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Uma investigação sobre a contribuição e importância do teatro na educação integral da criança, baseada em uma experiência realizada durante uma oficina de teatro em uma escola. O autor argumenta que a linguagem teatral oferece uma grande quantidade de medições semânticas, ampliando as medições conceituais e facilitando a appropriação de conhecimento por parte do aluno. A oficina de teatro é descrita como um espaço privilegiado para comunicação, interacção e criatividade no processo ensino-aprendizagem.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Jorge Amilcar Spencer Ramos
Mestrado em Educação Área de Especialização em Educação Artística
Trabalho efetuado sob a orientação do Professor Doutor Luís Mourão
Setembro de 2013
A Deus por orientar-me na conquista de mais e melhor conhecimento.
Ao meu orientador, professor Doutor Luís Mourão pela preciosa colaboração, um profundo reconhecimento pelo tempo dispensado, interesse, apoio científico e humano.
Ao professor Carlos Almeida a minha gratidão, pelo apoio e disponibilidade demonstrados durante todo este percurso.
À direcção da ESE de Viana do Castelo pelo acolhimento e disponibilidade.
Aos meus colegas do curso desta quarta edição do mestrado de Educação Artística, pela solidariedade e carinho demonstrados.
A todos os que, de forma directa ou indirecta, contribuíram para a concretização deste projeto.
À minha família, pelo apoio e carinho nos momentos mais difíceis.
This dissertation presents the results of an investigation regarding the contribution and importance of theatre for the comprehensive education of children. It discusses the implementation of theatrical activities in school as an educational practice to motivate learning, social interaction and individual expression. Theatre is an art form that emphasizes the use of language and promotes the development of imagination and general thinking. As a collective activity, theatre promotes a special form of interaction and cooperation between subjects. The analysis of the process and of the results was situated within the theoretical frameworks of Koudela, Viola Spolin, Boal and Vygotsky, which impart a historical and cultural perspective to the research. The dissertation describes and evaluates the implementation of a theatre workshop with a group of children at school, and the effects of this activity on the educational process. The chosen methodology was action research, carried out with a class of fifth grade primary school children on the island of Sao Vicente in Cape Verde. The work was carried out with eighteen children aged between ten and twelve. The results obtained confirm the hypothesis that theatrical language constitutes an extremely rich and valuable resource for learning the contents of science in school. These results corroborate the postulates of the theoretical framework adopted which argue that the language of theatre, through the richness of its resources, provides the student with a greater amount of semantic mediation which, by broadening the meanings of the strictly conceptual mediations, allows the student to appropriate knowledge more meaningfully. Theatre is thus revealed as an important and efficient psycho-pedagogical resource, with a vast possibility of uses within school that helps to reduce or eliminate some of the obstacles present in the educational process and in the comprehensive development of students. The study is able to confirm the positive effects of theatre upon the motivation, creativity, communication and expression, shyness and self-knowledge of the students.
Key words : Education - Theatre - Learning - Child development – Social interaction
O estudo decorreu na ilha de São Vicente, a segunda mais populosa de Cabo Verde, localizada no grupo de barlavento a noroeste do arquipélago, que tem como sede do concelho a cidade do Mindelo, o principal centro urbano da ilha e segunda maior cidade do país, onde se concentra grande parte da população da ilha que no seu todo conta com 74.136 habitantes.
