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Uma análise detalhada da evolução do conceito de loucura ao longo da história, desde a grécia antiga até a idade moderna. Ele explora como a percepção da loucura se transformou de algo valorizado e associado a forças sobrenaturais para uma condição patológica a ser tratada e controlada pela sociedade. O texto aborda as diferentes abordagens e práticas em relação aos loucos, desde a liberdade de circulação na idade média até o internamento e tratamento moral nos séculos xvii e xviii. Essa evolução histórica revela como a loucura foi construída socialmente e culturalmente, refletindo as crenças, valores e relações de poder de cada época. O documento oferece uma perspectiva crítica e aprofundada sobre as transformações do entendimento da loucura, contribuindo para uma melhor compreensão desse fenômeno complexo e multifacetado.
Tipologia: Resumos
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Enquanto filosofo, ele não tinha como intuito a busca da verdade, mas fazer aparecer os elementos que estão implícitos nos saberes, analisando suas implicações e relações de poder Deste modo, ele se aprofundou na historia das ideias, dos conceitos e das práticas, e sobre a relação que estabelecem na construção da subjetividade Realizando uma analise documental histórica e de campo, relacionando a filosofia com historia, o direito, a medicina, a psicologia e a antropologia
O sujeito moderno foi inventado, fruto de uma série de condições históricas onde ele está imerso, e se essas condições mudam, o sujeito também muda Como a sua filosofia não parte do entendimento de uma “verdade única” ou “universal”, entende que existe um processo de construção histórica dos sujeitos e dos saberes, entendendo a verdade como resultado de um processo histórico, como consequência das relações de poder e saber.
O método arqueológico trata-se de escavar as condições e os modos como os saberes foram se constituindo, buscando desvelar os elementos implícitos nos saberes e práticas Por meio da arqueologia, Foucault constatou que os conceitos de “loucura”, “natureza humana” e “verdade” não foram sempre o mesmos, mas se transformam de acordo com as concepções e práticas de cada momento histórico.
O método genealógico consiste numa análise da constituição de conceitos, entendimentos e valores que envolvem saberem, inclusive o modo pelo qual se relacionam com as formas de exercício de poder num determinado contexto cultural e histórico
Buscando entender como opera a dominação em suas práticas reais e cotidianas, inclusive seus efeitos concretos entre os sujeitos, sobre seus corpos e afetos
Desde os seus primeiros escritos, a grande pergunta que domina todo o pensamento foucaultiano é, em definitivo, a seguinte: Como foi possível, o que é? Essa possibilidade é sempre histórica, não é a expressão de nenhuma necessidade: As coisas poderiam ter sido de outro modo e também podem ser de outro modo.
A história e a cultura nos trazem referências ora positivas, ora negativas sobre a loucura, isso nos leva a refletir sobre a linha tênue que diferencia a saúde da doença Em alguns momentos temos ideia quase romântica da loucura que associa a loucura à genialidade artística e/ou intelectual Em outro momento, a figura do louco aparece como alguém descontrolado e perigoso, sendo está última concepção que deu origem à psiquiatria enquanto ciência, no século XIX
Mas, em que momento a loucura passou a ser uma patologia, ou um problema social? Que mudanças fizeram com o termo “loucura” passasse a ser entendido como “alienação mental”, depois como “doença mental”, até chegarmos ao entendimento atual de “sofrimento psíquico”? Segundo Foucault, a concepção de loucura se transformou no decorrer do tempo, tendo forte influência de crenças, costumes, rituais, da religião e do regime político de cada época.
