





































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este documento discute a ambiguidade vivenciada pelos alunos na escola, enfatizando a falta de interdisciplinaridade e a importância de aprender conhecimentos abstratos de forma lúdica. O texto também aborda a evolução da educação no brasil e o papel da escola na sociedade. Além disso, o documento apresenta as lembranças de pessoas sobre sua experiência na escola e as categorias analíticas utilizadas para analisar o sentido da escola.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
1 / 77
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
A Escola do passado e a Escola do Futuro: Reflexões sobre as Memórias de Adultos em Relação à Educação Escolar.
Manoela da Silva Santos
Brasília Julho de 2013
Faculdade de Ciências da Educação e Saúde – FACES Curso de Psicologia
A Escola do Passado e a Escola do Futuro: Reflexões sobre as Memórias de Adultos em Relação à Educação Escolar.
Monografia de Conclusão de Curso elaborada sob a orientação da ProfessoraDoutora Ana Flávia do Amaral Madureira, do curso de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).
Manoela da Silva Santos
Brasília Julho de 2013
Faculdade de Ciências da Educação e Saúde Curso de Psicologia – FACES
i
Dedico esta monografia para todos que acreditam na ação transformadora que a escola tem na vida das pessoas.
ii
Gostaria de agradecer ao meu pai que sempre me apoio e investiu para que eu pudesse realizar os meus sonhos. Às minhas mães que sempre foram cuidadosas e carinhosas comigo. À minha avó Francisca que sempre me incentivou nos estudos. Às minhas irmãs que sempre estiveram do meu lado, dando suporte para tudo que eu precisasse. Aos meus amigos e amigas que me ajudaram e me apoiaram em todos os momentos. Aos professores do Uniceub que participaram da minha formação e me ensinaram que a psicologia é uma ciência sempre atual. Por fim, agradeço à minha professora orientadora Ana Flávia pela paciência e compreensão nesse ultimo semestre. Obrigada pela oportunidade de poder ter sido sua aluna. Suas palavras me confortaram durante todo processo de construção da monografia. Obrigada.
iv
Este trabalho proporcionou uma reflexão sobre mudanças na educação, partindo das memórias de adultos sobre a escola. A pesquisa é uma análise de depoimentos de oitoadultos entre a idade de 18 a 30 anos, e adultos entre 40 a 50 anos, com objetivo de identificar qual o sentido e o significado atribuídos à escola. Foram realizadas oito entrevistas individuais semiestruturadas, que foram gravadas e transcritas posteriormente. Constatou-se que a escola na visão dos adultos tem um papel importante no desenvolvimento social e intelectual sendo também percebida como umaforma de ascensão social. A escola foi um ambiente importante para construir não só conhecimentos formais, mas também relações afetivas duradouras. Estas impressões foram analisadas de forma a contribuir para as reflexões sobre a educação no Brasil. Para a psicologia escolar, essas mudanças sociais e históricas no campo da educação podem trazer grandes contribuições no intuito de investigar novas possibilidades de ensino no contexto brasileiro. Palavras-chave: Educação brasileira, memória, sentido e significado.
5
O desenvolvimento deste trabalho proporcionou uma reflexão sobre mudanças na educação partindo das memórias de adultos sobre a escola. É interessante pensar que, para a psicologia escolar, essas mudanças sociais e históricas no campo da educação, podem trazer grandes contribuições no intuito de investigar novas possibilidades de ensino no contexto brasileiro. A insatisfação com a qualidade de ensino e com a metodologia utilizada pelas escolas é frequente nos discursos de muitas pessoas. Sabemos que a formação é um processo contínuo na vida do ser humano, por isso é preciso reconhecer que ainda há muito a ser feito.
