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O empreendedorismo em termos amplos, considerando-o como um agente de mudança e associando-o à inovação e ao desenvolvimento econômico. O economista austríaco joseph alois schumpeter é apresentado como um dos principais teóricos do empreendedorismo, definindo o empreendedor como alguém que introduz novos produtos, técnicas, mercados, fontes de suprimentos e organizações. As habilidades identificadas para os empreendedores incluem a capacidade de identificar novas oportunidades e avaliar crítica e criativamente tais oportunidades. A inovação organizacional e sua relação com a prática de negócios, estruturação do local de trabalho e relações externas também são discutidas.
Tipologia: Notas de aula
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2.1.Conceito de Empreendedor
A palavra empreender deriva do latim imprehendere e significa deliberar-se a práticas, propor-se, por em execução, tentar (AIUB, 2002). Dessa forma, o empreendedor seria aquele que empreende, que é ativo; é o cometedor, o que põe em execução; é aquele que procura, que realiza particularmente tarefas difíceis (FERREIRA, 2001). No século XII, surge o termo empreender (como sinônimo de atacar) em dicionários, mais precisamente em 1140; outro significado, originado por volta de 1174-1176, foi “interpelar, acusar” (BOAVA e MACEDO, 2009). Pouco tempo depois, passou a designar uma pessoa corajosa, pouco honesta, pronta para assumir os riscos financeiros. O enriquecimento pessoal e o êxito comercial eram o único meio permitido àqueles que viviam à margem da sociedade de instalarem- se em uma sociedade muito hierarquizada e rígida (MENDES, 2009). Historicamente, a palavra empreendedor tem origem francesa ( entrepreneur ) e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo (DORNELAS, 2001; SARKAR, 2007), ou seja, aquele que empreende a criação por conta própria, em seu benefício e a seu risco, de um produto ou serviço qualquer. O termo entrepreneur origina-se entre os anos de 1253 e 1289, pelo termo entreprendeeurs , significando “aquele que se encarrega e que faz alguma construção ou outra coisa”, derivando do particípio presente de entreprendre (BOAVA e MACEDO, 2009). Na tradução literal, entre significa estar entre ou estar sob e preneur significa conduzir ou seguir em alguma direção (GUEIROS, 2004). A história militar francesa, no século XVII, fazia referência a pessoas que se comprometiam em conduzir expedições militares (NETO, 2003). Apenas no final do século XVII e início do século XVIII, o termo começa a ser utilizado na França para designar aquelas pessoas que se associavam com proprietários de terras e trabalhadores assalariados. Todavia, esse termo era utilizado, também nessa
época, para denominar quem criava e conduzia projetos com o governo, por meio da realização de um serviço, tais como construtores de pontes e empreiteiros de estradas, ou fornecimento de produtos estipulados (FILION, 1999; HISRICH e PETERS, 2004; CRUZ, 2005; MENDES, 2009). A relação do risco com o empreendedor desenvolve-se mais fortemente nesse mesmo período, pois o empreendedor ingressava em um acordo contratual com o governo, e, como o valor do contrato era fixo, quaisquer lucros ou prejuízos eram do empreendedor (HISRICH e PETERS, 2004; MENDES, 2009). No decorrer do século XVIII, o termo empreendedor surge no pensamento econômico referindo-se a pessoas que estimulam o crescimento econômico (TOMEI, RUSSO e ANTONACCIO, 2008). Atribui-se ao banqueiro e economista irlandês, Richard Cantillon, na primeira década de 1700, o primeiro uso do termo empreendedor no contexto empresarial e econômico (HISRICH e PETERS, 2004; CRUZ, 2005; MENDES, 2009; NETO, 2003). Para Cantillon o empreendedor era o indivíduo que, em busca de lucros, assumia os riscos na organização e no direcionamento dos fatores de produção em face das incertezas do mercado: comprava matérias-primas, contratava força de trabalho para processá-las e depois revendê-las por um preço incerto e sujeito à flutuação (BOTTINO, DIAS e DIB, 2006; HISRICH e PETERS, 2004; SCHUMPETER, 1949; TOMEI, RUSSO e ANTONACCIO, 2008). Dessa forma, empreender significava aproveitar oportunidades com a perspectiva de