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Análise de Conteúdo e Pesquisa-Ação em Design da Informação para o Público, Exercícios de Metodologia

Uma pesquisa sobre o desenvolvimento de projetos de design da informação voltados a atender interesses públicos, com ênfase no processo projetual e na participação de diferentes setores da sociedade. O autor relata sua experiência participando de um projeto de design didático para a alfabetização de crianças surdas, utilizando o método design em parceria e análise de conteúdo.

O que você vai aprender

  • Quais são as etapas do processo projetual de projetos de Design da Informação para interesses públicos?
  • Quais são as vantagens de utilizar o método Design em Parceria em projetos de Design da Informação?
  • Como a sociedade pode participar do desenvolvimento de projetos de Design da Informação para interesses públicos?
  • Quais são as metodologias utilizadas no desenvolvimento de projetos de Design da Informação para interesses públicos?
  • Como pode a análise de conteúdo ajudar na compreensão dos projetos de Design da Informação para interesses públicos?

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Nazario185
Nazario185 🇧🇷

4.7

(68)

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5.
Metodologia: análise de conteúdo e pesquisa-ação
Considerando que o objetivo principal desta dissertação é sedimentar
conhecimentos sobre o âmbito do desenvolvimento de projetos de Design da
Informação para situações de interesse público, particularmente estudando como e
com que finalidade eles foram desenvolvidos, após esboçar brevemente, no primeiro
capítulo, o percurso brasileiro do Design relacionado às questões sociais; discutir as
perspectivas e fundamentos atuais para este campo, no segundo; e conceituar as
noções de Design da Informação em situações de interesse público no terceiro; parto
agora para o estabelecimento de um diálogo mais próximo com os diferentes setores
da sociedade que trabalham este tipo de Design. Este é um passo natural da pesquisa
que se orienta por um viés qualitativo, que esta categoria de investigação social
objetiva a compreensão, sendo uma prática importante deste tipo de investigador, a
capacidade de ver através dos olhos daqueles que estão sendo pesquisados (Bryman,
1988 apud Bauer, M. & Gaskell, G., 2002: 32)1. Ainda sobre este enfoque
metodológico, segundo Bauer & Gaskell (2002), se comparado ao quantitativo, o
método qualitativo é intrinsecamente mais crítico e emancipatório, já que defende a
necessidade de compreender as interpretações que os atores sociais possuem do
mundo.
Deste modo, após o estudo visando fundamentar minhas questões e
pressupostos, comecei abordando o assunto através de um levantamento de dados
no qual pude identificar que diferentes setores da sociedade - instituições públicas,
instituições privadas, ONGs e setor acadêmico - desenvolviam projetos com este
objetivo. Uma vez encontradas as instâncias que desenvolviam os projetos dentro do
meu recorte de investigação realizei, posteriormente, uma criteriosa seleção para
escolher alguns entrevistados. Foram selecionados 4 profissionais no intuito de
compreender como e com que propósitos particulares tais projetos foram
produzidos. Este rico material proveniente da transcrição das entrevistas constitui
meu corpus principal de pesquisa cuja interpretação permitiu-me abordar algumas
questões importantes.
1 BAUER, M., GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som . Petrópolis, Vozes:
2002.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0510309/CA
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Metodologia: análise de conteúdo e pesquisa-ação

Considerando que o objetivo principal desta dissertação é sedimentar conhecimentos sobre o âmbito do desenvolvimento de projetos de Design da Informação para situações de interesse público, particularmente estudando como e com que finalidade eles foram desenvolvidos, após esboçar brevemente, no primeiro capítulo, o percurso brasileiro do Design relacionado às questões sociais; discutir as perspectivas e fundamentos atuais para este campo, no segundo; e conceituar as noções de Design da Informação em situações de interesse público no terceiro; parto agora para o estabelecimento de um diálogo mais próximo com os diferentes setores da sociedade que trabalham este tipo de Design. Este é um passo natural da pesquisa que se orienta por um viés qualitativo, já que esta categoria de investigação social objetiva a compreensão, sendo uma prática importante deste tipo de investigador, a capacidade de ver através dos olhos daqueles que estão sendo pesquisados (Bryman, 1988 apud Bauer, M. & Gaskell, G., 2002: 32)^1.^ Ainda sobre este enfoque metodológico, segundo Bauer & Gaskell (2002), se comparado ao quantitativo, o método qualitativo é intrinsecamente mais crítico e emancipatório, já que defende a necessidade de compreender as interpretações que os atores sociais possuem do mundo. Deste modo, após o estudo visando fundamentar minhas questões e pressupostos, comecei abordando o assunto através de um levantamento de dados no qual pude identificar que diferentes setores da sociedade - instituições públicas, instituições privadas, ONGs e setor acadêmico - desenvolviam projetos com este objetivo. Uma vez encontradas as instâncias que desenvolviam os projetos dentro do meu recorte de investigação realizei, posteriormente, uma criteriosa seleção para escolher alguns entrevistados. Foram selecionados 4 profissionais no intuito de compreender como e com que propósitos particulares tais projetos foram produzidos. Este rico material proveniente da transcrição das entrevistas constitui meu corpus principal de pesquisa cuja interpretação permitiu-me abordar algumas questões importantes. (^1) BAUER, M., GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som. Petrópolis, Vozes:

