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A Educação Física Escolar e sua Contribuição para a Promoção da Saúde, Esquemas de Psicologia da saúde

Este artigo discute as possibilidades de desenvolver a educação física escolar, visando a transmissão do conhecimento científico e o reflexo benéfico para a saúde e a vida das pessoas. Aborda a importância da educação física na prevenção de doenças crônicas, na educação para a saúde e na adoção de um estilo de vida saudável. Apresenta uma análise crítica sobre o papel da educação física na escola e sua contribuição para a redução dos custos com serviços médico-hospitalares.

Tipologia: Esquemas

2023

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estudos, Goiânia, v. 33, n.7/8, p. 643-653, jul./ago. 2006.
(UCG), nas escolas da rede de ensino municipal de Goiânia (GO),
um contexto que merece maior reflexão dos educadores. Trata-se
de refletir sobre o papel da educação física escolar e da oportu-
nidade de aumentar a sua representação social na comunidade.
Essa discussão se inicia com base na constatação de que
é crescente o aumento das doenças crônicas não transmis-
Resumo: neste artigo apresentamos algumas reflexões
sobre as possibilidades de se desenvolver a Educação Físi-
ca escolar para crianças e jovens, numa perspectiva em que
a transmissão sistematizada do conhecimento científico seja
um ganho capaz de influenciar os alunos em situação de
egressos, para a aquisição de hábitos saudáveis como a ati-
vidade física para a promoção da saúde, e para a contribui-
ção da diminuição das estatísticas das doenças crônicas
não-transmissíveis da fase adulta, decorrente na maior par-
te dos casos do estilo de vida sedentário.
Palavras-chave: educação física, conhecimento escolar,
sedentarismo e saúde
MADE JÚNIOR MIRANDA
EDUCAÇÃO FÍSICA
E SAÚDE
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NA ESCOLA
emos observado em trabalhos desenvolvidos na Supervi-
são do Estágio Escolar l1 do curso de graduação em
Educação Física da Universidade Católica de Goiás
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estudos

, Goiânia, v. 33, n.7/8, p. 643-653, jul./ago. 2006.

(UCG), nas escolas da rede de ensino municipal de Goiânia (GO), um contexto que merece maior reflexão dos educadores. Trata-se de refletir sobre o papel da educação física escolar e da oportu- nidade de aumentar a sua representação social na comunidade. Essa discussão se inicia com base na constatação de que é crescente o aumento das doenças crônicas não transmis-

Resumo: neste artigo apresentamos algumas reflexões sobre as possibilidades de se desenvolver a Educação Físi- ca escolar para crianças e jovens, numa perspectiva em que a transmissão sistematizada do conhecimento científico seja um ganho capaz de influenciar os alunos em situação de egressos, para a aquisição de hábitos saudáveis como a ati- vidade física para a promoção da saúde, e para a contribui- ção da diminuição das estatísticas das doenças crônicas não-transmissíveis da fase adulta, decorrente na maior par- te dos casos do estilo de vida sedentário.

Palavras-chave: educação física, conhecimento escolar, sedentarismo e saúde

MADE JÚNIOR MIRANDA

EDUCAÇÃO FÍSICA

E SAÚDE

T

NA ESCOLA

emos observado em trabalhos desenvolvidos na Supervi- são do Estágio Escolar l^1 do curso de graduação em Educação Física da Universidade Católica de Goiás

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, Goiânia, v. 33, n.7/8, p. 643-653, jul./ago. 2006.