obter lucros, assumindo os riscos inerentes: o empreendedor comprava bens e serviços a preço certo para revendê-los a preço incerto. O empreendedor era visto como um indivíduo que identificava uma oportunidade de negócio, assumia o risco, processava e revendia a matéria-prima. Nesse mesmo século XVIII, o empreendedor passou a ser diferenciado do fornecedor de capital ou investidor de risco, ou seja, a pessoa que fazia investimentos de risco a partir de um montante de capital próprio para obter uma alta taxa de retorno sobre os investimentos (HISRICH e PETERS, 2004; MENDES, 2009). No século XIX, o economista francês Jean Baptiste Say, da mesma forma que Cantillon, descreve o empreendedor como alguém que avalia oportunidades em busca de lucros, emprega determinado capital e assume os riscos do empreendimento. Na visão de Say (1983), o empreendedor é um gestor que avalia
para explicar o comportamento empreendedor, abre espaço para outros estudiosos sobre o comportamento humano, que são chamados de comportamentalistas (psicólogos, psicanalistas, sociólogos e outros especialistas do comportamento humano). Diferentemente dos economistas, os comportamentalistas defendem que o empreendedor não precisa estar ligado à condução de um negócio e pode estar relacionado à sociedade de maneira geral (FILION, 1999). Grande parte da relevância dos estudos dos comportamentalistas sobre o empreendedorismo deve-se ao psicólogo norte-americano e professor da Harvard University David Clarence McClelland, um dos pioneiros da linha comportamental a contribuir com estudos sobre o empreendedor (FILION, 1999; NETO, 2003). McClelland (1961) define o empreendedor como alguém que exerce controle sobre a produção de algo cujos resultados não são apenas revertidos em seu próprio benefício. Para McClelland (1961), ser empreendedor significa ter a necessidade de realizar coisas novas e colocar em prática idéias próprias. O empreendedor toma decisões em situações de incerteza, ou seja, assume riscos calculados, e o alcance dos resultados desejados depende de sua habilidade ou capacidade de realização; todavia, a aceitação de riscos moderados somente ocorre quando o empreendedor tem alguma possibilidade de influir no resultado, por meio de suas próprias habilidades e capacidades (MCCLELLAND, 1961). McClelland (1961) desenvolve uma teoria sobre a motivação psicológica, baseado na crença de que o estudo da motivação contribui significativamente para o entendimento do empreendedor. Segundo McClelland (1961), as pessoas são motivadas devido à necessidade de realização, poder e afiliação. Ele toma por base a afirmação de que o ser humano é um produto social e tende a reproduzir seus próprios modelos. Assim, quanto mais empreendedores uma sociedade tiver, e quanto maior for o valor dado a eles, maior é a quantidade de pessoas que tendem a imitá-los, incutindo na cultura da sociedade as características específicas do empreendedor. Para explicar melhor esse tipo de comportamento, McClelland (1961) descreve o comportamento do empreendedor como de alguém com elevada necessidade de realização, que conquista algo com esforço próprio e realiza algo difícil, uma façanha, um feito. Psicologicamente, as pessoas podem ser divididas em dois grandes grupos, de acordo com McClelland (1961), uma minoria que, quando desafiada por uma oportunidade, está disposta a trabalhar arduamente para
conseguir algo, e uma maioria que, na realidade não se importa tanto assim. As pessoas que têm necessidade de realizar se destacam porque, independente de suas atividades, fazem com que as coisas aconteçam. McClelland (1961) esclarece que uma pessoa com elevada necessidade de realização apresenta resultados de desempenho baixos quando a natureza de uma atividade é rotineira e mecânica. Por outro lado, quando a atividade exige imaginação, agilidade mental e criatividade (novas formas de concatenar as coisas) os resultados de desempenham se elevam. Pessoas com elevada necessidade de realização são propensas a um melhor desempenho somente quando se trata de atividades não rotineiras, que exigem certo grau de iniciativa pessoal e de capacidade criativa para a sua solução. O valor do êxito é maior nessas atividades, porque, para