Contudo, segundo Bauer & Gaskell (2002), o cientista cultural precisa aprender a falar a língua que ele interpreta. Partindo deste pressuposto, me propus participar, durante os dois últimos, anos do grupo de pesquisa “Design didático para o letramento bilíngüe de crianças surdas” do Laboratório de Pedagogia do Design do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio que desenvolve uma pesquisa em parceria com o INES – Instituto Nacional de Educação do Surdos no Rio de Janeiro, onde tive a oportunidade de vivenciar todas as etapas do processo projetual de um material educativopara auxiliar a alfabetização de crianças surdas, tanto em LIBRAS como na Língua Portuguesa. Este processo de desenvolvimento esteve pautado no enfoque metodológico do Design em Parceria, que por sua vez incorpora os preceitos da pesquisa-ação, onde a equipe de projeto se propõe a um mergulho na práxis do grupo social em estudo gerando um processo de reflexão-ação coletivo. Como já foi analisado no capítulo 2, o diferencial deste método é considerar a voz do sujeito, sua perspectiva, seu sentido, não apenas para um registro e posterior interpretação: a voz do sujeito compõe a tessitura da metodologia de investigação. Como esta linha de pesquisa continua em andamento e o objeto planejado encontra- se em fase de finalização integrando o corpus de um outro estudo, descrevo o projeto em linhas gerais e narro minha experiência de participação no grupo discutindo a vivência neste processo metodológico e apresentando algumas conclusões preliminares. Logo, aproximei-me do objeto de pesquisa através de dois métodos distintos, porém qualitativos: realizei entrevistas e vivenciei uma pesquisa-ação. Neste capítulo discutirei os dois métodos em questão e nos próximos apresentarei, respectivamente, os resultados da análise de conteúdo e da pesquisa-ação. 5. Metodologia para a análise de conteúdo 5.1. Recorte espaço-temporal Através de uma análise de conteúdo realizada a partir de entrevistas com profissionais que trabalham em diferentes setores desenvolvendo projetos de Design

é a representação e a expressão de uma comunidade que escreve, e o resultado da análise de conteúdo é a variável dependente, a coisa a ser explicada. O corpus de texto contém traços do conflito e do argumento e a análise de conteúdo permite construir indicadores, cosmovisões, valores, atitudes, opiniões, preceitos e estereótipos e compará-los entre comunidades. Especificamente, por estes motivos, escolhi a análise de conteúdo como suporte para a interpretação dos dados. Princípios do delineamento Geração de dados Interpretação dos dados Interesse de conhecimento Levantamento por amostragem Entrevista individual Análise de conteúdo Construção de consenso Gráfico 1 – Pretensões da Análise de Conteúdo Para realizar a análise de conteúdo, percorri cinco etapas distintas. Primeiramente, desenvolvi um levantamento tentando identificar os setores da sociedade que produzem projetos de Design da Informação voltados à atender um interesse público. A partir do levantamento de dados, pude identificar tanto projetos como instituições que os desenvolveram. Depois, alguns critérios foram definidos para refinar a seleção. A partir daí, passei para a segunda etapa, onde tentei estabelecer contato com todas as instituições pré-selecionadas no estágio anterior a fim de realizar as entrevistas. Uma parcela significativa das instituições pré- selecionadas retornou o contato e pude então estabelecer uma amostragem viável para a proposta de pesquisa. Na terceira etapa, realizei as entrevistas com as equipes desenvolvedoras dos projetos. Na quarta etapa, transcrevi e explorei sistematicamente as entrevistas de modo a preparar as evidências para a próxima e última etapa onde, concretamente, desenvolvi a interpretação dos dados. Estes foram, então os passos percorridos:

  • Levantamento amplo e refinamento de dados;
  • Estabelecimento de contato;
  • Entrevistas;
  • Transcrição e exploração sistemática de dados;
  • Interpretação dos dados.

