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Guias e Dicas
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Impacto Humano no Ciclo do Carbono: Dióxido de Carbono e Outros Gases Estufa, Manuais, Projetos, Pesquisas de Geografia

Jessica wilson e stephen law discutem o significativo aumento de dióxido de carbono no ar desde os últimos 650.000 anos, sua absorção pelas plantas e os efeitos da revolução industrial e queima de combustíveis fósseis. O texto também aborda o metano, outro gas estufa, e a importância de reduzir as emissões de gases estufa para mitigar o aquecimento global.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2014

Compartilhado em 24/11/2014

carlos-odilon-7
carlos-odilon-7 🇧🇷

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UM BREVE GUIA SOBRE
AQUECIMENTO GLOBAL
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Baixe Impacto Humano no Ciclo do Carbono: Dióxido de Carbono e Outros Gases Estufa e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Geografia, somente na Docsity!

UM BREVE GUIA SOBRE

AQUECIMENTO GLOBAL

M INISTÉRIO DAS R ELAÇÕES EXTERIORES

Ministro de Estado Embaixador Celso Amorim Secretário-Geral Embaixador Antonio de Aguiar Patriota

F UNDAÇÃO A LEXANDRE DE G USMÃO

Presidente Embaixador Jeronimo Moscardo

A Fundação Alexandre de Gusmão , instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira.

Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 Brasília, DF Telefones: (61) 3411-6033/6034/ Fax: (61) 3411- Site: www.funag.gov.br

Copyright ©, Jessica Wilson and Stephen Law 2007. Título Original: A Brief Guide to Global Warming

Publicado originalmente no Reino Unido por Robinson, nome editorial usado pela Constable & Robinson Ltda, 2007.

Direitos adquiridos para o Brasil pela Fundação Alexandre Gusmão. Vedada, nos termos da lei, a reprodução total ou parcial deste livro sem autorização da FUNAG.

Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994, de 14/12/2004.

Equipe Técnica: Maria Marta Cezar Lopes Cíntia Rejane Sousa Araújo Gonçalves Érika Silva Nascimento Júlia Lima Thomaz de Godoy Juliana Corrêa de Freitas

Programação Visual e Diagramação: Juliana Orem e Maria Loureiro

Impresso no Brasil 2010 Wilson, Jessica. Um breve guia sobre aquecimento global / Jessica Wilson, Stephen Law; tradução, Patricia Zimbres. - Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2009. 136p. ISBN

  1. Ecologia. 2. Meio ambiente. I. Law, Steven, trad. II. Título. CDU 504. CDU 574

Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170-900 Brasília – DF Telefones: (61) 3411-6033/ Fax: (61) 3411- Site: www.funag.gov.br E-mail: funag@itamaraty.gov.br

