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Uma pesquisa qualitativa sobre a gênese de metáforas em textos de alunos recém-alfabetizados durante o processo de escrita em sala de aula. O estudo se baseia nos trabalhos de saussure, suenaga, calil, jolibert e kirinus, entre outros, e propõe a importância de entender como as metáforas são utilizadas por escolares na produção de textos, especialmente em poemas. O documento discute a relação entre a memória e a criação de metáforas, além de categorizações possíveis para diferentes tipos de metáforas. O objetivo é compreender como as metáforas surgem na produção de textos de alunos que recentemente entraram no universo da escrita.
Tipologia: Resumos
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Maceió – AL 2017
Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação, da Universidade Federal de Alagoas, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Educação. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Calil Maceió – AL 2017
A todos os professores, colegas de jornada.
“Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito porque gostava de carregar água na peneira, Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviço, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de interromper o voo de um pássaro botando ponto final na frase. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor!” Manoel de Barros (O menino que carregava água na peneira)
Esta tese tem como objetivo compreender a gênese da criação de metáforas em poemas inventados por alunos do ensino fundamental que acabaram de entrar no universo da escrita. Os dados analisados foram coletados no Centro Educacional Miosótis, Maceió - AL, a partir da aplicação do projeto de língua portuguesa, “Poema de Cada Dia”, desenvolvido no segundo semestre de 2000 e primeiro semestre de
CLG – Curso de Linguística Geral.
ASPEMA – Alteridade e Singularidade em Processos de Escritura e Manuscritos dos Alunos das Séries Iniciais do Ensino Fundamental. ESALA – Escritura na Sala de Aula: propostas, práticas, processos e produtos. L’AME – Laboratório do Manuscrito Escolar.
14 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Esta tese, caracterizada metodologicamente como uma pesquisa qualitativa e de campo, tem por objetivo compreender de que forma metáforas surgem em produção de textos de alunos que acabaram de entrar no universo da escrita, pois, embora existam teorias e abordagens pautadas na tentativa de explicar o fenômeno da metáfora na língua e na linguagem, parecem ser escassos os estudos que se preocupam em entender como ela é utilizada por escolares recém-alfabetizados, principalmente durante o processo de escritura em ato de poemas em sala de aula. O uso do termo “produção textual”, de acordo com Dolz, Decândio e Gagnon (2010, p.13) “serve para situar, de modo mais amplo, as situações de interação e as operações que intervêm na atividade da escrita”, considerando-a “como uma forma de comunicação, de expressão e de conhecimento”. Nesse sentido, propomos que a metáfora é um fenômeno que nos possibilita entender melhor a relação do sujeito com a língua, evidenciando o funcionamento desta no momento em que estão produzindo um texto. Ressaltamos que o fenômeno da metáfora está ligado ao funcionamento da língua e que nos textos produzidos em sala de aula o seu uso pode emergir de maneira previsível, mas também singular e “imprevisível” (LEMOS, 2006). Sobre essa (im)previsibilidade na escrita de metáforas em poemas inventados, relacionamos uma possibilidade de categorização ao tipo de metáfora que é criado, “metáfora inventada ou de invenção/de criação” ou “metáfora cristalizada” (CANÇADO, 2012); “metáforas de invenção e metáforas de uso, vivas e mortas, originais e cristalizadas” (ZANOTTO, 1990), dentre outras. Utilizaremos os termos “metáfora de criação” e “metáfora cristalizada”. Além destes termos, por acreditar que as metáforas na escrita destes sujeitos ultrapassam esta dicotomia, defendemos a criação de uma terceira nomenclatura, metáfora colada, copiada, ou seja, metáforas usadas que são resultado de uma (re)produção feita no processo de escritura. Neste interim, no que concerne a escrever no ambiente escolar, Calil (2008, 2012, 2014, 2016, dentre outros) aponta que o processo de criação (MISERANI, 1989,
