcionamento, o tratamento mais indicado e ainda qual prognóstico da sua doença (Colom; Vieta, 2004). Assim, e num final de percurso de três semestres, do Curso de Mestrado em Saúde Mental e Psiquiatria, surge este relatório na sequência de um estágio final que reflete um percurso pessoal e profissional, com aquisição de novas competências, em que da integração de conhecimentos teóricos e teórico-práticos se deu resposta às necessidades dos doentes. A temática deste trabalho centra-se no desenvolvimento das competências na área da intervenção de enfermagem na pessoa com sintomatologia depressiva, através do uso da psicoeducação no seu tratamento assim como os seus benefícios. Segundo Boterf (2003), “ toda a aquisição de capacidades, de conhecimentos ou de competências supõe uma atividade de aprendizagem e, portanto, um investimento pessoal ” (p.214) O estágio final foi realizado no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, E.P.E, localizada no Hospital Dr. José Maria Grande em Portalegre com o objetivo de complementar a formação pessoal e profissional bem como o desenvolvimento de competências na área da Saúde Mental.
Neste âmbito de formação avançada, o estágio, constituiu-se como o espaço e o período de consolidar saberes teóricos, acumular experiências diversas e desenvolver competências profissionais, a fim de adequa-las a situações clínicas reais. O estágio teve lugar de 9 Setembro de 2015 a 22 de Janeiro de 2016, num total de dezoito semanas (500 horas de estágio). A sua efetivação aconteceu no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, E.P.E, localizada no Hospital Dr. José Maria Grande em Portalegre. A supervisão clínica esteve a cargo do Sr. Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria - Manuel António Pinto Brandão, que desempenhou o papel de orientador institucional.
1.1 - O Hospital Dr. José Maria Grande, EPE
O Hospital Dr. José Maria Grande, EPE situa-se no centro da cidade e destina-se a servir uma população de aproximadamente 118953 habitantes censos (2011), que engloba 15 conselhos e 86 freguesias distribuídos pelos concelhos do Distrito de Portalegre. Atualmente pertence a ULSNA, EPE tem como objetivo principal a prestação de cuidados de saúde primários, secundários, reabilitação, continuados integrados e paliativos à população, designadamente aos beneficiários do Serviço Nacional de Saúde e aos beneficiários dos subsistemas de saúde, ou com entidades externas que com ele contratualizem a prestação de cuidados de saúde e a todos os cidadãos em geral, bem como articular com as atividades de saúde pública e os meios necessários ao exercício das competências da autoridade de saúde na área geográfica por ela abrangida. A área de influência corresponde ao distrito de Portalegre abrangendo todos os seus concelhos: Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sôr, Portalegre e Sousel. Tem como missão promover o potencial de todos os cidadãos, através do fomento da saúde e da resposta à doença e incapacidade, garantindo a qualidade dos serviços prestados, a tutela da dignidade humana e a investigação permanente na procura contínua de soluções que reduzam a morbilidade e permitam obter ganhos em saúde.
Possui uma visão que assenta em constituir uma imagem de excelência no atendimento dos cidadãos, na ligação à comunidade, na criação de parcerias, na investigação permanente e no impacto das atividades desenvolvidas. Atualmente rege-se pelos seguintes valores: Respeito pela dignidade e direitos dos cidadãos; Excelência técnica; Acessibilidade e equidade dos cuidados; Promoção da qualidade; Ética, integridade e transparência; Motivação e atuação pró- ativa; Melhoria contínua; Trabalho de equipa; Respeito pelas normas ambientais.
