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Guias e Dicas
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Análise do ofício do crochê como patrimônio imaterial em São Bernardo-MA, Provas de Cultura

Uma análise do ofício do crochê como patrimônio imaterial na cidade de são bernardo-ma, brasil. A pesquisa é baseada em entrevistas semiestruturadas com dez moradoras que praticam o crochê, com o objetivo de entender como essa técnica chegou à cidade e como é repassada de geração em geração. Além disso, a pesquisa destaca a importância do crochê para as artesãs e sua inserção na cultura local.

O que você vai aprender

  • Como é repassada a técnica do crochê de geração em geração?
  • Quais são os principais agentes que contribuem para a preservação do crochê em São Bernardo-MA?
  • Qual a importância do crochê para as artesãs em São Bernardo-MA?
  • Como o crochê se inseriu na cultura local de São Bernardo-MA?
  • Como o crochê chegou à cidade de São Bernardo-MA?

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
CAMPUS SÃO BERNARDO
CURSO DE LICENCIATURA EM LINGUAGENS E CÓDIGOS
ANGEIRLEY SANTOS SILVA
A ARTE DO CROCHÊ COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DA
CIDADE DE SÃO BERNARDO - MA
SÃO BERNARDO – MA
2017
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA

CAMPUS SÃO BERNARDO

CURSO DE LICENCIATURA EM LINGUAGENS E CÓDIGOS

ANGEIRLEY SANTOS SILVA

A ARTE DO CROCHÊ COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DA

CIDADE DE SÃO BERNARDO - MA

SÃO BERNARDO – MA

ANGEIRLEY SANTOS SILVA

A ARTE DO CROCHÊ COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DA

CIDADE DE SÃO BERNARDO - MA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Linguagens e Códigos da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, como requisito para a obtenção do título de Licenciado. Orientador: Profª. Dra. Maria Francisca da Silva

SÃO BERNARDO-MA

ANGEIRLEY SANTOS SILVA

A ARTE DO CROCHÊ COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DA CIDADE

DE SÃO BERNARDO - MA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Linguagens e Códigos da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, como requisito para a obtenção do título de Licenciado. Orientador: Profª. Dra. Maria Francisca da Silva

Aprovada em: //___

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________

Prof.ª Dra. Maria Francisca da Silva Doutora em Letras Neolatinas Espanhol (Orientadora) Universidade Federal do Maranhão


Prof.ª Dra. Maira Teresa Gonçalves Rocha Doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Universidade Federal do Maranhão


Prof.ª Ma. Samira Amara Gomes Alves Mestra em Museologia – UFPI Universidade Federal do Maranhão

A Jeová, a minha filha Debora Evelyn Santos, assim como, ao meu Marido André Dias, pelos seus ensinamentos e por estarem comigo nesse momento da minha vida.

“[...] O que existe nos artesanatos é todo um elenco de gestos, de procedimentos com o material, que desaguam na forma cultural aprendida de outras gerações e enriquecida, quando não inventada, pela experiência individual. Forma que pode alterar-se, segundo as necessidades, até mesmo estéticas, de cada artesão ou grupo de artesãos.

Lélia Coelho Frota

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o crochê enquanto patrimônio imaterial na cidade de São Bernardo- MA. Apresenta o crochê em sua relevância na manutenção tanto da identidade local, como cultural da cidade, uma vez que o crochê faz parte de práticas culturais que se instituem enquanto bens de valor patrimonial. Os principais autores utilizados foram Brayner (2007) Vaz (2016), Braun (2013) e Castro (2008). Para essa análise, realizei uma entrevista semiestruturada com dez moradoras da localidade que praticam o artesanato crochê, com a finalidade de analisar como esse ofício chegou a São Bernardo e como vêm sendo repassado de geração em geração, além de como essa técnica continua presente na vida de muitas artesãs. O crochê por sua vez, é uma técnica que continua bastante presente na cidade, mesmo não possuindo um grande valor econômico, ele está sendo repassado constantemente entre as gerações, a arte de fazer o crochê vai muito além do valor econômico, ele está mais associado ao prazer de realizar essa técnica, logo, as artesãs mesmo que de forma indireta contribuem para a manutenção do patrimônio cultural imaterial da cidade.