15 característica a retomada do que está na memória de curto e longo prazo (IZQUIERDO, 2011; IZQUIERDO et al., 2013; AMORIM, 2009, 2012) e a relação do que é recuperado pela memória com redes associativas (SAUSSURE, 2006, 2002; SUENAGA, 2004) ativadas no fluxo do dizer (CALIL, 2014). De acordo com Izquierdo (2011, p.11), “‘Memória' significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A aquisição também é chamada de aprendizado ou aprendizagem [...]. A evocação também é chamada de recordação, lembrança, recuperação”. Para ele et al., (2013, p. 12), “Todas as memórias são associativas : se adquirem através da ligação entre um grupo de estímulos (um livro, uma sala de aula) e outro grupo de estímulos (o material lido, aquilo que se aprende; algo que causa prazer ou penúria).” Calil (2014), por exemplo, faz uma análise das relações associativas, no plano das cadeias associativas, não só das palavras, relacionando-as aos conceitos de memória de curto e longo prazo, em textos produzidos por escolares. Já esta tese analisa tais associações não só sob o plano das cadeias associativas ou da palavra em relação ao texto enquanto um todo, mas também dentro de enunciados, do texto, que carregam metáforas, ou seja, uma relação mais restrita entre as palavras que compõem enunciados metafóricos. O que não elimina a possibilidade de relações associativas existirem entre expressões que compõem as metáforas e outras que foram enunciadas anteriormente durante o processo de construção do texto. Propomo-nos, aqui, ancorados no que Calil coloca sobre o processo acima descrito, que a criação de metáforas na linguagem cotidiana (LAKOFF; JOHNSON, 2002 ), especificamente em textos de escolares recém-alfabetizados, também pode estar relacionada ao que é recuperado pelos escreventes através de sua memória atrelada às relações associativas estabelecidas durante o processo de escrita. Defendemos a relevância desta pesquisa pelo fato de não termos encontrado, na literatura específica, trabalhos que tenham eleito a metáfora, como objeto de estudo, analisada via o arcabouço teórico-metodológico utilizado aqui, ou seja, estudos que elejam a metáfora escrita por crianças, de maneira colaborativa (BOUCHARD; MONDADA, 2005), analisada a partir de processos de produção de
17 Inspirados no universo da Crítica Genética e da Genética Textual/Genética de Texto (GRÉSILLON, 2007; BIASI, 2010; WILLEMART, 2005; PINO; ZULAR, 2007), a nossa pesquisa busca compreender a gênese da metáfora ou gênese metafórica em manuscritos escolares, processo e produto, o que nos possibilitará definir os movimentos realizados para a criação da metáfora, ou seja, como e de que forma surgem tais enunciados metafóricos. O termo “manuscrito”, como também “ scriptor”, este usado posteriormente, são aqui utilizados nos moldes de Calil (2008), fazendo alusão aos estudos vinculados a Genética de Textos. Para ele, os textos produzidos na escola têm estatuto de “manuscrito”, cujas marcas de rasuras ou outras formas de reformulação podem indicar sua gênese textual, aproximando-os do funcionamento dos manuscritos literários valorizados pela Crítica Genética. Acreditamos que tal entendimento pode nos auxiliar para a definição do que é metáfora em tal contexto, qual sua relação com a escrita, sobretudo com a escrita de escreventes que compreenderam o sistema de notação alfabética recentemente. “A interpretação de uma obra à luz de seus rascunhos ou documentos preparatórios vem sendo denominada, nas últimas três décadas, ‘genética de textos’ ou ‘crítica genética’” (BIASI, 2010, p.09). Enfim, a tese está dividida em cinco capítulos. O primeiro traz uma breve retrospectiva sobre a área da Crítica Genética, com ênfase na Genética de Texto. Além disso, realiza uma abordagem sobre o trabalho com o manuscrito escolar, destacando pesquisas que veem o manuscrito escolar enquanto um espaço para reflexão sobre o processo de escrita, principalmente a escrita de sujeitos iniciantes nesse processo. Já o segundo, apresenta o estado da arte, com especificidade para a metáfora vista sob a ótica dos estudos tradicionais, principalmente sobre como ela é vista no âmbito escolar; e dos estudos cognitivistas, os quais nos apresentam uma metáfora primeira, que antes de estar presente em nossa linguagem, já colabora para a estruturação do nosso pensamento. O terceiro apresenta uma discussão sobre o referencial teórico adotado, que perpassa desde os conceitos de língua (SAUSSURE, 2006) e alíngua (MILNER, 2012) a conceitos-chave da linguística que vêm se ressignificando desde a publicação do
18 Curso de Linguística Geral – CLG – até a atualidade como, por exemplo, a dicotomia relações associativas e sintagmáticas. O quarto traça um panorama do percurso metodológico, que discute sobre o projeto didático aplicado em sala, enfatizando as especificidades do projeto e o que, depois de aplicado, serviu para as análises, a saber: textos trabalhados em sala nas atividades de leitura, interpretação, compreensão e produção de textos; processos e produtos a serem analisados. Além disso, levanta informações relevantes sobre os sujeitos da pesquisa e tudo aquilo que circundou os momentos das produções dos textos. Por fim, o quinto capítulo que evidencia a análise dos dados, no qual procuramos descrever o percurso genético textual relacionado à construção de metáforas por escreventes novatos no curso da criação de poemas em situação ecológica, ou seja, em situação de sala de aula.