Levantamento amplo e refinamento de dados Numa pesquisa qualitativa sabe-se que a qualidade das informações obtidas depende diretamente de uma criteriosa seleção dos entrevistados. Mas, como escolhê-los? Antes mesmo do início da pesquisa eu já havia identificado vários projetos e pesquisas brasileiros interessantes na área do Design da Informação para questões de utilidade pública. Destes, é possível citar as campanhas veiculadas em diversas mídias sobre a prevenção e o tratamento da AIDS desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, Kits educativos produzidos por ONGs, projeto de sinalização urbana e turística da cidade de Curitiba, dentre vários outros. Porém, como minha intenção, desde o inicio, era estabelecer um diálogo próximo à equipe que desenvolveu o projeto, o primeiro critério de seleção já estava estabelecido: projetos desenvolvidos dentro do recorte espacial da Cidade do Rio de Janeiro para viabilizar e garantir o acesso aos entrevistados. Porém, ainda era necessário delimitar mais especificamente meu universo de pesquisa. Determinei que, para obter informações mais recentes dos entrevistados, os projetos deveriam ter sido produzidos nos últimos 10 anos, ou seja, a partir do ano de 1996. Estava determinado meu universo: projetos de Design da Informação para situações de utilidade pública que tivessem sido produzidos no Rio de Janeiro nos últimos 10 anos. Minhas fontes de dados foram diversificadas: publicações de associações de Design com ilustrações de projetos; artigos diversos; projetos acadêmicos: monografias, dissertações e teses; publicações – revistas e jornais – na área do Design e em diversas outras áreas; sites de empresas; revistas especializadas no terceiro setor; ONGs; associações de ONGs; publicações, sites e programas de TV e rádio; diversas mídias do setor público etc. Além de recolher este conteúdo, participei de um seminário sobre Comunicação Visual para o Terceiro Setor e de fóruns de discussão on-line sobre projetos de responsabilidade social; estive presente em congressos, palestras, seminários etc. que estivessem relacionados, de alguma maneira a este âmbito; recolhi um sem número de folhetos e demais tipos de material promocional relacionados aos temas de saúde pública, segurança, educação etc.

específica. Porém, para travar um diálogo mais próximo, optei por utilizar mais este critério, que nunca foi um critério eliminatório por assim dizer, sendo somente um fator preferencial. Com estas restrições pude enxugar bastante meu universo pesquisável e obtive um levantamento mais próximo das minhas possibilidades de pesquisa. Classifiquei tal universo como Levantamento enxuto , que compreendia 3 instituições públicas, 6 instituições privadas, 25 ONGs e 1 projeto acadêmico. Gráfico 2 - Instituições após o levantamento enxuto Merece esclarecimento o fato de que, com este esforço para delimitar o universo pesquisável, nunca é possível encontrar dentro destes critérios todos os projetos que o representam, pela natural inviabilidade de tempo e abrangência da pesquisa, porém inversamente, é possível garantir que todos os projetos selecionados cumprem estes critérios. A esta altura, restava a dúvida sobre quantas entrevistas realizar. Segundo Bauer & Gaskell (2002), há um número limitado de interpretações ou versões da realidade. Embora as experiências possam parecer únicas ao indivíduo, as representações de tais experiências não surgem das mentes individuais; em alguma medida, elas são o resultado de processos sociais mais amplos. É possível dizer, ainda conforme este autor, que as representações de um tema de interesse comum, ou de

