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5.1 Os Fundamentos da Teoria Administrativa de Fayol . ... 7.2 Evidências encontradas na biografia do teórico Henri Fayol ........... 103.
Tipologia: Exercícios
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Belo Horizonte 2009
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade FUMEC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.
Área de Concentração: Gestão Estratégica de Organizações
Orientador: Prof. Dr. Afrânio Carvalho Aguiar
Belo Horizonte 2009
A minha mãe, Zuleica, Márcia, musa, companheira de 25 anos, mãe de meus filhos, e meus filhos Flora e Daniel.
In memorian, ao meu pai, José Alexandre, e a Elzira Rodrigues de Almeida, fada-madrinha.
Este estudo não teria sido possível sem o incentivo e a ajuda de tantos que, de alguma forma, para ele contribuíram. Agradeço, em especial, ao Professor Joca (João Carlos de Castro Silva) da Escola de Engenharia da FUMEC, amigo que incentivou-me a cursar o Mestrado em Administração; aos professores doutores do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Empresarias da Universidade FUMEC, pela generosidade em dividir seus conhecimentos; aos funcionários da Universidade, sempre eficientes, prestativos e gentis; aos meus colegas da 5ª Turma de Mestrado em Administração, pelo companheirismo, cumplicidade e profícuos momentos que juntos vivenciamos; ao colega Sylvio Mauro de Castro, pelo material fornecido; a Hansel Cook, da Saint Mary’s University – Halifax, Canadá, pelo material fornecido; ao Professor Tsuneo Sasaki, da Universidade Pública de Aomori – Japão, pelas pistas fornecidas; ao Professor Jean-Louis Peaucelle, da l’Université de La Réunion – França, pelas palavras de incentivo, pelas dicas e pelo raro material fornecido; ao Professor Georges Vincent, que tantas noites navegou comigo nos textos em francês; à Professora Leila Brito, pela competência e dedicação na assessoria de metodologia textual, revisão, normalização técnica, programação visual e edição desta dissertação e, ao Professor Dr. Afrânio Carvalho Aguiar, primeira pessoa a acreditar na viabilidade deste estudo, e que, com paciência, serenidade e firmeza, orientou-me.
SOUZA, Edson Miranda de. A contribuição de Henri Fayol para o desenvolvimento de estratégias organizacionais_._ 2009. 120 fls. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Ciências Empresariais, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, 2009.
O engenheiro francês Henri Fayol é usualmente apresentado como um dos codificadores da Escola Clássica de Administração, o que se demonstra ser uma representação limitada da amplitude de sua contribuição para a evolução do pensamento administrativo. Além disso, é frequentemente associado ao seu contemporâneo, o teórico norte-americano Frederick Taylor, sendo aos dois atribuída a defesa de um modelo autoritário de administração. Entretanto, recentemente, pesquisadores descobriram, através do exame de documentos raros e não publicados, um desconhecido retrato desse pioneiro. Tais estudos revelam conceitos desenvolvidos por Fayol que antecipam aspectos de teorias e práticas da Administração que, somente mais tarde, seriam desenvolvidas, como a Escola de Relações Humanas, a Teoria Contingencial e o Planejamento Estratégico. Esta dissertação, elaborada a partir de uma extensa pesquisa bibliográfica, identifica a contribuição de Fayol para o desenvolvimento de estratégias organizacionais, bem como enfatiza sua influência para o gerenciamento contemporâneo. Ao apresentar as recentes pesquisas sobre o homem e o teórico Henri Fayol, este estudo permite, aos docentes e estudantes de língua portuguesa, acesso a escritos e palestras de sua autoria que, até então, permaneciam desconhecidos, possibilitando sua análise e correlação com trabalhos seminais na área de estratégias empresariais.
Palavras-chave: Henri Fayol, Administração, estratégias organizacionais, Teoria Organizacional.
SOUZA, Edson Miranda de. Henri Fayol’s contribution to the development of organizational strategies. 2009. 120 pages. Thesis (Master of Business Administration) – Faculdade de Ciências Empresariais, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, 2009.
