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a análise institucional em equipes de trabalho ..., Notas de estudo de Psicanálise

INSTITUIÇÃO DE VÍNCULO DOS AUTORES: ANALISE AÇÕES EM SAÚDE E NO. TRABALHO S/S LTDA. RESUMO: Utilizou-se a análise do filme “O Diabo veste Prada” (The Devil ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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V CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração
“A ANÁLISE INSTITUCIONAL EM EQUIPES DE TRABALHO. UMA ANÁLISE DO FILME
‘O DIABO VESTE PRADA”
AUTORES: ANA MARIA MARQUES DA LUZ; ENEIDA VON ECKHARDT; JOSIANE
DA SILVA ESPÍNDULA; WALTER LUIZ FIGUEIREDO
INSTITUIÇÃO DE VÍNCULO DOS AUTORES: ANALISE AÇÕES EM SAÚDE E NO
TRABALHO S/S LTDA.
RESUMO:
Utilizou-se a análise do filme “O Diabo veste Prada” (The Devil wears Prada) para
transmissão de conhecimentos práticos e teóricos, fundamentados na Socionomia, na Análise
Institucional, na Psicanálise e nas experiências profissionais dos autores.
Esta obra foi escolhida por ser propícia para reflexões e por apontar demandas
encontradas freqüentemente nos trabalhos que os autores realizam com instituições e grupos,
proporcionando assim, a oportunidade de uma articulação téorico-prática: uma conserva
cultural rígida impede que os sujeitos sejam espontâneos e criativos. Isto provoca fortes
efeitos e impactos nas relações sociométricas.
Destaca-se a importância do trabalho socionômico para ações transformadoras
necessárias frente aos desafios dos tempos atuais, que vem solicitando dos sujeitos, novas
saídas, em especial, no mundo competitivo do trabalho.
O artigo permite apontar qual é a proposta prática que intervenções em equipes podem
oferecer às instituições para que elas funcionem melhor com propostas criativas que permitam
aos sujeitos a co-responsabilidade da sobrevivência deles próprios e das instituições no
mundo contemporâneo.
PALAVRAS-CHAVE: EMPRESA, ANÁLISE INSTITUCIONAL, EQUIPE, RELAÇÕES DE
TRABALHO, RELAÇÕES DE PODER, CONSERVA CULTURAL.
ABSTRACT:
Analysis of the movie The Devil Wears Prada” is used to impart practical and
theoretical knowledge, with support on Socionomics, Institutional Analysis, Psychoanalysis
and hands-on experience of the authors.
This particular movie was chosen because it permits reflexions and demands
frequently found by the authors during works developed in groups and institutions, thus
allowing an appropriate join of theory and practice: a cultural conservativeness precludes
spontaneity and creativity from its subjects, instigating strong impacts and effects in
sociometrics relations.
The importance of socionomic work translated in necessary transforming actions, in
face of challenging times, that do demand new responses from subjects, especially in the
competitive labour realm, stands off.
The article points towards what practical propositions can interventions in work-team
offer to institutions a better functioning that allow subjects to be co-responsible in their own
survival and in that of contemporary institutions.
KEYWORDS: BUSINESS, INSTITUTIONAL ANALYSIS, SOCIONOMICS, WORK-TEAM,
LABOUR RELATIONS, CULTURAL CONSERVATIVENESS, POWER RELATIONS
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“A ANÁLISE INSTITUCIONAL EM EQUIPES DE TRABALHO. UMA ANÁLISE DO FILME

‘O DIABO VESTE PRADA”

AUTORES: ANA MARIA MARQUES DA LUZ; ENEIDA VON ECKHARDT; JOSIANE

DA SILVA ESPÍNDULA; WALTER LUIZ FIGUEIREDO

INSTITUIÇÃO DE VÍNCULO DOS AUTORES: ANALISE AÇÕES EM SAÚDE E NO

TRABALHO S/S LTDA.

