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A História da Odontologia no Exército Brasileiro, Teses (TCC) de Odontologia

Introdução: O texto apresenta a evolução da odontologia no Exército Brasileiro, desde práticas rudimentares no período colonial até sua consolidação como especialidade militar. Ganhou destaque durante as Grandes Guerras, quando a saúde bucal se tornou essencial para a operacionalidade das tropas. Atualmente, os dentistas militares atuam em contextos de combate, ações humanitárias e missões de paz, realizando desde atendimento clínico até atividades estratégicas. O trabalho conclui que a odontologia militar é fundamental para a saúde e a eficiência das tropas, refletindo avanços técnicos e científicos. Objetivo: Avaliar, por meio de uma revisão da literatura, a evolução e a importância da odontologia no Exército Brasileiro, com ênfase na atuação dos cirurgiões-dentistas durante guerras, missões humanitárias e em operações de paz, destacando seu impacto na saúde e operacionalidade das tropas. Descritores: Odontologia Militar; História da Odontologia; Exército Brasileiro.

Tipologia: Teses (TCC)

2025

Compartilhado em 04/06/2025

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A HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA NO EXÉRCITO BRASILEIRO: UMA REVISÃO DE
LITERATURA
THE HISTORY OF DENTISTRY IN THE BRAZILIAN ARMY: A LITERATURE REVIEW
Wesley Carlos Providelli da Silva Cavalcante¹; Kalyne Kelly Negromonte Gonçalves².
¹ - Discente do Curso de Odontologia da Universidade Maurício de Nassau
² - Docente do Curso de Odontologia da Universidade Maurício de Nassau
E-mail: providelli@gmail.com
RESUMO
Introdução: O texto apresenta a evolução da odontologia no Exército Brasileiro, desde
práticas rudimentares no período colonial até sua consolidação como especialidade
militar. Ganhou destaque durante as Grandes Guerras, quando a saúde bucal se tornou
essencial para a operacionalidade das tropas. Atualmente, os dentistas militares atuam
em contextos de combate, ações humanitárias e missões de paz, realizando desde
atendimento clínico até atividades estratégicas. O trabalho conclui que a odontologia
militar é fundamental para a saúde e a eficiência das tropas, refletindo avanços técnicos
e científicos. Objetivo: Avaliar, por meio de uma revisão da literatura, a evolução e a
importância da odontologia no Exército Brasileiro, com ênfase na atuação dos
cirurgiões-dentistas durante guerras, missões humanitárias e em operações de paz,
destacando seu impacto na saúde e operacionalidade das tropas. Metodologia: O
presente artigo é uma revisão da literatura, realizada com o intuito de entender A História
e a Importância da Odontologia no Exército Brasileiro. Para isso, realizou-se a busca
nas bases de dados eletrônicos Biblioteca do Exército, Scielo, Bireme, Lilacs, através
da utilização dos seguintes descritores: Odontologia Militar; História da Odontologia;
Exército Brasileiro. A pesquisa abrangeu os marcos desde o período colonial até a
atualidade, foram incluídas pesquisas dos últimos 30 anos (1995-2024) pela falta e
material direcionado, incluindo estudos sobre a evolução da odontologia no Exército
Brasileiro, com foco na atuação dos cirurgiões-dentistas em guerras e operações
humanitárias, publicados em português e relevantes para a saúde militar. Resultados
Principais: Foram selecionados 20 artigos para a apresente revisão. Os artigos
analisados mostram que o cirurgião-dentista possui grande importância na história do
Brasil, e para a história da odontologia.
Descritores: Odontologia Militar; História da Odontologia; Exército Brasileiro.
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A HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA NO EXÉRCITO BRASILEIRO: UMA REVISÃO DE