Sumário

  • Introdução,
    1. Estamos aquecendo o planeta?, Seção 1 A Ciência
    1. O efeito estufa e a história do carbono,
    • O efeito estufa,
    • O ciclo do carbono,
    • A revolução industrial e a queima de combustíveis fósseis,
    • Metano, óxido nítrico e três gases sintéticos,
    1. Tempo atmosférico, clima, modelos e eras glaciais,
    • Clima e tempo atmosférico,
    • A previsão do tempo,
    • É tudo uma questão de energia,
    • E as nuvens, ondas e outras coisas úmidas?,
    • Fatores geográficos,
    • Como funcionam os modelos?,
    • Os modelos como instrumentos de tomada de decisões,
    1. Por que devemos nos preocupar com o aquecimento global?,
    • Clima e evolução,
    • O que os modelos prevêem?,
    • Segurança alimentar,
    • Os pequenos estados insulares perdem sua existência autônoma,
    • Saúde humana: ar ruim e água lamacenta,
    • “Lá vai ela!”: eventos meteorológicos extremos,
    • Biodiversidade,
    1. Adaptem-se ou cozinhem em fogo lento, Seção 2 A Política: como o mundo vem reagindo
    1. Reduzir emissões (e talvez captar algumas),
    • Evitar emissões usando menos energia,
    • Aperfeiçoar a eficiência dos projetos,
    • Usar energia com um menor conteúdo de carbono,
    • Captura e armazenamento de carbono (CCS),
    • O estranho e o maluco,
    1. Por que é tão difícil mitigar as mudanças climáticas?,
    • A economia de combustíveis fósseis,
    • A tragédia das terras comunais,
    • Inércia psicológica,
    1. A cooperação e os corredores do poder,
    • A gênese do FCCC e o Protocolo de Quioto,
    • Não assinamos de jeito nenhum!,
    • A contagem do carbono,
    • Negociações políticas,
    • E agora?,
    1. Mecanismos flexíveis, compensações e outras medidas de mitigação,
    • Contração e convergência,
    • Racionamento de carbono,
    • Regulamentação governamental das políticas, incentivos e impostos,
    • Compensação de carbono,
    • Comércio de emissões e implementação conjunta,
    • O que realmente temos que fazer?,
    1. O que podemos fazer?, Seção 3 Em termos mais pessoais
    • Use energia de forma inteligente,
    • Eficiência nas residências e nos escritórios,
    • Mudanças possíveis,
    • Circulando por aí,
    • Seu pão de cada dia,
    • Torne-se um militante do clima,
  • Bibliografia selecionada,
  • Websites recomendados,

JESSICA WILSON & STEPHEN LAW

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hoje um total significativamente maior de dióxido de carbono no ar do que vinha havendo ao longo dos últimos 650.000 anos (que é mais ou menos a data mais recuada que conseguimos medir). Parece que os gases que vimos despejando no ar desde a revolução industrial tiveram conseqüências não- intencionais. O que isso tudo significa? Este livro explica por que os gases estufa são importantes, o impacto que eles vêm causando e ainda podem vir a causar e por que demoramos tanto para acordar para esse problema. Em seguida, apresentamos sugestões sobre o que pode ser feito quanto a isso. Esperamos que, após ler o livro, você seja capaz de se sair bem em qualquer situação onde o aquecimento global e as mudanças climáticas sejam discutidos em tom sonoro, acalorado e sentencioso. Tentamos manter tudo em nível bem simples. Há muitos outros livros e websites excelentes, caso você queira saber mais. O livro, de modo mais ou menos artificial, foi dividido em “A Ciência” e “A Política”, embora, é claro, no mundo real, exista uma relação simbiótica entre ciência e política. Achamos melhor começar o livro apresentando as indicações de que o planeta vem se tornando mais quente, no capítulo 1. O capítulo 2 explica como isso aconteceu – o que vem a ser o efeito estufa e por que o carbono é tão importante. Os capítulos 3 e 4 tratam do impacto provável do aquecimento global. O capítulo 3 explica como funcionam os modelos climáticos, examina de forma mais detalhada o sistema climático e explica por que uma mudança aparentemente tão pequena na temperatura pode trazer conseqüências tão drásticas. As eras glaciais, por exemplo, foram desencadeadas por mudanças de apenas alguns graus na temperatura média global. O capítulo 4 examina como essas mudanças climáticas no mundo físico irão nos afetar. A segunda parte do livro trata essencialmente das reações coletivas das pessoas ao aquecimento global. Nessa seção, o capítulo 5 examina as maneiras como as pessoas já vêm se adaptando às mudanças climáticas e como planejar para adaptações futuras. No entanto, só conseguimos nos adaptar até certo ponto e num certo ritmo. O que realmente temos que fazer é estabilizar e, em seguida, reduzir as concentrações de gases estufa na atmosfera (o que é examinado no capítulo 6). O capítulo 7 trata de por que ainda não fizemos a maior parte das coisas propostas no capítulo 6, que seriam soluções da maior simplicidade, tendo em vista a ciência de que dispomos. No capítulo 8, fazemos uma visita aos corredores do poder e damos uma olhada nas maquinações políticas que acontecem por lá.