pessoas de um meio social específico, são, em parte, compartilhadas. Partindo deste argumento, determinei, segundo os objetivos e restrições da pesquisa, que a análise de conteúdo seria realizada com quatro entrevistas representativas dos quatro setores estudados, independente do número de entrevistas que conseguisse realizar. 5.1. Estabelecendo contato Ao final da etapa anterior eu tinha em mãos um levantamento identificando instituições, classe (Instituição Pública, Instituição Privada, Instituição Acadêmica ou ONG), um pequeno descritivo sobre a instituição, tipo de projetos desenvolvidos, contatos e uma lacuna para comentários particulares. Chegava a hora de tentar estabelecer contato com todos estas equipes. Optei pelo contato por e-mail, já que todas as instituições possuíam esta ferramenta de comunicação. Redigi um e-mail me apresentando e fazendo uma breve introdução a pesquisa. Solicitava a colaboração da instituição através da concessão de entrevista e ao final agradecia o provável retorno, assinalando que qualquer material utilizado teria a autoria devidamente identificada. Durante o período de junho a agosto de 2006, dos 34 e-mails que enviei, consegui o retorno de 17. Dos que retornaram, consegui agendar entrevista com 11. Gráfico 3 - Percentual de resposta dos emails enviados

projetos da instituição e 2 - presença de ao menos um designer na equipe de projeto. A partir de então meu corpus de pesquisa para a análise estava selecionado. 5.1. Transcrição e exploração dos dados Antes de transcrever as quatro entrevistas selecionadas, passei um bom tempo ouvindo cada uma delas e relendo todo o material das anotações, com o intuito de conhecê-las intimamente durante a transcrição, uma vez que é necessário um engajamento profundo com o material para produzir uma boa transcrição (Jefferson, apud Gill, 2002)^4. Este movimento permitiu-me perceber certas nuances que no decorrer da conversa não havia me dado conta. Pude perceber, por exemplo, a preferência por determinadas expressões por parte de cada entrevistado. Conforme Gill (2002) a linguagem não é um meio neutro de refletir ou descrever o mundo, já que o discurso tem importância central na construção da vida social. Para explorar as entrevistas parti de alguns pressupostos que me orientaram quanto a análise de discursos:

  • A postura critica em relação ao conhecimento dado, aceito sem discussão e ceticismo quanto a visão de que as observações do mundo revelam a natureza autêntica do locutor;
  • O reconhecimento de que as maneiras como normalmente compreendemos o mundo são histórica e culturalmente específicas e relativas;
  • A convicção de que o conhecimento é socialmente construído, isto é, que nossas maneiras atuais de compreender o mundo são determinadas não pela natureza do mundo, mas pelos processos sociais;
  • O compromisso de explorar as maneiras e os conhecimentos – a construção social das pessoas, fenômenos ou problemas – estão ligados à ações práticas. Logo, esgotada a fase de exploração do material transcrevi as entrevistas e passei para a fase de codificação e classificação dos materiais colhidos na amostra. (^4) GILL, R. Análise de Discurso. In : M. BAUER e G. GASKELL. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Um manual prático. Petrópolis, Vozes, 2002. p. 244-270.

Procedimentos de codificação das unidades de registro Segundo Bauer & Gaskell (2002), um referencial de codificação é um modo sistemático de comparação. Ele é um conjunto de questões (códigos) com o qual o codificador trata os materiais, e do qual o codificador consegue respostas, dentro de um conjunto predefinido de alternativas – valores de codificação. Embora o corpus de texto esteja ligado a uma variedade de possíveis questões, a análise de conteúdo deve interpretar o texto apenas à luz do referencial de codificação, que constitui uma seleção teórica que incorpora o objetivo da pesquisa. A análise de conteúdo representa o que já é uma representação, ligando o pesquisador a um texto e a um projeto de pesquisa. Portanto, a análise de conteúdo não é a última palavra em nenhum texto, mas um encontro objetivado através da sistematicidade e referenciação para além de si, em direção a outros textos e atividades de pesquisa (Bauer & Gaskell, 2002). Conseqüentemente, a utilização de módulos é um estratagema na construção de um referencial de codificação que garante tanto a eficiência, como a coerência. Um módulo é um bloco bem estruturado de um referencial de codificação que é usado repetidamente. Um referencial de codificação serve tanto como guia para o codificador como um documento do processo de pesquisa (Bauer & Gaskell, 2002). Nesta pesquisa utilizo a codificação proposta por Bardin ( apud Couto, 1998): unidades de contexto, unidades de registro e unidades de análise. Segundo este autor, a unidade de registro é o seguimento do texto que pode ser caracterizado como uma ocorrência de evento de interesse para o objetivo da pesquisa, enquanto que a unidade de contexto é um segmento da mensagem, de dimensão maior que a extensão da unidade de registro, que ajuda a compreender a significação desta. Partindo destes conceitos passei a realizar três atividades paralelas que se interpenetraram:

  • defini a forma das unidades de análise, ou seja, da unidade de registro e da unidade de contexto;
  • defini os sistemas de categorias e de codificação das entrevistas, das categorias e das unidades de registro
  • realizei várias leituras dos documentos do corpus principal e identifiquei as unidades de registro.

