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Este documento aborda a distribuição e impacto de anfíbios e répteis exóticos em portugal, com foco na tartaruga-da-florida (trachemys scripta) e no sapo-de-uñas africano (xenopus laevis). A tartaruga-da-florida é uma séria ameaça à conservação de outros anfíbios e espécies aquáticas nativas, enquanto o sapo-de-uñas africano é um vetor de doenças e parasitas. A introdução de espécies exóticas em portugal é um problema sério que ameaça a biodiversidade local.
Tipologia: Notas de estudo
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Tartaruga-da-Florida ( Trachemys scripta ) em cativeiro PhG
populações introduzidas no Chile, Ilha de Ascensão, Reino Unido, França, Itália, Sicília (Faraone et al. , 2008) e Portugal. Existe em biotério em praticamente todos os laboratórios mundiais (incluindo Portugal) que se dedicam à investigação em genética, embriologia e citologia, para além de ser uma espécie muito utilizada por terrariofilistas (Figura 7.2). É o Anfíbio mais estudado em todo o mundo, estando a sua utilização como modelo laboratorial associada a um vasto conjunto de importantes resultados científicos no campo da embriologia, biologia molecular e fisiologia. Ficou, aliás, mundialmente conhecido pelo facto de ter sido utilizado em testes laboratoriais de determinação de gravidez em humanos. É uma espécie fortemente dependente de ecossistemas aquáticos e ocupa uma grande variedade de habitats. Tem uma elevada capacidade reprodutiva e de dispersão desde que a humidade atmosférica seja elevada. É um predador de larvas e de adultos de outras espécies de anfíbios, estando documentadas fortes diminuições das densidades de anfíbios autóctones nos locais onde foi introduzido (Lillo et al ., 2008). Por esta razão está identificado como um séria ameaça à conservação de outros Anfíbios e espécies aquáticas nativas. Tinsley et al. (2008) referem a existência de uma forte relação entre o comércio internacional de X. laevis e o declínio de populações de Anfíbios devido à dispersão de Chitridiomicoses. Na maior parte dos casos, as populações introduzidas e a reproduzir-se em estado selvagem resultam da libertação intencional ou inadvertida de exemplares usados para investigação científica ou terrariofilia. A existência desta espécie, em estado selvagem, em Portugal, foi descrita em Março de 2006, por investigadores do Aquário Vasco da Gama e do Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Embora se desco- nheça a data e processo de introdução, admite-se que possa ter sido introduzida na natureza através da fuga de animais mantidos em biotério no final do século passado. Encontra-se na Ribeira da Lage, e na ribeira de Barcarena, na região de Lisboa, uma população reprodutora cuja densidade é pouco conhecida. Actualmente, decorre o processo de caracterização populacional, controlo e tentativa de erradicação desta população.
Trachemys scripta (Schoepff, 1792) Tartaruga da Florida Galápago americano, Red-eared Slider
A espécie Trachemys scripta (Schoepff, 1792) está incluída na família Emydidae. Esta espécie de tartaruga é uma das que apresenta maior variabilidade existindo cerca de 16 subespécies descritas_._ Os indivíduos e populações encontrados em Portugal pertencem à subespécie Trachemys scripta elegans (Wied-Neuweid, 1839).A dis- tribuição original desta espécie inclui uma vasta área que vai desde o Norte e Centro do continente americano até ao Norte da Argentina. Nos Estados Unidos da América distribui-se desde o Sudeste da Virgínia até ao Norte da Florida e no Oeste do Kansas, Oklahoma e Novo México (Ernst et al., 1997 ; Tucker et al., 1999; Múnera et al. , 2004; Bringsøe, 2006). A subespécie Trachemys scrip- ta elegans é originária da região do rio Mississípi, ocorrendo desde o estado do Illinois até ao Golfo do México (Ernst et al., 1997). Actualmente, existem populações introduzidas em inúmeros países, não só no continente americano, mas também na Europa, em África, na Ásia e na Oceânia (Thirakhupt et al. , 1994; Dupre, 1995; Ferri & Di Cerbo, 1995; Luiselli et al. , 1997; Martínez- Silvestre et al. , 1997; Chen & Lue, 1998; Capalleras & Carretero, 2000; Pleguezuelos, 2002; Bomford, 2003; Kairo & Ali, 2003; Cadi et al ., 2004; Cordero & Ayres 2004; Emer, 2004; Múnera et al. , 2004; Feldman, 2005; O’Keeffe, 2005; Bringsøe, 2006). Em Portugal, as primeiras referências conhecidas da sua existência datam da última década do século XX (Araújo et al. , 1997). Actualmente, a espécie foi localizada em 19 quadrículas UTM 10x10 km (Figura 7.3) o que representa um acréscimo de 15 quadrículas relativamente às que tinham sido referenciadas anteriormente (Godinho et al ., 1999). Existem também indivíduos no Jardim Botânico do Funchal, ilha da Madeira (E.G. Crespo, com. pessoal). Esta espécie ocorre em todo o tipo de zonas húmidas graças à sua grande capacidade de adaptação. Está confirmada a sua reprodução em inúmeros países, quer pela observação directa de cópulas ou fêmeas a realizar posturas, quer indirectamente pela captura de indivíduos recém-eclodidos (Martínez-Silvestre et al. , 1997 ; Capalleras & Carretero, 2000; Ferri & Soccinni, 2003; Cadi et al. , 2004). Em Portugal, existem informações de posturas em cativeiro e de observações de indivíduos muito jovens em populações naturais. Os impactos negativos mais referidos estão relacionados com a ocupação de nichos de outras espécies de tartarugas autóctones, incluindo a competição por alimento, espaço nas margens para exposição ao sol, e locais de postura. Esta espécie apresenta características demográficas, comportamentais e morfológicas que lhe conferem uma elevada capacidade competitiva, nomeadamente uma baixa idade de maturação sexual, uma elevada fecundidade, maior agressividade e maiores dimensões do que as espécies autóctones (Gibbons, 1990, in Cadi & Joly, 1999). Existem estudos que sugerem a vantagem de Trachemys scripta em situações de competição com Emys orbicularis (Cadi & Joly, 1999; 2003; Cadi et al. , 2004). 213
Triturus carnifex (Laurenti, 1768) Tritão-de-crista Triton crestado, Alpine Crested Newt
A área de distribuição original desta espécie é a Península Itálica, Suíça, Eslovénia e algumas regiões da Áustria e República Checa (Andreone, 1999; Piálek et al ., 2000). Há populações introduzidas na Holanda e em Portugal (Ilha de S. Miguel) e Inglaterra (Arntzen & Thorpe, 1999; Duguet & Melki, 2003; Malkmus, 2004e). Conhece- -se a sua presença na Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores desde 1975, mas é possível que esta espécie tenha sido introduzida nos anos vinte do século passado (Svanberg, 1975). O processo da introdução não é bem conhecido, mas citam-se duas causas prováveis: importação de exemplares para um aquário público, ou introdução acidental de exemplares importados juntamente com peixes e plantas de aquário (Malkmus, 2004e).