INTRODUÇÃO

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Descobrimos quais os acordos a que os governos conseguiram chegar, e porque eles não são suficientes. O capítulo 9 sugere que a única maneira verdadeiramente justa de lidar com as mudanças climáticas seria dar a todos os indivíduos do planeta cotas idênticas de emissões permissíveis de gases estufa, levando em conta todas as atividades (transporte, aquecimento, preparação de alimentos etc.), dentro de um total sustentável. Seria possível, então, que houvesse mecanismos de troca que permitissem aumentar a cota de um indivíduo, caso outros não preenchessem integralmente as suas. O capítulo descreve também algumas maneiras de fazer a transição que nos tiraria da era dos combustíveis fósseis. Por fim, no capítulo 10, examinamos o que podemos fazer para ajudar a evitar que o planeta se aqueça. Então, é isso. Divirta-se com a leitura. E lembre-se de apagar a luz quando for dormir.

SEÇÃO 1

A CIÊNCIA

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acontecendo em ritmo assustador. O último século foi mais quente que qualquer outro nos últimos 1000 anos. Dos doze anos mais quentes desde 1850, quando descobrimos como medir a temperatura, onze ocorreram entre 1995 e 2006. A taxa de aquecimento, nos últimos cinqüenta anos, foi o dobro do verificada nos últimos 100 anos. Hoje, em média, a temperatura é 0,74ºC mais quente do que há cem anos. “Mas espera lá!”, talvez você diga, e toda aquela chuva e neve do inverno passado? Bem, vamos esclarecer as coisas logo de partida. Não estamos falando da temperatura que faz no seu quintal. Estamos falando da “temperatura média global”. Essa é a temperatura média não apenas de cada quintal do o mundo inteiro, de pólo a pólo, mas também uma média das temperaturas diurnas e noturnas, e das temperaturas de verão e de inverno. É essa temperatura média global que vem subindo. Mas, outra vez, espera lá! Se uma temperatura média é a média de todo esses altos e baixos, como pode uma média subir (ou descer)? Bem, é mais ou menos o seguinte. Os climatologistas não tiram a média de todas as leituras de temperatura registradas até hoje. Isso resultaria num número, a média, que não seria muito útil. O que os climatologistas estão tentando descobrir nas extravagantes elevações e quedas verificadas nas leituras diárias, mensais e anuais das temperaturas é uma “tendência da temperatura” (e, para os cientistas, uma tendência não tem nada a ver com moda – óculos e jalecos brancos voltaram à moda neste verão). Imagine que você seja um cientista (vamos lá, tente de novo!) e que você esteja registrando a temperatura de seu próprio quintal a cada duas horas, todos os dias, durante o ano inteiro, e que você esteja plotando esses dados num gráfico. O resultado seria uma linha muito denteada mas, através de todo esse “ruído” confuso de flutuações diárias, você seria capaz de perceber uma tendência geral, uma vez que as temperaturas caem no inverno e sobem no verão. Da mesma forma, os registros das temperaturas de todo o planeta mostram muito “ruído”, a partir do qual a tendência tem que ser determinada. Usando o tipo certo de matemática estatística, podemos “aplainar” o gráfico, eliminando o ruído e permitindo que a tendência apareça com clareza. A necessidade de encontrar as tendências ocultas por trás do ruído foi uma das razões de ter demorado tanto para que nós começássemos a nos preocupar com o aquecimento global e com as mudanças climáticas. As temperaturas globais passadas, mesmo as que tiveram suas médias calculadas e que foram aplainadas, têm seus altos e baixos. Nos últimos 1000 anos,

ESTAMOS AQUECENDO O PLANETA?