resolvê-las, é necessário maior realização pessoal (MCCLELLAND, 1961). McClelland (1961) também argumenta que a pessoa com elevada necessidade de realização trabalha mais quando existe uma possibilidade de desafio (de perda) e percebe que seus esforços pessoais influenciam no alcance do resultado. A pessoa com elevada necessidade de realização procura constantemente novidades ou novas soluções para velhos problemas, pois essa é a única forma de obter um sentimento de realização pessoal (MCCLELLAND, 1961). Ademais, a pessoa com elevada necessidade de realização gosta que seu trabalho seja reconhecido pelos outros; ela não trabalha pelo dinheiro e oferecer- lhe um incentivo monetário não a faz trabalhar mais. Em outras palavras, ela não é muito influenciada pela recompensa monetária, mas está primordialmente interessada em sua realização pessoal (MCCLELLAND, 1961). McClelland (1961) destaca ainda que a pessoa com elevada necessidade de realização tende a prever um futuro antes que ocorra, isto é, apresenta a capacidade de planejamento. Além disso, prefere trabalhar com alguém que a ajude a resolver o problema, em vez de alguém a quem conhece, ou seja, um amigo (MCCLELLAND, 1961). Por fim, McClelland (1961) conclui que a elevada necessidade de realização pessoal estimula e promove o comportamento empreendedor, que envolve fazer coisas de forma original e melhor do que antes. Essa é a forma mais adequada de distinguir o empresário do empreendedor; um empresário que não inove, que se limita a comportar-se de modo tradicional, não
O professor de psicologia e de gestão na STVP Entrepreneurship Corner^3 , Robert A. Baron, considera que para entender o empreendedor é necessário compreender as competências, as capacidades e as características exigidas para a criação de um novo empreendimento. De acordo com o autor, o empreendedor é aquele que avalia, descobre e explora oportunidades, e a criação de uma empresa implica a capacidade de trabalhar eficazmente em inúmeros contextos e com diferentes graus de incerteza. Baron (1998) reconhece que pela natureza das suas atividades, o empreendedor encontra-se muitas vezes em situações que são novas, imprevisíveis e complexas. Assim, atrair parceiros eficazes, desenvolver redes de relacionamentos, estabelecer confiança, legitimidade e ter capacidade em lidar com outras pessoas são ingredientes-chave para o sucesso do empreendedor (BARON e MARKMAN, 2003). Por sua vez, o professor e escritor norte-americano Jeffry A. Timmons, uma das maiores autoridades mundiais em empreendedorismo na atualidade, afirma que o comportamento empreendedor é um dos fatores essenciais para aumentar a riqueza de um país e melhorar as condições de vida de seus cidadãos.
“Empreender é criar e construir algo de valor a partir de praticamente nada. É a destreza para perceber uma oportunidade onde outros vêem caos, contradição e confusão. É a habilidade de construir uma equipe que complemente suas próprias habilidades e talentos. É o conhecimento para achar, tomar posições e controlar recursos. Finalmente, é a disposição para assumir riscos calculados, pessoais e financeiros, e, então, fazer todo o possível para que as possibilidades fiquem a seu favor”. (TIMMONS, 1989, p. 1) Timmons (1989) considera que o empreendedor trabalha duro, guiado por intenso compromisso e perseverança; ele nasce e é guiado por um forte desejo interno de competir para superar e vencer, de se superar contra padrões impostos e de prosseguir para alcançar objetivos desafiadores. Além disso, a necessidade de competir do empreendedor refere-se também à superação de seus próprios resultados anteriores, mais do que simplesmente superar outra pessoa (TIMMONS, 1989). O empreendedor utiliza o fracasso como um instrumento para o aprendizado, prefere ser efetivo a perfeito, e responde aos contratempos e
(^3) O STVP Entrepreneurship Corner é um arquivo on-line gratuito sobre empreendedorismo com recursos de ensino e aprendizagem. A missão do projeto é apoiar e incentivar os professores de todo o mundo que ensinam empreendedorismo. O sítio eletrônico foi desenvolvido por uma equipe de educadores, empresários, engenheiros e designers e apoiado financeiramente pela Universidade de Stanford.
