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Uma monografia sobre a relação entre o homem e a natureza no contexto do capitalismo, abordando a degradação ambiental e a busca por desenvolvimento sustentável. O autor discute a histórica e social da relação entre a sociedade moderna e a natureza, as diferentes formas de produção econômicas, e a importância de retornar a práticas produtivas mais sustentáveis. A monografia faz uma analogia entre o sistema produtivo do camponês e do capitalista, contrapondo a relação destes com a natureza e a importância que é dada a ela em cada um destes meios de produção.
O que você vai aprender
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Monografia apresentada à FETREMIS , como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Educação do Campo sob orientação da Profª. Esp. Veronice Alves de Souza. SÃO PAULO DAS MISSÕES – RS 2012
“Uma ideia que se instala em uma cabeça em breve se torna uma resolução. E uma resolução só nos deixa em paz quando a pomos em prática”. Maurice Druon
A Deus, pelo sopro da vida e sua presença constante em minha existência; Agradeço aos meus familiares, em especial à minha mãe e irmã, por sempre acreditarem em mim; Aos poucos e bons amigos com quem tive a oportunidade de compartilhar essa “nova” trajetória intelectual/acadêmica, em especial a Eliane Devens, Rosani Lunardi, Solange Gussão, pelas conversas jogadas ao vento; Aos poucos bons educadores que tive nessa trajetória do ensino fundamental e médio até o superior. Agradeço à minha orientadora por ter me auxiliado nessa trajetória árdua e prazerosa da elaboração da monografia de Pós-graduação.
A presente monografia do programa de pós-graduação em Educação do Campo, intitulada “A Degradação Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável Perante Expansão do Sistema Capitalista” , aborda a dicotomia social, histórica ou mesmo antropológica que há entre o homem e natureza, assim como o processo de apropriação e degradação ambiental. No sistema capitalista, existem duas classes: a abastada e a não abastada, a qual é posta a serviço do mesmo. No entanto, não se considera a relação entre o homem e o ambiente, nem mesmo as diferentes formas de apropriação do espaço geográfico. O homem tem buscado adaptar a natureza conforme as suas necessidades, ou seja, passou a concebê-la apenas como fornecedora de matéria-prima, ao mesmo passo em que fez emergir na sociedade diferentes desejos de consumo. A presente organização social está pautada na lógica do consumismo, no modismo , no descarte sem se ater as consequências ambientais, resultantes das ações antrópicas. Segundo Vesentini (1950), a atual “crise ecológica” é resultante das relações que ocorrem entre a sociedade moderna e a natureza, onde a mesma é posta a serviço do capital como mera fornecedora de matéria-prima. A evolução do homem não significou necessariamente uma melhor relação com o espaço, no qual se encontra inserido, mas uma maior apropriação do mesmo, o que se caracterizou com uma ampliação nas áreas degradadas. O presente trabalho monográfico encontra-se dividido em três capítulos. No primeiro é apresentada a “ A relação homem-natureza e a degradação ambiental ”, em que é feita uma análise a partir do atual modelo de sociedade que tem vigorado desde a emergência do presente sistema capitalista. No entanto, esse modo de produção concebia a natureza apenas como fornecedora de materiais para a indústria, não tendo a percepção de que a mesma não é infinita, mas finita. No século XXI, o homem toma consciência da sua relação de dependência, passando a buscar o equilíbrio entre produção e degradação, pois este conseguiu dominar os meios de produção, mas não conseguiu se libertar da relação de dependência do homem para com a natureza. Com isso, se faz necessário regressar ou adotar outras práticas de produção, análise dos modelos produtivos passados, a fim de que práticas tidas como rudimentares volte a vigorar em nome da “sustentabilidade”. No Segundo capítulo, intitulado “ O sistema capitalista versus camponês e a degradação ambiental ”, faz uma analogia entre o sistema produtivo do camponês e do