Palavras - Chave: Crochê. Cultura. Patrimônio Imaterial.

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE 1 Termo de Consentimento Livre Esclarecimento APÊNDICE 2 Questionários com as artesãs

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Perfil das Artesãs entrevistadas

TABELA DE SIGLAS

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional PNDA - Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato PAB - Programa do Artesanato Brasileiro IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SUMÁRIO

 - 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................… - 2 PATRIMÔNIO IMATERIAL ……………………………………………………… - 2.1 Artesanato……………………………………………………………………… - 2.2 Crochê………………………………………………………………………… - 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS: CONTEXTUALIZAÇÃO ………………… - 3.1 Caracterização de São Bernardo………………………………………………… - 3.2 O artesanato em São Bernardo……………………………………………… - 3.3 Procedimentos Metodológicos de Coleta de Dados………………………… - 4.1Perfil dos Entrevistados……………………………………………………… 4 ANALISE DOS DADOS……………………………………………………… - 4.2 O Crochê: Patrimônio Imaterial na Cidade de São Bernardo……………… 
  • 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………………
    • REFERÊNCIAS ……………………………………………………………………………
    • APÊNDICES ………………………………………………………………………………
      • APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ……………………………
      • APÊNDICE B: Roteiro de Entrevista com as Artesãs ………………………………………

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho analisa o crochê como patrimônio 1 imaterial, na cidade de São Bernardo- MA, além de demonstrar como a técnica do crochê chegou à cidade e como vêm sendo repassada de geração para geração. Tomo como referência empírica para esta pesquisa a cidade de São Bernardo- MA pertencente a região do Baixo Parnaíba Maranhense e localizada a 372 Km da capital São Luís. A escolha de realizar essa pesquisa em São Bernardo- MA, é que além de ser minha cidade de origem, é nesta localidade que resido até hoje, facilitando assim o processo da pesquisa de campo, já que conheço várias pessoas que praticam essa arte a muito tempo. A opção pelo objeto de estudo, que é a arte do crochê se justifica pelo fato dela

fazer parte da minha vida. Desde a infância convivi com minha mãe realizando essa atividade. Ela utilizava a técnica para confeccionar peças, que iriam ajudar no orçamento familiar, porém observava que esses fazeres não eram encarados como obrigação, mas, como algo prazeroso apesar de ajudar na renda familiar. E ao observar esses fazeres dentro da minha casa percebi que, outras famílias também utilizava a técnica surgindo assim, o interesse em conhecer como essa arte chegou a cada uma delas. Outro ponto importante que levei em consideração, é que ao observar as casas

próximas a minha que eu frequentava, pude observar que em todas tinham alguma coisa artesanal, seja na decoração, na vestimenta entre outros. Assim passei a refletir como esses materiais são adquiridos e quem as produzem. Partindo desse princípio surgiu o interesse em conhecer a origem da arte do crochê dentro do município de São Bernardo, uma vez que para muitos não passam apenas de “coisas de donas de casa, apesar de que não é dessa forma. A partir dessas ideias iniciais sobre o crochê, apareceu o interesse de investigar qual a origem da prática do crochê. Como a artesã se veem nessa prática, além de quem repassou esse ensinamento a ela, e o qual o papel do crochê dentro do âmbito familiar uma vez que o mesmo está inserido na cultura bernardense. Com base nesses questionamentos, esta pesquisa objetivou mostrar a técnica do

(^1) A palavra patrimônio vem de pater , que significa pai. Tem origem no latim, uma língua hoje morta que deu origem à língua portuguesa. Patrimônio é o que o pai deixa para o seu filho. Assim, a palavra patrimônio passou a ser usada quando nos referimos aos bens ou riquezas de uma pessoa, de uma família, de uma empresa. Essa ideia começou a adquirir o sentido de propriedade coletiva com a Revolução Francesa no século XVIII (BRAYNER, 2007, p 12)

