Capítulo 6: Imersos em Prazer - Introdução à Experiência Tántrica, Notas de estudo de Energia

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Apêndices

• Como usar este livro
• Introdução
• Capítulo 1: Preparar o espírito
• Capítulo 2: Preparar o corpo
• Capítulo 3: Preparar a parceria
• Capítulo 4: Aproximação
• Capítulo 5: Explorando êxtases
• Capítulo 6: Imersos em prazer
• Glossário
• Bibliografia
• Ligações úteis
• Índice remissivo
• Agradecimentos e créditos

Como usar este livro

Compreensão São apresentadas explicações acessíveis dos conceitos centrais na prática do amor tântrico para que possa entender bem o básico.

Passo a passo Ilustrações claras e detalhadas irão guiá-lo pelos estádios das técnicas e dos rituais tântricos para tornar mais fácil, até para principiantes, o primeiro passo nos prazeres tântricos.

Exercícios O livro abrange exercícios tanto espirituais quanto físicos que poderão usar para aprofundar a experiência tântrica — uns para serem experimentados a solo e outros com um parceiro.

Preparar o espírito

Compreender o Êxtase

20 21

Q

uem começa a estudar o sexotântrico, ouvirá referir, muitas Soa maravilhosa — mas, neste contexto,vezes, a palavra «êxtase». o que significa realmente?Os seres humanos procuram as experiências e, no entanto, estas podem,frequentemente, deixar-nos algo desanimado. Uma montanha-russa libertaem nós uma torrente de adrenalina, e, durante um curto período de tempo,sentimo-nos eufóricos, mas, ao fim de um bocado, a sensação acaba e começamosa querer mais. Uma refeição deliciosa é reconfortante, mas, depois de ingerida,a recordação tem tantas probabilidades de excitar o nosso apetite quanto deo satisfazer. Não seria muito mais recompensador se fôssemos capazesde aceder a uma sensação de prazer sem ter de a procurar fora de nós mesmos? Experienciando o êxtase Eis a boa notícia: o êxtase está dentro de nós. Perseguir os desejos nunca nos irá darpaz, porque estamos à procura no lugar errado. A busca de sensações parapreencher a nossa consciência a partir do exterior, por assim dizer, é umadistração em relação aos prazeres da própria consciência. Para sentirmos o

verdadeiro êxtase, temos primeiro deparar, escutar, e sentir o momento presente em toda a sua glória vibrante e viva.O êxtase é diferente do prazer. É um momento de plena participação: em nósmesmos e no mundo — e, se gostar de pensar dessa maneira, no próprio cosmos.Alguma vez passaram por um momento em que tenham saído para passear,observado o lindo nascer da Lua, dançado ao som da música, em que tenhammergulhado por completo naquilo que estão a fazer — nas imagens, no som,

Compreender o Êxtase nos cheiros e na sensação do ar sobre apele — de tal maneira que a memória se manteve convosco durante semanas ouanos? Ainda que tenha durado apenas alguns segundos, essa foi uma experiênciade êxtase. O sexo tântrico é isso: traz essa experiência para as nossas vidasamorosas, combinando os prazeres da consciência transcendente comos encantos da sexualidade. não estamos a falar de nos erguermosQuando dizemos «transcendência», acima da nossa própria experiência.Erguemo-nos com a nossa experiência, participando nela tão plenamenteque esta se torna um momento de plena consciência, relaxante e entusiasmanteao mesmo tempo. presente. Não tem de pensar ou sentirTraga a vossa atenção para o momento as coisas «certas»: quando estiververdadeiramente aqui, o que quer que sinta torna-se profunda e magicamente certo.

presentes no momento, qualquer^ Quando estamos alegremente^ Sinta o momento experiência se pode tornar extática. A palavra é muito usada na discussão^ O Significado do Êxtase do tantra, mas de onde vem? Tem a suaorigem na palavra grega ekstasis , que significa literalmente «que se destaca»,ou, numa melhor tradução, «que se erguefora de si». Não deixamos de ser nós mesmos quando estamos extáticos,mas deixamos de sentir que somosapenas nós. Tornamo-nos imersos em algo fora da nossa consciência regular, e issoé mágico.