RESUMO:

Utilizou-se a análise do filme “O Diabo veste Prada” (The Devil wears Prada) para transmissão de conhecimentos práticos e teóricos, fundamentados na Socionomia, na Análise Institucional, na Psicanálise e nas experiências profissionais dos autores. Esta obra foi escolhida por ser propícia para reflexões e por apontar demandas encontradas freqüentemente nos trabalhos que os autores realizam com instituições e grupos, proporcionando assim, a oportunidade de uma articulação téorico-prática: uma conserva cultural rígida impede que os sujeitos sejam espontâneos e criativos. Isto provoca fortes efeitos e impactos nas relações sociométricas. Destaca-se a importância do trabalho socionômico para ações transformadoras necessárias frente aos desafios dos tempos atuais, que vem solicitando dos sujeitos, novas saídas, em especial, no mundo competitivo do trabalho. O artigo permite apontar qual é a proposta prática que intervenções em equipes podem oferecer às instituições para que elas funcionem melhor com propostas criativas que permitam aos sujeitos a co-responsabilidade da sobrevivência deles próprios e das instituições no mundo contemporâneo.

PALAVRAS-CHAVE : EMPRESA, ANÁLISE INSTITUCIONAL, EQUIPE, RELAÇÕES DE TRABALHO, RELAÇÕES DE PODER, CONSERVA CULTURAL.

ABSTRACT: Analysis of the movie “The Devil Wears Prada” is used to impart practical and theoretical knowledge, with support on Socionomics, Institutional Analysis, Psychoanalysis and hands-on experience of the authors. This particular movie was chosen because it permits reflexions and demands frequently found by the authors during works developed in groups and institutions, thus allowing an appropriate join of theory and practice: a cultural conservativeness precludes spontaneity and creativity from its subjects, instigating strong impacts and effects in sociometrics relations. The importance of socionomic work translated in necessary transforming actions, in face of challenging times, that do demand new responses from subjects, especially in the competitive labour realm, stands off. The article points towards what practical propositions can interventions in work-team offer to institutions a better functioning that allow subjects to be co-responsible in their own survival and in that of contemporary institutions.

KEYWORDS: BUSINESS, INSTITUTIONAL ANALYSIS, SOCIONOMICS, WORK-TEAM, LABOUR RELATIONS, CULTURAL CONSERVATIVENESS, POWER RELATIONS

É tudo! Só! Tem-se tudo Não falta nada Narcisismo suprido? Lacônico Do topo do mundo Sujeito Falo e poder Se tem, se é Isto não é mais necessário? Ilusão.... Denegação Subjetivação / dessubjetivação O diabo veste Prada ou Prada veste o diabo?

Ilustração 1: cartaz do filme

INTRODUÇÃO

Os autores deste artigo fazem parte de uma equipe interdisciplinar de interventores em grupos e em instituições, que realiza também consultorias, treinamentos, cursos e conferências, chamada PAM - Propondo Algo a Mais. A equipe utiliza o teatro espontâneo e a socionomia articulados à análise institucional e à escuta do sujeito em suas relações de trabalho. Isto proporciona “algo a mais” nos trabalhos realizados e nas questões inusitadas que emergem a respeito da sobrevivência das organizações no momento contemporâneo. O artigo emprega a análise do filme “O Diabo veste Prada” para transmissão de conhecimentos práticos e teóricos, fundamentados na Socionomia, na Análise Institucional, na Psicanálise articuladas com as questões da administração contemporâneas, confirmadas nas

Os coadjuvantes são:

  • Nate (Adrian Grenier): “namorido” de Andy
  • Christian Thompson (Simon Baker): jornalista que seduz Andy e a ajuda a atender um pedido quase impossível de Miranda. 1. Uma leitura das subjetividades 1.1. Miranda Priestly