A educação como um todo começa desde o nascimento. Sendo assim, a educação escolar é uma ampliação de conhecimentos e experiências no processo de aprendizagem do indivíduo. O ambiente escolar é um dos principais locais onde se adquire conhecimentos provenientes das disciplinas científicas, contribuindo, em parte, para o desenvolvimento psicológico do individuo em várias dimensões: afetiva, cognitiva e social. A escola nesse sentido é a peça chave para construção de novos saberes e de socialização no contexto das sociedades letradas. O processo de escolarização faz parte da vida cotidiana da grande maioria da população. Sendo assim, o ambiente escolar é uma das recordações presentes na fala das pessoas.
Falar da época estudantil é resgatar o tempo na memória e recordar um momento da vida que deixa marcas em todas as gerações. Recordar não se trata apenas de não esquecer o já vivido, é partir de indagações atuais como busca atenciosa do passado e relacioná-lo ao presente, definindo novos rumos a serem alcançados no futuro. A escola pertence ao imaginário de todos que tiveram a oportunidade de vivenciar a rotina de uma instituição de ensino e, principalmente, passar a maior parte do tempo nas famosas
7 No momento atual, vive-se em plena era da globalização e das transformações tecnológicas. Segundo Severino (2000), esta nova condição exige um redimensionamento de todas as práticas mediadoras de sua realidade histórica, quais sejam, o trabalho, a sociabilidade e a cultura. Pensarmos na educação escolar como ponto de partida para essas possíveis mudanças é valorizar a identidade histórica cultural do Brasil, construindo assim uma nova escola, dando-lhe novos sentidos e significados. No âmbito educacional, ressignificar a escola corresponde incorporar novos elementos como as transformações culturais à rotina escolar, promovendo assim a construção de “pontes” significativas entre a escola e o cotidiano do aluno.
A busca de um novo sentido do saber escolar permite fazer uma série de reflexões a respeito da criação das instituições de ensino, como segundo espaço de socialização e de conhecimento no desenvolvimento do indivíduo. A escola é uma possibilidade de “ser alguém na vida” e poder assim deixar sua marca no tempo. Cabe ressaltar que um dos maiores problemas ainda no Brasil é a desigualdade social. Um dos fatores responsáveis por essa desigualdade é o acesso à educação de qualidade. Esse fato também acaba se entrelaçando a várias outros problemas, como a má distribuição de renda no país e a questão das oportunidades no mercado de trabalho, que estão vinculados diretamente ao acesso à educação.
O espaço escolar é, de certa forma, o reflexo da sociedade a qual está inserida, ou seja, os atores sociais que compõem essa instituição são frutos de um sistema onde os alunos “absorvem” uma quantidade específica de conhecimentos abstratos, que a princípio não têm quase nenhuma ligação com a vida fora da escola. Certas incoerências sobre o que é estudar permeiam o imaginário dos alunos. A escola enquanto espaço educativo precisa ser pensada a partir de suas contradições e realmente questionar suas implicações no desenvolvimento global de seus alunos. Desta maneira, pode-se
8
compreender com maior clareza o seu verdadeiro papel político enquanto instituição social. A relação estabelecida entre o aluno e a escola vem sofrendo diversas mutações ao longo dos anos, afetando diretamente as instituições sociais e as novas gerações.
Atuar no campo da educação exige, dos profissionais, preparação, dedicação e, principalmente, valorizar a transformação que seu trabalho irá fazer no aprendiz e como se repercutirá na sociedade. O psicólogo no contexto escolar além de ser um profissional da saúde é da educação também. Sendo assim, cabe ressaltar que a tendência para autuação do psicólogo escolar seja preventivo, no intuito de acolher não só as necessidades focais dos alunos. É trabalhar também as transformações e demandas de todos os agentes participantes da escola. (Madureira, no prelo).