O Hospital tem como órgão máximo o conselho de administração, da qual fazem parte a Presidente do Conselho de Administração, o Diretor Clínico, o Enfermeiro Diretor. Em termos estruturais fazem parte outros órgãos, nomeadamente de participação, de consulta e apoio técnico, conforme o disposto na lei de gestão hospitalar. Embora a relativa proximidade, do local de estágio, à minha área de residência tenha influenciado a escolha do mesmo, outros aspetos motivaram essa mesma opção, nomeadamente, o ambiente seguro e instalações físicas confortáveis que promovem a privacidade e tranquilidade dos utentes. Um dos recursos relevantes para o exercício da enfermagem psiquiátrica é a composição e manutenção do ambiente terapêutico, o qual abrange e reconhece que pessoas, local, estrutura física e clima emocional são relevantes para o tratamento (Manchilha et. al , 2011). Caraterísticas de uma estrutura física adequada comtemplam, um ambiente limpo, arejado, que transmita tranquilidade e segurança e que garanta a privacidade dos utentes (Manchilha et. al, 2011). O ambiente terapêutico é definido, como uma série de atividades organizadas com um fim terapêutico, tendo em conta as necessidades dos utentes (Calvo, 2011). Considero que o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, possui recursos materiais e humanos que foram ao encontro das minhas necessidades de aprendizagem, o que contribuiu para o desenvolvimento das competências estipuladas.
Maria Grande. Nos dias em que não existe psiquiatra de serviço os utentes são transferidos para o Hospital Central neste caso o Hospital de São José em Lisboa para serem observados.
Os utentes são admitidos no serviço através da urgência geral, da consulta externa de psiquiatria, ou por transferência de outros serviços do hospital. O seu internamento pode ser voluntário ou em regime compulsivo (previsto na Lei nº. 36/98, de 24 de Julho, conhecida por Lei de Saúde Mental)
A Unidade de Tratamento e Recuperação de Alcoólicos: As terapias são realizadas pelo Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria - Manuel António Pinto Brandão. Destina-se apenas a utentes alcoólicos.
Visita à Comunidade: Realizada principalmente pela equipa de enfermagem na supervisão terapêutica e na relação de ajuda ao utente/família/cuidador, com participação da assistente social e do psiquiatra assistente. Esta atividade é realizada e planeada pela equipa.
Área de atendimento infantil e juvenil: Intervenção realizada pela equipa multidisciplinar do Departamento de Saúde Mental e Psiquiatria que é constituída por um psicólogo, um terapeuta da fala, uma Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria, um pedopsiquiatra, e uma administrativa.
Atividades Formativas: O serviço envolve-se no processo formativo e investe na formação contínua, através de: Estágios clínicos no curso de pós licenciatura de especialização em enfermagem de saúde mental e psiquiátrica e/ou mestrado em enfermagem; Estágios clínicos no curso de licenciatura em enfermagem. Estágios clínicos de licenciatura em medicina; Internato de medicina geral e familiar; Internato complementar de psiquiatria; Estágios de psicologia clínica; Estágios de terapia ocupacional;
A equipa de saúde sendo multidisciplinar, é constituída por enfermeiros, médicos, assistentes operacionais, técnicos de serviço social, psicóloga, terapeuta ocupacional, e secretárias de unidade. Atualmente desempenham funções no serviço de internamento, profissionais de diversas áreas, nomeadamente: Doze enfermeiros, dos quais dez estão em regime de roulement, e dois em regime de horário fixo, nomeadamente uma enfermeira chefe, uma enfermeira coordenadora do serviço e uma enfermeira nas consultas externas.