Após a introdução, a espécie dispersou-se por várias massas de água (Figura 7.1) da ilha de S. Miguel (Machado et al ., 1997; Silva et al ., 1997). Não se conhecem impactos resultantes da sua presença na fauna autóctone mas, curiosamente, estão referidos impactos negativos sobre as populações de tritão-de-crista causados pela drenagem e eutrofização de massas de água e introdução de peixes exóticos (Malkmus, 2004e).
Xenopus laevis (Wagler, 1827) Rã-de-unhas-africana Rana de uñas africana, African Clawed Frog
Xenopus laevis é uma espécie de origem africana pertencente à família Pipidae. Estão descritas inúmeras subespécies consideradas por vários autores como um complexo de espécies.A sua área de distribuição original vai desde o sul de Angola, Namíbia e região do Cabo, na África do Sul, até ao Quénia, Uganda e República Democrática do Congo, existindo ainda na República Centro Africana, Camarões e Nigéria. Foi introduzida pelo Homem em vários outros continentes, fora do seu limite natural de dis- tribuição. Nos Estados Unidos da América foi introduzida nos anos 30 do século passado como modelo de laboratório e, posteriormente, como espécie de aquário. Neste país tem
212 populações selvagens na Califórnia e no Arizona. Existem também
As translocações e introduções de animais e plantas são consideradas actualmente como uma das mais graves ameaças para a conservação da diversidade biológica. A introdução de espécies alóctones tem um impacto negativo sobre espécies e habitats naturais devido a fenómenos de competição (trófica e ao nível da ocupação de espaço), predação, introdução de novas doenças e parasitas, miscigenação genética e perda de habitats (Ricciardi, 2004; Clavero & García-Berthou, 2005, Smith et al ., 2006). A relação entre a introdução de espécies exóticas e a extinção das nativas é controversa (Gurevitch & Padilla, 2004; Ricciardi, 2004; Clavero & García-Berthou, 2005; Sax & Gaines, 2008), mas reconhecida por cientistas e conservacionistas. A introdução de espécies exóticas é, aliás, apontada por alguns autores como uma das principais causas da extinção. Apesar disto, só em alguns casos é realmente possível descrever com detalhe a relação entre a presença de espécies exóticas e a perda de diversidade biológica. Este facto deve-se à falta de informação sobre: i) a distribuição das espécies introduzidas, ii) os processos e data das introduções, e iii) a extensão (geográfica e populacional) das invasões. Por outro lado, os dados existentes sobre as relações ecológicas entre as espécies introduzidas e os habitats que ocupam, e as espécies autóctones, são escassos e pouco
Figura 7.1: Distribuição de Triturus carnifex na Ilha de S. Miguel (Açores) Figura 7.2: Xenopus laevis capturado na Ribeira da Lage (Oeiras)
fundamentados (Gurevitch & Padilla, 2004). Na Europa e, inclusivamente, em Portugal, os impactos das introduções de espécies vegetais (sobretudo florestais e aquáticas) e os casos de introduções de invertebrados (e.g. Procambarus clarkii ) estão relativamente bem documentados. A relação entre a introdução destes organismos e a perda de diversidade biológica, nomeadamente de espécies de Anfíbios, é referida por Cruz et al. (2006) para Portugal. Também os Anfíbios e Répteis podem ser espécies invasoras e, neste caso, constituirem factores de ameaça para a fauna autóctone dos locais onde foram introduzidos.Apesar disto, pouco se sabe sobre os impactos das espécies de Anfíbios e Répteis introduzidas em território nacional. Quando comparado com outros países europeus, Portugal é um dos que tem um menor número de espécies introduzidas de Anfíbios e Répteis. Este facto poderá dever-se: i) à situação geográfica do país, e ii) ao ainda baixo número de terrariofilistas. Esta actividade, em crescimento, está vulgarmente associada à importação de espécimens exóticos de Anfíbios e Répteis e, consequentemente, relacionada com o número de introduções acidentais ou propositadas. Neste capítulo, enumeram-se as espécies de Anfíbios e Répteis exóticas que, actualmente, se conhecem em Portugal. A forma e origem da introdução, a sua extensão e os potenciais impactos são, sempre que possível, comentados.