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Novo paradigma para a formação do psicólogo escolar no Brasil: análise e estratégias, Esquemas de Psicologia

Este documento discute um novo paradigma para a formação do psicólogo escolar no brasil, analisando a atuação profissional desse profissional em diferentes níveis de ensino e sugerindo estratégias para a formação continuada dos psicólogos escolares. Além disso, o documento aborda a importância da ampliação do campo de atuação do psicólogo escolar do ensino fundamental à universidade e a necessidade de capacitação ética, flexível e competente desses profissionais.

O que você vai aprender

  • Quais são as áreas específicas de atuação do psicólogo escolar?
  • Qual é o novo paradigma para a formação do psicólogo escolar no Brasil?
  • Como o exercício profissional do psicólogo escolar é determinado?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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usuário desconhecido 🇧🇷

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A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR E A
EDUCAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO
Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly*
Universidade São Francisco
Resumo
Faz-se necessário caracterizar a atuação do Psicólogo Escolar frente às demandas socioeducacionais do
próximo milênio; portanto, esse artigo visa analisar a formação desse profissional numa perspectiva histórica
buscando repensar seu papel e compromisso social. Identificam-se grandes áreas de trabalho possíveis na
Psicologia Escolar, não somente em instituições formais de ensino desde a Educação Infantil até a
Universidade, mas também em diferentes espaços educacionais que visem promover o desenvolvimento e
aprendizagem dos indivíduos. Focalizam-se, também, as Universidades, as Associações e Entidades de Classe
enquanto segmentos profissionais formadores desses profissionais, responsáveis por sua constante atualização
e pelo exercício crítico e ético da profissão.
Palavras-chave: atuação, profissão e ética
THE SCHOOL PSYCHOLOGIST FORMATION AND THE 3RD MILLENNIUM
EDUCATION
Abstract
It has been necessary to define the School Psychologist action in front of the social educational demands to
the next millennium, and this article will analyze this professional formation in a historical perspective trying
to think about its identity and social compromise. We can identify major possible work areas in the School
Psychology, not only in Schools since the child education through the University, but also in any educational
space to promote the people developmerít 'and learning. We are focusing also on the professional associations
responsible for the formation, constant actualization and professional ethics.
Keywords: action, profession and ethics
A Psicologia enquanto ciência, formação e mercado de trabalho tem sido, principalmente na
última década, tema de interesse de pesquisadores e estudiosos nacionais e internacionais
(Gonçalves, 1994; Yukimitsu, 1999).
Faz-se necessário repensar, principalmente, a formação do psicólogo visando ao
desenvolvimento de habilidades científicas, teóricas e práticas, que lhe capacitem para atuar
profissionalmente na identificação, intervenção e solução de problemas de relevância social para a
realidade do terceiro milênio. Segundo Gonçalves (1999), é urgente uma reformulação curricular
dos cursos de Psicologia tornando-os um conjunto harmônico de áreas de conhecimento integradas
e interdisciplinarmente aplicadas e relacionadas à realidade sociocultural.
No tocante à Psicologia Escolar, voltada para a análise e intervenção em contextos educacionais
e entendida como área de aplicação da Psicologia, na medida em que o reconhecimento legal das
áreas de especialização não se encontra definido, a formação, de acordo com resultados de
investigações recentes, deve estar pautada tanto na relação saber-poder-fazer equilibrada, que
viabilize um crescimento significativo no conhecimento, quanto na dimensão do saber ser, arti-
* Mestre e Doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo. Docente da Universidade São
Francisco e assessora de instituições educacionais de ensino como psicóloga escolar.
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A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR E A

EDUCAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO

Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly*

Universidade São Francisco

Resumo Faz-se necessário caracterizar a atuação do Psicólogo Escolar frente às demandas socioeducacionais do próximo milênio; portanto, esse artigo visa analisar a formação desse profissional numa perspectiva histórica buscando repensar seu papel e compromisso social. Identificam-se grandes áreas de trabalho possíveis na Psicologia Escolar, não somente em instituições formais de ensino desde a Educação Infantil até a Universidade, mas também em diferentes espaços educacionais que visem promover o desenvolvimento e aprendizagem dos indivíduos. Focalizam-se, também, as Universidades, as Associações e Entidades de Classe enquanto segmentos profissionais formadores desses profissionais, responsáveis por sua constante atualização e pelo exercício crítico e ético da profissão. Palavras-chave: atuação, profissão e ética