Preparar o espírito

Compreender o Êxtase

20 21

Q

uem começa a estudar o sexotântrico, ouvirá referir, muitas Soa maravilhosa — mas, neste contexto,vezes, a palavra «êxtase». o que significa realmente?Os seres humanos procuram as experiências e, no entanto, estas podem,frequentemente, deixar-nos algo desanimado. Uma montanha-russa libertaem nós uma torrente de adrenalina, e, durante um curto período de tempo,sentimo-nos eufóricos, mas, ao fim de um bocado, a sensação acaba e começamosa querer mais. Uma refeição deliciosa é reconfortante, mas, depois de ingerida,a recordação tem tantas probabilidades de excitar o nosso apetite quanto deo satisfazer. Não seria muito mais recompensador se fôssemos capazesde aceder a uma sensação de prazer sem ter de a procurar fora de nós mesmos? Experienciando o êxtase Eis a boa notícia: o êxtase está dentro de nós. Perseguir os desejos nunca nos irá darpaz, porque estamos à procura no lugar errado. A busca de sensações parapreencher a nossa consciência a partir do exterior, por assim dizer, é umadistração em relação aos prazeres da própria consciência. Para sentirmos o

verdadeiro êxtase, temos primeiro deparar, escutar, e sentir o momento presente em toda a sua glória vibrante e viva.O êxtase é diferente do prazer. É um momento de plena participação: em nósmesmos e no mundo — e, se gostar de pensar dessa maneira, no próprio cosmos.Alguma vez passaram por um momento em que tenham saído para passear,observado o lindo nascer da Lua, dançado ao som da música, em que tenhammergulhado por completo naquilo que estão a fazer — nas imagens, no som,

Compreender o Êxtase nos cheiros e na sensação do ar sobre apele — de tal maneira que a memória se manteve convosco durante semanas ouanos? Ainda que tenha durado apenas alguns segundos, essa foi uma experiênciade êxtase. O sexo tântrico é isso: traz essa experiência para as nossas vidasamorosas, combinando os prazeres da consciência transcendente comos encantos da sexualidade. não estamos a falar de nos erguermosQuando dizemos «transcendência», acima da nossa própria experiência.Erguemo-nos com a nossa experiência, participando nela tão plenamenteque esta se torna um momento de plena consciência, relaxante e entusiasmanteao mesmo tempo. presente. Não tem de pensar ou sentirTraga a vossa atenção para o momento as coisas «certas»: quando estiververdadeiramente aqui, o que quer que sinta torna-se profunda e magicamente certo.

presentes no momento, qualquer^ Quando estamos alegremente^ Sinta o momento experiência se pode tornar extática. A palavra é muito usada na discussão^ O Significado do Êxtase do tantra, mas de onde vem? Tem a suaorigem na palavra gregasignifica literalmente «que se destaca», ekstasis , que ou, numa melhor tradução, «que se erguefora de si». Não deixamos de ser nósmesmos quando estamos extáticos, mas deixamos de sentir que somosapenas nós. Tornamo-nos imersos em algofora da nossa consciência regular, e isso é mágico.

Preparar o espírito

Dança dos Chakras

42 43

(^1) de ser oriental ou New Age:escolha o estilo e o género que Escolha uma música. Não tem lhe permitir sentir-se mais sensuale feliz, e comece a dançar. (^2) atenção para o chakra da base.É aqui que a sua energia começa. Comece por mover a sua Feche os olhos e pense na corvermelha. Realize movimentosfortes e dinâmicos, abanando e rodando as ancas, batendoos pés e «erguendo-se firme».

DANÇA DOS CHAKRASo corpo, e, para isso, terá de amar todo o seu corpo. Uma maneira de apreciar a sua O sexo excelente é uma experiência de todo própria pele é dançando. Lembre-se, não há «devia» ou «podia» em relação ao tantra,por isso não temos de ser particularmente graciosos. Esta dança é sobre sentir e libertar os chakras agitando-nos ao nosso ritmo e sendo nós mesmos.

(^3) atenção no chakra pélvico.Encha a sua mente de um amarelo Em seguida, concentre a sua brilhante e rico. Oscile e mova-se,de um modo absolutamentedesavergonhado: está a fazer amor com o ar. 4 Mova a sua atenção para o chakra do umbigo. Com a suamente repleta da cor laranja,comece a abanar a cintura — seja flexível e arrojado.

(^5) Imagine o verde acolhedorda natureza e mova-se com ele, Segue-se o chakra do coração. acenando com os ombros paratrás e para a frente, girandoos braços, abrindo o seu peito. (^6) com o chakra da garganta,imagine um azul profundo Enquanto começa a dançar e límpido e gire a cabeçapara soltar o pescoço. Se gostade cantar enquanto dança, este é o momento para isso: abrabem a garganta.