as frustrações como se fossem interrupções temporárias, pois tem confiança em si mesmo para acreditar que pode fazer diferença nos resultados finais de um empreendimento (TIMMONS, 1989). Timmons (1989) também ressalta que o empreendedor foca na oportunidade mais do que em recursos, estrutura ou estratégia. A oportunidade é que guia seus atos e ele considera o dinheiro como uma ferramenta e um meio para alcançar os resultados almejados (TIMMONS, 1989). Ser empreendedor significa gostar de tomar a iniciativa para resolver problemas, ter elevada determinação e desejo de superar barreiras (TIMMONS, 1989). Timmons (1989) destaca ainda que para um indivíduo ser um empreendedor de sucesso, ele precisa ter a criatividade de um inventor e as qualidades de gestão de um administrador. Com base nesses critérios, Timmons (1989) apresenta uma matriz que identifica quatro tipos de indivíduos, com base em sua criatividade e em sua capacidade de administração. De acordo com o autor, o empreendedor para ter sucesso precisa ter um elevado nível de criatividade, inovação e capacidade de gestão, conforme demonstrado na Figura 2:
Elevado
Criatividade e Inovação
Baixo Capacidade de Gestão, Know-How de Negócios Elevado
Figura 2 – A Matriz do Empreendedor de Jeffry A. Timmons Fonte: Timmons, 1989, p. 21
Timmons (1989) defende que a criação de um novo empreendimento requer estratégia, planejamento e envolvimento criativo; todavia, mais do que qualquer
Inventor
Promotor
Empreendedor
Administrador
caracteriza e diferencia o empreendedor é uma estrutura de pensamento visionário, pois o empreendedor é um observador atento do meio em que vive, um inovador, um criador de novas realidades, alguém que idealiza uma visão e consegue realizá-la. Ademais, Filion afirma que “para desenvolver o processo de formação da visão, o empreendedor tem de trabalhar intensamente, ser alguém dotado de autoconfiança e autonomia, acreditando que pode mudar as coisas e ser capaz de convencer as pessoas de que pode conduzi-las para algum ponto vantajoso no futuro, razão pela qual elas irão ajudá-lo na realização de seu sonho”. (FILION, 1994 apud DOLABELA, 2003a, p.
Filion também faz uma importante distinção entre empreendedor e proprietário-gerente de pequenos negócios:
“Na verdade, muitas pessoas têm um papel [comportamento] empreendedor sem nunca se tornarem proprietários-gerentes de pequenos negócios, seja por trabalharem em grandes corporações (como intra-empreendedores ou empreendedores corporativos), seja por tornarem-se auto-empregados sem criarem uma empresa. Do outro lado da moeda estão os proprietários-gerentes de pequenos negócios que compram empresas em vez de criá-las, não fazem mudança significativa alguma, não têm visão do que querem fazer, não desenvolvem novos produtos ou mercados e as gerenciam dia-a-dia, tomando decisões sobre atividades rotineiras de gerenciamento sem ter uma visão, um plano geral ou um objetivo específico. Tais pessoas não podem ser consideradas como empreendedores. São proprietários-gerentes de pequenos negócios que não assumem um papel [comportamento] empreendedor”. (FILION, 1999, p. 20) Para Filion (2000, p. 5), encontram-se entre as atividades principais do empreendedor: “conhecer e entender de mercados, identificar oportunidades de negócios, selecionar objetivos, imaginar visões, projetar e estruturar organizações e dar vida a essas organizações”. O consultor norte-americano e pró-reitor do Babson College , Stephen Spinelli, argumenta que os “empreendedores são pessoas que trazem esperança para o sonho dos outros”. De acordo com Spinelli (2007, p. 70), todo empreendedor é alguém que atende uma necessidade quando empreende, pois “empreender é uma maneira de pensar e agir, obcecada por oportunidades, de natureza holística, com liderança equilibrada cujo propósito é criar e capturar valor”. Spinelli (2007) esclarece que o enfoque holístico significa que se deve entender tudo o que é preciso para se aproveitar uma oportunidade que se apresenta.