quais é diretor de serviço e outro é coordenador do internamento e duas médicas a realizar o internato em psiquiatria; Dois técnicos de serviço social, que dão apoio social aos doentes/famílias que se encontram no serviço de internamento ou no ambulatório; Uma psicóloga, que trabalha diretamente com a equipa de saúde e realiza entrevistas e elabora testes de avaliação psicológica aos utentes internados; Uma terapeuta ocupacional que realiza atividades diárias com os utentes, contando sempre com a participação da equipa de enfermagem; Sete assistentes operacionais em regime de roulement, que desempenham atividades de acordo com as suas funções; Esta equipa multidisciplinar está ainda em sub-equipas constituídas por um médico, um enfermeiro e uma assistente social, que estão distribuídas por localidades específicas de forma abranger todo o distrito de Portalegre. Nestas localidades realizam-se consulta e visitas domiciliárias. E nelas, os enfermeiros especialistas realizam entrevistas de avaliação diagnóstica ao utente/família, apoiam grupos acompanhados pela psiquiatra, administram e supervisionam o regime terapêutico. No exercício do trabalho, os profissionais das equipas multidisciplinares têm como ponto fulcral de intervenção o ser humano, cuja experiência de vida envolve várias dimensões (ambiental, biológica, social, psicológica, cultural, ética, politica, familiar). Por isso, a abordagem integral dos utentes e da sua família é facilitada pelos olhares dos distintos profissionais que compõem a equipa (Paula, 2009) No que concerne à dinâmica e funcionamento do serviço a equipa multidisciplinar reúne- se todas as quintas-feiras, com o objetivo de avaliar a evolução clínica e o ajustar se necessário o plano terapêutico dos utentes.
às 19:30 horas. São proibidas determinadas visitas, sempre que os utentes expressem essa vontade ou os técnicos considerem que as mesmas são prejudiciais para o mesmo. Todos os dias os utentes podem realizar chamadas para o exterior e receber todos os que lhe sejam dirigidos, no entanto se os profissionais de saúde entenderem que os contactos são prejudicais para o utente, podem fazer algumas restrições telefónicas. O serviço pretende fundamentalmente uma melhoria da qualidade de cuidados prestados aos utentes/família/cuidadores, colaborando assim para uma evolução positiva na área da Saúde Mental e Psiquiátrica.
A depressão é uma das perturbações mentais mais comum, estando a transformar-se num dos principais problemas de saúde dos países desenvolvidos (Gonçalves; Fagulha, 2004). Os utentes que sofrem desta patologia têm geralmente humor deprimido ou perda do interesse e prazer pela maior parte das atividades. Os principais sintomas são caracterizados por alterações no apetite ou peso, no sono, e na atividade psicomotora; assim como também por sentimentos de culpa, falta de concentração, pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida, planos e/ou tentativas de suicídio (Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais [DSM-V], 2013). A depressão é uma doença mental caracterizada por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por atividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil. No entanto, há quem manifeste a depressão com sintomas exclusivamente ansiosos. Segundo a CIPE (2005), a depressão é definida como uma emoção com características específicas, sendo um estado em que a disposição está reprimida causando tristeza, melancolia, astenia, concentração diminuída, sensação de culpa, deterioração de compreensão e sintomas físicos, incluindo a insónia perda de apetite e dor de cabeça. Silva (2001) caracteriza-a como uma “ mudança de estado de ânimo que surge de um sentimento generalizado de tristeza, sendo que o grau pode variar desde um desalento moderado até ao mais intenso desespero ” (p.139). Tem permanência variável, pois pode desaparecer em poucos dias ou se prolongar por semanas, meses e até ao longo de anos. No entanto, não se pode definir a depressão com uma simples característica ou querer padronizá-la com os mesmos sintomas para todos os utentes. Cada pessoa reagirá a ela com determinados sintomas e as variáveis causadoras da doença também serão diferentes. Para a maioria dos psiquiatras a depressão ocorre em consequência de uma sensação de perdas sejam materiais, sejam afetivas. No caso da afetiva, a perda não é só por morte ou separação; esta sensação pode advir de um sentimento de deceção em relação aos outros ou até em relação a si mesmo (Silva, 2001). É uma patologia mental que envolve o corpo, o humor e os pensamentos. Afeta os instintos, a maneira como a pessoa come e dorme, a visão que têm de si e o modo de pensar sobre as coisas. Não é o mesmo que “estar em baixo”, não é um sinal de fraqueza pessoal, nem algo que se possa controlar. As pessoas com uma perturbação depressiva não conseguem simplesmente “recompor-se” (Dalgalarrondo, 2000).