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Este documento discute sobre a importância dos gêneros discursivos na criação de projetos didáticos e como eles são representados visualmente. O texto aborda a importância de mikhail bakhtin e suas teorias sobre discurso, enunciado e gêneros. Além disso, ele discute sobre a dinâmica dos gêneros na contemporaneidade e como eles influenciam a compreensão das mensagens construídas no cenário cultural atual. O objetivo é analisar as formulações bakhtinianas relevantes para o designer e como as amostras de gêneros discursivos aparecem nas páginas do objeto de estudo.
O que você vai aprender
Tipologia: Slides
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Não perca as partes importantes!
O Design é capaz de lançar um olhar sobre a constituição do livro didático de língua portuguesa, uma vez que este é um objeto que tem na construção de um sistema gráfico impresso em sua base o ponto de encontro com o seu usuário. Como foi visto anteriormente, cada livro faz uso de elementos visuais de uma forma específica na criação de um projeto que apresente os conteúdos para o leitor. Cada códice possui um sistema que tem como objetivo mostrar ao aluno, em suas páginas, a estrutura do modelo pedagógico escolhido pelo autor/editor. O desenvolvimento de cada um é condicionado pelo conteúdo ali publicado, pela estrutura de organização – sendo estes condicionados pelas competências a serem desenvolvidas e pelo programa escolar a ser aplicado
tipo de edição didática desenvolve seu conteúdo. Tais trechos, deixando claro serem extraídos de outros suportes, trazem outro valor: realizam a interação entre a coletânea estudada e as formas de usar a linguagem presente no mundo. Essas inserções que compõem o todo do livro didático de língua portuguesa, são amostras de diversos gêneros discursivos. Estudando os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de Português para o 7º ano do ensino fundamental, vemos destacada em seu texto a importância do uso dos gêneros do discurso como objetos a partir dos quais serão desenvolvidas práticas de escrita e leitura. O uso deles como modelos de aplicação da linguagem em voga na sociedade é condição erguida como fundamental na seleção de textos de trabalho, segundo as PCNs. Eles trazem como referência clara na sua abordagem de linguagem e gêneros discursivos as teorias do linguista russo Mikhail Bakhtin, se apropriando de suas idéias em relação a conceitos tais como discurso, enunciado ou mesmo a definição de gêneros. Destacando-os como objetos de ensino a partir dos quais serão desenvolvidas competências que ajudarão o aluno a operar a linguagem da melhor forma, levando em conta o meio para sua produção textual e o público de tal discurso. A partir deles, espera-se que o jovem ganhe a capacidade de expressar-se com mais consciência, pensando sua comunicação como um projeto com condições específicas a cada momento. Com o uso do gênero, portanto, pretende-se resolver a questão relativa à contextualização do uso dos elementos da língua, levando o aluno a articular as palavras, produzindo diferentes sentidos em diferentes situações de interlocução oral ou escrita, junto a um público específico, escolhendo para tal os recursos expressivos adequados. O desenvolvimento de competências deve visar à capacitação para o uso da linguagem em múltplos campos, conferindo ao sujeito a percepção dos significados usados em dado contexto, sendo leitor/produtor capaz de entender/fazer o uso dos elementos de comunicação não apenas pelo sentido aparente, mas por sua modulação, pelo contexto e pelo propósito. Desta forma, vemos a importância do gênero discursivo como ponto de estudo. Considerado elemento constitutivo do discurso, funcionando como como objeto de desenvolvimento de competências, o gênero é visto como elemento fundamental da linguagem em uso. Em primeiro plano, ao aparecer relacionado como elemento da linguagem, ele parece relacionado apenas à comunicação verbal. Mas a forma em que um texto aparece não traz elementos que nos ajudam a dar determinado valor ao uso de uma palavra? Parte do contexto de uso dos gêneros passa por sua aplicação em um suporte em circulação na sociedade. Vendo assim, como poderíamos criar uma ordem de importância de uma palavra
Construção bakhtiniana
O designer produz artefatos que se inserem no tecido social, criando categorias. Suas criações ganham relevância no uso pelo homem, gerando novos valores na interação com outros objetos. No desenvolvimento de seu trabalho, ele conjuga elementos simbólicos da comunidade à qual visa atingir, os decodificando e reorganizando na forma de diferentes discursos. Desta forma, propõe novas significações para as unidades conjugadas. Pode-se dizer, portanto, que se trata de um profissional capacitado a usar linguagens e gerar enunciações a cada produção. Os conceitos desenvolvidos em produtos recebem sentido no uso social, sendo aí atribuídos a eles funções e valores. As tecnologias avançam e as técnicas de produção se aprimoram, criando novas possibilidades de manipular matéria e informação. Embora tais avanços tornem gerações inteiras de artefatos obsoletas, por vezes vemos produtos aparentemente ultrapassados receberem novos usos, ressignificando-se e mudando seu posicionamento e atribuições junto aos grupos sociais. Dessa maneira, transitando entre campos diversos na constituição de seus projetos e lidando com a contínua transformação das práticas, o designer tem no seu trabalho um viés histórico fundamental. Ao gerar elementos que se integrarão à malha cultural, ele entende que, ao interagir com outros objetos, seu trabalho se modificará pelas relações firmadas. Por esses fatores, mostra-se importante mapear o campo de possibilidades de sua produção, compreendendo que seu trabalho não é eterno, mas tem uma vida e deve abrir oportunidades de interação com o homem. Cabe dizer que mapear a dinâmica significativa de um artefato no tempo não garante uma única apreensão dele pelo usuário, mas a atenção às possibilidades que se abrem no desenvolvimento de cada projeto.
