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Este texto aborda a relação entre sociedade e natureza, analisando a evolução histórica e as diferentes formas de produção. Através de uma perspectiva ambientalista, examina como as interações entre os elementos da sociedade e do meio natural moldaram diferentes organizações espaciais contemporâneas. O texto também discute as diferenças na evolução da sociedade ocidental e oriental, e a noção marxista de transformação da natureza através do trabalho.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
(Ou: Breve Síntese Histórico-Geografica do Ocidente)
**Cyro LISITA. * Francisco A. MENDONÇA. ****
“Les limites de mon discours sont celles de mon univers”. Ludwig Wittgenstein.
I. Introdução.
As forças produtivas e as relações de produção entre os homens constitui, de certa maneira, a base material da sociedade com as instituições que lhe correspondem. Todos os povos do planeta, em que pese a especificidade de suas vias de desenvolvimento, traçaram um caminho histórico no qual se observa vários aspectos semelhantes. A geografia, por tratar do estudo das diferenças espaciais observadas n a superfície da Terra, busca a descrição da paisagem, bem como compreender a gênese de suas diversas formas de organização na perspectiva de, ao identificar as características dos ambientes pretéritos, prognosticar suas configurações futuras. Analisar, pois, os diferentes lugares a partir de suas construções sociais numa abordagem temporo-espacial evolucionista constitui-se em premissa de fundamental importância para o discernimento dos diferentes arranjos das paisagens. Inúmeras relações estabelecidas pelos grupos humanos moldaram os mais diferentes ambientes que se observa no planeta. Se muitos deles apresentam ainda características de Primeira Natureza, esta já se encontra alterada mesmo que de forma indireta e em estagio pouco avançado; a Segunda Natureza manifesta-se, entretanto, de forma muito explicita quanto maior for a concentração populacional sobre um espaço dado, e também quanto mais intensa se faz a produtividade econômica sobre o mesmo. Analisada, todavia, sob a abordagem ambientalista da geografia, a relação sociedade- natureza permite avançar em muito na compreensão das diferentes organizações espaciais contemporâneas através de uma perspectiva de interação entre os elementos do meio natural e aqueles da sociedade. Nesse aspecto vamos encontrar uma especificidade marcante da geográfica que, ao interagir conhecimentos provenientes das ciências naturais e das ciências sociais, resulta num conhecimento mais abrangente do espaço mundial atual. II. Os grandes momentos da Sociedade Ocidental e a Construção do Espaço Geográfico
As formas de evolução da sociedade ocidental e sua relação com a natureza se deram de maneiras bastante diferenciadas daquelas das civilizações orientais, sobretudo até
** (^) Professor Doutor/Adjunto - UFPR - Curitiba/Brasil.
meados do Século XX d.c. Após a segunda grande guerra mundial, principalmente, com a expansão das economia e culturas capitalista e socialista pelo mundo como um todo, certas considerações podem ser tomadas como gerais para a humanidade. O espaço geográfico é composto por elementos pertencentes a dois grandes domínios: o domínio natural e o domínio social. O conhecimento sobre a origem e evolução do planeta, no que tange à sua natureza, já se encontra bastante avançado, porém é ainda um campo cheio de contradições e questionamentos. O domínio social, por outro lado, é bastante conhecido e os questionamentos levantados sobre as organizações sociais liga- se principalmente sobre as diferentes abordagens dos processos históricos das mesmas. A evolução da natureza liga-se à própria origem do planeta através de mecanismos naturais e, a evolução da sociedade ao processo histórico da humanidade através de ações teológica. Os seres humanos somente aparecem no Holoceno, quando as condições climáticas, pedológicas, hídricas, floristicas etc.... foram capazes de assegurar as condições naturais para o desenvolvimento de um ser tão frágil; ainda assim, este ser somente muito lentamente evolui para o estagio homo sapiens , intervindo de maneira mais direta no meio natural. A noção marxista de transformação da natureza através do trabalho é, sem sombra de duvidas, um excelente referencial para se trabalhar toda a evolução; todavia, indo um pouco além do marxismo, é interessante também destacar que as transformações da Primeira em Segunda Natureza se deram também através de manifestações culturais e da arte. Através da noção marxista pode-se entender a evolução da sociedade segundo cinco grandes momentos: a Sociedade Gentílica ou Comunal, a Escravocrata, a Feudal, a Capitalista e a Socialista (ou comunista). Em cada um destes momentos a intervenção da sociedade na natureza impingiu-lhe suas marcas, revelando espaços ora mais ora menos degradados conforme os interesses dos diferentes grupos.