Ilustração 2: personagem Miranda Priestly

Miranda Priestly, personagem brilhantemente interpretada por Meryl Streep, alcança um desempenho profissional que institui uma encarnação da moda em um sujeito: “a moda é Miranda e Miranda é a moda”. Todo o mundo fashion se curva diante do conhecimento e do poder desta executiva. Todos estão à mercê de sua avaliação e/ou aprovação. Não ter seu trabalho aprovado por Miranda é passaporte para o fracasso. Mas este posto tem seu preço. Miranda utiliza de todas as artimanhas para manter o poder, sem se importar com quem quer que seja e com qualidade de vida discutível. Seu nível de exigência é tão alto que ela chega a ser cruel com todos os que para ela trabalham ou que dela precisam para se projetarem no mundo fashion. Extremamente controladora e centralizadora, mais parece uma dama de ferro. Demonstra que nada a abala (nem mesmo seu segundo divórcio), mantendo sempre a altivez. Não há limites para seus pedidos, em termos de hora, dificuldade ou possibilidade. Todos precisam dar conta de tudo, independente de ser possível ou razoável. O clima de trabalho na Runway é extremamente tenso. Seus funcionários parecem fantoches, sem vida própria e pessoal. Estão sempre estressados e em pânico à espera de novas ordens para serem cumpridas. Miranda, com seu temperamento rígido, poderoso e ao

mesmo tempo sedutor -o poder seduz- é a própria dessubjetivação do sujeito. “Suas meninas” mais parecem objetos, acessórios ou complementos do que pessoas. Trabalhar para Miranda significa além de exercer uma profissão, servi-la. Sendo assim, a noção de uma equipe que contribui para o sucesso da revista Runway, fica desprestigiada. “Um milhão de garotas dariam a vida para trabalhar nesta revista”, este é o slogan daquele escritório. Não medem esforços para permanecerem no emprego, nem que isto lhes custe rompimentos de relacionamentos, a perda da saúde, do direito de dormir, da autonomia sobre suas vidas e até mesmo do sonho de empregos melhores mais razoáveis e respeitosos, onde pudessem exercitar suas reais competências. Miranda espelha uma personagem criada pela instituição Runway ou ela teria criado a própria instituição? Ela é um produto institucional ou sujeito que faz a instituição?

1.2. Andy Sachs

Ilustração 3: personagem Andy Sachs

Andy Sachs é formada em jornalismo pela Universidade de Northwestern. Moça simples, e por diversas vezes, até mesmo pueril. Ao chegar à empresa para a entrevista, percebeu que existia ali um clima de terror: as pessoas viviam tomadas pelo medo e se curvavam diante de Miranda Priestly. Andy atestou na entrevista de seleção que nunca ouvira falar da revista e nem tampouco de sua entrevistadora, o que fez com que Miranda reagisse humilhando-a. Andy não se abateu e disse que apesar de não entender de moda, teria boa vontade em aprender, além do fato de possuir outras qualidades que julgava importantes para conseguir a vaga. Desta forma, Andy enfrentou Miranda, fato incomum: foi clara ao expor seu ponto de vista e não se intimidou diante da frieza da editora-chefe. Outros motivos podem ter contribuído para a contratação de Andy: muitas vezes preferem-se candidatos sem experiência prévia, pois desta maneira “formata-se” a pessoa de acordo com o desejado da empresa; o fato de Andy ser diferente das outras candidatas que conheciam a Runway, mas que sucumbiram ao posto, fez com que Miranda arriscasse a contratação e finalmente a postura quase infantil de Andy,

Como no início Andy destoava do tom de glamour que pairava sobre a instituição, Emily e outros funcionários reagiram a esta diferença, ridicularizando-a e menosprezando-a. Na verdade, isto significava uma tentativa de impedir qualquer reflexão que disparasse um processo instituinte colocando em cheque os valores conservados. Ou seja, a ideologia dominante e seus ideais deveriam ser mantidos. Emily transmitiu as infinitas atividades rotineiras a Andy em um clima de muito terrorismo, na certeza de que esta não daria conta das mesmas e seria mais uma a ser dispensada da vaga, fazendo com que novamente reinasse absoluta na sua missão de servir à executiva. Focada apenas na condição de assistente eficiente não percebe a análise profissional que Miranda já fez de Andy, considerada por Emily uma “coitada”.