THE SCHOOL PSYCHOLOGIST FORMATION AND THE 3RD MILLENNIUM

EDUCATION

Abstract It has been necessary to define the School Psychologist action in front of the social educational demands to the next millennium, and this article will analyze this professional formation in a historical perspective trying to think about its identity and social compromise. We can identify major possible work areas in the School Psychology, not only in Schools since the child education through the University, but also in any educational space to promote the people developmerít 'and learning. We are focusing also on the professional associations responsible for the formation, constant actualization and professional ethics. Keywords: action, profession and ethics

A Psicologia enquanto ciência, formação e mercado de trabalho tem sido, principalmente na última década, tema de interesse de pesquisadores e estudiosos nacionais e internacionais (Gonçalves, 1994; Yukimitsu, 1999). Faz-se necessário repensar, principalmente, a formação do psicólogo visando ao desenvolvimento de habilidades científicas, teóricas e práticas, que lhe capacitem para atuar profissionalmente na identificação, intervenção e solução de problemas de relevância social para a realidade do terceiro milênio. Segundo Gonçalves (1999), é urgente uma reformulação curricular dos cursos de Psicologia tornando-os um conjunto harmônico de áreas de conhecimento integradas e interdisciplinarmente aplicadas e relacionadas à realidade sociocultural. No tocante à Psicologia Escolar, voltada para a análise e intervenção em contextos educacionais e entendida como área de aplicação da Psicologia, na medida em que o reconhecimento legal das áreas de especialização não se encontra definido, a formação, de acordo com resultados de investigações recentes, deve estar pautada tanto na relação saber-poder-fazer equilibrada, que viabilize um crescimento significativo no conhecimento, quanto na dimensão do saber ser, arti-

  • Mestre e Doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo. Docente da Universidade São Francisco e assessora de instituições educacionais de ensino como psicóloga escolar.

culando o profissional ao compromisso social, aos padrões éticos e valores que nortearão uma prática adequada e colocarão o psicólogo escolar como um agente social e cultural de mudanças (Wechsler, 1996; Pfromm Netto, 1996; Gonçalves,1999). Além disso, discutir-se um novo paradigma para a formação do psicólogo escolar implica, segundo Guzzo (1999), analisar-se como vem sendo formado e como tem atuado esse profissional no Brasil, comparando-se essas informações a dados de outros países nos quais o psicólogo escolar tem um espaço reconhecido no sistema educacional com papéis e funções bem definidas e diferenciadas. Focalizando-se as áreas específicas de atuação, a Psicologia Escolar está a serviço de todos os que são educados ou influenciam o processo de desenvolvimento do educando sob todos os aspectos, considerando-se, de modo geral, o processo ensino-aprendizagem baseado no desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social, a estrutura curricular, a orientação e formação continuada de professores e o estabelecimento de parcerias com as famílias desde a Educação Infantil ao Ensino Universitário. Segundo os estatutos da Associação Brasileira de Psicologia Escolar - ABRAPEE (1991), "entende por psicólogos escolares e educacionais aqueles profissionais, que devido a sua preparação universitária em Psicologia e experiências subseqüentes nas áreas escolar e/ou educacional, trabalham para melhorar o processo ensino-aprendizagem no seu aspecto global (cognitivo, emocional, social e motor) através de serviços oferecidos a indivíduos, grupos, famílias e organizações" (p. 1).