A relação homem-natureza tem sofrido algumas alterações, as quais se dão de forma efêmera, a fim de sanar as “necessidades” dos mais diferentes grupos sociais, cada sociedade possui seus modelos de consumo, o que tem ampliado a degradação ambiental. “O capitalismo é questionado tanto por explorar o proletariado como também, e de forma interligada, por rapinar a natureza, a terra, por gerar necessidades artificiais e exigir intensa exploração irracional dos recursos” (VESENTINI, 1950, p. 48). É perceptível que os avanços da sociedade capitalista fez emergir “novos” desejos de consumo, os quais muitas vezes são sazonais. Desta forma, amplia-se a relação entre a produção e o descarte, contribuindo para uma constante re-significação do espaço natural perante o espaço geográfico, o qual se apresenta imponente. É valido ressaltar que, para a natureza nas mais diferentes sociedades não é dado a sua real importância, ao passo em que esta é posta como mera fornecedora de matéria-prima. Os grupos sociais capitalistas ignoram a sua dependência e exaltam seu poder de dominação e transformação, mas não o faz de forma planejada e equilibrada. Essa “crise ecológica” que temos na atualidade é fruto das gerações passadas, pois concebiam a natureza como algo infinito e sobre esta aplicavam inúmeras técnicas a fim de obter acúmulo de capital. Assim, a falta de planejamento ou manejo adequado instaurou a crise que se tem na atualidade. Como podemos verificar nas palavras de Vesentini (1950, p.10), “a atual ‘crise ecológica’ nos mostra que há a um desequilíbrio nas relações entre sociedade moderna e natureza e a inquirição da origem desse fato nos conduz a uma concepção de natureza enquanto recurso, o que ocorreu na ‘revolução tecno-científica’ dos séculos XVI e XVII”. Em consonância com Vesentini (1950, p.17), “o sistema que temos na atualidade está pautado nos ideais ou concepções de alguns séculos, os quais, vigoram desde a revolução industrial do final do século XVIII e do século XIX, onde a natureza é vista como um recurso infinito e inesgotável, o qual, esta inteiramente a serviço do homem”. Hoje no século XXI, o homem esta sendo obrigado a repensar o modelo de sociedade que se tem, e o ideal, a fim, de assegurar a sua existência, ao passo que se compreende que a natureza não é infinita, mas finita. Como podemos evidenciar posteriormente a natureza era/é vista por muito como recurso/matéria-prima a serviço do capital, nesta perspectiva o homem se isola da natureza, ampliando os conflitos e a degradação. É válido ressaltar o entendimento que se tem de natural/natureza, ou seja, “na percepção dos preservacionistas, [...] ‘natural’ era aquilo que prescindia da presença ou
autuação humana, e que permanecia tal como foi originalmente criado pela ‘ação divina’” (BRITO, 2000, p. 21). Os preservacionistas defendem a necessidade de um replanejamento das ações humanas, um repensar da relação homem-natureza, pois quando se busca outros exemplos de sociedades e se propõem a analisar as sociedades primitivas fica evidente uma maior relação do homem para com a natureza. Isso se deve às técnicas rudimentares de produção e à dependência dos fatores climáticos, pois o homem não produzia chuvas em laboratórios. O homem da atualidade “[...] não é mais aquela ‘primeira natureza’, sujeita apenas as necessidades biológicas, mas é fundamentalmente um produtor de cultura que só vive em plenitude à custa de comida de idéias e de liberdade para pensar, realizar e decidir” (CARVALHO, 1990, p. 81). O distanciamento do homem com a natureza se inicia ainda na Pré-história, com a dominação do fogo e posteriormente com a invenção da roda, ou seja, quando o homem toma consciência de si mesmo, possuindo o entendimento do seu poder de transformar a natureza, a fim de sanar as suas necessidades. Esse momento pode ser visto como a libertação do homem da natureza, mas ao mesmo tempo o elevou a condição de dominador, passando a ser o ser racional/pensante , capaz de transformar sua realidade/espaço. Nas sociedades primitivas ou pré-capitalistas, como nos aponta Carvalho (1990, p.29), “a natureza era tida como um todo não havia separação de homem, natureza, como passou a existir nas sociedades de classes, esta separação esta fundamentada na desigualdade social”. Com o aprimoramento dos meios de produção e com o acúmulo de capital por parte de alguns capitalistas, foram formadas novas concepções de natureza, a partir da apropriação/ acúmulo de capital. Como supracitado no sistema capitalista, os burgueses a fim de acumular capital, se libertam do modelo de produção de subsistência, passando a uma escala mais ampla, ou seja, comercial. Esse momento pode ser visto como a libertação do homem/natureza. Porém, a natureza se torna cativa do sistema e posta na função de mera fornecedora de matéria-prima para a indústria, ou seja, um instrumento a serviço do capital. A dicotomia entre o homem-natureza é evidente na sociedade atual, uma vez que o homem tem se adaptado aos mais diferentes lugares do globo terrestre. Utilizando-se do domínio das técnicas, o homem tem transformado os espaços naturais, enquanto que outros animais possuem a dependência da natureza, não podendo modificá-la, mas tendo que se adaptar ao meio no qual estão inseridos. Segundo Gonçalves (2002, p.94),