(^7) chakra do terceiro olho, mergulhea sua mente na cor púrpura Indo buscar a energia ao seu e liberte a testa ao ritmo do seucorpo dançante. (^8) concentração para um pontoimediatamente acima da cabeça, Por fim, mova a sua o seu chakra da coroa. Gire,estenda os braços, deixe quea sua energia expluda em direção ao cosmos maior. Seja você mesmo Não é habitual dançar? Não importa: dance paraseu próprio prazer e abandone a sua inibição.

(^9) deite-se durante um bocado,descansando as mãos sobre Depois de acabar de dançar o chakra pélvico, e sinta o seucorpo a acalmar-se. Inspirecalmamente durante alguns minutos, deixando que aexperiência se afunda na suaconsciência.

Imersos em prazer

Posições de Equilíbrio Yin e Yang

196 197

Sentados entrelaçados Se estiverem num local confortável, trata-sede uma posição maravilhosa para um momento de prazer ocioso, dando às mãosdo homem bastantes oportunidades paraestimular os mamilos da mulher.

POSIÇÕES DE EQUILÍBRIO YIN E YANGmais desejam é encontrarem-se como iguais na paixão e no poder. Para esses momentos, Por vezes, o que estas são posições de igualdade mútua. Pode ler mais sobre isto nas páginas^ O Yab-Yum 152-153, mas é clássico por uma razão:permite que se fundam frente a frente.

Concha profunda Uma posição que pode ser de descanso ouapaixonada, dependendo do estado de espírito dos amantes, e uma que também permite queo braço do homem, que se encontra por cima,deslize livremente pelos seios e pelo clitóris dela.

O abraço dos amantes Esta é uma posição que permite que reboleme que mudem de posição tantas vezes quantas desejar, de modo a manter as pernasconfortáveis. É, também, uma dasposições mais naturais e ternas que podemos experimentar.

Introdução:

O que É o Sexo Tântrico?

O

sexo tântrico é um daqueles conceitos que muitos de nós já ouviram algures — mas se quisermos ser mais específicos, muitos concluem que, na verdade, não sabem ao certo o que significa. Provavelmente ouvimos todas aquelas histórias acerca de como certas celebridades são capazes de fazer amor durante horas, recorrendo a técnicas mágicas, mas que técnicas serão essas? E será que fazer amor, hora após hora, é, realmente, possível — ou continua a ser divertido,

depois da primeira hora ou duas? A resposta pode ser sim — mas a essência do tantra consiste em expandir o nosso entendimento do que é a sexualidade. Por muito interessados que estejamos no sexo em geral, e por muito tempo que passemos a pensar, sonhar, fantasiar e ler acerca dele, a verdade é que também passamos muito tempo preocupados com ele, ou a sentir-nos desiludidos ou desadequados. O tantra é um conjunto de práticas que pode ser adotado e adaptado por todas as culturas entre as quais se instalou. A sua mensagem gira em torno do quebrar de barreiras. O sexo e o espírito não são dois lados da mesma moeda nesta tradição: estão intimamente entrelaçados. De facto, padecemos de muitas dualidades como esta, e o tantra existe para nos libertar delas. A atividade e a meditação são opostos? Não necessariamente. A paz e o entusiasmo podem ocorrer ao mesmo tempo? Na verdade, podem. Somos perfeitos ou imperfeitos? Nada disso: somos ambos e nenhum, ao mesmo tempo. A visão tântrica existe para nos libertar das ideias limitadoras que sufocam a nossa capacidade natural para a alegria.

Novos começos Graças às práticas tântricas, podemos libertar-nos de velhas inibições e encontrar uma nova experiência de alegria.

A

história do tantra é longa, multicultural e frequentemente envolta em mistério. As suas práticas mais antigas parecem ter tido início na Índia, por volta dos séculos ii e iii d. C., embora algumas pessoas acreditem que as suas raízes poderão ser ainda mais antigas. O que sabemos é que a prática indiana se revelou influente por toda a Ásia e, à medida que se foi espalhando pelo continente, o tantra adaptou-se a novas culturas. O tantra não é uma religião — é, antes, uma espécie de prática religiosa que pode ser incorporada em numerosos credos, incluindo não religiosos. Hoje em dia, é possível praticar o tantra no contexto de uma religião, caso se deseje, mas é igualmente possível abordá-lo enquanto estudante laico.