A economia da ilha sempre se baseou quase exclusivamente no comércio e na prestação de serviços, tendo na pesca, no turismo e na exploração do seu movimentado porto de águas profundas ― o Porto Grande, que serve de escala transatlântica para navios de todas as nacionalidade, as suas principais fontes de receita. O recente investimento na recuperação do património natural, artístico e cultural, associado ao surgimento de novos empreendimentos hoteleiros, têm permitido o surgimento de novas ofertas turísticas. Faz parte da história cultural da ilha a organização das festividades de Carnaval que têm gerado o nascimento de inúmeros grupos e escolas de samba, que ao longo do ano são responsáveis pela dinamização de várias actividades na cidade: o festival internacional de música, festival internacional de teatro, as festas de fim de ano. Existem ainda, um pouco por toda a cidade, infra-estruturas culturais e desportivas. Numerosas colectividades fomentam práticas culturais, desportivas e recreativas. Desde há muito tempo que se tem verificado uma mobilização de esforços no sentido de minimizar os problemas que a área da Educação Artística tem vivido, desde o período colonial aos nossos dias. Apesar de o teatro ser uma atividade praticada desde há muito tempo na ilha e já com um notável destaque, ainda não foi abordado como objeto de estudo/investigação científica aprofundada. Sendo o
ensino da Educação Artística um grande problema para o Ensino Básico em Cabo Verde, a investigação pretendeu dar um contributo para o conhecimento dessa área, potencializando a educação no seu todo e possibilitando um melhor desenvolvimento integral do individuo.
Este estudo justifica-se pela possibilidade de explorar as várias qualidades desse campo da arte que é o teatro. Partimos do princípio que na educação da criança é necessário um trabalho com diversas linguagens, oferecendo à criança e o jovem oportunidades de experimentação, e consideramos que o carácter multidimensional e educativo da linguagem teatral pode acarretar grandes benefícios no processo de ensino/aprendizagem. Assim, no campo da educação, este estudo salienta a importância do teatro como ferramenta pedagógica com vista a uma melhoria na articulação de saberes e práticas educativas. Por outro lado, valoriza a educação artística no domínio da formação humana e social dos nossos alunos e o seu impacto na vida escolar e familiar. Por último, apresenta o projeto artístico como um instrumento de promoção de saberes, destrezas e afetos.
Para o desenvolvimento deste estudo, formularam-se as seguintes questões:
i) De que modo o teatro pode ser um instrumento preponderante na educação integral das crianças?
ii) Como é que o teatro pode ser utilizado como instrumento propulsor do processo ensino/aprendizagem?
Ao longo dos tempos o binómio Arte e educação foi objeto de uma disparidade conceptual de teorias de carácter filosófico, histórico, social, estético, psicológico, pedagógico. Independentemente das terminologias e dos conceitos, importa-nos simplesmente abordar o contributo da formação artística e estética, no desenvolvimento da sensibilidade, na educação integral e harmoniosa da criança, enquanto receptora da Arte. Sensibilidade é aqui entendida como o conjunto de “fenómenos afectivos: emoção, sentimento, piedade, ternura, simpatia”, conforme proposto por Leif (1976: 351). Read (1982) enaltece a vertente estética da educação por esta se encontrar intimamente ligada à percepção sensorial e, por conseguinte, possibilitar o equilíbrio do bem estar interior de cada pessoa. Parece-nos oportuno analisar o conceito de ‘estética’ proposto por Abbs e Pateman (cit por Weddell, 2003: 144): o “esquema