Em 1961, Foucault publicou sua tese de doutorado com o título “historia da loucura”, que, ao lado do livro “Nascimento da clinica” de 1963, compõem suas primeiras obras, numa forte crítica às práticas psicológicas e psiquiátricas Na “Historia da loucura”, Foucault descreve como o conceito de loucura se transformou através do tempo. Para isso, ele parte do entendimento de que a loucura não é algo natural, nem uma doença, mas uma questão histórica e cultural
E as obras literárias: Stultifera Navis e Elogio da loucura
No Renascimento, a nave dos loucos era tema pictórico, e uma prática social, onde os loucos eram retirados dos centros urbanos e embarcados para navegar sem rumo. A água era tida como meio de purificação da animalidade de uma natureza secreta do ser humano
O livro “A nau dos insensatos”, apresenta críticas e ironiza a sociedade de seu tempo sob forma de um longo poema satírico, revelando um panorama dos costumes do final do século XV Os seresteiros, noturnos repelidos da janela com o conteúdo dos penicos, a falsificação de dinheiro e a adulteração do vinho, o mensageiro bêbado que não consegue se lembrar da noticia a ser transmitida, os fieis que levam para a igreja seus cães perdigueiros e gaviões de caça, a mania de falar ofensas e lançar maldições
No século XV surgem os primeiros estabelecimentos para os loucos inicialmente na Espanha e depois na Itália, onde são submetidos a um tratamento inspirado na medicina Árabe Apesar disso, a maior parte dos loucos experimentavam suas excentricidades de maneira livre, de modo que circulavam pelas cidades, fazendo parte do cenário e da linguagem comum, onde se buscava mais exaltar do que dominar ou controlar
Entre os séculos XIV e XVI, a loucura era vista como um saber esotérico sobre a natureza da vida, sendo tema recorrente de expressões artísticas, como peças de teatro e romance Os loucos “conhecidos” eram tolerados, mas os loucos “estranhos”, com o comportamento desviante e bizarro, incluindo os bêbados e os devassos, eram confinados em navios numa espécie de exilio ritualístico
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Pintura: A extração da pedra da loucura Texto da legenda: “Mestre extrai-me a pedra, meu nome é Lubber Das” Lubber Das era um personagem satírico na literatura holandesa que representava a estupidez Essa pintura representa a concepção coletiva sobre a doença mental da época, que, antes do advento da atitude científica da modernidade, confundia-se numa mistura entre o irracional e o obscurantismo de índole mágica e religiosa A obra satiriza este entendimento sobre a loucura, onde aparece um falso médico que em vez de um barrete usa um funil na cabeça (símbolo da estupidez), extraindo a pedra da cabeça de um individuo, mas na realidade está extraindo uma flor
Inicio da idade moderna, entre os séculos XVI e XVI, é marcado pela presença do filósofo René Descartes (1956-1650) como maior representante da cisão entre razão e desrazão, entendendo a loucura como algo que não faz parte da razão e por conta disso nos conduz ao erro Deste modo, passou a separar o que era racional e verdadeiro do que era equivocado e falso, silenciando a loucura do discurso racional e internando ela no aspecto institucional.
De acordo com Foucault, há uma brusca mudança em meados do século XVII, onde a loucura vai caminhando para a exclusão
O internamento passa então a representar uma medica de caráter médico, e não ais questão de exclusão, com Philippe Pinel na França, Willian Tuke na Inglaterra e Wagnitz e Riel na Alemanha.
O negociante e filantropo inglês Willian Tuke (1732-1822) montou um asilo próximo de Nova York, onde reconstituía para o alienado uma espécie de familia para que se sentisse em casa Ali os internos eram submetidos a um regime moral constante, entendendo a cura como a demonstração de sentimentos como dependência, humildade e culpa O “Tratamento” acontece por meio de ameaças, castigos, privações alimentares e humilhações, com o intuito de infantilizar e culpabilizar o louco
Apesar destes movimentos, não houve um rompimento com o internamento Os loucos foram liberados do encarceramento mas colocados sob tratamentos morais O asilo era tido na época como melhor meio de garantir a segurança pessoal dos loucos e de sua familia, libertando eles de influência externa Tratava-se de um lugar de vigilância e de trabalho, com o intuito de transformar o alienado num ser útil e dócil.
Os textos médicos dos séculos XVII e XVIII apresentam técnicas para a cura dos insanos, onde submetiam os doentes à duchas ou banhos gelados, que não refrescam, mas puniam, ou injetavam sangue fresco para “refrescar” sua “circulação prejudicada” No século XVIII foi inventado uma maquina rotatória onde se colocava o doente para recolocar em movimento o curso das suas ideias que estavam fixas num determinado delírio.
Balanço Cox, que atingia até 100 rotações por minuto, criada pelo psiquiatra Joseph Mason Cox, em 1806. Os pacientes ficavam completamente desorientados e intimidados, sofrendo tonturas e vômitos intensos
Com o estudo da história da loucura é possível constatar que esta nem sempre foi intendida como um problema, um desajuste ou desrazão. Inclusive, o modo como hoje entendemos a “doença mental” é resultado da produção de um saber-poder psiquiátrico, que visa normalizar os modos de ser, procedimento este característico de uma sociedade disciplinar que fábrica corpos dóceis