LITERATURA

THE HISTORY OF DENTISTRY IN THE BRAZILIAN ARMY: A LITERATURE REVIEW

Wesley Carlos Providelli da Silva Cavalcante¹; Kalyne Kelly Negromonte Gonçalves². ¹ - Discente do Curso de Odontologia da Universidade Maurício de Nassau ² - Docente do Curso de Odontologia da Universidade Maurício de Nassau E-mail: providelli@gmail.com RESUMO Introdução: O texto apresenta a evolução da odontologia no Exército Brasileiro, desde práticas rudimentares no período colonial até sua consolidação como especialidade militar. Ganhou destaque durante as Grandes Guerras, quando a saúde bucal se tornou essencial para a operacionalidade das tropas. Atualmente, os dentistas militares atuam em contextos de combate, ações humanitárias e missões de paz, realizando desde atendimento clínico até atividades estratégicas. O trabalho conclui que a odontologia militar é fundamental para a saúde e a eficiência das tropas, refletindo avanços técnicos e científicos. Objetivo: Avaliar, por meio de uma revisão da literatura, a evolução e a importância da odontologia no Exército Brasileiro, com ênfase na atuação dos cirurgiões-dentistas durante guerras, missões humanitárias e em operações de paz, destacando seu impacto na saúde e operacionalidade das tropas. Metodologia : O presente artigo é uma revisão da literatura, realizada com o intuito de entender A História e a Importância da Odontologia no Exército Brasileiro. Para isso, realizou-se a busca nas bases de dados eletrônicos Biblioteca do Exército, Scielo, Bireme, Lilacs, através da utilização dos seguintes descritores: Odontologia Militar; História da Odontologia; Exército Brasileiro. A pesquisa abrangeu os marcos desde o período colonial até a atualidade, foram incluídas pesquisas dos últimos 30 anos (1995-2024) pela falta e material direcionado, incluindo estudos sobre a evolução da odontologia no Exército Brasileiro, com foco na atuação dos cirurgiões-dentistas em guerras e operações humanitárias, publicados em português e relevantes para a saúde militar. Resultados Principais: Foram selecionados 20 artigos para a apresente revisão. Os artigos analisados mostram que o cirurgião-dentista possui grande importância na história do Brasil, e para a história da odontologia. Descritores: Odontologia Militar; História da Odontologia; Exército Brasileiro.

ABSTRACT

Introduction: The text presents the evolution of dentistry in the Brazilian Army, from rudimentary practices during the colonial period to its consolidation as a military specialty. It gained prominence during the World Wars, when oral health became essential for troop operational readiness. Currently, military dentists operate in combat scenarios, humanitarian actions, and peacekeeping missions, performing both clinical care and strategic activities. The study concludes that military dentistry is fundamental to the health and efficiency of the troops, reflecting technical and scientific advances. Objective: To evaluate, through a literature review, the evolution and importance of dentistry in the Brazilian Army, with an emphasis on the role of dental surgeons during wars, humanitarian missions, and peacekeeping operations, highlighting their impact on the health and operational readiness of the troops. Methodology: This article is a literature review aimed at understanding the History and Importance of Dentistry in the Brazilian Army. For this purpose, a search was conducted in electronic databases, including the Brazilian Army Library, SciELO, Bireme, and Lilacs, using the following descriptors: Military Dentistry; History of Dentistry; Brazilian Army. The research covered key milestones from the colonial period to the present, and studies from the last 30 years (1995-2024) were included due to the scarcity of specific material. The review incorporated studies on the evolution of dentistry in the Brazilian Army, focusing on the role of dental surgeons during wars and humanitarian operations, published in Portuguese and relevant to military health. Main Results: A total of 20 articles were selected for this review. The analyzed articles demonstrate that the dental surgeon holds significant importance in the history of Brazil and the history of dentistry. Descriptors: Military Dentistry; History of Dentistry; Brazilian Army.

físicas destacou a importância da saúde oral, principalmente no momento de se alistar. Para avaliar a saúde bucal dos militares e implementar medidas preventivas, os índices CPO-D passaram a ser monitorados com mais rigor. Ao qual era bastante alto entre os militares que integraram a força expedicionária^4. Diante da situação, o Brasil recebeu o apelido “País das Banguelas”, onde segundo o Tenente Rosenhtal, os brasileiros eram taxados pelos militares dos Estados Unidos por “Mulatos, raquíticos e banguelos” 4 , 5. Diante do problema houve uma resposta rápida do Exército às necessidades emergenciais dos soldados que sofriam de edentulismo, resolvido graças à criação de laboratórios de próteses dentárias. Diante do exposto a odontologia militar desempenha um papel crucial no bem-estar geral dos soldados, à medida que a relação entre a operacionalidade das tropas e a preparação dentária se torna cada vez mais clara^5. Durante todo esse período até a data de 8 de fevereiro de 1955, demarcada pelo período pós-guerras, marcado pelo decreto da Lei Nº 2.414, a instabilidade dos Cirurgiões Dentistas no Exército terminou. E o Exército passou a reconhecer efetivamente a importância da saúde, em especial a bucal, dos seus militares para a eficiência e operacionalidade das suas missões, o que resultou na necessidade de integração de diferentes especialidades da saúde e contou ainda com diversos investimentos nas áreas da Saúde e veio a se tornar o que chamamos de Serviço de Saúde Militar^6. Este trabalho busca apresentar uma visão geral sobre o contexto histórico da odontologia, com ênfase na sua introdução no Brasil através do no Exército Brasileiro, além de abordar a importância e o papel da odontologia militar, especialmente durante os grandes conflitos mundiais. Ao final, discutiremos o cenário atual da odontologia no Brasil, destacando suas literaturas, preparo profissional e os avanços tecnológicos que moldam a prática nos dias de hoje.