5. Usos da linguagem
Um dos elementos mais importantes trazidos por Bakhtin em sua visão relativa à comunicação humana talvez seja seu entendimento de que as formas significativas se alteram no uso e no tempo. Presente em toda sua obra, o conceito de que os signos são ressignificados na interação traz a dinâmica como elemento fundamental. Para o lingüista russo as formas e usos não são definitivos, mas móveis e múltiplos, ganhando novos sentidos em sua utilização pelos diversos grupos sociais.
“Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso (da linguagem) sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana...” (Bakhtin, 1992)
Em seu método de abordagem da comunicação social, é feita a diferenciação entre língua e linguagem. Enquanto a primeira é vista como código, a segunda é eleita como objeto de trabalho principal, sendo esta considerada o código em uso pelo homem. Deste modo, Bakhtin concentra seus estudos na expressão humana e na construção feita através de signos na interação social. Na concepção bakhtiniana, no entanto, o tempo não é um fator de indeterminação, mas um plano onde a linguagem e a produção de sentidos se vê inserida. Englobando em suas formulações o entendimento de que as formas são polissêmicas e alteram-se no uso e no tempo, Bakhtin trabalha exclusivamente com as relações. O tempo, no entanto, não é o único valor em cima do qual se contrói sua teoria. O posicionamento também é fundamental tanto para a criação expressiva por quem comunica quanto para a compreensão de mensagens. O lugar de onde se diz mostra um ponto de vista em relação ao objeto do discurso.
“A concepção do ato dialógico como evento, que ocorre como deteminação de um espaço-tempo, é uma elaboração central do pensamento bakhtiniano no sentido de firmar o dialogismo como ciência das relações.” (Machado, 1996)
Através da lei do posicionamento, Bakhtin trabalha com a determinação e relatividade no discurso. Entendido concretamente, ao posicionar-se em um ponto no espaço, o indivíduo tem um determinado campo de visão do cenário. Esse determinado ponto de vista é o lugar de onde o indivíduo pode comunicar o que compreende e a partir do qual seus interatores podem compreender suas construções. É pela soma de diversos pontos de vista na relação social que construímos uma abordagem complexa dos assuntos. Pode-se ver um paralelo concreto no mundo físico. O posicionamento em relação a um objeto delimita as referências espaciais a partir dos quais um indivíduo o define sensorialmente. Vê-se uma face do objeto, mas constrói-se o todo por visões anteriores, por relação com objetos semelhantes ou por descrições – imagéticas, textuais ou orais
“No mundo dos objetos, o posicionamento define e delimita as referências espaciais, que são suficientes para garantir a relatividade com relação aos corpos físicos. No mundo dos
obscuro. Foi destacado o lugar em que sua concepção se estabelece a partir dos conceitos mais pertinentes, mas fica a questão: em que termos são aplicadas suas teorias na comunicação diária? Se sabemos que estabelece o dialogismo como ciência das relações, como Bakhtin trata as formas pelas quais a interação acontece? Posto que tudo que comunicamos responde a algo anterior, falta tratar como construimos essa resposta. Visto que formamos nossa visão das formas através da influência de outras “vozes”, como fazemos uso então de tal influência na interação diária? Tais perguntas introduzem os pontos em torno dos quais Bakhtin estrutura a parte mais aplicada de seus estudos: o discurso, os enunciados e os gêneros. Os três termos se vêem relacionados num sistema expressivo que insere-se na estrutura dialógica bakhtiniana. Através desses módulos torna-se palpável o uso expressivo das concepções abstratas em sua teoria. Para Bakhtin, as mensagens são construídas a partir de signos. A forma como tais signos são usados destaca algumas apreensões, agregando ao texto um dado valor que influenciará na