O homem está no auge de sua evolução. Dominou os meios de produção, conseguiu alterar, ou mesmo, habitar em quase todos os espaços do globo terrestre. Mas, podemos perceber “[...] como a natureza hoje exige novos conceitos e formas de abordagem e como o futuro da humanidade liga-se a preservação da biosfera” (VESENTINI, 1950, p. 17), ou seja, natureza vai além do verde dos campos ou fragmentos florestais existentes, o homem é natureza. Na atual sociedade, temos diversos conflitos ecológicos, em consequência de ações não pensadas/planejadas em longo prazo, fruto do imediatismo de nossa sociedade. Mas, mesmo mediante dessa crise ecológica, o homem ainda não tomou total consciência da gravidade desta questão, pois é possível fazer um paralelo entre o ser pensante e o ser não racional. Como nos mostra Serres (1991, p.40), “espécies sujas, macacos e automobilistas, rapidamente deixam cair o seu lixo porque não habitam o espaço por onde passam e o emporcalham”, ou seja, não há uma real preocupação, pois o descarte dos dejetos produzidos nem sempre possui o destino correto, isso faz com que se conserve apenas seu ninho/casa limpo. O espaço urbano é uma das muitas obras que comprova a capacidade do homem em alterar o espaço natural para geográfico. Neste, podem ser observadas diferentes relações com a natureza. Quando se tem um nível elevado de degradação ambiental (poluição do ar, água, solo, lixo nas ruas, dentre outras), havendo meios para que os indivíduos possam refletir sobre seu papel, enquanto agente social de transformação. Os seres humanos possuem a capacidade de construírem imensos espaços de concreto, onde a natureza “natural” muitas vezes não se faz presente. É válido ressaltar que essa crise ambiental tem sua gênese do conhecimento humano, na evolução dos meios de produção, relação homem/natureza. Para Leff (2002, p.207), A crise ambiental é a primeira crise do mundo real produzida pelo desconhecimento do conhecimento; da concepção do mundo e do domínio da natureza que geram a falsa certeza de um crescimento econômico sem limites, até a racionalidade instrumental e tecnológica vista como sua causa eficiente. A degradação ambiental nada mais é que um dos reflexos das ações do homem sobre a natureza. O saber científico acumulado, posto nas últimas décadas inteiramente a serviço do capital, tem ampliando a busca pelo lucro, ao mesmo passo em que não se busca a preservação ou a conservação, já que, não há um manejo consciente por parte dos capitalistas, a qual se pauta na lógica da acumulação. Com isso, cria falsos desejos de consumo, vende ideias de bem-estar social, ou mesmo, impõem à sociedade padrões de beleza, consumo e vendem a ilusão da felicidade e de bem-estar. Não havendo prioridade na conservação
ambiental, mas sim, a satisfação imediata em termos financeiros. No entanto, a natureza não é considerada em toda sua magnitude, tida apenas como algo a serviço do capital. Nas últimas décadas tem crescido a conscientização ecológica, não somente no local, mas no global. Haja vista, que a natureza/biosfera é algo integrado/interligado, os acontecimentos não ocorrem exclusivamente em um ponto da terra e se limita a este, mas tudo esta interligado, havendo uma relação em cadeia. Com isso é necessário que a nossa geração pense e replaneje a sua maneira de viver, passando a construir novas concepções de natureza/preservação. Segundo Brito (2000, p.15), “como forma de minimizar essa perda de biodiversidade, tem-se recorrido ao estabelecimento de unidade de conservação. O estabelecimento dessas áreas reservadas dos processos do desenvolvimento tem sido uma prática política adotada mundialmente”. A busca pela preservação da biodiversidade tem a sua gênese nos Estados Unidos da América, em decorrência das grandes perdas ecológicas tidas pela ocupação desordenada sem o manejo adequado. Segundo Diegues (2000, p.11), “o modelo de criação de áreas naturais protegidas nos Estados Unidos, a partir de meados do século XIX, se constitui numa das políticas conservacionistas mais utilizadas pelos países de terceiro mundo.” O qual, busca conciliar os avanços científicos, tecnológicos, a expansão urbana, criação/expansão de áreas de pastagens/agricultura com a conservação e preservação da fauna e da flora, ou seja, promover espaços para que possa ocorrer a manutenção adequada da natureza. 