São inúmeras possibilidade do desenvolvimento de um trabalho mais amplo do psicólogo na escola. Segundo Marinho - Araújo (2010), a intervenção psicológica envolve desde observação, mapeamento do espaço até a escuta dos discursos institucionais. A sensibilidade da escuta psicológica no contexto escolar viabiliza uma ressignificação dos discursos, trazendo contribuições significativas na prática pedagógica. No que se refere à educação escolar, como contribuição para o crescimento intelectual e transformadora da sociedade, a Unesco enfatiza que:
Por todas essas razões, parece-nos que é imperativo impor o conceito de educação ao longo da vida com suas vantagens de flexibilidade, diversidade e acessibilidade no tempo e no espaço. É a ideia de educação permanente que deve ser, simultaneamente, reconsiderada e ampliada; com efeito, além das necessárias adaptações relacionadas com as mudanças da vida profissional, ela deve ser uma construção contínua da pessoa, de seu saber e de suas aptidões,
10
“A escola é criada a partir de um contexto histórico e cultural com a finalidade de transmitir conhecimentos” (Oliveira, 2004, p. 946).
No Brasil, o processo de escolarização referente à educação básica foi iniciado pelos padres jesuítas. No intuito de disseminar a religião e a cultura europeia, os índios foram catequisados segundo a doutrina católica e com os costumes europeus. Os jesuítas aplicavam dois modelos de instrução, um para os índios que era mais centrado na leitura e na escrita e poucas operações, e outra voltada para os filhos dos colonos consistindo no ensino mais culto (Oliveira, 2004).
A primeira escola, então, surge nesse contexto de catequese e recebe os filhos dos portugueses e da elite colonial, obedecendo a um regime de internato. Ainda no século XVIII, os ensinamentos propostos pelos jesuítas eram alheios à coroa portuguesa, que queria colocar as escolas a serviço do Estado e não mais da fé. Em 1759 expulsam-se os jesuítas e a educação brasileira é organizada pelo Estado. Uma nova disposição no modelo de educação é gerada, onde o ensino era ministrado em escolas especificas das matérias (Oliveira, 2004). Lembrando que as repetições e memorizações utilizadas pelos jesuítas ainda são estratégias de ensino na atualidade.
Segundo a Constituição de 1824, a instrução primária é gratuita para todos os cidadãos. Ir à escola nem sempre foi direito de toda a população, a educação no Brasil só foi “universalizada” em 1889 em termos legais com a proclamação da República. No decorrer de três séculos, a educação escolar para a maioria da população brasileira era um privilégio. Do período imperial aos dias atuais, a educação no Brasil passou por diversas mudanças, desde a metodologia até a criação de escolas públicas (Bello, 2001).
11 Já em 1827 a primeira Lei Geral de ensino cria colégios nas vilas e cidades mais populosas do império, que permite também a presença de meninas. Agora então o professor orienta os melhores alunos, que repassam o conhecimento para o restante da turma. Ainda não se separam os alunos por faixa etária e sim por estágio de conhecimento (Moraes, Vidal, Hilsdorf e Haddad, 2007).
Neste período, a educação brasileira teve influência do filósofo francês Augusto Comte, que pregava o ensino leigo, livre e gratuito. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira. Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas para formação social do indivíduo (Piletti, 1996).
Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. Após a primeira guerra mundial aumenta o número de proletários imigrantes no país. Com as revoluções capitalistas, a classe burguesa impregnada com pensamentos iluministas luta pelo direito universal de ensino. Responsabilizando o Estado pela educação da população e pela inclusão das disciplinas científicas nos currículos escolares (Falcon, 2006).
Em 1920, a importância da educação para o desenvolvimento do país ganha força e surge o movimento da Escola Nova, que propõe reinventar a escola a partir dos conhecimentos psicológicos, biológicos e de outras ciências. O aluno agora é o principal foco da escola, fazendo do ensino uma realidade próxima do aluno e o conteúdo mais interessante. Pioneiros do Manifesto da Escola Nova defendem a universalização da escola pública gratuita. Anísio Teixeira, como principal membro e a favor das escolas
13 A palavra, nestas dissertações, se esvazia da dimensão concreta que devia ter ou se transformar em palavra oca, em verbosidade alienada e alienante. Dai que seja mais um som que significações e, assim, melhor seria não dize-las. Por isto mesmo é que uma das características desta educação dissertadora é a sonoridade da palavra e não sua força transformadora (Paulo Freire, 1987, p. 33). Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de modificação da educação brasileira. O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti- democrático de sua proposta ideológica de governo. E no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. (Moraes, Vidal, Hilsdorf e Haddad, 2007).