O professor norte-americano e diretor do Global Entrepreneurship Center na Thunderbird School of Global Management^4 , Robert D. Hisrich, e o professor norte-americano da Carroll School of Management do Boston College^5 , Michael P. Peters, consideram que ser empreendedor é criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes (HISRICH e PETERS, 2004). Para os autores, essa definição enfatiza quatro aspectos básicos, não importando em que área, ou seja, defendem que o empreendedor pode ser encontrado em todas as profissões (educação, medicina, pesquisa, direito, arquitetura, engenharia, serviço social etc). O primeiro aspecto envolve o processo de criação de algo novo, que tenha valor para o empreendedor e para o público para o qual é desenvolvido. O segundo aspecto se relaciona à dedicação do tempo e do esforço necessários para criar algo novo e torná-lo operacional. O terceiro aspecto envolve assumir riscos financeiros, psicológicos e sociais. As recompensas de ser empreendedor representam o quarto aspecto, ou seja, a independência e a satisfação pessoal (HISRICH e PETERS, 2004). Hisrich e Peters (2004) corroboram as posições de Cantillon, Baron, Drucker, Schumpeter, Timmons, Spinelli, Ray e Turpin, e afirmam que um empreendedor deve ser capaz de encontrar, avaliar e desenvolver uma oportunidade superando as forças que resistem à criação de algo novo. Como a identificação de uma oportunidade e sua avaliação são tarefas difíceis, pois a maioria das boas oportunidades de negócio não aparece de repente, o empreendedor precisa ter atenção às possibilidades, ou estabelecer mecanismos que identifiquem oportunidades em potencial (HISRICH e PETERS, 2004). Criar rede de contatos pessoais e profissionais, manter envolvimento direto, ter capacidade para lidar com erros e falhas, ter independência, perseguir o sonho com decisão e assumir riscos moderados também são características essenciais ao comportamento empreendedor (HISRICH e PETERS, 2004).
(^4) É a mais antiga e maior escola de graduação em administração dos Estados Unidos, focada unicamente na preparação de líderes empresariais internacionais. Fundada em 1946 e localizada no Arizona, tem como missão educar os líderes mundiais para que criem uma prosperidade sustentável em todo o mundo. 5 Fundado em 1863, o Boston College é uma das mais prestigiadas universidades dos Estados Unidos.
O professor de empreendedorismo do IBMEC em Curitiba, Jerônimo Mendes, também considera o empreendedor como um indivíduo criativo capaz de transformar um simples obstáculo em oportunidade de negócios.
“O empreendedor é o ser ousado, sujeito a erros e acertos, alegrias e tristezas, críticas e elogios, comparações, decepções, inveja e perseguição, quer na vida pessoal, quer na vida profissional. [...] é o ser criativo, dinâmico, perspicaz, otimista em todos os sentidos, cujo projeto de vida não tem como dar errado”. (MENDES, 2009, p. 5) Em adição, Mendes afirma que
“o empreendedor vê a riqueza como conseqüência e não como meio. Sua importância está no uso de habilidades, da inteligência, da vontade de contribuir, na esperança de ser reconhecido como alguém que ultrapassou barreiras anteriormente rotuladas como intransponíveis. [...] O empreendedor destrói a ordem econômica existente não apenas pela introdução de novos produtos ou serviços, mas também pela capacidade de tornar as coisas mais simples e mais fáceis para as pessoas ao seu redor. [...] O combustível empreendedor vai além da sobrevivência, da necessidade de ganhar dinheiro, do enriquecimento ou de persecução do lucro a qualquer custo”. (MENDES, 2009, p. 7) Mendes (2009) ressalta que ser empreendedor está no modo de ver as coisas e na capacidade de transformar obstáculos em oportunidades de negócio. O empreendedor tem a necessidade de criação, a vontade de encarar desafios e superar dificuldades e obstáculos, e suas ferramentas são o planejamento, a criatividade e a ousadia (MENDES, 2009). O empreendedor sabe exatamente por onde caminha a humanidade e o que fazer para servi-la ao colocar em prática todo o seu potencial criativo. Mendes corrobora com McClelland e com Degen, ao considerar que o empreendedor é um ser movido por realizações e não mede esforços para alcançar seus objetivos. Ser empreendedor significa ter disposição para enfrentar o desconhecido e realizar algo diferente, a ponto de abdicar do conforto imediato, em favor de um futuro promissor (MENDES, 2009).