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crochê como patrimônio imaterial dentro do município de São Bernardo- MA. Tudo isso porque, partimos do pressuposto de que não há registros que mostram essa arte dentro da cultura bernardense. Pois através dessa catalogação ficará mais fácil compreender como essa técnica chegou na cidade, e como ela vem sendo repassada de geração para geração. A construção do objeto de estudo partiu primeiramente de leituras teóricas, por meio da internet, livros e artigos que possibilitaram o levantamento bibliográfico da proposta em questão. Posteriormente, senti a necessidade de observar no cotidiano familiar, conversando com mulheres que realizam o crochê. A perspectiva teórico-metodológica tem como principal base as concepções de

autores de Brayner (2007) ,Vaz (2016), Braun (2013), Castro (2008), entre outros. Os quais alguns retratam a questão da cultura e outros abordam sobre o contexto de São Bernardo, logo, também para compor o campo teórico, ressaltou-se o Patrimônio Imaterial utilizaremos o IPHAN com o decreto n° 3.551, de 4 de agosto de 2000, que vem mostrando como o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, passou a ser considerado patrimônio cultural brasileiro. Por sua vez, a pesquisa de campo teve a participação de dez (10) entrevistadas, que concordaram participar do processo das entrevistas. Todas as entrevistadas residem na localidade e praticam esse tipo de artesanato, algumas praticam a mais tempo e outras nem tanto, porém todas compartilham de algo comum que é a salvaguarda desse patrimônio em São Bernardo. Desta forma, o trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo, apresento um percurso histórico analisando como a concepção de cultura foi criada e como mesma está estruturada na sociedade. Assim como, enfatizo a questão do patrimônio imaterial como um importante agente na preservação da pluralidade de costumes e tradições de uma sociedade no qual destaco o artesanato e especificamente o crochê como um bem cultural que deve ser preservado. No segundo capítulo, contextualizo meu campo empírico que é São Bernardo- MA, com o objetivo de analisar como a cidade se constituiu, além de como a sua cultura se organizou na localidade. Apresento o surgimento do artesanato e a cultura do crochê que é repassada de geração em geração até os dias atuais. Já no terceiro capítulo, analiso os diálogos das entrevistadas com a pretensão, de mostrar como se dá a cultura do crochê em São Bernardo, além de como as mesmas aprenderam essa técnica, problematizando o crochê enquanto um patrimônio imaterial que continua bastante vivo na localidade.

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A cultura engloba tanto a linguagem com que as pessoas se comunicam como, contam suas histórias, fazem seus poemas, quanto a forma como constroem suas casas, preparam seus alimentos, rezam, fazem festas. Enfim suas crenças, suas visões de mundo, seus saberes e fazeres. Trata-se portanto de um processo dinâmico de transmissão, de geração a geração, de práticas, sentidos e valores, que se criam e recriam (ou são criados e recriados) no presente, na busca de soluções para os pequenos e grandes problemas que cada sociedade ou indivíduo enfretam ao longo da existência. (BRAYNER, 2007, p 07) Conforme a autora, a cultura está inserida dentro de um processo dinâmico, que perpassa geração em geração preservando costumes, valores, estilos de vida comum a cada grupo social e a cada sociedade. É dentro desse campo cultural que se insere o patrimônio imaterial.

Este compreendido dentro de práticas culturais coletivas que se manifestam em ofícios, celebrações religiosas, músicas, lugares entre outros, caracterizado como bens culturais imateriais. O patrimônio imaterial reflete neste sentido a preservação de uma pluralidade de costumes e tradições de uma sociedade.

É relevante ressaltar, que a importância e valorização do patrimônio imaterial, ocorreu fortemente a princípio no cenário internacional em 1972, a partir da convenção sobre o Patrimônio Mundial, Cultural e Natural promovido pela Organização das Nações Unidas (UNESCO). Essa iniciativa expandiu a importância da salvaguarda do patrimônio cultural em âmbito global.