Hinduísmo A palavra «hinduísmo», em si mesma, diz respeito a diferentes grupos religiosos, e inclui muitas divindades e ideias diferentes. O terreno comum entre estes grupos religiosos corresponde, na verdade, às grandes escrituras: os Vedas , escritos

entre 1400 e 400 a. C., os Upanishads , escritos entre 800 e 600 a. C., e o Bhagavad Gita , provavelmente escrito algures entre 400 a. C. e 200 d. C. As doutrinas hindus baseiam-se, em geral, na ideia de que nascemos num ciclo infindável de reincarnação, e que o karma que vamos acumulando

Tradições Mundiais

do Sexo Tântrico

Introdução

Tradições Mundiais do Sexo Tântrico

durante a nossa vida — ou seja, as consequências espirituais das nossas ações e escolhas — irá afetar o nosso próximo renascimento. Aquilo a que os seus praticantes aspiram é escapar a este ciclo, através de uma vida justa e iluminada, e alcançar o moksha : a união com brâman, a alma universal.

Chakras O conceito dos chakras tem uma longa tradição em várias religiões indianas, e é central à compreensão do sexo tântrico.

Introdução

Tradições Mundiais do Sexo Tântrico

masculino eterno, ao passo que Shákti simboliza a energia pura, a natureza e o eterno feminino. O sexo pode ser uma das maneiras segundo a qual os parceiros encarnam estes dois princípios — embora no tantra moderno, o sexo não tenha de envolver um homem e uma mulher (veja Género e Amor, páginas 116–117). Através da união sexual, os praticantes do tantra procuram criar uma união entre os princípios do universo que geram uma brilhante transformação espiritual. O tantra, na Índia, atingiu o auge nos séculos xi e xii d. C., antes de entrar em declínio. Durante este período surgiu frequentemente entrelaçado com escolas de yoga, dado que as duas tradições envolvem a transformação do corpo para transformar o espírito — uma sobreposição que se mantém até hoje.

Budismo Por volta de 800 d. C., o tantra chegou ao Camboja e a outras nações budistas. O budismo estava pronto a abraçar o tantra; o budismo mahayana tinha-se já envolvido em tradições rituais e mágicas desde o século v, fazendo do tantra algo natural para alguns grupos religiosos. No budismo, a crença fundamental é a de que a vida é um ciclo de sofrimento

criado por desejos e falta de conhecimento e que, através da meditação, podemos transcender este ciclo e alcançar o esclarecimento ou o nível de Buda. Grande parte da sua filosofia concentra-se no ultrapassar das restrições do pensamento dualista, porque vermo-nos, e ao cosmos, como duas entidades opostas limita o nosso esclarecimento espiritual. O tantra, que afasta a ideia de que a carne e o espírito têm de ser opostos, adequava-se naturalmente ao budismo, e grande parte do tantra contemporâneo baseia-se ainda nesta ideia.

Taoismo À medida que o tantra se expandia na China, no início do século viii, foi descobrindo uma nova casa nas tradições taoistas. O taoismo, que tinha já uma longa história de troca de ideias com o budismo, talvez esteja mais próximo de uma filosofia do que de uma religião: baseado no Tao Te Ching , uma série de curtas meditações poéticas escritas no século vi pelo sábio Laozi (ou Lao Tzu), o taoismo é um caminho que procura um equilíbrio saudável entre todas as coisas. O seu ícone mais familiar é, provavelmente, o símbolo do yin e do yang, a escuridão e a luz interligadas umas com a outra, e cada uma delas contendo

um círculo da outra no seu centro. O yin e o yang não são exclusivos do taoismo, mas são um conceito que há muito faz parte do tantra. (Para mais acerca desta discussão, veja as páginas 44–45.)