2- O SISTEMA CAPITALISTA VERSUS CAMPONÊS E A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL A degradação ambiental não é algo “novo”, pois desde as mais antigas civilizações, já havia a alteração do espaço natural, com a finalidade de atender aos interesses das civilizações antigas. O período que segue a primeira revolução industrial é marcado pelo aumento da degradação ambiental, onde o homem passa a buscar maior lucratividade, ao passo que se torna cada vez menos dependente da natureza, conquistando a sua liberdade/distanciamento desta. No capítulo anterior, vimos que a relação homem-natureza se altera conforme a evolução humana. O modo de pensar, agir ou mesmo a dependência ou submissão às forças do espaço natural, tem sido superado pelas ações humanas. A autonomia humana tem ampliado a dicotomia entre sociedade e natureza, passando a negar que “o homem e sua espécie são também uma obra da natureza, e só dela” (CARVALHO, 1990, p. 10). Essa
As transformações do espaço geográfico não se restringem unicamente ao espaço urbano. No campo, em especial nas últimas décadas, tem havido uma grande evolução tecnológica dos meios de produção, com a modernização do campo brasileiro, tem havido o enxugamento da mão de obra no campo. O que tem ocasionado a migração do campo para a cidade, ou seja, o êxodo rural. Os indivíduos com pouco poder financeiro são excluídos/marginalizados, os quais tendem a engrossar áreas de favela nos centros urbanos, onde passam a ocupar áreas de risco/inadequadas. O rápido crescimento de áreas periféricas faz emergir inúmeros problemas ambientais. Com isso, há uma maior degradação ambiental, pois muitas vezes, casas são construídas em áreas impróprias, devido ao baixo valor dos terrenos. Segundo Gonçalves (2002), é valido salientar que o modo de vida dos camponeses, e dos capitalistas são distintos. Para o primeiro, o importante é a seguridade da manutenção da família, ou seja, a subsistência, apenas o excedente é comercializado. Já o segundo grupo de indivíduos, possui uma ideologia marcada pela ideia, o lucro/poder por meio da grande concentração de terras ou dos meios produtivos, assim como, pela superexploração do trabalhador e da natureza. O modo de vida camponês como vimos é marcado pelo trabalho familiar, em pequenas propriedades, visando garantir a reprodução/sobrevivência de seus familiares, praticando uma agricultura de subsistência e vendendo uma pequena parcela excedente dessa produção. Nesse sistema há uma maior relação com o ambiente, uma vez que este é o provedor da vida. Como as técnicas utilizadas em sua maioria são rudimentares, há uma maior dependência dos fatores climáticos. Os grandes proprietários não possuem a mesma relação com a terra, pois as técnicas que dispõem de manejo do solo são mais avançadas, podendo superar os fatores climáticos. Também, por meio do emprego dos avanços tecnológicos, utilizando-se também da superexploração do trabalhador assalariado, a fim de obter o lucro. A relação de cada grupo socioeconômico é diferente em cada esfera social, consequentemente há diferentes níveis de degradação ambiental. Espera-se que o desenvolvimento ocorra de forma combinada com a natureza, o ecodesenvolvimento , ou seja, desenvolver a partir de planos e ações, a fim de minimizar as ações antrópicas. Quando se recorre aos pensamentos filosóficos ou sociológicos pautados em Marx, é perceptível que há uma corrente do pensamento que questiona a ideologia de se ter a preservação ambiental, pois “[...] o marxismo chamado de ortodoxos que não acreditam em soluções paliativas para o ‘problema ambiental’, e defendem que o uso racional de recursos da
natureza, do ponto de vista da maioria da população, é incompatível com a manutenção do capitalismo” (MADEIRA, 2002). É valido ressaltar que o sistema capitalista não é regido pela lógica, não há a preocupação necessária com o ambiente, nem com o caminho trilhado para se obter o lucro. Nos dias atuais, ainda não se tornou uma prática comum a investigação e análise técnica a longo prazo quanto as possíveis perdas da fauna, flora ou a degradação do solo, água e ar, ou seja, embora se tenha a necessidade de se fazer o RIMA – Relatório de Impactos Ambientais, nem sempre são realizadas essas investigações devido ao alto custo. No primeiro capítulo, vimos que essa crise ambiental é resultante do conhecimento/desconhecimento que a nossa sociedade produziu ao longo do tempo. Em meio ao caos que se tem na sociedade atual, a questão ambiental tem servido aos interesses de grandes empresários e políticos, pois apenas em períodos que antecedem as campanhas eleitorais é que emergem a consciência cidadã, com uma preocupação demagógica, a fim de angariar votos. Quanto ao fator econômico, podemos pensar o “que seria de uma empresa que vende máscaras de oxigênio se o ar das nossas cidades não fosse contaminado? É