estético” desenvolvido ao longo da vida pressupõe a percepção, a compreensão de uma obra de arte, bem como a sensibilidade, o envolvimento emocional por uma obra de arte, e ainda a ‘desconstrução’ da experiência, para uma aprendizagem da afectividade. Assim, a apreciação estética dá corpo a um processo dialectal, que pressupõe formas de valorizar e de sentir que culmina no desenvolvimento da linguagem dos afectos. Sousa (2003a) também propõe três sentidos diferentes do conceito de ‘estética’, que abarcam a esfera do sensorial (sentidos físicos), do emocional (sentimentos e estados afectivos inconscientes) e racional (reflexão crítica). Leontiev (2000) considera três as funções da Arte e educação estética: recreação, socialização e desenvolvimento pessoal. Este aspecto assume uma importância primordial nas opções que são tomadas tanto por criadores, produtores, promotores, intermediários, como por professores, relativamente ao que é oferecido às crianças. Leontiev (2000: 144) enfatiza, ainda, que a “arte orientada para o desenvolvimento pessoal”, pelo contrário, quebra normas e clichés, confere novos significados e novas maneiras de ver e de avaliar a realidade. Malrieu (1996: 238) acrescenta,
ainda, que a “obra de arte interessa-nos, por que nos ensina o que poderíamos, ou teríamos conseguido fazer com os nossos sentidos, a nossa sensibilidade, a nossa vida.” Isto, sem esquecer que a arte deve, jamais, ser instrumentalizada para fins de qualquer natureza, cumpre-lhe apenas revelar os limites da realidade e suscitar a consciência da necessidade de transformar o mundo (Veiguinha, 1998). Sousa (2003a) afirma que a educação da pessoa no seu todo, holística, foi inicialmente preconizada por Pitágoras, que baseou a sua tese na formação através do autoconhecimento. Não se trata, portanto, de uma concepção recente. Embora bastantes filósofos e pedagogos como Rousseau e Schiller, entre outros, tivessem apelado a uma educação que não se limitasse à simples transmissão de saberes, à introdução das artes no contexto escolar, a realidade é que essa possibilidade tem sido descurada pelos poderes políticos que têm dado prioridade aos valores materialistas, ao que produza resultados económicos imediatos (Sousa, 2003a). A arte, ao constituir a linguagem dos afectos (emoções, sentimentos), deverá ser considerada uma das áreas mais importantes. Mauco (1986: 13) interroga-se: se a escola ensina ciências e letras, se ensina a juventude na história do passado, na geografia dos mais longínquos, por que razão não haveria de dizer acerca do mundo que cada um tem em si? Read (1982: 90) afirma que a civilização moderna é caracterizada por “uma consciência dividida, um mundo feito de forças discordantes, um mundo de imagens divorciadas da realidade, de conceitos divorciados da sensação, da lógica divorciada da vida.” Face aos desafios da complexidade do mundo contemporâneo, Fernandes (2000:12) propõe: (…) um novo paradigma educacional que visa o desenvolvimento global dos seres humanos, em todas as suas dimensões cognitivas, afectivas, éticas, estéticas, criativas e críticas. È necessário passar da unidimensionalidade cognitiva do presente multidimensional dos seres humanos, de forma a torná-los aptos a combater com eficácia os efeitos perversos da globalização. A tese central de Read é a de que a actividade artística tem o poder de preservar, desde a infância, uma consciência integrada, a totalidade orgânica, no homem adulto. Partilha com Platão a ideia de que a Arte se refere essencialmente aos sentimentos e não à razão ou percepção consciente. Porcher (1982:46) chama a atenção para a necessidade de formação da sensibilidade desde uma idade precoce.