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passamos por períodos significativamente mais frescos e mais quentes. Assim, a elevação de temperatura que começou em inícios do século XX não foi vista como algo de anormal. Na verdade, por mais ou menos 25 anos a partir de 1945, parecia que o mundo estava, mais uma vez, voltando a esfriar (infelizmente, o efeito foi apenas temporário). Foi apenas em fins da década de 70 que um consenso científico começou a surgir e, mesmo então, esse consenso ainda não era unânime, e não foram muitos os cientistas que se alarmaram. Não sabemos ao certo quanto, exatamente, seria necessário para assustar um cientista, mas, por volta de 1990, as sirenes de alarme começaram a tocar nas torres de marfim da academia. Mesmo então, alguns climatologistas continuaram acreditando que ainda não havia provas suficientes do aquecimento global. Será que foi esse mundo mais quente que fez com que os cientistas e políticos ficassem tão letárgicos a ponto de não reconhecerem esse problema iminente? Não, isso é bobagem. Bem, talvez os políticos estivessem cochilando, mas a ausência de alarme em meio aos círculos científicos deveu- se em parte ao rigoroso treinamento a que os cientistas têm que se submeter. Eles não têm permissão para acreditar em coisa alguma a não ser que essa coisa tenha sido provada cem vezes e publicada por algum cientista eminente numa revista praticamente ilegível. O outro problema é que não há um vínculo “demonstrável” entre o aquecimento global e as emissões de dióxido de carbono provocadas pelos humanos (falaremos mais sobre isso no capítulo 2). Temos uma Teoria do Efeito Estufa que, como a Teoria da Gravidade de Newton, talvez não seja perfeita, mas que é tão convincente quanto qualquer uma das teorias científicas de aceitação geral no mundo de hoje. E temos uma elevação nos níveis de gases estufa (de um tipo que há milhões de anos não se via) que coincide com um aumento exponencial em nosso uso de combustíveis fósseis. A maioria dos não-cientistas somaria dois mais dois e bateria em fuga, mas os cientistas são diferentes. Em 2001, o alto clero do aquecimento global, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), diria apenas que o aquecimento observado era “provavelmente” devido a emissões antropogênicas, ou produzidas pelo homem. Essa não é exatamente a linguagem certa para fazer com que as pessoas fiquem de orelha em pé e prestem atenção, mas eles estavam chegando lá, bem devagarinho. No pronunciamento de 2007, a linguagem usada progrediu para “muito provavelmente”. Os níveis seguintes são “extremamente provável” e, em seguida, “virtualmente certo”, para talvez depois chegar a “provável para

ESTAMOS AQUECENDO O PLANETA?

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fica uma estação científica chamada de Acampamento Suíço, construída em