Categorias à posteriori: Âmbito área de atuação da instituição Esta categoria procurou analisar a quê se dedica a instituição, abordando qual é sua área de atuação e que tipos de projetos ela desenvolve. Portanto, as declarações abrangem descritivos do estabelecimento, citação de projetos, profissionais envolvidos e ações praticadas. Apresenta 33 unidades de registro. Demanda Esta categoria aborda a origem da demanda pelos projetos desenvolvidos nas instituições estudadas. Por isso, inclui citações sobre quem solicita os projetos, podendo ser um cliente, um patrocinador ou uma entidade qualquer com uma demanda. Apresenta 27 unidades de registro. Finalidade Esta categoria abarca declarações sobre os objetivos e a finalidade dos materiais desenvolvidos. Pretende-se averiguar as temáticas específicas abordadas por projetos de Design de informações dentro do campo da utilidade pública. De forma mais ampla, pretende-se avaliar os propósitos que orientam o desenvolvimento desta classe de projetos de Design. Expressa 47 unidades de registro. Convergência Esta categoria, criada a posteriori , analisa a forma como os materiais desenvolvidos são apresentados ao público. Ela foi criada justamente porque, no momento em que analisei as entrevistas, pude detectar que todos os entrevistados utilizavam uma série de palavras de significado semelhante ao falar da maneira como se apresenta ao público o material por eles desenvolvido. A categoria aborda 14 unidades de registro. Metodologia Esta categoria avalia conceitos significativos para a pesquisa, pois se dedica a analisar o processo de desenvolvimento projetual efetuado por cada instituição. Desta forma, sempre que possível, foram estudadas as metodologias empregadas, as etapas do processo projetual, a participação da equipe e a divisão de tarefas, as relações de trabalho, a participação de outras pessoas no projeto – consultores, público etc – e outras informações relevantes desta qualidade proferidas pelos entrevistados. A categoria aborda 66 unidades de registro.

Público Esta categoria tem a intenção de avaliar o que declaram os entrevistados a respeito do público a ser atingido. Procura-se identificar se existem parcelas particulares da sociedade que são comumente contempladas com os projetos de Design da Informação em situações de interesse público. Também se investiga qual é a relação das equipes de Design com o público destinatário dos projetos. Consiste em 4 unidades de registro. Avaliação Esta categoria destina-se a discutir se existe preocupação, por parte das instituições abordadas, em avaliar como o público recebeu e se relacionou com o objeto. Ou seja, pretende-se averiguar se estas instituições avaliam a efetividade dos projetos desenvolvidos. Esta categoria envolveu 8 unidades de registro. As declarações de interesse identificadas como unidades de registro encontram-se no Anexo II devidamente codificadas. 5. Metodologia para o Design em Parceria Como descrito no início do capítulo, para abordar o objeto de pesquisa, decidi- me por utilizar dois métodos de pesquisa. No segundo momento da pesquisa me propus a participar, durante os dois últimos, anos do grupo de pesquisa “Design didático para o letramento bilíngüe de crianças surdas” do Laboratório de Pedagogia do Design do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio em parceria com o INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos, onde tive a oportunidade de vivenciar todas as etapas do processo projetual de um material educativo para auxiliar a alfabetização de crianças surdas, tanto em LIBRAS como na Língua Portuguesa. Todo o processo de desenvolvimento esteve pautado no enfoque metodológico do Design em Parceria, que por sua vez, dentro das classificações de métodos de pesquisa, incorpora os preceitos da pesquisa-ação.