The French engineer Henri Fayol is usually introduced to the students of Management as the Father of Classical School, which however, would be a misrepresentation of the breadth of his contribution to management. In addition, he is often associated with his contemporary, the American theorist Frederick Taylor, both credited with having advocated an authoritarian model of management. Recent researchers, however, have found, through examining unpublished and rare documents, an unknown portrait of this pioneer. These studies uncover concepts, developed by Fayol, which anticipated aspects of coming management theories like human relations movement, systems-based contingency theory and strategic planning. This thesis, made through an extensive bibliographical research, identifies Fayol’s contribution to the evolution of organizational strategies, as well as his influence on contemporary management. By presenting this recent research about the man and theorist Henri Fayol, this study allows, to the Portuguese language students and scholars, access to writings and speeches of Henri Fayol that remain untranslated and unpublished until now. This study forms a means for analyzing and correlating the new information with seminal studies on the organizational strategy field.
Key-words : Henri Fayol, Management, organizational strategies, Organizational Theory.
AIG Administration Industrielle et Générale
CEA Centre d’Etudes Administratives
CIOS Comité International de l‘Organisation Scientifique
CNOF Comité National de l’Organisation Française
CNPF Conseil National du Patronat Français
COF Comité de l’Organisation Française
DASP Departamento Administrativo do Serviço Público
IT Industrial Technology
MPS Management Process School
TM Technology Management
A exemplo de muitas riquezas ainda não utilizadas, há uma energia administrativa em estado latente, espalhada em quantidade considerável pela humanidade inteira. São forças novas pendentes de desencadeamento, bens que cumpre liberar e por a serviço do homem (HENRI FAYOL, 1919).
Os estudos da Organização caracterizam-se por diversidade e fragmentação, tendo evoluído a partir de uma perspectiva que privilegia o pensamento anglo-saxão (BRONZO e GARCIA, 2000; RODRIGUES e CARRIERI, 2000). Esse processo de construção do pensamento, calcado em etnocentrismo, tem limitado uma compreensão mais abrangente dos estudos organizacionais como uma prática comparativa. Em vista disso, fica clara a necessidade de se incorporar uma abordagem que considere a diversidade, fugindo-se de padrões previamente definidos, e abarcando-se a possibilidade de focar a contribuição de diferentes culturas. Desta forma, por desconsiderar o fator cultural, os estudos comparativos não têm revelado particularidades das sociedades investigadas, insistindo em concentrar-se em conceitos universalistas incapazes de explicar mudanças em diferentes ambientes culturais e industriais, dificultando a captação de significados comuns em ambientes não-saxônicos (RODRIGUES e CARRIERI, 2000). Como atesta Rodrigues e Carrieri (2000, p. 22): “A maioria dos estudos comparativos não revelam as particularidades institucionais das sociedades investigadas, podendo apenas, parcialmente, detectar a natureza das organizações em sociedades diferentes.” A relevante influência do enfoque anglo-saxão na construção do pensamento administrativo pode ser uma das razões para o relativo obscurantismo existente em relação às reais contribuições do teórico, de origem francesa, Jules Henri Fayol (1841-1925). Tendo bebido na fonte do positivismo, notadamente nos pensamentos do compatriota e contemporâneo Émile Durkheim (1858-1917), Fayol viria a desenvolver teorias e práticas que, apesar de colocá-lo como um dos pais da Teoria da Administração, ainda são pouco estudadas, notadamente com referência às possíveis contribuições de seu pensamento para as práticas administrativas correntes. Este estudo ocupar-se-á, portanto, da análise dessas possíveis contribuições, principalmente, no que se refere aos modelos de estrutura organizacional e ao pensamento estratégico. E por necessidade de contextualização, focará inicialmente o processo de