2. MATERIAL E MÉTODOS O presente artigo é uma revisão da literatura que visa compreender a evolução e a importância da odontologia no Exército Brasileiro, com ênfase na atuação dos cirurgiões-dentistas durante guerras, missões humanitárias e operações de paz. A pesquisa foi realizada, principalmente, nas bases de dados da Biblioteca do Exército e outras fontes científicas como Scielo, Bireme, Lilacs, utilizando os descritores: Odontologia Militar, História da Odontologia e Exército Brasileiro. O período analisado abrange os últimos 30 anos (1995-2024), dada a escassez de material direcionado sobre o tema.

Foram incluídos estudos que destacassem a evolução histórica e o papel estratégico dos cirurgiões-dentistas no Exército, publicados em português e com relevância para a saúde militar. Estudos não relacionados ao tema ou duplicados foram excluídos. A busca inicial resultou em 427 documentos, e, após análise de títulos e resumos, foram eliminados os duplicados e aqueles que não preenchiam os critérios de inclusão. A seleção dos documentos foi feita em duas etapas: (1) triagem com base nos critérios definidos; (2) análise completa dos textos selecionados. Após essa triagem, a amostra final foi composta por 20 artigos, como representado no Fluxograma 1. Fluxograma 1. Processo de seleção dos artigos incluídos no presente estudo. Aplicação dos critérios de inclusão. Artigos não correspondentes ao assunto (N= 30) Artigos duplicados ou que tangenciam o assunto (N=2 0 ) Total inicial de artigos encontrados nas bases de dados = 427 artigos. 88 artigos 58 artigos Total final de artigos incluídos na amostra = 28 artigos.

Horace Wells em 1844, tornou os procedimentos menos dolorosos e permitiu intervenções mais complexas. Outra inovação importante foi a invenção dos raios X por Wilhelm Roentgen em 1896, que revolucionou o diagnóstico odontológico, tornando as radiografias uma ferramenta essencial para examinar estruturas internas^4. O desenvolvimento do amálgama de prata no século XIX tornou-se padrão para restaurações dentárias até meados do século XX, quando resinas compostas mais estéticas começaram a ser usadas. A odontologia começou a se consolidar como profissão global no início do século XX, com a criação da Federação Dentária Internacional, que promove padrões globais e facilita o intercâmbio de conhecimentos. No Brasil, o uso de radiografia na odontologia aumentou na década de 1920, e a criação do Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 1964 ajudou a regulamentar a prática profissional, garantindo padrões éticos e alinhamento com normas internacionais.

5. OS PRIMEIROS PASSOS DA ODONTOLOGIA NO BRASIL 5.1. Descobrimento do Brasil e o Período Colonial Durante o período de descobrimento do Brasil até o período colonial brasileiro, cirurgiões-físicos, barbeiros e sangradores eram fundamentais nas embarcações e expedições, devido à ausência de médicos qualificados. Os barbeiros, além de cortar cabelo, realizavam extrações dentárias e drenagem de abscessos de forma empírica, enquanto os sangradores faziam sangrias, baseados na crença do equilíbrio dos fluidos corporais. Esses procedimentos, realizados sem treinamento formal e com ferramentas rudimentares, eram extremamente dolorosos e frequentemente resultavam em complicações graves, como infecções e fraturas ósseas^10. Nas expedições ao interior do Brasil, entre os séculos XVII e XVIII, a saúde bucal era negligenciada. A falta de acesso a cuidados médicos, somada à má alimentação, agravava a situação dos exploradores. Em áreas remotas, como a Amazônia e o sertão nordestino, o trabalho dos barbeiros e sangradores era a única opção disponível para aliviar a dor e tratar infecções^11. Somente no século XIX, com o início de uma organização sistemática da saúde no Brasil, começaram a surgir regulamentações e práticas mais seguras na odontologia, resultando em uma gradual melhoria das condições de saúde bucal da população.

