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A evolução da tecnologia de armas laser, com foco na década de 2010 e na china, que mostrou interesse em desenvolver armas destruidoras de satélites. O texto relata o avanço da tecnologia laser, as preocupações sobre sua letalidade e as tentativas de contrabalançar essa ameaça. O autor reflete sobre a história do laser e os desafios que ele traz para a guerra aérea.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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A história mostra que a estratégia, as táticas, os conceitos e até a política, assim como as posições das potências mundiais: todos acabam se ajustando à tecnologia 1. ȣBenjamin Delahauf Foulois
avia encontraDo o raio da morte. Foi em 1966, quando eu tinha apenas 12 anos, ao perambular entre os expositores de uma mostra de engenharia no ginásio da Universidade da carolina do Sul. tinha acabado de ler A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, e, por isso, estava bem familiarizado com raios de calor, pelo menos do ponto de vista da fantasia. o “tênue raio de luz” de Wells, que tanta destruição provocou entre os pobres terráqueos de Woking, na inglaterra, levou muitos jovens leitores a se perguntarem se tal arma poderia ser fabricada. a “espada de calor” de Wells era algo possível? “Sim” era a resposta. os raios da morte eram uma realidade e, naquele dia em 1966, fiquei tão perto que quase dava para tocar em um deles, ou ao menos em um de seus humildes precursores. no ginásio da Universidade da carolina do Sul, assisti ao criador do projeto de laser — bem mais velho que eu, vestido com uma camisa branca e gravata-borboleta — enquanto ele gracejava e se preparava para disparar o dispositivo. Disparar! Parecia algo tão bacana… e ameaçador. Disparar levaria algum tempo, explicou ele, devido a uma combinação cósmica qualquer de fonte de energia e algo sobre um “capacitor” (o que
quer que fosse isso). Saiu um fraco zumbido de um transformador preto e da unidade um tanto pequena do laser (que continha um bastão de rubi e uma lâmpada de flash), disposta em uma caixa de alumínio montada em uma placa de compensado. em meio à sequência de disparo e às brinca- deiras, encontrei coragem para perguntar àquele homem como ele havia adquirido um bastão de rubi. Sentia-me extremamente orgulhoso por saber esse dado básico da tecnologia de raio laser, em função de um comercial de recrutamento da Força aérea dos eUa, que passava cedo de manhã todo sábado. era minha primeira conversa efetivamente científica sobre o tema. ele me olhou de cima e falou com um ar sério. era “emprestado da General electric”, disse. Pensei comigo: “nossa! a General electric tem bastões de rubi para emprestar! e se os russos adquirissem um deles?” o zumbido continuou. eu me aproximei. Um adulto que estava por perto colocou a mão no meu peito e me empurrou gentilmente para trás. Mas eu não ia perder essa. esperei para ver um deslumbrante feixe de fótons coerente destruir o alvo2. nesse dia, em 1966, o alvo era um balão, colocado no outro lado da sala. Houve um estalido súbito ou, na verdade, um som mais parecido com o disparo de uma arma de espoleta, imediatamente seguido do inconfundível estouro do balão. Sucesso: alvo destruído! não houve nenhum clarão ofuscante, porém. nenhuma onda de calor.
O Coronel-Aviador John R. Culclasure, da Reserva Remunerada da Força Aérea dos EUA, serve atualmente como professor adjunto de Operações Conjuntas, Interagências e Multinacionais na Escola de Comando e Estado-Maior, Campus do Forte Belvoir, Estado da Virgínia. Concluiu o bacharelado pelo The Citadel,
Escola Militar do Estado da Carolina do Sul, e o mestrado pela Universidade Aeronáutica Embry-Riddle.