Tantra contemporâneo O tantra nunca esteve ausente da nossa história desde que surgiu, mas no século xx o Ocidente revelou um interesse renovado sobre ele. Esta nova tradição é, por vezes, apelidada de neotantra (ou, num tom mais jocoso, «tantra californiano», dado que as diversas subculturas livres têm sido adeptas ativas da tradição). Para efeitos desde livro, abordaremos, basicamente, o neotantra, a escola moderna que demonstra um grande interesse em desenvolver a nossa energia de força vital natural, da qual a sexualidade é um ramo. Não há nenhum tipo de tantra que seja exclusivamente acerca do sexo, e, para alguns praticantes do tantra, o sexo é apenas um aspeto menor. Existem bastantes praticantes contemporâneos deste tipo, e poderá querer procurar um professor, caso esteja interessado (veja alguns conselhos relativos a esta questão na página 33), mas não precisa de seguir esse caminho para gozar os encantos

Shiva e Shákti As divindades hindus Shiva e Shákti, representando a consciência e o poder, englobam uma união sexual e mística.

sexuais. Este é um livro para principiantes, e em especial para casais, que tenham curiosidade em descobrir como poderão usar o tantra para dar nova vida e até transformar as suas vidas sexuais. Quando tantas culturas encaram o sexo como algo sujo e não espiritual, uma prática que trata a nossa energia sexual como algo vital, até mesmo sagrado, pode ser uma maneira maravilhosa de aprofundar a intimidade das nossas relações — tanto com os nossos amantes como com os nossos corpos, e talvez até com as nossas almas.

O

sexo, como tantas coisas que fazemos em privado e de que gostamos profundamente, pode estar rodeado por meias verdades e erros claros. Comecemos por afastar alguns mitos, para que não estraguem o nosso prazer na prática do amor tântrico.

O sexo é sujo Muitas religiões acreditam que há algo de imoral em relação ao sexo — pelo menos, se não for realizado em circunstâncias muito específicas, provavelmente entre um casal casado, e com grande decoro.

Mitos Desmascarados

No tantra, o corpo e a alma são um todo harmonioso, e não há nada de errado em sentir prazer na união de ambos. Claro, o tantra não é uma desculpa para comportamentos genuinamente não éticos — quem coagir ou manipular alguém para ter relações sexuais irá ferir o seu espírito, bem como o dos outros —, mas quem se honrar a si e ao seu parceiro, manterá a consciência tranquila.

O sexo deverá correr lindamente se tiver o parceiro certo Claro que ajuda ter alguém que se considere atraente, compatível e encantador como parceiro, mas isso não significa que não vá melhorando com a prática. A excitação não está completamente fora do nosso controlo: pelo contrário, podemos treinar os nossos corpos e mentes para sentirem prazeres muito maiores do que aqueles que poderíamos encontrar, caso permitíssemos que as coisas seguissem o seu curso «natural».

Para apreciar o sexo tântrico, temos de se ser um determinado tipo de pessoa Longe disso: o tantra tem vindo a ser praticado por diferentes nações e crenças

Abrace a experiência O tantra é muito mais fácil de gozar do que poderá temer.

Capítulo 1: Preparar o espírito

Mitos Desmascarados

através da história, e, hoje em dia, é praticado por pessoas sem qualquer fé em particular. Claro que podemos mergulhar mais profundamente na sua filosofia, se escolhermos fazê-lo, mas as técnicas sexuais estão abertas a todos. Nem temos de ser jovens ou velhos, heterossexuais ou homossexuais, New Age ou convencionais, mais ou menos dados à experimentação, ou qualquer outra coisa. Basta que sejamos nós mesmos.

O tantra é sobre o sexo com penetração que perdura durante horas É possível, sem dúvida, experimentar fazê-lo quando se quiser, mas o tantra é uma abordagem muito mais vasta do que isso. Está relacionado com o fluxo de energia e com a abertura aos prazeres divinos e terrenos.

O tantra é muito difícil de aprender Se estiver a enriquecer a sua vida, então está a praticar sexo tântrico. As técnicas que aqui estudaremos são recompensadoras de se praticarem, mas lembre-se: qualquer divertimento, alegria ou prazer que delas retire, seja de que tipo for, faz parte do processo tântrico.

Preparar o espírito

Compreender o Êxtase

nos cheiros e na sensação do ar sobre a pele — de tal maneira que a memória se manteve convosco durante semanas ou anos? Ainda que tenha durado apenas alguns segundos, essa foi uma experiência de êxtase. O sexo tântrico é isso: traz essa experiência para as nossas vidas amorosas, combinando os prazeres da consciência transcendente com os encantos da sexualidade. Quando dizemos «transcendência», não estamos a falar de nos erguermos acima da nossa própria experiência. Erguemo-nos com a nossa experiência, participando nela tão plenamente que esta se torna um momento de plena consciência, relaxante e entusiasmante ao mesmo tempo. Traga a vossa atenção para o momento presente. Não tem de pensar ou sentir as coisas «certas»: quando estiver verdadeiramente aqui, o que quer que sinta torna-se profunda e magicamente certo.