5.2. O Avanço da Odontologia A chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808, por conta da forte presença napoleônica na Europa, levou a uma reorganização administrativa e cultural no território brasileiro, especialmente no que se refere à criação de instituições que pudessem atender às demandas da nova sede do Império de Portugal. Portanto, trouxeram mudanças significativas em várias áreas da sociedade, entre elas, a saúde pública^12. Entre os impactos mais significativos dessa mudança esteve o campo da saúde. O Brasil carecia de políticas públicas e de infraestrutura voltada à saúde até o início do século XIX. A chegada da corte marcou o início de uma nova era, em que a medicina e a odontologia começaram a ganhar atenção^12. O processo de institucionalização do ensino e da formação científica teve início após a transferência da corte real para o Brasil. O primeiro marco foi a criação da Escola Baiana de Cirurgia, em 1812, que se tornaria a primeira escola médica do país em

  1. A falta de centros educacionais dedicados ao estudo da medicina tornou essas escolas responsáveis pela formação de médicos. O início da modernização da assistência médica no Brasil foi promovido pela mudança nas práticas de saúde com a criação dessas instituições^13 ,^14. A odontologia, contudo, permaneceu como uma atividade secundária dentro da prática médica por grande parte do século XIX. A prática odontológica era, até então, associada ao trabalho de barbeiros e de profissionais com treinamento informal. As extrações dentárias, uma das intervenções mais comuns, eram realizadas de forma empírica, sem anestesia e com alto risco de complicações como infecções e fraturas ósseas. Somente a partir do final do século XIX, a odontologia começou a se estruturar como uma profissão independente, reflexo das mudanças sociais e da importação de conhecimento científico da Europa^10. 5.3. A Influência Europeia na Odontologia Brasileira O desenvolvimento da odontologia no Brasil foi fortemente influenciado pelas escolas europeias, particularmente da França e de Portugal. Muitos brasileiros das elites que tinham acesso à educação no exterior, principalmente em Paris, retornavam ao Brasil com novos conhecimentos e técnicas que transformariam as práticas locais. A França, sendo um dos centros mais avançados em termos de medicina e odontologia, exercia grande fascínio sobre os profissionais brasileiros da época. Assim, técnicas modernas de extração dentária, cuidados com a higiene bucal e novos instrumentos começaram a ser introduzidos no país, trazendo melhorias significativas ao atendimento^14.

No século XX, a Revolução de 1930 reformulou o papel do Exército, promovendo modernização e a criação de divisões especializadas. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, por meio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), modernizou ainda mais o Exército, que adotou novas táticas e tecnologias, além de aprimorar seu sistema de saúde militar. A criação da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e novos centros de instrução reforçaram a capacitação de oficiais e praças^3 ,4. Atualmente, o Exército está organizado em 12 Regiões Militares e 8 Comandos Militares de Área, distribuídos por todo o território nacional para garantir a defesa das fronteiras, a proteção da soberania e a manutenção da ordem interna. O Exército também desempenha papel relevante em missões de paz internacionais, participando de operações da ONU e reforçando sua imagem como força de cooperação e ajuda humanitária^18. 6.2. Organização Geral A organização do Exército Brasileiro é baseada nos pilares de Hierarquia e Disciplina. A hierarquia militar ordena a autoridade em diferentes níveis, definidos por postos ou graduações, e segue o princípio do respeito à sequência de autoridade. A precedência dos militares é organizada em: Praças (Recrutas a Suboficiais), Praças Especiais (Aspirantes a Oficial), Oficiais Subalternos (2º e 1º Tenentes), Oficiais Intermediários (Capitães), Oficiais Superiores (Majores, Tenentes-Coronéis e Coronéis) e Oficiais Generais (Generais e Marechal, este último apenas em tempos de guerra)^18. Os militares do Exército possuem especialidades de formação e constituem o corpo de tropa, organizados em Organizações Militares (OMs), que variam conforme comando, efetivo e logística. Cada OM adapta-se às necessidades operacionais e locais, influenciando a composição e as funções dos militares. As especialidades são divididas em Corpos, Armas, Quadros, Serviços e Especialidades Técnicas^18 ,19.