para ideologia, se não deslavado cinismo fazer propaganda ‘ecológica’ quando se vive da poluição” (GONÇALVES, 2002, p. 116). É preciso que cada indivíduo tenha a consciência de seus atos e entenda que faz parte da natureza, sabendo da nossa dependência, ou seja, nossa existência depende do equilíbrio ecológico/ambiental. “Se queremos estabelecer uma outra relação com a natureza, devemos ter claro que isso implica uma outra relação dos homens entre si e, dessa forma, se faz necessária muita luta para reverter o quadro atual” (GONÇALVES, 2002, p. 117). Segundo Carvalho (1990), a natureza serve a cada grupo social de maneira distinta, para os capitalistas ela é vista meramente como a fonte da matéria-prima, já para “[...] o camponês, natureza é meio de sobrevivência, ou de outro lado, se para o especulador de terras natureza é investimento imobiliário, já para os índios é um espaço de vida que não se vende e nem se compra” (CARVALHO, 1990, p. 13). A sociedade capitalista é uma sociedade moderna, cujo principal objetivo é puro e simplesmente o acúmulo de renda, tanto o índio, como o camponês, possui uma maior relação com a terra/espaço vivido, o que assegura seu sustento. Percebe-se que os indígenas e os camponeses possuem um modo de vida pautado na ideologia de se produzir apenas o que se necessita para a sobrevivência. “Isso porque quando o objetivo é acumular dinheiro, não há mais limite para a exploração do trabalhador e da natureza. Afinal, qual é o limite do
A partir da I Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ampliaram-se os debates entorno da crise ambiental, visto que era preciso planejar as ações antrópicas, diminuindo a degradação ambiental. A expressão desenvolvimento sustentável originou-se a partir deste encontro e tem se popularizado cada vez mais, o qual propõe a retirada de matéria-prima de forma consciente e equilibrada, já que “o desenvolvimento sustentável busca compatibilizar as necessidades de desenvolvimento econômico e social com as necessidades de preservação ambiental para as atuais e futuras gerações” (DEWES & WITTCKIND, 2006). Na Constituição Federal (1988), artigo 225, é acordado que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O que está pautada nos princípios básicos da sustentabilidade, ou seja, produzir sem degradar, sem comprometer as futuras gerações. Para que isso ocorra deve haver a retirada racional da natureza, com planejamento. No referido decreto, no “§ 1º” é incumbido ao Estado assegurar a preservação/conservação para a concretização desta, o mesmo deverá “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. As Conferências do Meio Ambiente organizadas pela ONU – Organização das Nações Unidas, vem ocorrendo a cada vinte anos, a fim de analisar os avanços obtidos a partir das últimas reuniões, assim como, traçar na coletividade entre as grandes nações, ações futuras para serem implementadas. O desenvolvimento sustentável é visto por muitos como uma utopia perante o sistema econômico que temos em vigor, pois a preservação ou conservação pode ser vista por muitos como um meio de frear o desenvolvimento dos países emergentes. No entanto, utopia ou não, fato é que a nossa existência está atrelada à conservação da natureza, assim como adoção de novos padrões de consumo. Por isso, a educação ambiental nas escolas pode ser apontada como um dos caminhos a ser trilhado, a fim de assegurar a conservação ambiental, pois somos seres pensantes, conscientes, possuidores de conhecimentos e todos somos responsáveis pela manutenção adequada do nosso planeta. Com isso, as ações devem ser tomadas de forma coletiva, pois somos capazes de mudar o mundo.
A dicotomia entre o homem-natureza se ampliou nas últimas décadas. Com os avanços tecnológicos mais facilmente os mais diferentes espaços da natureza tem sido alterado pelas ações antrópicas. Os homens primitivos eram dependentes da natureza, possuindo uma maior relação, já o homem moderno, embora ainda seja dependente desta, não se vê como parte dela, mas se coloca na condição de dominador, enquanto a natureza é posta na condição de mera fornecedora de matéria-prima. A atual crise ambiental que temos nada mais é do que o resultado do conhecimento humano, o qual foi posto a serviço dos capitalistas. Porém, no século XXI se faz necessário a adoção de novos meios de produção, assim como uma maior relação do homem para com a natureza, a fim de minimizar os impactos ambientais. É preciso que o homem entenda que é da natureza que provem a sua vitalidade e que somos parte desta, não existiremos sem a mesma. Deste modo, devemos buscar produzir sem destruir, pautados na lógica do desenvolvimento sustentável.