acompanhado de inúmeras dificuldades, sendo de destacar a carência de professores formados na área e de meios didácticos para a sua prática. No documento intitulado “Educação Artística Trabalho e Vida” da MEIA – Mindelo Escola Internacional de Arte (2004) é referido que estes constrangimentos eram minimizados com muito esforço dos próprios professores e educadores. Perante tal situação e salvo alguns períodos, em que esta área esteve mais ou menos organizada, com programas nacionais ou regionais, nota-se que as fontes de consulta até hoje limitam-se, na maior parte das vezes, aos manuais de outras realidades; estas fontes correspondem a modelos de desenvolvimento baseados em experiências de culturas diferentes e o grande problema verifica-se no momento da tentativa de “transferência” destes conhecimentos e actividades para a nossa realidade; “ (…) sofrem graves distorções, gerando verdadeiros descalabros, especialmente educacionais” Duarte (2000), devido a factores como inadequada formação do professor, falta de coordenações regionais e nacionais, e de acções de formação em exercício. Foi nos anos noventa, com a Reforma do Sistema Educativo, em que o ensino obrigatório se estendeu para seis anos de escolaridade, que se pretendeu conceder à Educação Artística uma nova dinâmica com a área das Expressões: plástica/Visual, Dramática/Corporal e Musical e que foi considerada de grande importância para o desenvolvimento integral da criança, tendo-se registado significativas melhorias em termos metodológicos e didácticos, e uma grande evolução em relação ao ensino desta área, dado que grande parte dos professores recebeu formação de capacitação para a utilização dos novos programas. Atualmente, Cabo Verde depara-se com uma oportunidade bastante pertinente para melhorar o ensino da Educação Artística, momento em que esta área de conhecimento passa a viver uma nova fase de implementação com a denominação de “Educação Artística”, abrangendo as disciplinas: Expressão Plástica, Expressão Musical e Expressão Dramática no Ensino Básico, e a disciplina de EVT (Educação Visual e Tecnológica), no primeiro Ciclo do Ensino Secundário (no contexto da Revisão Curricular Nacional, para o Ensino Básico e Secundário). É de realçar os esforços no sentido de melhorar esta área tão importante para a educação, pois ao longo destes anos tem passado por uma série de indefinições e retrocessos e só recentemente se tem prestado alguma atenção à educação artística em Cabo Verde.
Segundo Carvalho (1998), para elevar a qualidade das prestações desta disciplina, é preciso conceber uma política de investigação e levantamento das especificidades da cultura nacional, apostar na criação de condições para a formação em exercício e inicial de professores, em linguagens específicas (professores de plástica/visual, de dramática/corporal e de educação musical). As autoridades competentes, por sua vez, devem criar condições infra-estruturais escolares de forma a promover a Educação Artística e estabelecer critérios que permitam que seja leccionada dentro e fora da escola.
Iniciamos nosso panorama histórico apresentando o teatro como uma arte cujas origens remontam ao surgimento da raça humana. Das manifestações do homem primitivo, que tinha o costume de simular caças, imitar animais e personificar os espíritos em que acreditava, às mais modernas formas de representação, essa linguagem artística sofreu diversas modificações, mas sempre ocupou o seu lugar na História do ser humano. Na verdade, o teatro continuamente refletiu o momento social e os pensamentos de cada época (Berthold, 2006). Por estar o teatro tão vinculado ao homem, não é de espantar que o seu potencial educativo tenha sido explorado desde a Antiguidade. Courtney (1980), ao expor um amplo painel histórico e filosófico em que apresenta as bases intelectuais do teatro na educação, destaca que já no século V a.C. a educação ateniense estava baseada em música, desporto e literatura. Nesta última vertente, incluíam-se declamações das obras de poetas com recursos teatrais de inflexão vocal, gestos dramáticos e expressões faciais. O próprio teatro, enquanto encenação, é considerado pelo autor como “a maior força unificadora e educacional no mundo ático” (Courtney, 1980, p.5). Tal relevância é justificada pelo fato de que, especialmente na cultura grega, o teatro era utilizado como meio de transmissão de conhecimento e constituía o único prazer literário de que o povo dispunha. Para os romanos, o teatro apresentava propósitos educacionais, desde que transmitisse lições morais. No campo da filosofia, Courtney (1980) refere o grego Aristóteles e o romano Horácio como promotores das bases para o pensamento humanista no