  1. Se a calota de gelo se deslocar (como todas as geleiras o fazem), o acampamento situado em sua encosta também se deslocará. Até 1996, ele estava se deslocando numa taxa de 30 centímetros por dia. Em 2001, essa taxa disparou para impressionantes 45 centímetros por dia. Esse aumento repentino de velocidade foi atribuído ao fato de a água resultante do derretimento se infiltrar através do gelo até o leito de rocha, atuando como um lubrificante entre a calota e o leito. Qualquer que tenha sido a causa, um número cada vez maior de estudos demonstra que o gelo da Groenlândia de fato vem derretendo num ritmo sem precedentes. As sondagens de satélites mostram que, desde 1997, a calota de gelo vem afinando, em alguns pontos em até 15 metros. Até mesmo o Parque Nacional das Geleiras, nos Estados Unidos, vem perdendo as suas e, em 2030, talvez tenha que mudar de nome para não ser processado por propaganda enganosa. Um pouco mais ao sul das calotas de gelo, mais ainda no frígido norte, há algum tempo atrás, bastava cavar cerca de um metro para atingir solo permanentemente congelado, chamado de permafrost. No entanto, no Alasca, a partir de 1950, a temperatura subiu em 3-4º C e começou a tornar o permafrost menos permanente (ou talvez menos congelado). O degelo resultante faz com que o solo encolha, causando trincas e rachaduras e abrindo trincheiras alagadas por sob árvores, estradas, postes de telefonia e prédios. O hemisfério norte conta com um volume muito maior de dados sobre o aquecimento global, em parte porque o número de instituições científicas ali sediadas é muito maior, e em parte porque (como os modelos de mudanças climáticas prevêem), o aquecimento é mais agudo nesse hemisfério, em razão de suas grandes massas terrestres. Mas no hemisfério sul também não faltam indicações de mudanças climáticas. A neve no topo do Monte Kilimanjaro vem desaparecendo num ritmo alarmante e talvez desapareça de todo nos próximos vinte anos, enquanto os pesquisadores ainda polemizam se isso seria ou não conseqüência direta do aquecimento global. Muito mais ao sul, nas regiões áridas do oeste da África do Sul e da Namíbia, cresce uma espécie de aloé, chamada de kokerboom ou quiver tree. Seu nome científico, aloe dicotoma , ilustra o dilema que essa dicotomia colocou aos primeiros taxonomistas – trata-se de uma árvore ou de um aloé? Mas esse dilema não é nada, se comparado ao que o pobre aloé vem enfrentando hoje. Os pesquisadores do Instituto Nacional de Biodiversidade da África do Sul, ao longo dos últimos trinta anos, vêm notando que a população de aloés vem

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morrendo rapidamente no extremo norte de seu território. Comparando fotografias tiradas exatamente do mesmo local, mas com intervalo de décadas, os pesquisadores mostraram também que essas plantas se desenvolveram bem nas encostas mais frescas das montanhas, mas se extinguiram no solo quente dos vales. Essa planta, apesar de sua sofisticada adaptação a um ambiente quente e desértico, vem sendo negativamente afetada pelo aquecimento global. O kokerboom não está só em suas tribulações. Os naturalistas, cada vez mais, se dão conta de estranhas mudanças no comportamento de algumas criaturas muito especializadas. Tomemos, por exemplo, a insignificante mariposa do inverno. Suas larvas ainda mais insignificantes se alimentam unicamente de folhas de carvalho tenras e recém-brotadas. Mas enquanto os carvalhos sentem o começo da primavera por meio do alongamento dos dias, as larvas recebem o sinal para sair de seus ovos a partir do aquecimento da temperatura. Por milhões de anos, essas lagartas famintas sincronizaram com precisão o momento de sair dos ovos com o desabrochar das folhas de carvalho. Mas, recentemente, as coisas começaram a dar errado. As pequenas lagartas estão saindo dos ovos cada vez mais cedo, quando ainda não há folhas esperando por elas. As que conseguem se agüentar por alguns dias sem comer, assim como suas irmãs mais sonolentas, talvez sobrevivam. Para as demais, isso significa uma passagem para o grande carvalho celeste, por cortesia do aquecimento global. Analisando pilhas de registros incrivelmente detalhados mantidos ao longo do século passado por aristocratas vitorianos obcecados com a natureza, por capitães de navios, por observadores de pássaros amadores e por outros, os pesquisadores construíram um registro detalhado da maneira como cerca de 1.700 espécies diferentes vêm reagindo ao aquecimento global. Nos dados de antes de 1950, há poucos sinais de algum tipo de padrão. Mas, desde então, os habitats vêm se deslocando em direção aos pólos numa média de cerca de 6 quilômetros por década, e em direção à parte mais alta das montanhas, em cerca de 5 metros por década. Esses deslocamentos em direção aos pólos e às altitudes mais altas e frescas são difíceis de explicar, a não ser em termos do aquecimento global. Nem todas as plantas e animais, entretanto, estão se mudando para climas mais frescos. Algumas plantas estão começando a brotar ou florir alguns dias mais cedo, e os pássaros e borboletas migratórios estão chegando alguns dias antes.