Dessa forma, segundo Witter (1977) e Maluf (1994), o exercício profissional do psicólogo escolar é determinado pela influência de variáveis decorrentes de sua própria formação e opção teórica e caracterizado pelas seguintes possibilidades de atuação a nível preventivo: Especialista Educacional: aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao processo ensino- aprendizagem, ao desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à integração família - comunidade - escola através de atuação em equipe interdisciplinar dentro da escola, assim como administrar conflitos sociais em relação ao sistema de ensino e ao planejamento curricular geral a nível de macro sistema educacional; Assessor e Consultor: prestação de serviços diretos e indiretos aos agentes educacionais e orientando programas de apoio administrativos e educacionais como profissional independente; Ergonomista: desenvolver estudos e analisar as relações homem- ambiente físico- material quanto ao processo ensino-aprendizagem e produtividade educacional; Ecólogo: desenvolver programas visando à qualidade de vida e aos cuidados indispensáveis às atividades acadêmicas; Modificador de Comportamento: implementar programas para alterar comportamentos e hábitos mal adaptados no contexto escolar, além de desenvolver habilidades básicas para aquisição de conhecimento e desenvolvimento humano; Avaliador: atuar não somente na avaliação do processo ensino-aprendizagem usando e validando instrumentos e testes psicológicos adequados e fidedignos, mas também fornecer subsídios para o replanejamento e reformulação do plano escolar, ajustes e orientações à equipe escolar, avaliação da eficiência dos programas educacionais; Pesquisador: pesquisar dados sobre a realidade da escola em seus múltiplos aspectos visando desenvolver o conhecimento científico. Considerando-se pois as características da atuação escolar do psicólogo, Witter (1999) apresenta vários estudos que foram realizados com o intuito de determinar quais aspectos deveriam ser priorizados na formação desse profissional. Segundo Gonçalves (1999), as seguintes áreas de estudo

efetivas de participação deste aluno em sala de aula, considerando-o como parceiro no processo, criam um contexto instrucional que favorece a aquisição e o crescimento constante de sua competência geral. Esta proposta, para ser efetiva, implica no estabelecimento de conexões vitais entre atributos cognitivos, motivacionais e sociais do aluno e o conteúdo educacional a ser ensinado, a saber: (1) integração interdisciplinar do currículo a partir de temáticas transversais; (2) utilização de estratégias para aprendizagem, tais como observação, pesquisa, compreensão, interpretação, composição, análise e organização de dados, visando possibilitar o desenvolvimento da atenção, participação, colaboração, pensamento lógico, generalização e aplicação da apren- dizagem; (3) integração entre atividades educacionais em situação escolar que promovam e suportem o desenvolvimento cognitivo, social e motivacional do aluno e sua conseqüente aplicação prática. Neste contexto educacional de formação do Psicólogo Escolar e dos novos parâmetros curriculares para o ensino, deve-se focalizar também a ampliação de seu campo de atuação do ensino fundamental à Universidade com a promulgação da LDB - Lei no. 9394/ 96, tanto como assessor quanto como pesquisador, principalmente na rede pública de ensino, refletindo o surgimento de novos espaços e tempos educativos. Considerando-se como ensino fundamental, segundo a LDB, a educação infantil, o ensino fundamental (1ª- a 8ª série) e o ensino médio, cabe destacar a programação e avaliação de ensino, estrutura curricular, projetos educacionais, estratégias de aprendizagem, avaliação visando à construção de um projeto pedagógico que possa ser assumido pelos agentes educacionais de cada escola e favoreça a interface desta com a família e a comunidade, formação continuada de professores, orientação educacional e profissional, elaboração de programas especiais voltados para dificuldades de aprendizagem e a inclusão de alunos com necessidades especiais ao ensino regular são atribuições que legitimam a prática em Psicologia Escolar, atribuindo ao psicólogo escolar tarefa de grande responsabilidade - favorecer a formação de pessoas críticas, criativas e atuantes em seu meio, considerando-se o momento histórico atual e conscientes de seu papel de atores dessa história (Oel Prette,1999; Novaes, 1999). No tocante ao ensino superior, Witter (1999) analisa as diferentes possibilidades de atuação do psicólogo escolar dentro das Instituições de Ensino Superior segundo os artigos e disposições da LOB, a saber: docente, pesquisador, orientador de bolsistas de iniciação científica e alunos de programas de pós-graduação lato e strictu sensu, assessor educacional para planejamento, implementação e avaliação de projetos e programas educativos destinados aos docentes, discentes e comunidade em geral, assessor na administração acadêmica, produtor e consumidor crítico da ciência e tecnologia, psicólogo nos Serviços de Orientação ao Estudante, agente modificador da cultura, dentre outras. De acordo com o exposto anteriormente, ficam implícitas na LDB inúmeras possibilidades de atuação do Psicólogo Escolar desde a educação infantil até a Universidade, destacando-se para tanto que é imprescindível e urgente a capacitação ética, flexível e competente desses profissionais nos cursos de graduação, assegurando-se universidades de qualidade e estabelecendo-se como metas a pós-graduação e a pesquisa num processo de formação continuada, a fim de que possam desempenhar adequadamente e com excelência esses múltiplos papéis e funções, pois apesar de haver produção científica razoável no Brasil, segundo Gomes (1999), sua aplicação prática ainda é precária, requerendo-se desenvolver políticas e estratégias mais eficientes.