como “uma arte que fortalece a memória, regula o tom e efeito da voz e pronúncia, ensina um comportamento decente para a fisionomia e a expressão gestual, promove a autoconfiança e habitua os jovens a não se sentirem incómodos quando estiverem sendo observados” (Courtney, 1980, p. 12). No final do século XIX e, em especial, na primeira metade do século XX, diversos autores se debruçam sobre o tema teatro/educação, desenvolvendo abordagens pedagógicas que continuam, até os dias de hoje, a influenciar trabalhos na área. É o caso, por exemplo, da norte-americana WinifredWard (1884-1975), cuja obra reflete os postulados da Escola Nova. A autora enfatiza a importância da expressão criativa da criança, defendendo que o processo do trabalho com teatro em escolas deve ser mais enfatizado que o seu produto final (Ward, 1957). Destaca-se também, na primeira metade do século XX, a obra de Caldwell Cook (1885-1939), formulador da ideia de que a atividade dramática poderia ser um método eficiente de aprendizagem (Coutrney, 1980). Em The Play (Cook, 1917), o professor inglês expôs o seu método de abordagem de atividades dramáticas em ambientes escolares, também denominado play way. Até então, conforme já explicitado, o teatro nas escolas consistia apenas em encenação de peças e leituras de diálogos em aulas de língua. Cook propôs uma nova forma de abordagem: para ele, a atuação, por meio do jogo dramático, era um caminho seguro para a aprendizagem, não apenas de línguas. O seu método consistia em utilizar o conteúdo dos livros didáticos de diversas disciplinas como pretexto para que os alunos o encenassem, facilitando, assim, a aprendizagem. Desse modo, na aula de História, por exemplo, os alunos representavam os fatos históricos que estavam sendo trabalhados. Cook, para o desenvolvimento de seu método, partia dos seguintes princípios: que o aprendizado e a proficiência advêm da experiência e não da escuta ou da leitura; que o bom trabalho costuma ser resultado do livre interesse e do esforço espontâneo; e que o jogo é o meio natural de estudo para a juventude (Cook, 1917). O que o autor propunha era uma encenação livremente improvisada pelos alunos, em sala de aula, sem a intervenção do professor e ausente de maiores preocupações com convenções teatrais.
Começamos por destacar a palavra jogo segundo o significado atribuído por Huizinga, ou seja, como: a atividade temporária, que tem uma finalidade autónoma e se realiza tendo em vista uma satisfação que consiste nessa própria realização.[...] Em sua qualidade de distensão regularmente verificada, ele se torna um acompanhamento, um complemento e, em última análise, uma parte integrante da vida em geral. Ornamenta a vida, ampliando-a, e nessa medida torna-se uma necessidade tanto para o indivíduo, como função vital, quanto para a sociedade, devido ao sentido que encerra, à sua significação, a seu valor expressivo, a suas associações espirituais e sociais, em resumo, como função cultural (2000, p. 12). A palavra jogo provém de jocu , substantivo masculino de origem latina que significa gracejo. Em sentido etimológico, portanto, expressa um divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras que devem ser observadas quando se joga. Significa também balanço, oscilação, astúcia, ardil, manobra. (Antunes, 2002, p.11).
Platão considerava o jogo fundamental na educação. Achava que a educação deveria começar de maneira lúdica e sem qualquer ar de constrangimento, sobretudo para que as crianças pudessem desenvolver a tendência natural do seu caráter. Assim como Platão, Aristóteles e outros pensadores avaliaram a importância do jogo para o ensino. Leon Chancerel (1948), na introdução do seu livro Jeux dramatiques dans l’éducation , declara que, se, por um lado, o jogo é uma atividade normal da infância, por outro lado, subentende regras e convenções que tanto o jogo como a arte não podem dispensar. Os jogos teatrais serão, neste caso, experiências que dão às crianças meios de exteriorizar, ora pelo gesto ou pela voz, ora pelas duas expressões ao mesmo tempo, os seus sentimentos e as suas observações pessoais. Podemos compreender essa atividade como a primeira manifestação teatral que ocorre no âmbito familiar e da escola. Pode ser uma atividade coletiva ou individual, mas sempre será livre, participa quem quiser, e não visa a uma reprodução fiel da realidade. A característica principal é o prazer, sendo impossível que o seu desenvolvimento aconteça sem causar prazer a todos os jogadores. A ajuda do outro é fundamental para desencadear os processos de aprendizagem durante os exercícios com os jogos teatrais. Charlot (2000, p. 54), ao definir