construção da ciência, que evoluiu da antecedente ciência da natureza para a ciência do homem, notadamente a Sociologia, que viria a lançar os alicerces teóricos que propiciaram o surgimento da Administração, para, num segundo momento, focar a contribuição específica de Fayol ao seu desenvolvimento evolutivo. O fato é que, passados mais de noventa anos da publicação de sua obra-prima, Administration Industrielle et Générale – AIG, Henri Fayol ainda desperta controvérsias. Uma releitura de seus trabalhos pode apresentar ao leitor do século XXI um autor surpreendentemente contemporâneo. Fato é que, após décadas de desenvolvimento da teoria administrativa, encontra-se em Fayol conceitos que antecipam aspectos do movimento de relações humanas, da teoria de contingências, do maior envolvimento dos empregados no processo decisório e do desenvolvimento do conhecimento gerencial como ciência. O questionamento que se faz é que, a despeito de ter contribuído para o desenvolvimento de tão inovadores e avançados conceitos, Fayol seja lembrado apenas como o pai da Escola Clássica de Administração, o que não representa, com a clareza necessária, sua efetiva contribuição para a Ciência da Administração. Ao contrário, da releitura de Fayol emerge um pensador muito mais complexo e multidimensional do que o estereótipo convencional que o identifica com a Escola Clássica. De certa maneira, Fayol parece ter sido vítima da cronologia e da História. Tendo apresentado suas idéias na mesma época que o norte-americano Frederick W. Taylor, os ambientes econômicos e políticos da primeira metade do século XX contribuíram para que o norte-americano o ofuscasse, ao mesmo tempo em que a história da Administração os colocava no mesmo patamar, citando suas contribuições, frequentemente, como equipotentes no plano cronológico e valorativo, o que também pode ser considerado uma subestimação de seu verdadeiro papel histórico, bem como do alcance de suas contribuições para o desenvolvimento da teoria gerencial. Uma releitura de Fayol poderá nos conduzir à conclusão de que ele, na verdade, foi o precursor de várias escolas e teorias administrativas que iriam surgir nos anos seguintes, como a Escola de Relações Humanas e as teorias de sistemas e da contingência estrutural, ecologia organizacional, com destaque para a surpreendente contemporaneidade de suas proposições. A revisão dos registros científicos sobre Henri Fayol irá fornecer apenas um pequeno número de estudos que abordam sua história de vida e sua contribuição à Administração moderna. Mas há que se destacar o fato de que os poucos autores que se ocuparam deste importante teórico desenvolveram pesquisas que abordam, principalmente,
Tem-se, pois, que um cientista da importância de Fayol não foi devidamente reconhecido no seu tempo e, ainda, convive-se com um estereótipo que não faz jus à sua importância como teórico.
As raízes da moderna Administração situam-se na virada do século XX (CRAINER, 2003), com Fayol se posicionando como um de seus principais teóricos. Wren (2001) destaca os vários modernos instrumentos gerenciais utilizados para o que é denominado turnaround , ou seja, uma reviravolta, uma profunda mudança na forma de gerenciamento da Organização, indiscutivelmente promovida por Fayol:
Prescrições para prevenir ou adiar o declínio de empresas falham em encontrar um consenso. Redesenho organizacional para alinhar estratégia e estrutura (Chandler, 1962), mudança na liderança gerencial, fusões, aquisições, alianças, downsizing, desinvestimentos em empreendimentos não rentáveis, foco em competências básicas e recursos, [...] e re-engenharia [...] são algumas opções oferecidas para guiar um turnaround corporativo. Enquanto existem vários estudos de casos de reflorescimento de modernas corporações [...] turnarounds corporativos de períodos anteriores tem sido negligenciados (WREN, 2001, p. 475).
Wren (2001) evoca Fayol citando Bancplain^2 (1974): O que é único sobre turnaround corporativo é o que aconteceu na França no final do século XIX; seu principal agente de mudança atribuiu este sucesso ao uso de habilidades gerenciais e, desta forma, esta experiência conduziu para o desenvolvimento de uma Teoria de Administração (BANCPLAIN, 1974 apud WREN, 2001, p. 475).
Ao contrário do que poderia sugerir o senso comum, dada a sua importância como teórico responsável pelo salto evolutivo da Ciência da Administração na passagem do século XIX para o século XX, são raros os estudos que têm por foco a vida e os ensinamentos de Henri Fayol. Uma pesquisa na rede mundial de computadores, a World Wide Web , nos mostrará centenas de milhares de referências ao seu nome, mas além dos poucos trabalhos científicos dos pesquisadores que denominaremos “os novos fayolistas”, nada mais encontraremos que referências à sua principal obra – AIG, citações diversas e os repetidos resumos de sua biografia. Uma pesquisa nos websites de universidades brasileiras sobre o tema nos conduzirá a um inexplicável vazio. Não existe qualquer outro estudo no Brasil além da obra – Taylor & Fayol , de Benedicto Silva (1987), nem na América do Sul, sobre o trabalho de Henri Fayol, sua vida e sua contribuição para a Teoria da Administração.