III. A Sociedade Gentílica ou Comunal ou os Primórdios da Construção Social do Espaço Geográfico.
A passagem do homem da condição de sêr coletor (nômade) para a de produtor (sedentário) da origem às primeiras comunidades; nestas tudo era comum a todos, sendo que não havia propriedade privada nem dos meios de produção e nem dos frutos desta. Historicamente a primeira forma de sociedade foi o clã. Nesta sociedade o trabalho em comum dos membros da comunidade primitiva e a sua ajuda mutua eram condições necessárias para a produção dos instrumentos, obtenção dos meios de sobrevivência e luta contra a natureza. O trabalho em comum estava na base da propriedade comum dos homens sobre os meios de produção. O baixíssimo grau de desenvolvimento das forças produtivas, e a conseqüente ausência de excedente, tornava necessário o principio de uma distribuição dos produtos. O desenvolvimento de forças produtivas, através dos tempos, provocou o aparecimento de diversas formas de divisão social do trabalho que, por sua vez, fez sua aparição no interior de cada ramo, entre trabalho intelectual e trabalho manual. Em tais condições de desenvolvimento das forças produtivas e em tal estagio de desenvolvimento intelectual, a intervenção do homem no quadro natural era bastante fraca; isto era também reforçado pela baixa densidade demográfica que se observa naquela época. Os homens começavam a produzir mais que o necessário para o consumo imediato. Com o surgimento do excedente tornou-se possível a apropriação do resultado do
que os homens ligados ao misticismo das sociedades anteriores (curandeiros, advinhos, magos, etc), criaram a figura de um Deus e um de um Céu fora da Terra. Enquanto riqueza da sociedade a posse da terra assegurava ao seu proprietário todos os bens necessários a subsistência dos grupos, fato que explica a auto-suficiencia dos feudos e, por conseguinte, o fraco sistema de comunicação dos grupos do período. O Ocidente, diga-se partes da Europa, já se encontrava bastante ocupado e as transformações espaciais se faziam bastante expressivas, sobretudo porque eram produzidas em nome do Senhor Rei ou em nome do Senhor Deus. As concepções religiosas da realidade escondem o conhecimento produzido e acumulado por civilizações antecedentes não baseado nos preceitos cristãos, por isto mesmo o feudalismo veio a ser considerado a idade da escuridão. Entretanto a rigidez e estreiteza das normas de conduta social impostas pela igreja universal crista (pelo cristianismo) gera descontentamentos dentro da instituição e também na nobreza. Movimentos como a reforma religiosa, o surgimento dos burgos e do mercado, as Cruzadas, o renascimento e as grandes navegações do Século XV, dentre outros, engendram novas relações sociais e o fim do sistema feudal. Uma fase de transição, entretanto, marca o final do feudalismo, quando se observa que não é mais somente a extensão de terras o que faz a riqueza da sociedade, mas sim o acumulo de metais para a aquisição de bens oferecidos pelo mercado. O espaço geográfico construído expande-se enormente pelo continente europeu e anexa áreas da América e África Centro-Meridional, além de registrar o estreitamente de relações entre ocidentais e orientais.
Tudo se Compra.... Tudo se Vende: A Construção do Espaço Geográfico no Capitalismo.