“ O empreendedor é fruto da vontade de criar e tornar o mundo melhor, do verdadeiro sentido de realização e do compartilhamento. Não deve ser confundido com o empresário inescrupuloso que suga a inteligência e a energia de seus colaboradores sem a justa remuneração , nem deve ser comparado ao empresário que se orgulha de sonegar impostos e remeter dinheiro para paraísos fiscais enquanto seus colaboradores sofrem anos para recuperar na justiça aquilo que lhes cabe por direito, quando conseguem recuperar”. (MENDES, 2009, p. 9, grifo meu) Mendes (2009) enfatiza ainda que o empreendedor é um ser que não abre mão de construir um sonho baseado em princípios e valores capazes de alterar o
destino da humanidade. No momento que o empreendedor inicia um negócio é natural que pense no retorno financeiro, mas pensa, acima de tudo, em como construir um empreendimento capaz de gerar valor e prosperidade para todos os envolvidos no processo (MENDES, 2009). Por seu turno, o professor da UFSJ, Bezamat de Souza Neto, defende que a palavra empreendedor não deve ser lembrada por sua designação de correr riscos, inovação e, muito menos pela capacidade de empresariar e ganhar dinheiro. Ser empreendedor significa uma atitude psicológica materializada pelo desejo de iniciar, desenvolver e concretizar um projeto. De acordo com Neto (2008), ser empresário não significa ser empreendedor, pois este último se lança em coisas que ainda estão embaçadas, usando a sua sensibilidade, criatividade e arriscando. Para o autor, não é preciso montar uma empresa para empreender, porque o que se deve ter são atitudes que tornem uma pessoa empreendedora. Atitude é uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir em relação a pessoas, grupos, questões sociais ou a qualquer acontecimento ocorrido no ambiente (NETO, 2008). O empreendedor é um indivíduo autoconfiante e desejoso de independência e autonomia, que possui forte predisposição para o progresso, encara situações difíceis como desafio e acredita na capacidade do ser humano em forjar o próprio destino e melhorar a realidade ao redor (NETO, 2008). Outro estudo relevante sobre o empreendedor pode ser verificado no trabalho das professoras Carla Bottino, Carolina Dias e Sandra K. Dib da Coordenação de Ensino de Empreendedorismo da PUC-Rio. Bottino, Dias e Dib (2006) argumentam que empreender significa a capacidade de desencadear processos de desenvolvimento não apenas econômico, mas, sobretudo, social e humano. Em outros termos, a ação empreendedora é uma ação revolucionária, seja no campo pessoal, profissional ou social, que pode subverter as dinâmicas sociais estabelecidas, provocando surpresas, mudanças e soluções inovadoras (BOTTINO, DIAS e DIB, 2006). Na visão dessas professoras, “o empreendedor é um projeto sempre em movimento, fruto de permanentes questionamentos, experimentações e construções de sentido” (2006, p. 39). O empreendedor é alguém que se sente comprometido e capaz de operar transformações ao seu redor, tem curiosidades e está sempre questionando os porquês para neutralizar as verdades impostas como absolutas. O empreendedor observa constantemente o ambiente em que se insere e sabe detectar oportunidades, porque entende que o
