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Argumentação em Textos Linguísticos: Tipos, Elementos e Importância no Ensino, Notas de aula de Lógica

Este texto discute a importância da argumentação em pesquisas linguísticas, destacando-se como o texto argumentativo é a organização de discurso mais complexa no ensino. O texto aborda diferentes perspectivas sobre a argumentação, seus elementos básicos e suas formas de apresentação. Além disso, o texto enfatiza a importância de se desenvolver habilidades de leitura e produção de textos argumentativos para a formação de bons comunicaadores.

O que você vai aprender

  • Qual é a importância da argumentação em textos linguísticos?
  • Como a argumentação pode ser apresentada em textos escritos?
  • Quais são os elementos básicos de uma argumentação?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Aldair85
Aldair85 🇧🇷

4.8

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O Texto Argumentativo
As pesquisas linguísticas que se referem ao ensino de língua devem atentar
para o texto argumentativo, pois é nesse modo de organização do discurso que se
concentram os problemas mais surpreendentes da produção e da leitura escolar.
A argumentação costuma ser abordada sob dois prismas diferentes. Ora
ela é inerente a toda atividade linguística humana por carrear sempre uma ideolo-
gia (Koch, 1993), ora a argumentação é vista como um dos modos de organização
do discurso. Há uma dissonância terminológica entre os autores na literatura lin-
guística sobre os tipos de textos existentes, mas em todos eles está presente o mo-
do de organização argumentativo (Oliveira, 2007).
A argumentação difere dos demais modos também por ter uma finalidade
racionalizante e ser marcada não só pela lógica, mas também por um princípio de
não contradição. Isto é, o que se diz na defesa de uma tese, de um ponto de vista,
não pode ser contraditório ou dissonante do mundo denotativo. Para o meio social
em que vivem os falantes, a argumentação deve ser (...) construtiva na sua finali-
dade, cooperativa em espírito e socialmente útil (Penteado, 1964, apud Garcia,
1999, p. 371). Com isso o autor quer dizer que não se deve procurar argumentar a
favor de ideias falaciosas, como também é imprescindível que o tema seja discutí-
vel, ideias que são ponto pacífico entre os interlocutores não são passíveis de se-
rem argumentadas.
Quanto à forma como se apresenta aos interlocutores do argumentador, a
argumentação pode ser dialógica (argumentação interlocutiva), oratória (monoló-
gica) ou escrita. É sob essa última forma que se apresenta a argumentação dos
textos que serão lidos em nossos experimentos. Mesmo em um texto escrito, po-
rém, pode haver interação entre os usuários, de sorte que o leitor não é indiferente
às perspectivas apresentadas e defendidas no texto argumentativo em apreço.
Pelo contrário, ele reage – ao menos ideologicamente – fazendo do texto um e-
nunciado.
O discurso bem estruturado é aquele que traz todos os dados necessários à
sua compreensão, implícita ou explicitamente (Koch, 1993). Para Fávero (2003),
a estrutura completa que um texto argumentativo deve apresentar é formada de
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O Texto Argumentativo

As pesquisas linguísticas que se referem ao ensino de língua devem atentar para o texto argumentativo, pois é nesse modo de organização do discurso que se concentram os problemas mais surpreendentes da produção e da leitura escolar. A argumentação costuma ser abordada sob dois prismas diferentes. Ora ela é inerente a toda atividade linguística humana por carrear sempre uma ideolo- gia (Koch, 1993), ora a argumentação é vista como um dos modos de organização do discurso. Há uma dissonância terminológica entre os autores na literatura lin- guística sobre os tipos de textos existentes, mas em todos eles está presente o mo- do de organização argumentativo (Oliveira, 2007). A argumentação difere dos demais modos também por ter uma finalidade racionalizante e ser marcada não só pela lógica, mas também por um princípio de não contradição. Isto é, o que se diz na defesa de uma tese, de um ponto de vista, não pode ser contraditório ou dissonante do mundo denotativo. Para o meio social em que vivem os falantes, a argumentação deve ser (...) construtiva na sua finali- dade, cooperativa em espírito e socialmente útil (Penteado, 1964, apud Garcia, 1999, p. 371). Com isso o autor quer dizer que não se deve procurar argumentar a favor de ideias falaciosas, como também é imprescindível que o tema seja discutí- vel, ideias que são ponto pacífico entre os interlocutores não são passíveis de se- rem argumentadas. Quanto à forma como se apresenta aos interlocutores do argumentador, a argumentação pode ser dialógica (argumentação interlocutiva), oratória (monoló- gica) ou escrita. É sob essa última forma que se apresenta a argumentação dos textos que serão lidos em nossos experimentos. Mesmo em um texto escrito, po- rém, pode haver interação entre os usuários, de sorte que o leitor não é indiferente às perspectivas apresentadas e defendidas no texto argumentativo em apreço. Pelo contrário, ele reage – ao menos ideologicamente – fazendo do texto um e- nunciado. O discurso bem estruturado é aquele que traz todos os dados necessários à sua compreensão, implícita ou explicitamente (Koch, 1993). Para Fávero (2003), a estrutura completa que um texto argumentativo deve apresentar é formada de