acepção do próximo signo utilizado. Esta organização se dá na sentença por formas que não trazem apenas a significação lexical do termo usado, mas sim o entendimento de uma contextualização no uso do termo. Desta forma, imagens são criadas a partir de textos, possibilitando uma míriade de leituras a uma mensagem e estimulando uma certa resposta do interator. O discurso formulado pelo falante constitui a concatenação de modos de comunicar com um propósito. Assim, cada construção tem um objetivo a atingir. Mas para atingi-lo, deve-se planejar, criar um projeto compreendendo a escolha e a ordenação do repertório a ser usado, de forma que seja inteligível pelo público. Neste momento, pensa-se no lugar de onde se fala e no lugar para onde se dirige. O discurso é composto por diversas unidades denominadas enunciados. O ser humano comunica-se através de enunciados onde constrói as unidades significativas com o propósito de exprimir um conteúdo. Cada enunciado é único, criado com um objetivo dentro de uma interação verbal. Ele traz em si as escolhas de signos e de usos apreendidas em nossa comunicação diária. Aqui os signos são ordenados diante de um projeto e a própria forma do enunciado pode trazer valores contextuais significativos para a apreensão do que se quer comunicar.
“O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana.” (Bakhtin, 1992)
Dessa forma, a repetição de formas de organização e uso tipifica um enunciado, agrupando-o segundo valores semelhantes. Tais valores passam a ser trazidos já na forma em que se estabelece a sentença. Assim, mesmo que sejam variados em seu conteúdo textual, cumprimentos têm uma similitude que faz com que possa ser agrupado num gênero. Num discurso, quando se quer explicar uma situação que pede a narração de um diálogo, é preciso apenas acessar essa forma que qualifica uma sentença como cumprimento para abrir mão de uma extensa contextualização para a simples tradução de um “bom dia”.
“Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso” (Bakhtin, 1992)
Para Bakhtin, esses gêneros discursivos são módulos formais em que se estruturam a comunicação. Os gêneros têm como elemento de agrupamento os conteúdos temáticos, o estilo e sua construção composicional. Dessa forma, partilham as condições em que são empregados dentro de um texto, a estética e o uso.
“Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo de linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional.” (Bakhtin, 1992)
Na sistemática bakhtiniana, os gêneros do discurso podem ser classificados em primários e secundários. Os gêneros primários são unidades mais simples da expressão, menos elaboradas, de significação direta, e se formatam em condições de comunicação discursiva imediata. Os gêneros secundários, por outro lado, surgem de um convívio cultural mais complexos e com fins menos imediatos. São romances ou pesquisas científicas, por exemplo, que produzem um discurso mais elaborado, conceitual. Eles incorporam e reelaboram em sua construção os gêneros primários, tirando destes o vínculo direto com o concreto e transportando suas qualidades para uma nova realidade construída. Em termos gerais, o discurso, para o lingüista russo, baseia-se no uso dessas formas, mas estas não são estáticas. Quando elas são utilizadas, tem-se em vista certos valores que planeja-se empregar, mas seu emprego num discurso agrega novos sentidos àquela unidade. Desta maneira, o gênero é utilizado por suas acepções gerais, mas ganha, a
designer, uma vez que este dialoga com diversos campos na constituição de um trabalho – comunicando-se com todos na escala produtiva e para um público que pretende atingir. Numa sociedade em que campos da atividades interagem cada vez mais a partir de sistemas de comunicação mais rápidos, é necessário termos como requisito a variabilidade dos pontos de vista dos diversos grupos sociais e influência que um ponto de vista exerce na constituição geral de um objeto como signo.