(^2) BLANCPAIN, Fréderic. Les cahiers inédits d’Henri Fayol_. Bulletin International d’Administration Publique_ , v. 28 e 29, p. 1-48, n. 6, jun. 1974. (Supplément à la Revue Management France)
A segunda geração de fayolistas, da qual Gulick e Urwick são expoentes, continuou a divulgação das idéias de Fayol nas décadas subsequentes, até o início dos anos 1950. A partir desta época e até o final da década de 1970, verifica-se um relativo vazio com respeito à divulgação do fayolismo. São quase 30 anos, nos quais o nome de Henri Fayol praticamente não passou do que Bedeian (1998) viria a chamar de um capítulo obrigatório na história da Administração. Durante esse período, vamos encontrar apenas os esparsos textos de Blancpain (1974) e de Brodie (1967), fazendo com que o tema Fayol e suas idéias permanecessem em sono profundo, em uma época que vivenciou grandes transformações na sociedade e, consequentemente, nos negócios. A partir de 1980, entretanto, uma terceira onda de pesquisadores traz o tema à tona, em uma sucessiva leva de textos que se estendem aos dias de hoje, ainda que circunscritos a um pequeno número de estudiosos. Tal processo teve início com a apresentação da dissertação de mestrado de John D. Breeze para o Master of Business Administration Program da Saint Mary’s University, em Halifax, Canadá: Henri Fayol’s – Résumé de la doctrine administrative: translation, commentary and analisys of its historical development. Breeze (1980, p. 2) justifica a importância de seu trabalho, afirmando que apesar de Fayol ter continuado a escrever após a publicação de AIG, esses textos não haviam sido publicados: “Considerando o valor de sua contribuição e seu mérito, é uma surpresa que uma avaliação definitiva de sua vida e de seu trabalho esteja ainda por ser publicada, seja em inglês ou em francês.” O autor ressalta, ainda, a dificuldade de acesso ao trabalho de Fayol fora da França, mostrando que apenas alguns poucos eruditos, entre eles Bedeian, Brodie (1967), Cuthbert (1970)^8 , Dale (1960)^9 e Urwick (1937)^10 (a segunda geração de fayolistas) tinham publicado informações adicionais que permitiram um melhor entendimento de sua vida e de sua contribuição à Administração. Depois de quebrar esta amnésia histórico-científica, o canadense John D. Breeze passou a publicar uma série de estudos sobre o tema Fayol (BREEZE, 1980, 1981, 1985, 1995), tornando-se o precursor do grupo denominado, pelo autor desta dissertação, “os novos fayolistas”, ao qual veio se juntar o francês Jean-Louis Peaucelle e o americano Daniel A. Wren da Universidade de Oklahoma, o americano Donald Reid da Universidade da Carolina do Norte, o australiano Lee D. Parker da Universidade de Adelaide e o japonês
(^8) CUTHBERT, N. Fayol and the principles of organization. In: TILLETT, A.; KEMPNER, T.; WILLS, G. (Eds.). 9 Management thinkers, London: Penguin, Baltimore: MD, 1970. 10 DALE, E. The great organizers.^ New York: MsGraw-Hill, 1960. URWICK, L. F. The function of administration with special reference to the work of Henri Fayol. In: GULICK, L.; URWICK, L. F. (Eds.). Papers on the science of administration. New York: Institute of Public Administration, 1937.
Tsuneo Sasaki. Também integra o grupo de novos fayolistas o veterano (fayolista da segunda geração) Arthur G. Bedeian, professor da Universidade Estadual da Lousiana, autor de extensa e diversificada produção acadêmica. Os novos fayolistas em muito ampliaram, durante as duas últimas décadas, o conhecimento público sobre a vida e a obra de Henri Fayol, trazendo ao conhecimento dos estudantes de Administração textos inéditos do próprio teórico, além de artigos que analisam e dissecam sua vida, sua visão estratégica e a contemporaneidade de seu pensamento. Esta revisão de publicações científicas não identificou, entretanto, qualquer pesquisador da América do Sul que houvesse produzido e publicado material relevante sobre o tema. Destarte, este trabalho propõe-se inédito, por trazer ao leitor de língua portuguesa a oportunidade de aprofundamento nas questões relacionadas à vida e à contribuição de Fayol para a evolução da teoria administrativa.