[Na tradução de referências à obra The War of the Worlds, utilizou-se WELLS, H.G. A Guerra dos Mundos. Tradução de Thelma Médici Nóbrega (Rio de Janeiro: Objetiva, 2007). — N. do T.]
ao olhar para o que havia sobrado do balão, perguntei-me qual seria o futuro desse disposi- tivo. a demonstração havia sido um tanto fraca. chegaram novas pessoas, que me empurraram para fora dali. alguém, então, brincou com o homem do laser: “e aí, meu amigo... Já tentou acender um fósforo com isso?” esse encontro aconteceu há pouco mais de 50 anos, mas agora, no momento em que escrevo este artigo, o futuro contemplado por H.G. Wells no século XiX está aqui. no século XXi, as for- ças aeroespaciais estão na iminência de grandes mudanças, devido ao acelerado avanço da tecnologia laser. a capacidade de um aviador sobreviver e operar, incluindo as opções de um comandante combatente nesse sentido, pode estar em dúvida, em um ambiente que se tornou muito mais letal com os lasers. É verdade: depois de um certo hiato, os raios da morte estão de volta e com muita potência. reforçados e com efeitos poderosos, os lasers deixaram de ser apenas componentes de telêmetros ou de sistemas de direção. São capazes de afetar matéria a grandes distâncias, e os estados Unidos da américa (eUa) e outros países estão tentando desenvolver armas a laser, tendo futuros campos de batalha em mente. como no caso da maioria dos avanços tecnológicos, velhos e cômodos paradigmas decerto precisarão ser esmiuçados e reavaliados. talvez seja necessário abandoná-los completamente. ademais, a própria natureza da luz de laser desafia as tripulações de aeronaves como nunca. Para nos prepararmos para futuros confrontos e sobrevivermos a eles, é imprescindível que se estabeleça um forte diálogo na comunidade aerospacial.
o ano de 2010, em particular, foi excelente para armas a laser. em que medida exatamente? as fontes ostensivas estão repletas de histórias sobre “primeiras vezes” e descobertas que prenunciam grandes mudanças. algumas das mais recentes (e quiçá inquietantes) são relacionadas a seguir:
ao escutar relatos assustadores sobre lasers, a maioria dos leitores pensará na china inicialmente. Por que não? Basta pesquisar fontes ostensivas para constatar que há bastante material de leitura sobre o assunto. De fato, o país mostra interesse em uma “classe mais ampla de armas” ou no que chama de xin gainian wuqi (“novos conceitos em armas”)7. essa categoria inclui “lasers de alta potência, microondas de alta potência, canhões eletromagnéticos e de Gauss e armas de feixe de partículas”, segundo um relatório de 19998. De acordo com o relatório anual ao congresso de 2005 sobre a capacidade militar da china, ela realizou pesquisas sobre “lasers antissatélite (aSat, na sigla em inglês) baseados no solo”, e a agência de inteligência de Defesa acredita que “Pequim poderá desenvolver, no futuro, uma arma a laser capaz de danificar ou destruir satélites”9. em 2006, houve uma comoção quando um satélite espacial estadunidense foi, supostamente, “cegado” por um laser chinês10. o evento foi “esclarecido” posteriormente, quando o escritório nacional de reconhecimento dos eUa confirmou que um laser chinês havia “iluminado” um satélite estadunidense naquele ano11. Segundo relatórios publicados em 2007, a china “continua com uma tendência para aumentos anuais no orçamento
versão aérea do afundamento do Repulse e do Prince of Wales. esse episódio da história naval ilustra a consequência de não se entender a importância de uma nova tecnologia. as capacidades das aeronaves são, há muito, a “ponta” das “tecnologias de ponta”, oferecendo muitas surpresas para forças terrestres e marítimas. Hoje em dia, porém, o poder aéreo corre o risco de sofrer cortes orçamentários. além disso, nossos irmãos aviadores (que se consideram pensadores e agentes inovadores) nem sempre enxergam adiante o suficiente para antever todas as ramificações das novas tecnologias.