5. Gêneros discursivos e sua representação visual: relacionando gênero e linguagem visual
Por se tratar do conceito tratado do ponto de vista de um lingüista, o gênero discursivo é um termo que tende a ser associado à tipificação de unidades de comunicação textual. Assim, gênero e linguagem verbal são claramente relacionados por Bakhtin. O exercício com seus estudos de linguagens, utilizando seus conceitos como ferramentas, relacionado com o modo como os gêneros discursivos são empregados em livros didáticos permite a extrapolação de idéia de formatação de modelos à conjugação de elementos textuais e não-textuais. Poderíamos separar o conteúdo textual do modo de composição e da forma na qual os textos aparecem? O gênero discursivo relacionado à linguagem, segundo o ponto de vista de Bakhtin, é a constituição de módulos formais agrupados segundo a semelhança de conteúdos temáticos, estilo e construção composicional. Ao examinar os gêneros expostos nos livros didáticos analisados, podemos afirmar que sua aplicação não se concentra em manter apenas a integridade textual dos extratos a serem usados. Os fragmentos em muitos casos preocupam-se em trazer a imagem do suporte em sua integralidade, com as frases de um anúncio sendo mostradas em seu uso original ou mesmo com o texto de uma reportagem sendo reproduzido mantendo as configurações gráficas semelhantes ao projeto gráfico do suporte original – mantendo as relações de cores, dimensões, tamanho e forma tipográfica entre os elementos textuais tais como foram pensadas originalmente. Tal preocupação denota que não apenas os elementos textuais, mas o complexo formado por tais elementos associados a outros aspectos não-textuais são pertinentes no tocante à formação de um leitor no contemporaneidade. Considerando que o gênero, constituido pela repetição de formas e usos de termos, é ferramenta para a construção de enunciados, não seria importante considerar que hoje tais termos não sejam inscritos apenas na esfera da linguagem verbal, mas pertencentes a outros modos de comunicação? As inserções de gêneros nas páginas dos livros didáticos de língua portuguesa mostram que isso já vem sendo pensado.
Muitas vezes, os elementos visuais trazem características fundamentais para a apreensão das condições de produção de um texto sendo também transpostos para a página da coletânea. A linguagem visual de um objeto traz indicações de como aquele conteúdo textual é pensado e organizado e do objetivo ao qual pretende atingir. A definição dos gêneros discursivos pelos PCNs como objeto eleito para desenvolver habilidades leitoras parece motivada pelo uso outros modos de comunicação para possibilitar a geração de um sujeito que considere os vários elementos comunicativos na produção de sentidos de um texto. Se para Bakhtin, tudo é resposta, a justa contextualização dos conteúdos inseridos incita uma atitude responsiva, realizando a ponte entre o livro didático e o suporte de onde foi extraido tal conteúdo, e demonstrando que, em sua forma, o suporte encerra condições que influem na produção de sentidos dos signos ali aplicados. A observação dos livros didáticos aqui apresentados nos permitiu ver como os gêneros discursivos – hoje considerados objetos fundamentais no desenvolvimento de competências nos alunos do terceiro ciclo do ensino fundamental e elementos que historicamente compõem o objeto livro didático de língua portuguesa – vêm sendo inseridos nos projetos gráficos. Podemos assim conferir se o transporte desses gêneros vem sendo feito com o cuidado de manter sua integridade comunicacional (agregando valores e dialogando com outras mídias, em vez de parodiá-las e/ou descaracterizá-las). Tal análise nos possibilita pensar o quais seriam as condições formais eleitas como pontos-chave para representação dos gêneros. Como objeto multimodal, recebendo em seu corpo objetos de outras mídias, o livro necessita da elaboração do designer, uma vez que este trabalha com suportes e comunicação visual. O projeto de Design deve possibilitar portanto a integração de objetos, mantendo a integridade comunicacional das partes, assumindo o livro didático, desta forma, sua identidade de “gênero que dialoga e introduz outros gêneros”. O exame dos sistemas trouxe dados para a definição de categorias para a aplicação dos gêneros na coleção didática. Na análise de “Português – uma proposta para o letramento” pudemos identificar dois modos grupos orientados pelas diferentes formas de representar os gêneros discursivos inseridos. Um grupo trazia apenas os elementos textuais, introduzindo na página apenas a reprodução do trecho escrito selecionado. O outro trazia os elementos textuais e não- textuais do suporte original, respeitando as relações dos elementos visuais na configuração gráfica em que aparecem. No primeiro agrupamento estão presentes fragmentos representantes de gêneros como poema, crônica, narrativa, cartas, entre outros. No segundo estão alinhados reportagem, anúncio publicitário, artigos de revistas.