- Corpo de Tropa: Inclui oficiais e praças, responsáveis tanto por atividades administrativas quanto operações de campo. - Armas: São as especialidades operacionais que compõem a força de combate, como Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações. - Quadros: Envolvem funções técnicas e administrativas especializadas, como Engenheiros Militares e Oficiais do Quadro Complementar (QCO), que apoiam áreas como administração e logística. - Serviços: Englobam áreas essenciais para o suporte às tropas:

a. Serviço de Saúde: Atendimento médico e odontológico, inspeção sanitária e controle de zoonoses. b. Serviço de Intendência: Logística de suprimentos, incluindo alimentos, combustíveis e fardamentos. c. Serviço de Material Bélico: Manutenção e fornecimento de armamentos e equipamentos militares. 6.3. Organizações Militares em Geral e de Saúde A organização militar do Exército Brasileiro é uma estrutura hierárquica complexa composta por equipes especializadas responsáveis por operações, administração e logística. As Organizações Militares (OMs) garantem a defesa da soberania nacional, cumprindo missões nacionais e internacionais, sejam de paz ou de ajuda humanitária, além de manter a ordem interna. As unidades do Exército incluem Grupos, Pelotões, Companhias, Batalhões (como Infantaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações) e Hospitais Militares, operando com um sistema disciplinado de comando18,19. Existem também OMs especializadas em atividades específicas, como o 1º Batalhão de Ações de Comandos, o 4º Batalhão de Polícia do Exército e o Hospital Central do Exército, que possuem autonomia. O 1º Batalhão de Ações de Comandos é uma força de Ação Rápida Estratégica, enquanto o 4º Batalhão de Polícia do Exército atua em atividades de segurança e policiamento. Os Hospitais Militares diferenciam-se dos hospitais civis pelo preparo técnico e formação militar, possibilitando atuação em quaisquer condições^18. As Organizações Militares de Saúde (OMs de Saúde) do Exército fornecem assistência médica, odontológica, farmacêutica e veterinária aos militares, garantindo sua saúde em tempos de paz e guerra. As principais OMs de Saúde são^19 :

  1. Hospitais Militares : Responsáveis pelo atendimento médico-hospitalar de maior complexidade.
  2. Policlínicas Militares : Atendem casos de menor complexidade e acompanham tratamentos.
  3. Postos Médicos de Guarnição (PMG) : Primeira linha de atendimento para emergências e serviços médicos de rotina.
  4. Unidades de Saúde de Campanha : Estruturas temporárias que oferecem atendimento emergencial em combate ou operações.

formadas pela EsSEx são Médicos, Farmacêuticos, Dentistas, Veterinários e Enfermeiros (MFDV-E) 20.

  1. Médicos: São treinados para atuar em emergências de campo, realizar cirurgias em ambientes de alto risco e prestar socorro em áreas de difícil acesso. Além da medicina preventiva, os médicos militares são preparados para atuar em missões internacionais e gerenciar crises de saúde pública.
  2. Farmacêuticos: Garantem a logística dos fármacos, assegurando que medicamentos cheguem em condições adequadas. Também são responsáveis pelo controle de qualidade dos medicamentos e vacinas, essenciais para o cuidado das tropas, especialmente em tempos de crise.
  3. Cirurgiões-Dentistas (CD): A saúde bucal dos militares é um fator essencial para a manutenção do seu bem-estar geral e, consequentemente, do seu desempenho. O cirurgião-dentista militar é responsável por tratar e prevenir doenças bucais, além de atuar no tratamento de traumas faciais que podem ocorrer em situações de combate. Eles são treinados para prestar atendimento tanto em bases militares quanto em zonas de conflito, onde é preciso realizar intervenções de urgência. O cuidado preventivo, especialmente em relação às infecções, é um dos focos da odontologia militar, garantindo que os militares possam desempenhar suas funções sem limitações causadas por problemas de saúde bucal.
  4. Médicos Veterinários: Responsáveis pela saúde dos animais utilizados pelo Exército, como cães de trabalho e cavalos, além de monitorar a qualidade sanitária dos alimentos das tropas e controlar zoonoses, especialmente em missões internacionais.
  5. Enfermeiros: Prestam cuidados imediatos e continuados aos militares, realizando atendimento de urgência e auxiliando em procedimentos médicos, especialmente em operações de campo e cenários de combate. Cada especialidade do quadro de saúde é fundamental para a capacidade operacional do Exército, seja em combates, treinamentos ou missões de paz. A integração entre as áreas do Serviço de Saúde assegura que as tropas estejam preparadas para enfrentar situações adversas, destacando a importância estratégica da saúde no contexto militar.