Quanto a esta última observação, alguns exem- plos cronológicos são apresentados a seguir:
- Além do alcance visual. Muitos acreditaram que as tecnologias de mísseis ar-ar eliminariam o combate aéreo aproximado da Segunda Guerra Mundial. essa ideia se tornou tão prevalente que se deixou de incluir armas internas nos novos jatos. entretanto, a experiência no vietnã mostrou que essa tradicional forma de combate continuava a ser relevante, e, assim — ao contrário dos F- anteriores —, o F-4E foi equipado com uma metralhadora Gatling19. - Defesa antimísseis. a crença de que os soviéticos não seriam capazes de fabricar um míssil superfície-ar para grandes altitudes levou à falsa
suposição de que seria seguro voar em alturas extremamente elevadas. em 1960, ao sobrevoar a União Soviética a cerca de 20 mil metros de altitude, Francis Gary Powers foi abatido por — adivinhem só — um míssil superfície-ar de grande altitude20.
- Motores a jato. embora a velocidade e o desempenho das aeronaves houvessem aumentado radicalmente, pilotos continuavam a operar com o mesmo estilo da Segunda Guerra Mundial. os caças atacavam rápido e a baixa altitude, passando por intensas concentrações de fogo antiaéreo21. os bombardeiros continuavam a voar em longas e
previsíveis formaturas “cobrinha”, semelhantes às incursões em Schweinfurt. na Guerra do vietnã, ficou demonstrada a necessidade de se reavaliarem táticas e procedimentos22. os exemplos citados não incluem, de modo algum, todas as possibilidades. nem pretendo que sirvam de crítica contudente a algum seg- mento de aviação específico. o que os exemplos ilustram, porém, é que a comunidade de aviação acha que entende a situação, mas nem sempre a entende — ou pelo menos não a entende completamente. estudar o passado e olhar para o futuro talvez evite que encontros desastrosos com lasers façam parte da lista de “ocorrências que deviam ter sido previstas”.
O HMS Prince of Wales, na foto, e o HMS Repulse foram destruídos por aviões japoneses quando se dirigiam para Cingapura, em 10 Dez 41, no primeiro afundamento de embarcações pesadas em alto-mar por aeronaves.
Comando de História e Patrimônio Naval dos EUA
Possivelmente os lasers serão para o poder aéreo o que os aviões foram para o poder naval. Durante décadas, a artilharia antiaérea e tecnologias rela- cionadas ditaram onde as tripulações de aeronaves poderiam operar. Houve certo vai e vem no modo de operação: voaram alto durante a Segunda Guerra Mundial; baixo durante a Guerra Fria (para penetrar a defesa soviética); alto mais uma vez (ex.: operação Linebacker); e alto ainda outra vez, utilizando tec- nologia furtiva (stealth) e armas de precisão. Desde a operação Desert Storm, as operações aéreas têm permanecido, de modo geral, em altitudes elevadas. É uma boa opção: fora do alcance das ameaças de baixa altitude, evitando, ao mesmo tempo, a detecção e a ameaça de mísseis superfície-ar diante de materiais exóticos e furtivos. isso não é nada mau. até agora.
a própria natureza da arma a laser é o que faz com que seja tão difícil operar contra ela. a furtividade permite que um piloto evite a detecção, mas, caso localizado, ela não ajudará a aeronave a voar mais rápido que um feixe de luz. ademais,
o laser é uma arma de linha de visada. Uma vez que o objetivo esteja em sua mira, dispará-la significa eliminá-lo (presumindo, é claro, que a arma esteja com a mira perfeitamente calibrada). É uma realidade arrepiante: não é mais necessário disparar na frente do alvo, e fixá-lo pode ser algo
do passado. a imagem mental de caças F-22 em formação sendo desintegrados em rápida sucessão conforme um laser infravermelho invisível passe de um Raptor para outro — como em um cenário das páginas de H.G. Wells — é um tanto incômoda, mas nada impossível nem improvável. De fato, o laser nos leva para “terras desconhecidas”. embora tudo o que foi mencionado seja verdade, cabe observar que o laser não é a “espada de calor” descrita por H.G. Wells. Que ele me perdoe: tinha uma imaginação incrível, mas estava errado nesse ponto. o laser gera calor, mas, para causar danos, precisa permanecer no alvo durante certo tempo. a maioria dos leitores entende esse conceito em virtude dos vários textos e argumentos em torno do laser aerotransportado. Para que essa arma funcione, ela precisa localizar o objetivo (um foguete inimigo, por exemplo), apontar, ajustar com base na atmosfera, disparar o sistema de alta energia e manter o feixe na superfície do alvo, ou seja, permanecer nele. essa permanência precisa ser longa o suficiente para algo chegar a derreter, queimar ou explodir23. os ataques a laser contra aeronaves seguem o mesmo processo. tendo conhecimento do supracitado, as tripu- lações das aeronaves precisam considerar como:
Bombardeiro B-52D lança bombas de queda livre no Vietnã. Longas formações desses bombardeiros criaram rotas de ingresso previsíveis para as redes de defesa antiaérea no entorno de Hanói.