expostos os argumentos mais relevantes dos principais estudiosos e pesquisadores do empreendedorismo a respeito da capacitação empreendedora. Timmons (1989) argumenta que as capacidades requeridas ao comportamento empreendedor, ou seja, a criatividade, a inovação e os conhecimentos de administração e de negócios, não são inerentes às pessoas e são possíveis de serem adquiridas. Assim, políticas e infra-estrutura em capacitação empreendedora podem permitir o desenvolvimento e promover o comportamento empreendedor. Por sua vez, Filion (1991) acredita que o comportamento empreendedor é uma característica comum a todos e, dessa forma, pode ser desenvolvida. Ele afirma que a capacitação empreendedora tem a finalidade de despertar e aprimorar a capacidade de construção da visão e a aquisição de conhecimentos sobre as técnicas de gestão (viabilidade, consolidação, crescimento e lucro). Enquanto isso, Hisrich e Peters (2004) consideram que o empreendedor não nasce empreendedor, ele se desenvolve. O surgimento de idéias, a identificação e a avaliação de oportunidades, a compreensão do processo de tomada de decisão, a redação e a formulação de um plano de negócio, o conhecimento sobre como obter recursos e o gerenciamento e desenvolvimento de uma empresa são habilidades que podem ser desenvolvidas em qualquer pessoa (HISRICH e PETERS, 2004). Além disso, Hisrich e Peters (2004) afirmam que cursos de educação empreendedora, em que são desenvolvidas as habilidades técnicas, administrativas e pessoais, contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico das regiões próximas às instituições de ensino. Assim como Filion (1991), Timmons (1989), Hisrich e Peters (2004), Mendes (2009) também considera que o comportamento empreendedor pode ser aprendido, praticado e disseminado. Todavia, acrescenta Mendes (2009) necessita de disciplina, compartilhamento de informações, sede de aprendizado e uma capacidade inequívoca de absorver o conhecimento alheio. Em comunhão de pensamento, Bottino, Dias e Dib (2006) rejeitam a concepção de que os empreendedores nascem prontos e possuem atributos inatos, ou seja, inalcançáveis aos deles desprovidos. O empreendedor não nasce feito, mas é formado, por meio do estímulo ao desenvolvimento das potencialidades de cada indivíduo, despertando-o para uma forma mais atuante de estar no mundo (BOTTINO, DIAS e DIB, 2006). No entanto, Bottino, Dias e Dib (2006)
adicionam que um programa de formação de empreendedores pressupõe processos de ensino e aprendizagem baseados na experimentação e orientados para a construção compartilhada de conhecimentos. A educação empreendedora deve se afastar do modelo tradicional de ensino, que cada vez mais vem se mostrando inadequado e insuficiente para formar indivíduos capazes de atuar nas sociedades contemporâneas (BOTTINO, DIAS e DIB, 2006). O economista indiano, especialista em empreendedorismo e inovação, Soumodip Sarkar (2007) afirma que uma cultura empreendedora permite o florescimento do empreendedorismo e cria um círculo virtuoso em que podem aparecer mais empreendedores. Para Sarkar (2007), conforme mostrado na Figura 3, uma pequena parte das pessoas nasce com capacidades empreendedoras inatas ou intrínsecas, enquanto outra parte pode ser influenciada pela educação e pela cultura, ou seja, por fatores extrínsecos. Em outras palavras, a educação e a cultura podem despertar o comportamento empreendedor em um número maior de indivíduos. Dessa forma, as capacidades e características empreendedoras podem ser efetivamente cultivadas por intermédio de programas educacionais de empreendedorismo bem planejados e organizados (SARKAR, 2007). Dessa forma, pode se concluir junto com Sarkar (2007) que, um ambiente externo, que apresente fatores extrínsecos positivos, em que se incluem políticas públicas, a cultura e a educação, pode estimular o empreendedorismo.