síveis^2 em nossa sociedade, sobretudo em crianças e adolescen- tes. Sabe-se que essas doenças são na maioria dos casos um pro- cesso de construção diretamente relacionado com o conjunto de hábitos de vida adotados desde as idades mais tenras. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo estimular uma reflexão sobre as possibilidades de intervenção da Educação Fí- sica no âmbito escolar com o reflexo benéfico para a saúde e a vida das pessoas. Dados do Ministério da Saúde (2001) indicam que o estilo de vida é o fator isolado mais importante na determinação da mortalida- de por todas as causas. É também responsável por 54% do risco de morte por infarto e por 50% do risco de morte por derrame cerebral. Eles constituem, hoje, as principais causas de morte em nosso país. Estudos epidemiológicos e experimentais evidenciam uma relação positiva entre a atividade física e a diminuição da morta- lidade. Eles indicam que a atividade física é um fator que evita os riscos de enfermidades cardiovasculares, perfil dos lipídeos plasmáticos, tem efeito positivo na manutenção da densidade óssea, na redução das dores lombares e oferece melhores perspectivas no controle de enfermidades respiratórias crônicas. Segundo es- tes mesmos estudos, ‘ser ativo’ é tão importante para a saúde quanto manter uma alimentação equilibrada, não fumar ou não usar álcool e outras drogas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). A Figura 1 apresenta os principais fatores de risco relaciona- dos com as doenças crônicas não-transmissíveis. O sedentarismo é o fator de maior representatividade.

Figura 1: Prevalência de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não-Transmissíveis Fonte: Rego et al. (1990).

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Alcolismo (^) Obesidade (^) Hipertensão Tabagismo (^) Sedentarismo

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(tempo e equipamento) reduz em 3,2 dólares os custos médicos. Os indivíduos fisicamente ativos economizam aproximadamente 500 dólares por ano em gastos com a saúde. Na Austrália, cada 1% de aumento no nível de atividade física de adultos está associado a uma economia estimada de aproximadamente sete milhões de dólares em gastos potenciais com tratamentos para ataque cardía- co, derrame, diabetes, câncer de cólon, câncer de mama e quadros depressivos (WHO/CDC, 2000).

O PAPEL DA ESCOLA

Os estudos relacionados à atividade física para promoção da saúde na escola estão intimamente relacionados ao papel da esco- la na sociedade e em especial da Educação Física Escolar como área do conhecimento que trata das atividades corpóreas e do mo- vimento. Basicamente, os maiores estudos que fundamentam essa importante necessidade, na perspectiva da escola assumindo uma grande parcela de responsabilidade na formação de conceitos e procedimentos relacionados à saúde, são encontrados em países desenvolvidos, em especial, nos Estados Unidos, no Canadá, Reino Unido e Norte Europeu. O estágio de desenvolvimento dos conhecimentos sobre a problemática saúde e escola tem sido objeto de estudos de pesqui- sadores em várias partes do mundo. A grande preocupação reside no fato de que algumas doenças, por exemplo, as cardiovasculares, são conseqüências de práticas inadequadas adotadas durante anos de vida do indivíduo. Para Daniels ( apud MAITINO, 1998), o processo fisiopa- tológico que resulta em morbidade e mortalidade de doenças cardiovasculares inicia-se nos primeiros anos de vida e apresenta longa fase subclínica. Portanto, o processo de desenvolvimento aterosclerótico tem seu início na idade pediátrica, quando coeren- temente medidas profiláticas devem ser implementadas com base na escola primária, envolvendo a família e a comunidade. Na perspectiva educacional, Jacobson e Lillienfeld ( apud MAITINO, 1998) sugerem que esforços para prevenir ou retardar o processo aterosclerótico devem ser direcionados para a criança, já que lesões potencialmente irreversíveis e assintomáticas podem existir na terceira ou quarta década de vida.