1.4 Nigel

Ilustração 5: personagem Nigel

Nigel é o produtor de moda que trabalha na Runway há doze anos. Profundo conhecedor do mundo fashion e um dos poucos que Miranda considerava como um bom profissional: “ainda bem que alguém trabalha nesta revista”. Suas idéias eram sempre acatadas pela editora. Nigel, como profundo conhecedor do mundo frenético da moda e da forma de atuação de Miranda, agiu como uma espécie de coach para a nova assistente dando-lhe orientações que a ajudaram no seu aprimoramento profissional e no processo de aprendizagem sobre este novo universo. Nigel foi um interventor institucional para Andy: lembrou-lhe a parte que lhe cabia naquilo que reclamava e apontou a necessidade dela fazer uma opção. Na parte final da trama, Nigel se viu oferecido como sacrifício para que Miranda se mantivesse no poder. Diante desse fato, afirmou resignado: “quando chegar a hora, ela vai me recompensar”. Nigel foi penalizado para que o poder se mantivesse. O risco que correm os sujeitos submetidos a estas situações é deprimirem-se ou enveredarem por um tipo de “drogadicção”.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta história se desenrola em um ambiente insanamente tenso que leva aos seguintes questionamentos: esta instituição foi criada por uma chefa extremamente exigente ou ela mesma é um produto semelhante a qualquer outro fabricado em uma linha de produção? Qual seria, então, o verdadeiro produto da Runway: a moda que deve ser usada ou um modelo ideológico de funcionamento que produz uma massificação dos sujeitos? Um dos produtos institucionais da Runway é uma visão natural que leva as pessoas a pensarem que o controle sobre os sujeitos (e não sobre os processos produtivos) ajuda a manter o lucro e o status quo. Este produto intangível vende uma garantia de sucesso capitalista com as manobras necessárias para a manutenção do poder institucional, muito atrativo a qualquer mercado. Há outra opção? E as equipes coordenadas eticamente fazendo-se produzir em sua potência? O interessante é que o discurso predominante no mundo organizacional é de se procurar trabalhar em equipes e com auto-gestão. Muitos treinamentos e consultorias são contratados para se implantar esta “nova” tendência. Mas, freqüentemente, as organizações solicitam novas formas de intervenção ao proclamarem que tais treinamentos e consultorias não surtiram efeito. Qual seria, então, o motivo para estes insucessos? Na maioria das vezes o que se vê é um medo e uma fantasia de se perder o controle sobre as pessoas nos modelos mais abertos de funcionamento (que não dispensa limites e respeito), o que prejudica a implementação de verdadeiras mudanças. Além do mais, os modelos institucionalmente testados e tidos como eficazes (do ponto de vista capitalista) existem e estão brilhantemente ilustrados no filme “O diabo veste Prada”. Há, então, que se fazer uma opção. É verdade que os modelos organizacionais verticalizados funcionam eficazmente, mas é uma inverdade que modelos de funcionamento e organização mais horizontalizados, ou que prestigiem os sujeitos em sua potência, e não necessariamente pela hierarquia, trazem o perigo de desestabilidade e de menos lucro. O que se vê então é mais discurso e menos prática, pelo menos como se pronuncia por aí. Teria algo a mais a ser pensado? Há que se considerar que os modelos rígidos ou narcísicos dão vazão a um gozo perverso que seduz e encanta os sujeitos imersos na instituição, tais como ficaram Nigel e Emily, nutridos pela ilusão de um reconhecimento maior de Miranda. Aliás, a ilusão é produto muito comum nas mais diversas instituições. Na trama, os sujeitos agem mais como fantoches do que como seres humanos, até que Andy depara-se com o quanto se identificou e personificou a insígnia maior da Runway: eu sou o melhor em detrimento do outro, confundida com a própria organização. O filme, com brilhantes atuações, remete a importantes reflexões acerca dos sujeitos na roda viva contemporânea: a manutenção da produtividade, do status e do poder, e principalmente, ao que é mais importante, existem saídas e que estas estão diretamente ligadas às escolhas feitas frente às situações adversas evidenciadas e duramente impostas por qualquer “Miranda”. Esta é a grande mensagem que a personagem Andy deixa para todos: os sujeitos podem pertencer a si mesmos e Miranda não é tudo! Há saídas e há outros modelos (a própria Miranda reconheceu isto ao recomendar Andy para outro trabalho). Talvez Andy tenha feito o que Miranda, de alguma forma, tenha desejado, mas foi sucumbida pelo detalhe sádico do poder: o diabo vestiu salto alto e o inferno terá que aguardar a concorrência.