8. A CRIAÇÃO DO QUADRO DE CIRURGIÕES DENTISTAS

Ao adquirir o conhecimento mínimo sobre a História da Odontologia, sobre as Organizações do Exército Brasileiro as suas especializações e seu pessoal, podemos voltar ao período colonial para ter o entendimento da história da odontologia no Exército Brasileiro e principalmente do motivo da sua instabilidade até a sua efetivação no cenário militar após as Grandes Guerras Mundiais. Somente em 1890, seis anos após a oficialização do ensino odontológico, o Exército admitia em seu Corpo de Saúde os primeiros cirurgiões-dentistas diplomados, com o título de funcionário contratado^21. Em 1906, o General de Brigada Médico José Leôncio de Medeiros, então Diretor Geral do Serviço de Saúde do Exército, apresentou ao Ministro da Guerra uma defesa vigorosa sobre a necessidade de reorganizar o Corpo de Saúde do Exército. Ele argumentou que era indispensável aumentar o número de profissionais e formalizar a criação do Quadro de dentistas, que até aquele momento atuavam como simples contratados, sem direitos ou deveres estabelecidos. Com o objetivo de resolver essas questões de forma imediata, o General Medeiros propôs, de maneira detalhada e bem fundamentada, a criação do Quadro de Oficiais Dentistas^6. A ação recebeu parecer desfavorável por parte da comunidade médica, que defendia o aumento do número de médicos como solução mais adequada e econômica. O General Medeiros discordou, destacando em relatórios e ofícios a importância do Quadro de dentistas para instalar consultórios odontológicos em hospitais e enfermarias, beneficiando militares e suas famílias com cuidados odontológicos essenciais^6. O projeto defendido pelo General Medeiros foi concretizado apenas no final de sua gestão. Em 4 de janeiro de 1908, a Lei nº 1.860 foi sancionada, promovendo a reorganização do Exército. Alguns meses depois, em 4 de junho de 1908, o Decreto nº 6.972 aprovou a regulamentação dessa lei, incluindo disposições sobre o Corpo de Saúde. Foi então que se criou oficialmente o Quadro de oficiais dentistas, permitindo que esses profissionais pudessem alcançar o posto de capitão^6. A admissão de dentistas seria realizada por meio de concurso destinado a profissionais diplomados, com ingresso no Corpo de Saúde no posto de 2º tenente, exceto para aqueles que já estivessem servindo no Exército há mais de dois anos. A idade máxima para ingresso foi fixada em trinta anos^6. De acordo com Mitchell (1963)^22 , o General Medeiros é considerado o verdadeiro advogado e fundador do Quadro de dentistas militares, pois foi somente na sua diretoria