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Pelo bom senso, a escola, acompanhada do engajamento da família e das políticas governamentais de saúde, seria o local ideal para o início da educação para a saúde e a Educação Fí- sica Escolar seria a condutora principal deste processo peda- gógico. Gerber (1992), Patê (1995), Maitino (1998) dizem que crian- ças em idade escolar apresentam vários indicadores de risco os quais, na idade adulta, são preditivos da doença coronariana, ra- zão pela qual a prevenção primária da aterosclerose deve ser ini- ciada precocemente. Sugerem ainda a escola como espaço de excelência para o início de procedimentos pedagógicos sobre Educação para a Saúde. Outros pesquisadores da área, como Armstrong e Sleap ( apud MAITINO, 1998), admitem que a escola, através da Educação Física, tem um papel importante a desempenhar neste desafio, considerando que a Educação Física também trabalha o movi- mento humano, entendido aqui como variável de grande interes- se no processo de aquisição e manutenção da saúde. O reconhecimento social da Educação Física na escola pro- vavelmente não seja sua base de sustentação, se não o for por força de lei que a torne obrigatória em alguns casos^3. Esta situ- ação pode estar associada à excessiva ênfase dada às práticas esportivas em detrimento de conhecimentos que são aplicáveis na vida egressa do aluno. Não se trata necessariamente de negar a prática pela prática, ou o fazer pelo fazer, mas, sim, dar um incremento capaz de aumentar a significância da Educação Físi- ca para a vida das pessoas. Portanto, se considerarmos a Educa- ção Física tal qual ela vem sendo desenvolvida na maioria das escolas brasileiras e as estimativas de mortes apresentadas ante- riormente pelo Ministério da Saúde diante das DCNT, podemos dizer que no aspecto saúde ela não tem sido muito resolutiva. Sleap ( apud MAITINO, 1998) observou que a Educação Fí- sica escolar freqüentemente se apresenta como a educação do ou através do físico, mas ela deveria ser também a educação sobre (ou para) o físico.Ou seja, a educação sobre como manter o corpo em condições ideais para melhorar a qualidade e quantidade de vida deve ser considerada tão relevante quanto os ensinamentos de habilidades dos jogos esportivos, que muitas das vezes não são mais praticados quando terminados os dias escolares.

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ocorre estreita ligação com o ambiente familiar, o que pode ser um excelente mecanismo para influenciar os pais, se alterações significativas forem observadas no comportamento das crianças em relação às aulas de Educação Física. Dados da WHO/CDC (2000) dizem que a influência dos pais na atividade física dos filhos é muito representativa:

  • Se a mãe for ativa, o filho tende a ser 2 vezes mais ativo; se o pai for ativo, o filho é 3,5 vezes mais ativo e se o pai e a mãe forem ativos, o filho será quase 5,8 vezes mais ativo do que as crianças de pais sedentários. Atualmente, há pouca dúvida sobre se o estilo de vida ativo pode ajudar a proteger uma pessoa das DCNTs. A Educação Física na escola primária pode assumir o importante papel de trabalhar o aspecto de prevenção das DCNT. O Relatório da Her Majesty’s Inspectorate ( apud DOWLING,
  1. comentou que muitas horas são gastas nas escolas ensinando as habilidades da maioria dos desportos e que uma grande parcela desses escolares não prosseguiriam com estas práticas quando concluíssem seus estudos. A Educação Física na escola pode ser uma contribuição tão propícia para a promoção da saúde que provavelmente não haja outro lugar para contemplar esta função. Pode, assim, facilitar o crescimento físico e educar as crianças sob vários indicadores da saúde proporcionados pela atividade física^4. Para alguns pesquisadores, como Sleap (1990), fica difícil imaginar que outros objetivos a educação física possa ter dentro da escola senão os da saúde.

O CARÁTER INTERDISCIPLINAR DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A SAÚDE

Acreditamos que a escola, com base numa concepção fragmentária de trabalho do conhecimento (FAZENDA, 1994, p. 31), limita suas possibilidades de educação para a vida. Assim, partimos da convicção de que a possibilidade de trocas entre todas as disciplinas, através do diálogo e da interação num mesmo projeto político pedagógico, é um elemento de integração capaz de promover avanços significativos nas pretensões educacionais da escola.