transformadora. Isso implica saber cooperar, trabalhar em conjunto, utilizar a energia de todos, desenvolver o protagonismo e a auto-estima em níveis suficientes para permitir a permanente superação de limites individuais e a construção da crença de que as próprias ações podem fazer diferença no mundo ”. (DOLABELA, 2003b, p. 83-84, grifo meu)
“ A tarefa da educação empreendedora é principalmente fortalecer os valores empreendedores na sociedade. É dar sinalização positiva para a capacidade individual e coletiva de gerar valores para toda a comunidade, a capacidade de inovar, de ser autônomo, de buscar a sustentabilidade, de ser protagonista. [...] Atualmente, estabilidade e segurança envolvem a capacidade da pessoa de correr riscos limitados e de se adaptar e antecipar às mudanças, mudando a si mesma permanentemente”. (DOLABELA, 2003b, p. 130-131, grifo meu) Por fim, Dolabela (2003b) enfatiza que na capacitação empreendedora o saber pensar não é apenas pensar, mas a base para poder agir de forma mais adequada na realidade ao redor. Estimula-se a criar e não há apenas uma única forma de se fazer alguma coisa de modo correto (DOLABELA, 2003b). A capacitação empreendedora significa adquirir conhecimentos técnicos de gestão e convicções de solidariedade, assim como hábitos de convivência, de trabalho, de conquista individual e, principalmente, coletiva (DOLABELA, 2003b). É essencialmente um processo de aprendizagem pró-ativa, em que a pessoa aprende a antecipar-se às situações que podem surgir; é uma forma de educar que se baseia na ética, na construção da autonomia; estimula a tomada de decisões e a responsabilidade pelas conseqüências do que escolher (DOLABELA, 2003b). Assim, os objetivos da capacitação empreendedora devem ser a identificação e o entendimento das habilidades do empreendedor; o entendimento de como ocorre o processo empreendedor e a inovação; o reconhecimento da importância do empreendedorismo para o desenvolvimento econômico; o aprendizado de como preparar e utilizar um plano de negócios; como identificar fontes de obtenção de financiamento para uma empresa; e como administrar seu crescimento sustentável (OLIVEIRA, SANTOS, CARVALHO, 2007). Dessa forma, observa-se que a capacitação empreendedora baseia-se fortemente na aprendizagem reconstrutiva, e trabalha a formação técnica, humana e política do indivíduo. Tal afirmação se baseia nas argumentações de AIUB (2002), que afirma que, no reconstrutivismo, a maneira de construir o saber é muito ampla, incluindo realmente as idéias de descobrir, inventar, redescobrir, criar; sendo que aquilo que se faz é tão importante quanto o como e o porquê
fazer. A ação ocorre no sentido de compreender e atribuir um sentido (AIUB, 2002). Alicerçando e complementando os argumentos expostos anteriormente sobre a importância da capacitação empreendedora, há os trabalhos do economista norte-americano Jason Henderson e do economista indiano Soumodip Sarkar. Henderson (2002) e Sarkar (2007) apresentam estudos que demonstram que países com um maior nível de atividade empreendedora apresentam um crescimento do PIB mais elevado. Dessa forma, verifica-se que o comportamento empreendedor é um dos fatores essenciais para o desenvolvimento de uma nação e melhorar as condições de vida de seus cidadãos, pois pode promover de forma democrática o desenvolvimento econômico e a mobilidade social (DOLABELA, 2003a). Em síntese, considera-se que a capacitação empreendedora ajuda a avaliar e a minimizar os riscos, além de propiciar a capacitação estratégica, que é fonte de vantagem competitiva.
2.3.Conceito de Inovação
A inovação sempre acompanhou a humanidade e, recentemente, a necessidade por caracterizar o que é novo leva tanto a academia quanto a iniciativa privada, a tratar esse tema com maior ênfase, dado à importância para a competitividade das empresas (MONTANHA JR et al , 2008). A palavra inovação deriva do latim innovare ( in + novare ) e significa fazer novo, mudar, renovar ou alterar as coisas, introduzindo-lhes novidades (SARKAR, 2007). Na metade do século XX, Joseph Alois Schumpeter, economista austríaco e professor da Harvard University , definia inovação como
“1) introdução de um novo bem, cujos consumidores ainda não estejam familiarizados, ou de uma nova qualidade de um bem. 2) introdução de um novo método de produção, ou seja, um método ainda não testado em determinada área da indústria, e que não tenha sido gerado necessariamente a partir de uma nova descoberta científica, e pode consistir em uma nova maneira de comercializar uma mercadoria. 3) abertura de um novo mercado, ou seja, um mercado em que uma área específica da indústria ainda não tenha penetrado, independentemente do fato de o mercado existir antes ou não. 4) a conquista de uma nova fonte de suprimento de matéria-prima ou bens semimanufaturados, independente do fato da fonte existir antes ou não. 5) estabelecimento de uma nova estrutura de organização em um setor econômico, como a criação de uma posição de monopólio ou a quebra de um monopólio existente”. (SCHUMPETER, 1951, p. 66)