Saúde em Campanha (SS Cmp) é contribuir para o sucesso das operações militares, garantindo a saúde física e mental dos combatentes. O SS Cmp é organizado em cinco escalões, da linha de frente à retaguarda^23. O Serviço Odontológico, parte do SS Cmp, presta assistência ao efetivo da Força Terrestre e a civis sob jurisdição militar, evitando evacuações desnecessárias e garantindo atendimento odontológico próximo ao campo de operação20,23. As responsabilidades do Serviço Odontológico incluem medidas preventivas, organização documental, treinamento de pessoal, elaboração de normas, fornecimento de suprimentos e coordenação com outros serviços. Seus princípios são: responsabilidade dos comandantes, atendimento próximo à linha de frente, assistência contínua e padronização dos métodos no Teatro de Operações. As funções do oficial dentista englobam: controle operacional, assessoria ao comando, recomendações sobre distribuição de recursos, supervisão do treinamento, planejamento das operações e elaboração de relatórios^19. 9.2. A 1ª Guerra Mundial A relevância da saúde bucal entre os militares tornou-se mais evidente em tempos de guerra, especialmente quando o uso de armas de fogo foi adotado pelos exércitos. Os soldados frequentemente dependiam de seus dentes para tarefas essenciais de infantaria, como morder para abrir tubos de pólvora ou remover pavios de granadas. Além disso, a falta de cuidados com a higiene bucal acarretava problemas como dores intensas e até indigestão, especialmente durante operações ou em locais onde o acesso a serviços de saúde era inexistente^4. Durante a Primeira Guerra Mundial, o exército britânico não exigia boa saúde bucal para alistamento, destacando isso em cartazes com o slogan "bad teeth no bar". O tratamento odontológico era praticamente inexistente até 1914, quando o Comandante-Geral da Força Expedicionária Britânica, o Sir Douglas Haig precisou de atendimento emergencial e foi tratado por um dentista francês, levando ao envio dos primeiros dentistas britânicos ao front. Com o aumento da demanda, unidades odontológicas móveis foram estabelecidas para tratar soldados no campo de batalha. Ao final da guerra, havia mais de 800 dentistas ativos, e, em 1921, foi criado o Royal Army Dental Corps para fornecer cuidados permanentes. Destacando a primeira aparição dos Cirurgiões Dentistas em grandes conflitos e que inspirou o Exército Brasileiro^4.

9.3. A 2ª Guerra Mundial Durante a Segunda Guerra Mundial, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) integrou o Corpo de Exército dos EUA, adaptando-se ao modelo americano, incluindo a preparação sanitária. A preparação, que já era desafiadora, tornou-se ainda mais difícil ao precisar ser organizada conforme um sistema estrangeiro5,45,46. Os exames de saúde revelaram a precariedade da saúde bucal dos convocados brasileiros, dificultando a aptidão mínima exigida. Assim, os requisitos odontológicos foram adaptados pela Diretoria de Saúde do Exército Brasileiro. Dentistas das tropas trataram rapidamente milhares de soldados, visando melhorar suas condições bucais e evitar complicações que pudessem afastá-los dos combates. E determinou-se que os soldados tivessem seus dentes tratados. Alguns soldados acabaram ficando completamente desdentados5,^24. De acordo com Zernow ( 2021 )^25 , a flexibilização dos critérios e a redução da rigidez nas inspeções de saúde dos convocados resultaram em diversos problemas durante a guerra, incluindo um número maior do que o esperado de questões odontológicas. Ainda, relatou que a ausência de dentes não teve um impacto significativo na saúde geral dos militares. Segundo ela, “alguns homens tinham as gengivas afiadas como verdadeiros dentes e delas se serviam como se tivessem a melhor das dentaduras.”^47. Dados estatísticos oficiais da Chefia do Serviço de Saúde mostram que, entre 1º de outubro de 1944 e 30 de abril de 1945, foram realizadas 28.504 consultas odontológicas, 17.261 extrações, 20.110 curativos, 8.329 obturações, 1.623 pequenas intervenções e 345 pulpectomias4,6. Para atender às necessidades protéticas do pessoal da FEB, O Coronel Marques Porto conseguiu, do Serviço de Saúde do Teatro de Operações na Itália, o equipamento necessário para a instalação de um laboratório de prótese, cuja chefia ficou a cargo de um Capitão dentista4,6,^25. João Ferreira da Cunha. O laboratório foi instalado em Pistóia em 3 de janeiro de 1945, mas começou a funcionar somente em 15 de fevereiro, em decorrência de dificuldades derivadas da falta de pessoal especializado. Dotado de rico material técnico, o laboratório de prótese dispunha do seguinte pessoal^6 : Chefe: 1 Capitão dentista; Auxiliar: 1 Segundo-Tenente dentista; Datilógrafo e escrevente: 1 Segundo- Sargento; Sargentos protéticos: 2; Cabo protético: 1; e Soldados protético: 6^6.