Além das Universidades, as associações e entidades de classe têm-se preocupado muito com a qualidade de atuação dos profissionais na área de psicologia. A ABRAPEE, por exemplo, no tocante especificamente à Psicologia Escolar, desde sua fundação oficial em 1991, tem sido um agente de mudanças que investe: na profissionalização do psicólogo escolar, incentivando a criação de uma legislação que garanta a existência de serviços psicológicos na escola apoiados em uma conduta ética e atualizada; na organização, através do Informativo ABRAPEE, Revista de Psicologia Escolar e Educacional, Congressos Nacionais e Internacionais, Seminários, Jornadas, Palestras, de canais de divulgação da produção científica na área e experiências relevantes que possam contribuir para a formação continuada dos psicólogos escolares; no intercâmbio entre os profissionais; fomentando a criação de um banco de dados sobre pesquisas e estudos referentes às diferentes áreas de atuação da psicologia escolar; organizando um registro nacional sobre os psi- cólogos escolares e educacionais brasileiros, recuperando e preservando a história da psicologia escolar no país; estimulando e apoiando a formação de núcleos regionais. Todas essas preocupações anteriormente destacadas com a formação e o exercício profissional do psicólogo escolar são significativas pelo crescente aumento de profissionais atuando nessa especialidade aliado às reais necessidades do cenário educacional brasileiro quanto à formação de indivíduos críticos e competentes para serem agentes de mudanças e geração de novos contextos de vida nas sociedades do século XXI.

REFERÊNCIAS

ABRAPEE (1991) Estatuto da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. Campinas. São Paulo. ALENCAR, E. S. (1992) Como desenvolver o poder criador: um guia para a liberação da criatividade em sala de aula. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes. ANDERSON, J. (1991) Technology and Adult Literacy. NY, Routledge. CIOFFI, G. (1992) Perspective and experience developing critical reading abilities. Journal of Reading, 36 (6):48-53. DEL PRETTE, Z. A. P. (1999) Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? IN R. S. L GUZZO (org.) Psicologia Escolar: LDB e Educação Hoje. Campinas, Ed. Alínea. GOMES, V. L. T. (1999) A formação do psicólogo e os impasses entre a teoria e a prática. IN GUZZO, R.S.L..(org.) Psicologia Escolar: LDB e Educação Hoje. Campinas, Ed. Alínea. GONÇALVES,C.L.C. (1994) Formação e estratégias acadêmicas em Psicologia Escolar no Brasil: análise curricular. Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Psicologia Escolar, PUC-Campinas, Campinas, SP. GONÇALVES, C.L.C. (1996) Formação em psicologia escolar no exterior e no Brasil. IN WITTER, C. (org.) Ensino de Psicologia. Campinas, Ed. Alínea. GUTHRIE, J. T. & McCANN, A. D. (1997) Caracteristics of classrooms that promote motivations and strategies for learning. In GUTHRIE, J. T. & WIGFIELD, A. (1997) Reading engagement: motivating readers through integrated instruction. Newark, IRA. GUZZO, R. S. L (1999) Novo paradigma para formação e atuação do Psicólogo escolar no cenário educa- cional brasileiro. IN GUZZO, R. S. L. (org.) Psicologia Escolar: LDB e Educação Hoje. Campinas, Ed. Alínea.