tese anterior (ideia falsa com que o argumentador a princípio concordaria), pre- missas (condições para que essa tese seja verdadeira, e normalmente não atendi- das), argumentos, contra-argumentos (que irão atacar a tese anterior e mostrar sua invalidez), síntese (súmula do caminho lógico seguido até o momento) e conclu- são, que encerra a nova tese, verdadeira na opinião do argumentador. O que Fávero ( op. cit) oferece é uma sugestão para bem argumentar. Na verdade, o critério, aqui, para determinar se um dado texto é ou não argumentativo é a predominância qualitativa de sequências argumentativas. Para uma argumentação existir, são precisos três elementos (Charaudeau, 2004): uma ideia sobre o mundo que precise ser legitimada; um sujeito que se proponha a estabelecer uma verdade lógica acerca dessa ideia; e um sujeito tam- bém relacionado a essa ideia e a quem o argumentador se dirigirá e buscará con- vencer da legitimidade de seu modo de pensar e ver. A argumentação sempre é, ainda que não pareça, impositiva: o falante im- põe ao interlocutor seu modo de raciocínio e seus argumentos. A despeito do termo impositiva , não se quer dizer que a argumentação deve ter tom áspero. Essa imposição é feita de modo sutil. Primeiro, conduz-se o sujeito-alvo ao mesmo questionamento, o argumentador precisa suscitar no seu interlocutor o interesse pelo assunto do texto, pela tese defendida. Em seguida, propõem-se uma maneira de tratar o questionamento levantado e, simultaneamente, traz-se um meio de ava- liar a validade do julgamento. Isto quer dizer a argumentação envolve três ativi- dades cognitivas: problematização, elucidação e comprovação. Problematizando, o argumentador mostra não só do que trata o texto, mas também que questões podem ser levantadas acerca do assunto em apreço, levan- tando um quadro de questionamentos. Elucidando, o argumentador leva à compreensão das razões que levam uma hipótese a ser admitida. Não se trata de verificar um fato – fatos não podem ser postos em dúvidas, eles simplesmente ocorrem ou não, o que se fala sobre eles é que pode ser questionado (Oliva, 2010, p. 21) –, mas de explicar o porquê e o modo dos fatos acontecerem. A elucidação pertence ao universo discursivo da causalidade, e não ao do existencialismo fenomenal. Provando, o argumentador leva a crer, o que serve de base para o valor da elucidação. Além de problematizar uma questão, o argumentador deve se posi- cionar face à validade de sua elucidação e que dê ao interlocutor condições de

jugado à má determinação dos objetivos de leitura, pode levar a uma ilusão de compreensão que pode se tornar hábito. A maioria dos livros didáticos e manuais escolares de Língua Portuguesa das escolas brasileiras trata os textos com pergun- tas de decodificação do texto, cuja resposta pode ser obtida por transcrição de trechos do texto lido, sem levar o aluno à reflexão e apreensão da arquitetura ar- gumentativa elaborada. Deve-se dar abertura às múltiplas possibilidades de interpretação, já que na escola há alunos e alunos. O texto argumentativo é, ao menos na intenção, unívo- co, quem o produz não pretende que a leitura varie de leitor para leitor. Nenhum leitor, todavia, tem as mesmas experiências, conhecimentos de mundo e perspec- tivas que outro, ainda que sejam colegas de classe escolar, de sorte que dois leito- res nunca farão a mesma leitura de um mesmo texto. O tipo de texto determina, de modo muito radical, a interpretação que um texto deve receber. Em textos argumentativos, a estrutura lógico-informacional é a mensagem. Um sério problema ocorre na leitura, então, quando o leitor encara a argumentação com subjetivismo e sem vinculações de caráter lógico, fazendo uma representação mental mais condizente a um texto literário (Perini, 2007). A subje- tividade que deve haver na argumentação se deve tão somente ao caráter interpes- soal da linguagem, não à passionalidade do falante. Para Perini ( op. cit. ), a primeira razão do problema é o aluno ser treinado na escola para ler apenas textos literários, haja vista o valor cultural que eles apre- sentam. Quando o aluno lê um texto fora do domínio discursivo literário, ele pro- cede do mesmo modo quando diante de literatura. Isso explica parte da causa do fracasso escolar em produção textual, pois ao aluno é solicitado escrever um texto argumentativo, sem ele ter trabalhado a leitura desse tipo de texto anteriormente. O aluno lê textos argumentativos em outras disciplinas, mas não é feita nenhuma atividade sistemática de estudo do caráter argumentativo desses textos. A segunda razão do problema está na má escrita de muitos textos argu- mentativos que o são apenas no objetivo. O autor não consegue elaborar um texto unívoco, permitindo mais de uma interpretação. Embora isso possa ser dado co- mo virtude no discurso literário, trata-se de um empecilho na defesa de um ponto de vista. Ainda que dois leitores nunca façam a mesma leitura de um mesmo tex- to – e um leitor nunca faz a mesma leitura quando lê um texto pela segunda vez –, não convêm aos textos argumentativos múltiplas possibilidades de interpretação.

Nesta pesquisa, foram selecionados dois textos argumentativos publicados pela revista Galileu. Ambos apresentam uma tese clara e argumentos baseados em fatos extralinguísticos. Como a posição dos autores vai de encontro ao senso comum, eles tiveram de explicitar suas opiniões e argumentos a favor delas, a fim de validar as teses defendidas nos textos.