de traumas faciais nos militares, garantindo que o atendimento seja realizado com eficiência mesmo fora do ambiente hospitalar^5. A diversidade de especialidades odontológicas no Exército é um reflexo da complexidade das demandas enfrentadas. Os dentistas militares são frequentemente treinados em áreas como radiologia odontológica e cirurgia e traumatologia facial, fundamentais para o diagnóstico preciso de lesões e fraturas. Esse conhecimento técnico é imprescindível para a tomada de decisões rápidas e assertivas, que podem ser cruciais em situações operacionais18,20,23. A periodontia é outra área de grande relevância, considerando que doenças periodontais podem comprometer o estado físico do militar, afetando seu desempenho. Nesse contexto, o cirurgião-dentista militar realiza tratamentos preventivos e curativos, garantindo que a saúde bucal da tropa esteja sempre em condições ideais. A atuação em prótese dentária também é destacada, pois a reabilitação oral de militares que perderam dentes devido a traumas ou doenças é fundamental para a qualidade de vida e para a plena capacidade mastigatória dos soldados^18. Especialidades como a ortodontia e a endodontia são igualmente relevantes no ambiente militar, com os dentistas militares tratando desde problemas de alinhamento dentário que podem afetar a função mastigatória até casos que envolvem a necessidade de tratamento de endodôntico para o alívio de dores agudas. Esse conjunto de especialidades demonstra a amplitude de conhecimentos que o dentista militar precisa dominar, o que o diferencia do profissional civil. 10.2.O Cirurgião Dentista e as Missões de Paz A atuação das Forças Armadas Brasileiras em missões de paz evoluiu para uma abordagem estruturada coordenada pela 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército. Em 2001, foi criado o Centro de Preparação e Avaliação para Missões de Paz (CEPAEB) e, em 2005, o Centro de Instrução de Operações de Paz (CI Op Paz), que em 2010 tornou- se o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB). O CCOPAB é responsável pela preparação de militares e civis para operações de paz, consolidando o papel do Brasil como um importante contribuidor para a paz mundial5,26. A atuação dos cirurgiões-dentistas em missões de paz, humanitárias e de assistência social é essencial, oferecendo suporte constante às tropas e à população civil em áreas de conflito. O Brasil desempenhou um papel crucial na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), liderando o contingente militar com o objetivo de restaurar a estabilidade e promover a retomada democrática.

Após o terremoto de 2010 no Haiti, o Brasil ampliou suas atividades, enviando reforços militares e equipes médicas para ajudar na reconstrução do país^26. O suporte médico na MINUSTAH foi organizado em quatro níveis de atendimento. O Batalhão Brasileiro de Força de Paz (BRABAT) destacou-se ao incluir serviços odontológicos, fisioterapia e análises clínicas, além dos requisitos da ONU, o que foi essencial para a saúde e prontidão dos militares. O atendimento odontológico não só tratou emergências bucais como também preveniu complicações, garantindo a eficácia das operações^26. O Serviço de Saúde também foi pioneiro na incorporação de mulheres militares em missões de paz, destacando a chegada de uma médica e uma dentista em 2006 e a implementação de iniciativas voltadas para o apoio às mulheres locais, como palestras sobre amamentação e violência doméstica. 10.3.O Cirurgião Dentista e a Força-Tarefa Logística Humanitária Dentro das missões Predominantemente Humanitárias, podemos destacar a Força Tarefa Logística Humanitária: Operação Acolhida, que possuí extrema relevância internacional e é observada por todo o mundo através da ONU e das Organizações Não Governamentais associadas, e demais organizações parceiras, cerca de 120 (cento e vinte) agências e instituições civis^27. A Operação Acolhida é uma ação humanitária do governo brasileiro que atua sob supervisão da ONU, e foi iniciada em 2018 para atender refugiados e imigrantes da crise venezuelana. Realizada em parceria com órgãos públicos e organizações internacionais, a operação envolve três fases: ordenamento de fronteira, acolhimento e interiorização^27. Dentro da fase do Ordenamento da Fronteira, a operação atua de grosso modo realizando a recepção e triagem dos refugiados, promovendo a segurança e entregando um tratamento humanizado. E ao final deste, serão encaminhados para os postos de recepção e triagem da segunda fase26,^27. Na segunda fase, existe uma nova triagem, com uma série de medidas a serem realizadas. Todas envolvendo os diversos tipos de assistência, seja em abrigou, ou alimentação, assistência de médica e odontológica a até retirada de documentos. Nesta fase o Refugiado escolhe, entre ficar na condição de refugiado, recebendo abrigo, ou entra na fila para o processo de interiorização. Processo que atua em várias frentes, seja na especialização de mão de obra por meio do Centro de Coordenação de