O Significado do Êxtase A palavra é muito usada na discussão do tantra, mas de onde vem? Tem a sua origem na palavra grega ekstasis , que significa literalmente «que se destaca», ou, numa melhor tradução, «que se ergue fora de si». Não deixamos de ser nós mesmos quando estamos extáticos, mas deixamos de sentir que somos apenas nós. Tornamo-nos imersos em algo fora da nossa consciência regular, e isso é mágico.

O

sexo tântrico depende de gozar de uma consciência vibrante e abençoada do momento presente. Para o indivíduo moderno, isto nem sempre é natural: o ritmo atarefado das nossas vidas significa que estamos, frequentemente, adaptados a um ritmo mental apressado e que pode tornar difícil relaxar. E, se não conseguimos relaxar numa consciência ditosa, não é de surpreender que, quando queremos praticar relações sexuais, cheguemos ao quarto e tenhamos mais dificuldade em envolver-nos do que desejaríamos. Como, então, aprender

a gozar o delicioso momento presente? A melhor maneira é, simplesmente, praticar — e isso significa meditar. Uma prática antiga e, no entanto, defendida pela ciência moderna, é surpreendentemente fácil de aprender, e pode enriquecer a sua vida desde o início.

Tradição antiga No sul da Ásia, estendendo-se através do Afeganistão, do Paquistão e do noroeste da Índia, encontra-se o vale do Indo, e aí se encontraram as primeiras provas da meditação: esculturas que remontam a 5000 a. C., sentadas de pernas cruzadas, com os olhos meio fechados, numa postura de paz e vigilância. Estas representações artísticas mostram-nos quão profundamente enraizada na história humana se encontra esta prática. Desde esses tempos, muitas religiões têm adotado o processo, e na vida moderna os psicólogos e os médicos estão a recomendar cada vez mais a meditação aos seus pacientes por motivos que vão da ansiedade à dor crónica. Tanto místicos como cientistas chegaram a uma simples conclusão: a consciência é boa para nós.

Técnicas de meditação Existem muitas técnicas de meditação, e descreveremos algumas mais simples neste

Meditação e Conhecimento

Provas De acordo com as provas arqueológicas, os seres humanos têm vindo a meditar desde, pelo menos, 5000 d. C.

MEDITAÇÃO DE RESPIRAÇÃO BÁSICA A meditação de «respiração consciente» é uma das mais antigas e tradicionais de todas, e é recomendada por médicos e psicólogos, bem como por praticantes do tantra. Pode ser realizada em qualquer local, desde que tenha 15 ou 20 minutos disponíveis. O sexo tântrico depende de gozar de uma consciência vibrante e ditosa do momento presente.

1 Sente-se num local confortável. Tradicionalmente, esta meditação é feita de pernas cruzadas, mas se for uma posição em que não se sinta confortável, uma cadeira ou um sofá servem perfeitamente. Repouse as mãos no colo, de palmas viradas para cima e relaxadas. Feche os olhos.

2 Suavemente, traga a sua consciência para a respiração. Sinta o seu estômago ou o seu peito a subir e a descer, a frescura do ar na sua garganta. Durante cerca de cinco minutos, concentre-se na expiração, e conte dez exalações, regressando ao um depois de atingir o dez. Se se perder, volte apenas ao um. Deixe que a sensação da expiração o relaxe.

3 Passe a sua atenção para a inspiração. Uma vez mais, conte calmamente até dez, sentindo o seu corpo a inspirar o oxigénio que lhe dá vida. Sinta-se a encher de energia.

Respiração consciente Para uma meditação de respiração, opte por uma postura reta e alerta, mas que não exerça demasiada tensão sobre o seu corpo.

Preparar o espírito

Meditação de Respiração Básica

4 Faça incidir a sua atenção sobre o equilíbrio, apercebendo-se tanto da inspiração como da expiração. Preste especial atenção ao momento em que uma inalação se transforma numa exalação.

5 Por fim, desvie a sua atenção para o primeiro momento em que sente o ar no seu corpo. Sente-o a mover-se pelo seu lábio superior? Pela parte de trás da garganta? Deslizando pela sua língua?

6 Quando estiver pronto, traga a sua consciência de volta para junto de si, e abra os olhos. Demore o tempo que for preciso.