O Brasil, por sua vez, não ficou de fora do processo de preservação do patrimônio imaterial. Essa ideia começou a ser explorada a partir 1930, quando um grupo de intelectuais e artistas que fizeram parte do Movimento Modernista^2 trouxeram uma nova concepção de arte e cultura impulsionando a valorização das diversas manifestações culturais no Brasil no qual Brayner (2007) trata sobre como isso correu.

Um grupo de artistas e intelectuais se reuniu no que veio a se chamar de Movimento Modernista, que passou a buscar e a valorizar as diferentes raízes da cultura brasileira. Integrantes desse movimento também participaram, em 1937, da criação do então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, entre os quais merece destaque o escritor e pesquisador Mário de Andrade. Hoje, com o nome de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN desenvolve ações de preservação do patrimônio cultural em todo o território nacional. (BRAYNER, 2007, p 11)

(^2) O movimento modernista era composto por um grupo de intelectuais no século XX, que visava romper com o tradicionalismo, esse movimento era liderado por Mário de Andrade que tinham como pretensão reacender um novo olhar sobre a cultura brasileira. O marco principal dessa nova proposta foi a Semana de Arte Moderna em 1922, que promoveu uma valorização da cultura popular.

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Como aponta a autora, esses intelectuais com destaque do pesquisador e escritor Mário de Andrade^3 , este protagonista na manifestação sobre a importância da cultura enquanto fator primordial da identidade do povo brasileiro, colaboraram com a criação do Serviço do Patrimônio e Artístico Nacional – SPHAN, hoje conhecido como Instituto Histórico e Artístico Nacional – IPHAN^4. No entanto, as ações de preservação do patrimônio ganha mais evidência a partir de 1970, quando foi ampliando de acordo com Nascimento (2009, p 02) “o conceito de patrimônio formulada entre os especialistas do Centro Nacional de Referência Cultural, centrados na figura de Aloísio de Magalhães”. Entretanto, é notório enfatizar que a noção de patrimônio imaterial foi ganhando novas dimensões e conceitos ao longo dos anos, favorecendo novas iniciativas para a sua preservação. Dentro dessa perspectiva, é que Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, promoveu pesquisas que geraram a criação do decreto de 3.551 de 04 de agosto de 2000. Citados no Art. 216 da Constituição Federal de 1988, o IPHAN coordenou os estudos que resultaram na edição do Decreto 3.551, de 04 de agosto de 2000, que “institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial”. Nesse mesmo ano, o IPHAN também consolidou o Inventário Nacional de Referências Culturais. (BRAYNER, 2007, p 13).

Segundo o autor, o IPHAN por meio de suas pesquisas conseguiu estabelecer programas por meio do decreto 3.551 de 04 de agosto de 2000, que alavancaram políticas públicas com pretensão de dá uma maior visibilidade e salvaguarda aos bens culturais brasileiro. Favorecendo desta forma, a preservação a diversidade de costumes e tradições do povo Brasileiro. Cabe também enfatizar, que o conceito de patrimônio imaterial passou por diversas revisões e concepções em seu entendimento sobre o que é a cultura imaterial e como reconhecer e valorizar a cultura de diferentes grupos e camadas sociais, uma vez que há uma pluralidade de cultura no Brasil. Assim, além

(^3) Mário de Andrade, estudou literatura, música, artes plásticas, folclore, arquitetura e foi também um grande escritor brasileiro, ele viajou pelo país filmando, fotografando e escrevendo sobre danças, canções, “causos”, lendas, etc. A obra deixada por Mário de Andrade evidência o que ele procurava associar conhecimento e reflexão com ações de reconhecimento e valorização da cultura enquanto elemento essencial da identidade do nosso povo (BRAYNER, 2007, p 10) 4 O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), autarquia do Ministério da Cultura, em especial por meio do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI), é a instituição de referência para a atuação relativa ao PCI no Brasil. Tanto do ponto de vista conceitual como do ponto de vista da metodologia de atuação, o IPHAN produz avaliações e reavaliações permanentes de sua atuação, que inclui diversas parcerias com órgãos públicos e organizações privadas (CASTRO, 2008, p12).