Figura 65: Inserção do fragmento representativo do gênero Reportagem. (Fonte: Português – uma proposta para o letramento)
Figura 66: Inserção do fragmento representativo do gênero Anúncio publicitário. (Fonte: Português – uma proposta para o letramento)
Usando as categorias levantadas na segunda análise, podemos definir que a primeira, agrupando os exemplos das figuras 63 e 64, trabalha apenas com elementos verbais do
características. Assim, é parte formadora de certos gêneros discursivos o componente visual que influi, trazendo Bakhtin, os elementos que definem um gênero do discurso – as configurações gráficas definem o estilo de composição de um texto em um dado suporte, conferindo certas características que o modulam, trazendo também elementos que ajudam a definir os conteúdos temáticos e firmando relações que denotam uma constituição composicional específica. Os elementos visuais portanto contribuem na definição de um gênero discursivo agregando a materialidade e configuração gráfica como elementos que influem na forma de abordar cada suporte e de atribuir importâncias às informações dispostas, além de auxiliar na definição de ordens de leitura.
Figura 67: Inserção de artigo de revista. (Fonte: Português Linguagens)
Figura 68: Inserção de extrato de reportagem jornalística. (Fonte: Português Linguagens)
Nas figuras 67 e 68 temos exemplos de inserção de fragmentos de suportes diferentes no livro “Português Linguagens”. São aplicações que aparecem em três páginas em seqüência abrindo uma unidade de conteúdo do livro – o capítulo três da unidade três. O tema tratado é o bullying , intimamente relacionado ao ambiente escolar, se tratando de “toda agressão feita com a intenção de machucar outra pessoa ou até a turma inteira” (Revista Atrevida, nº 126, extraído de Português Linguagens p. 167). A apresentação do tema conta na primeira página com a introdução de quatro depoimentos colhidos para uma pesquisa relativos a agressões de tal sorte, sendo seguido de uma reportagem de uma revista voltada para o público adolescente na segunda página e de um fragmento de um artigo de jornal na terceira página. Sendo assim, o conjunto de páginas apresenta a inserção de três gêneros. Há diversos elementos visuais relacionadas nessas amostras, mas não um elementos que traga características visuais dos suportes originais. O fragmento jornalístico apresenta uma composição em três colunas justificadas, remetendo ao projeto gráfico de um jornal, além de trazer título e subtítulo com hierarquias claras fornecidas pelas tipografias usadas e pelas dimensões das letras. Sua aplicação dentro de um quadro com a mesma cor de fundo do extrato anterior, os integra sob um mesmo tema, mas não traz configurações visuais que apresentem o suporte original, sua aplicação original, ainda que haja a utilização de elementos
gênero discursivo mais explorado nesta publicação. As inserções seguem de modo geral o padrão já visto. Os anúncios publicitários são aplicados integralmente e cartazes ou capas de livros, revistas ou trabalhos artísticos são devidamente creditados. A inserção de gêneros literários também segue o padrão das outras edições no tocante ao protagonismo dado ao eixo textual como elemento principal para favorecer o desenvolvimento de competências (figura 70).
Figura 70: Inserção de fragmento de livro. (Fonte: Projeto Araribá - Português)
O aspecto textual domina a aplicação dos recortes de outros gêneros discursivos presentes nas páginas desta coleção. No entanto, algumas aplicações trazem simulações de certas configurações materiais do suporte original. As inserções de trechos de reportagens jornalísticas (figura 71) trazem as bordas dos quadros remetendo ao papel do suporte original. A configuração estética dos limites do quadro dão a idéia de recorte, deixando claro que tais conteúdos são reproduções de textos presentes em outros lugares e estão ali inseridos, separando as vozes. A eleição de pontos do eixo visual no entanto fica limitado a tais escolhas.
Figura 71: Inserção de fragmentos de reportagens de jornal. (Fonte: Projeto Araribá - Português)
No livro “Projeto Araribá – Português” encontramos um outro uso para a referência a outro suporte. As aberturas das unidades centram-se no trabalho de análise da imagem ali publicada espalhando-se pela dupla de páginas. Tais imagens são fotografias, cartazes ou, como no exemplo da figura 72, cenas de filmes. A condição tratada na imagem é o padrão narrativo que pode ser extraído da leitura da imagem. Os créditos definem ser aquela a fotografia de uma cena do filme “Piratas do Caribe”. No caso, pondo a referência ao gênero discursivo dentro dos termos aqui descritos, temos a opção por uma aplicação que usa exclusivamente elementos do eixo visual de um suporte para desenvolver competências relativas a leitura/produção escrita. As condições que regem as inserções de gêneros discursivos no livro didático de língua portuguesa seguem assim a variação entre dois pontos. Em um extremo a eleição do eixo textual como transportadora das características representativas das condições de produção do texto no gênero respectivo. No extremo oposto, temos o eixo visual, trazendo o elementos estéticos e a configuração gráfica de um gênero como representantes dos pontos necessários à apreensão das condições para a produção de sentidos em um determinado canal.