Com fim do regime militar, questões referentes à educação foram repensadas e pensadores de outras áreas do conhecimento passaram a falar da educação no sentido mais amplo, desde sala de aula até a metodologia a ser utilizada. Em 1996 foi aprovada a nova Lei de Diretrizes e Bases, iniciando-se uma nova etapa da educação no Brasil (Oliveira, 2004).
Até os dias de hoje, muitas questões têm mudado no planejamento da educação brasileira como: a criação do Enem, o Prouni e o mais recente a divisão das escolas por ciclos ou mais especificamente a divisão das séries escolares, de acordo com as fases de desenvolvimento humano. A história da educação no Brasil tem suas características bem demarcadas pelas suas rupturas políticas, o que nos possibilita compreender que mesmo passando por diversas rupturas, em termos de qualidade não avançamos muito, porém estudos do IDEB buscaram representar a qualidade da educação levando em
14
consideração dois aspectos: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Segundo essas pesquisas, foi possível perceber uma crescente melhora na qualidade da educação.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), ocorreu uma melhoria no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) nos anos iniciais cuja nota média passou de 4,2, em 2007, para 4,6, em 2009. Como mostra a figura abaixo:
Figura 1. Índice de desenvolvimento da educação básica nos anos iniciais. Não podemos deixar de pontuar o fato de que hoje os alunos têm mais acesso ao conhecimento. Todavia, a qualidade do ensino não é coerente com todos esses novos meios de adquirir conhecimento, ou seja, não está acompanhando tal desenvolvimento. Diante das inúmeras demandas que perpassam as discussões sobre a educação no Brasil, a primeira delas é a falta de investimento político, de fato, na educação. O descaso e a falta de planejamento em relação à educação, infelizmente, são marcas visíveis do desenvolvimento do país. No momento atual, as necessidades da educação são outras, sendo dever, então, desse investimento ser ajustado para essas novas necessidades. Em vários jornais dos Estados Unidos, por exemplo, apontam que a deficiência no sistema
16 Por fim, a educação no Brasil parece que está passando por uma nova ruptura e que, dessa vez, se aproprie de modo crítico e criativo dos modelos estrangeiros, de forma articulada à nossa realidade cultural. Porque só assim estaremos caminhando para um novo cenário na educação escolar brasileira
17
A memória pode ser traduzida como recordação de algum fato do passado que pode vir à tona no pensamento de cada um no momento presente, e até uma habilidade de guardar conteúdos ou informações de algum fato vivido no passado. Nesse sentido, estudar as lembranças das pessoas nos permite aprofundar em conteúdos que fazem parte das nossas vidas, sejam lembranças vividas na família, na escola, entre amigos ou em grupos de trabalho. Lembrar-se de um fato ocorrido é reflexo de nossas experiências e relações interpessoais.
Situando o estudo da memória com a presente da pesquisa, um clássico para o estudo em questão é a obra A Memória Coletiva , de autoria de Maurice Halbawchs (1877-1945), que traz contribuições importantes a respeito das nossas lembranças e o fato de nos recordarmos das experiências a partir da convivência com o outro. Nossas lembranças não são totalmente nossas, precisamos nos apoiar nas lembranças dos outros. “A memória é coletiva e permanece coletiva, no sentido de que alguns fatos são lembrados pelos outros, mesmo que o evento tenha acontecido somente comigo e que só eu participei, vi e senti. Na realidade, nunca estamos sozinhos” (Halbawchs, 2006, p.39).
De acordo Halbawchs (2006), a recordação de um fato ocorrido é baseada nas lembranças e experiências em que vivemos com uma pessoa ou com muitas. A partir do momento que entramos em contato com alguém que viveu uma experiência semelhante, nossas lembranças afloram e conseguimos recordar em comum os fatos passados, circunstâncias que não são as mesmas embora relacionadas aos mesmos eventos.