O mercantilismo pode ser considerado, genericamente, como um tipo de capitalismo comercial que, pouco a pouco, se constituiu no verdadeiro sistema capitalista; três grandes movimentos da sociedade ocorridos entre os séculos XVII e XVIII, foram todavia vitais para sua origem: a revolução agrícola e a revolução industrial na Inglaterra, e o iluminismo/revolução francesa na França. A burguesia emergente necessitava de homens livres da servidão e da propriedade dos senhores; unindo-se ao povo ela faz uma revolução que destroi as relações de produção feudais para instituir as capitalistas. No capitalismo as forças produtivas assentam-se sobre a grande industria mecânica; os meios de produção pertencem à uma cada vez menor facção da sociedade: os capitalistas. Na base do capitalismo, portanto, está a propriedade privada dos meios de produção e a exploração do trabalho assalariado, sendo sua lei fundamental a obtenção da mais valia. Os atuais Estados-Nacionais se organizam conforme este modo de produção, sendo que as instancias de poder da sociedade são cada vez mais ocupadas pelos representantes dos grupos econômicos mais consolidados. As ações do Estado são então dirigidas, basicamente, para a pequena classe detentora do poder, sendo que a grande parcela da população, destituída da propriedade dos meios de produção, forma um elevado contingente de pobres e miseráveis. O Estado burguês assume assim a condição de agente viabilizador do sistema e, num momento de grande desenvolvimento do modo de produção capitalista (a fase imperialista), observam-se as varias tentativas de domínio de amplas áreas-mercados de
uns países por outros. Esta disputa por áreas de influência-controle de mercado gerou conflitos de abrangência mundial como a primeira e segunda grande guerra mundial. A construção do espaço geográfico apresenta-se então impregnada pelas relações concorrenciais entre os diferentes grupos sócio-econômicos e vai registrar, desta feita em escala ampliada ou mundial, grandes disparidades em termos de concentração de renda. A busca da produtividade máxima a partir da transformação de matérias-primas em produtos manufaturados, generaliza-se a degradação do ambiente do planeta; a obtenção cega do lucro máximo a qualquer preço engendra desestruturações em muitos dos mecanismos de reprodução da natureza. Ao nível da sociedade observa-se uma flagrante disparidade de classes que se manifesta num ambiente de organização caótica tanto nas relações nacionais (regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas dentro de um mesmo país) quanto internacionais (poucas partes do mundo em bom estagio de desenvolvimento e a grande maioria subdesenvolvida). O capitalismo, todavia, possui sua contradição fundamental, manifestada na oposição do caráter social do trabalho à sua apropriação privada; esta oposição encontra sua expressão política na luta de classes. Das várias tentativas de criação e implementação de uma nova organização social, mais justa e mais igualitária, a experiência socialista foi aquela que mais êxito logrou. Inúmeros países se alinharam dentro da concepção de sociedade comunista em meados do século atual, porém, a exacerbada burocracia do Estado e o cerceamento à liberdade de expressão aliados a métodos ditatoriais, dentre outros fatores, impediram a efetivação de um modo de produção alternativo ao capitalismo. No regime capitalista, inclusive em sua fase superior, globalizada, a produção e a distribuição não são determinadas pelas necessidades da sociedade, mas pelo interesse do capital e de seu processo de reprodução ampliada. Esta característica da etapa contemporânea da evolução da sociedade revela um intrincado jogo de interesses, donde sobressaem-se aqueles de caráter político-económico, uma vez mais em detrimento do caráter social e humanitário. Reforçado pelo estabelecimento de uma rede de comunicações e pela formação de um mercado de amplitude mundial, o modo de produção capitalista parece atingir seu apogeu e configurar-se como o grande vencedor da aventura da sociedade humana. O Estado Nação - modelo básico da sociedade atual - que, de maneira geral, faz opção pela via neo-liberal como tentativa de se adequar aos avanços sócio-econômicos contemporâneos, presencia sua própria decadência à medida que se percebe enfraquecido perante as leis de mercado supranacionais... Uma tal situação levanta questionamentos de toda ordem, fato que levou inúmeros pensadores a identificarem no presente a ocorrência da modificação da modernidade, gerando a etapa da pós- modernidade. Globalizado e tecnificado, o espaço geográfico estende-se para muito além dos limites do planeta.