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Contudo, considerando que o conhecimento que temos freqüentemente influencia nossas práticas, podemos entender que o fato de acumular conhecimentos transcende e independe da proposta político-pedagógica da escola, pois é provável que professores bem informados, cultos e formadores de opinião acabem por vezes influenciando seus alunos. Assim, justifica- se a importância de que todos os professores/educadores este- jam atualizados com os conceitos básicos sobre exercícios e ciências da saúde, além de terem bem claro o crescente corpo de conhecimento associado com a adesão ao exercício. Logo, imaginamos uma escola que seja capaz de orientar o indivíduo para a vida, mostrando-lhe os caminhos para a cida- dania e dando-lhe o referencial necessário para que possa, com sabedoria, zelar pela sua saúde e bem-estar. De fato, nosso propósito é reforçar a idéia de que os esco- lares devem ter acesso a um conjunto de informações teóricas e práticas, bem como à atividade física regular, segundo os conceitos científicos direcionados para a aquisição e manu- tenção de níveis satisfatórios de aptidão física, com aceitação do estilo de vida saudável e com a adesão na fase adulta. Trata- se de oferecer às crianças uma formação escolar, pois a escola é um espaço adequado para receber conteúdos e procedimen- tos didático-metodológicos relacionados à atividade física e à saúde. Portanto, entendemos que o trabalho integrado da es- cola sugere uma maior possibilidade de influenciar os educandos para a aquisição de hábitos saudáveis e para a ati- vidade física com o intuito de promover a saúde no decorrer de sua vida.

CONCLUSÃO

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no seu artigo 26, parágrafo 3°, estabelece que

a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da es- cola, é componente curricular da Educação Básica, ajus- tando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.

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ção Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. (^4) Exercícios físicos regulares, exercícios cardiopulmonares, exercícios neuromusculares, modo duração, intensidade, freqüência, indicações etc.

Referências

BARROS, A. J. Fundamentos de metodologia. 2. ed. ampl. São Paulo: Makron Book, 2000. BRASIL. Ministério da Educação e dos Desportos. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9. 394 de 20 de dezembro de 1996. DIÁRIO Oficial da União, 23 dez. 1996. p. 27.833 - 27.841. DOWLING, F. A health focus within physical education. In: BIDDLE, S. (Ed.). Foundations of health-related fitness in physical education. London: Ling.,

  1. p. 13-18. FAZENDA, l.C.A. Interdisciplinarídade : história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus,1994. GERBER, Z. R. S. Fatores de risco aterosclerótico na infância : estudo epidemiológico. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1992. MAITINO, E. M. Fatores de risco da doença coronária em escolares do ensino básico e suas interfaces com a Educação Física. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Campus de Marília,

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agita Brasil – guia para agentes multiplicadores, jul. 2001. PATÊ, R. R. et al. Physical activity and Public Health. The Journal of Amerícan Medical Association, Chicago, v. 273, n. 5, Feb. 1995. p. 402-407. SLEAP, M. Promoting health in phmary school physical education_._ In: ARMSTRONG, J. N. New directions in physical education. Rawdon, Leeds, England: Human Kinetics Publishers, 1990. p. 17-36. V. 1. PROGRAMA Agita São Paulo. Manual de orientação, São Paulo, 1998. REGO. R. A. et al. Saúde pública , v. 24, n. 277-285, 1990. WHO/CDC. World Health Organization/CDC Collaborating Center on Physical Activity ande Healht Promotion, Promoting Physical Activity: a best buy in public health, 2000.

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Abstract: in his article we introduce some thoughts about the possibilities of scolar physical education developing, through the perspective of systematized transmission of scientific knowledge able to influence the graduated outsider students, in the building of habits the physical activity for the health as increasing, working for getting better of chronical disease non-transmissible of adult ‘fase’, which are in many times consequence of sedentary life style.

Key words: physical education, scholar knowledge, sedentarism and health

MADE JÚNIOR MIRANDA Mestrando em Meio Ambiente e Saúde na Universidade Católica de Goiás (UCG). Professor no Departamento de Educação Física e Desportos da UCG. E-mail : madejr@ig.com.br