Força Aérea dos EUA
chão? talvez. Se for esse o caso, é preciso lembrar que, embora emocionantes, voos a baixa altura têm suas desvantagens: chega um ponto em que os riscos pesam mais que as vantagens, e a letalidade de alguns sistemas intensos (ZSU-23, por exemplo) é um fator que pesa muito (uma grande quantidade de projéteis ocupa o espaço aéreo). além disso, a baixa altitude é prejudicial à fuselagem. Mesmo assim, nada funciona tão bem quanto o método comprovado de colocar acidentes de terreno entre o piloto e a ameaça que o persegue. talvez seja hora de voltar a um ambiente de baixa altitude. e, assim, nas palavras de t.S. eliot:
*We shall not cease from exploration. And the end of all of our exploring Will be to arrive where we started27.
Surgem questões difíceis evidentemente. É sensato colocar um avião de milhões de dólares em um ambiente de baixa altitude? É essa a forma de resolver a suscetibilidade a armas a laser? além disso, se a aeronave for muito vulnerável, reaparecem os temidos problemas de aquisição. esses problemas não são novidade. todos os sistemas novos cambaleiam à beira do precipício quando avaliamos sua efetividade em comparação às entidades que os neutralizam. o Presidente eisenhower enfrentou esse dilema ao considerar o previsto bombardeiro supersônico B-70 Valkyrie, ainda que “convicto de que a era das aeronaves para uso sobre o território inimigo estivesse prestes a terminar”28. em sua constante avaliação das necessidades de defesa em comparação aos orçamentos, ele refletiu sobre os sistemas de armas tornados obsoletos por avanços tecnológicos, concluindo: “era como falar de arco e flecha na época da pólvora, quando falamos de bombadeiros na era dos mísseis”29. esse argumento provavelmente virá à tona mais uma vez — se é que já não veio. Basta substituir a palavra “míssil” por “laser” na citação do Presidente eisenhower que as implicações ficam claras.
Continuar o engajamento. apesar da potencial temerosidade das armas a laser e de nossa visão de malfadadas formações de caças F-22, nem todas as notícias são ruins. a situação também não será nada fácil para os vilões dotados de lasers antiaé- reos. Para engajar o alvo com sucesso, eles terão de fixá-lo primeiro. Para isso, precisam superar as propriedades furtivas do objetivo com algum tipo de capacidade de aquisição, e os lasers antiaé- reos precisarão ter equipamentos de telemetria. como é o caso do laser aerotransportado da Força aérea dos eUa, o Boeing YAL-1, a telemetria é realizada por um laser separado do feixe letal de alta energia30. assim, o inimigo utiliza um laser para loca- lizar e fixar um objetivo, que acaba por revelar a posição de sua bateria de lasers antiaéreos (como a munição traçante, lasers são úteis para ambos os lados). Para as forças amigas, é uma volta à velha forma de operar. Fixamos a posição dos lasers antiaéreos por meio de suas emissões e lançamos munição guiada para destruí-los. além disso, apesar de avanços em armas a laser de estado sólido (que também permitem maior cadência de disparo), uma opção seria sobrecarre- gar os lasers antiaéreos. agora, entramos no campo do famoso dizer de Sun tzu: “a Lei da Guerra se baseia no engano”31. nesse caso, “engano” quer dizer “despistadores”.
Força Aérea dos EUA Despistador ADM 20 Quail com identificação do Comando Aéreo Estratégico.