latentes, o oculto, o não familiar que sustentam as práticas, sendo as mudanças negociadas e geridas no coletivo, onde deve haver uma imprevisibilidade nas estratégias a serem utilizadas. Sobre a postura do pesquisador diante da investigação, a autora comenta que se considera a voz do sujeito, sua perspectiva, seu sentido, mas não apenas para registro posterior e interpretação do pesquisador: a voz do sujeito fará parte da tessitura da metodologia da investigação. Neste caso, a metodologia não se faz por meio das etapas de um método, mas se organiza pelas situações relevantes que emergem do processo. A autora destaca, que parte daí a ênfase no caráter formativo desta modalidade de pesquisa, pois o sujeito deve tomar consciência das transformações que vão ocorrendo em si próprio e no processo. Desta forma, a metodologia assume um caráter emancipatório, pois mediante a participação consciente, os sujeitos da pesquisa passam a ter oportunidade de se libertar de mitos e preconceitos que organizam suas defesas às mudanças e reorganizam sua autoconcepção de sujeitos históricos. Segundo Lewin ( apud Franco 2005), a pesquisa ação deve partir de uma situação social concreta a modificar e, mais que isso, deve se inspirar constantemente nas transformações e nos elementos novos que surgem durante o processo e sob a influência da pesquisa. Ainda conforme o autor, os fenômenos de grupo não revelam as leis internas de sua dinâmica, senão aos pesquisadores dispostos a se engajar pessoalmente e a fundo neste dinamismo em marcha, a respeitar-lhe os processos de evolução nos sentidos definidos que a História lhe imprime e, assim, favorecer-lhe, ao máximo, que se ultrapasse. Vale ressaltar que para Lewin o pesquisador só deve tentar modificar a dinâmica de um grupo a partir do consentimento explícito de seus membros. Dessa maneira, o pesquisador deve assumir constantemente os dois papéis complementares: de pesquisador e de participante do grupo, caminhando em direção a uma situação dialógica da consciência dos sujeitos em direção à mudança de percepção e de comportamento de todos os envolvidos. A pesquisa-ação é um processo cíclico, ou “em espiral”, que envolve três fases, segundo Lewin: 1 – planejamento – reconhecimento da situação; 2 – tomada de decisão; 3 – encontro de fatos sobre o resultado da ação. Este encontro de fatos da

terceira fase deve ser incorporado como fato novo na fase seguinte de retomada do planejamento e assim sucessivamente. Sintetizando, a pesquisa-ação possui três dimensões principais: Ontológica: pretende-se conhecer a realidade social, foco da pesquisa, de forma a transformá-la; Epistemológica: é incompatível com uma abordagem positivista uma vez que requer um aprofundamento na intersubjetividade da dialética do coletivo. Este tipo de pesquisa não pensa-se neutro ou autônomo em relação à realidade social. Metodológica: privilegia uma metodologia que instaure no grupo uma dinâmica de princípios e práticas dialógicas, participativas e transformadoras:

  • Deve-se, na escolha metodológica, rejeitar noções positivistas de racionalidade, de objetividade e de verdade (Carr; Kemmis, 1986);
  • A práxis social é ponto de partida e de chegada na construção / ressignificação do conhecimento;
  • O processo de conhecimento se constrói nas múltiplas articulações com a intersubjetividade em dinâmica construção;
  • A pesquisa-ação deve ser realizada no ambiente natural da realidade a ser pesquisada;
  • A flexibilidade de procedimentos é fundamental e a metodologia deve permitir ajustes e caminhar de acordo com as sínteses provisórias que vão se estabelecendo no grupo;
  • O método deve contemplar o exercício contínuo de espirais cíclicas: planejamento; ação; reflexão; pesquisa; ressignificação; replanejamento, ações cada vez mais ajustadas às necessidades coletivas, reflexões etc (Franco, 2005). Para a fase de planejamento, a equipe de pesquisa do LPD – PUC-Rio faz reuniões semanais onde discute as questões teóricas e práticas para o desenvolvimento dos objetos. Após as discussões, tarefas são subdivididas entre os participantes do grupo. Conforme a tarefa recebida, os participantes dirigem-se ao INES para, observar, desenvolver entrevistas, fotografar, dialogar etc., com alunos, professores ou consultores da instituição. Com base nestas informações, partindo para a fase de tomada de decisão, desenvolvem-se alternativas projetuais com base nos dados obtidos. Na terceira fase do ciclo metodológico – encontro de fatos sobre o resultado da ação –, volta-se ao INES para testar as alternativas e obter novos inputs para dar seqüência e aperfeiçoar o projeto.