[*Em tradução livre: Não deixaremos de explorar/E o fim de nossa exploração/Será chegar aonde começamos. — N. do T.]
talvez seja o momento propício para um rápido crescimento no campo da dissimulação, que nos leve a cogitar novas maneiras de iludir inimigos providos de lasers com ardis extremamente sofisticados. o conceito não é radical nem inovador, e a Força aérea tem alguma experiência nesse sentido. o ADM 20 Quail, por exemplo, destinava-se a criar uma imagem de radar semelhante à do B-52 que o transportava e lançava32. o conceito é simples: criar um ambiente cheio de alvos, mediante uma grande quantidade de despistadores, com aeronaves de verdade incluídas na frota. Suponha que um dispositivo de laser antiaéreo precise de algum tipo de ciclo de regeneração, ou tempo para “recarregar”. isso se aplica especialmente ao laser químico33. nesse caso, ao engajar, o laser antiaéreo será inutilizado por uma grande quantidade de objetivos, caso não seja capaz de distinguir os aviões verdadeiros dos despistadores. ele gastará suas fontes de energia em tentativas inúteis de destruir o objetivo real, onde quer que este esteja, em meio à infinidade de objetos detectados. está na hora de limpar o pó dessa tecnologia de despistadores? talvez esses sistemas precisem ser reconsiderados. ademais, considere a assinatura de um laser antiaéreo; armas a laser ainda são volumosas e, por isso, ele não é algo assim tão móvel. É verdade que houve alguns avanços nesse campo, pelo menos nos eUa34. entretanto, independentemente de sua falta de mobilidade e de serem químicos ou de estado sólido, os lasers geram forte assinatura ao serem disparados. os segmentos de Medição e inteligência de assinatura e de inteligência de tecnologia tornam-se, hoje, importantes parceiros na detecção e neutralização das capacidades de um adversário.
as reflexões deste artigo são de um ex-aviador. com sorte, militares das demais Forças contribuirão com suas opiniões, ideias e críticas. isso seria bom. não faz muito tempo, um artigo publicado na revista Air and Space Power Journal afirmou querer imprimir nos leitores “um senso de urgência”
com respeito a armas de energia dirigida35. isso aconteceu. embora este ex-aviador não seja um físico, quero reforçar o coro do “pessoal com senso de urgência”. Sim, a tecnologia fascina os aviadores. agora vem o concomitante exercício de geração de ideias para lidar com a assombrosa tecnologia laser, mediante a criação de cenários realistas. É preciso manter vivos o diálogo e o raciocínio. com sorte, outros começarão a refletir sobre essas questões. no ano passado, Joseph cirincone, presidente da entidade Ploughshares Fund, ficou satisfeito com o cancelamento de verbas para o laser aerotransportado, a ponto de chamá-lo de “elefante Branco voador”, que nunca viria a funcionar36. esse deboche não se justifica. Suas declarações e as de outros, de igual teor, evocam o que disse John Haldane, Secretário de estado para a Guerra da Grã-Bretanha, em 1910: “não cremos que os aviões tenham alguma possível utilidade para fins de guerra”37. evidentemente, 30 anos mais tarde, quase uma frota inteira foi destruída em Pearl Harbor, e a Grã-Bretanha, país de Haldane, perdeu o HMS Repulse e o HMS Prince of Wales três dias depois.
os sistemas de armas a laser são extraordinariamente letais, porque podem operar à velocidade da luz — o laser é luz. essas armas apresentam, portanto, enormes desafios. É possível que haja uma forma de as frotas aéreas sobreviverem a um ataque desse tipo, mas serão necessários planejamento e uma análise franca (e, espera-se, nenhum incidente desastroso) para descobrir como. a história mostra que a comunidade de aviação pode demorar a compreender a importância desses desafios tecnológicos e adaptar-se a eles. Lidar com o novo ambiente letal de lasers — em que o contato é simultâneo ao aperto do gatilho — necessitará a aceitação de ramificações que afetem velhos paradigmas, bem como novas aquisições. essas armas também serão alocadas. cabe observar que H.G. Wells sem dúvida acertou em uma coisa com o conceito de “espada de calor inevitável”: a palavra “inevitável”. MR