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Forças Culturais e Políticas do Nazismo: Colonização da Linguagem e Ascensão do Regime, Notas de aula de Cultura

Este artigo propõe análises sobre as forças culturais e políticas que desestabilizaram a república de weimar e permitiram a ascensão do nazismo. O texto aborda as formas complexas e sofisticadas de influência social das mensagens ideológicas e culturais do regime nazi-fascista, além de discutir a importância da análise da linguagem na construção do regime. O artigo também explora as estratégias de mobilização cultural, política e ideológica do nazismo para controlar as mentes e corações da população.

O que você vai aprender

  • Como o nazismo inspirou novos modelos de Estado com poderes concentrados?
  • Como o nazismo utilizou a linguagem para colonizá-la e reconstruir o mundo germano?
  • Quais estratégias de mobilização cultural, política e ideológica o nazismo empregou para controlar a população?
  • Quais foram as principais forças culturais e políticas que desestabilizaram a República de Weimar?
  • Quais foram as consequências trágicas da omissão histórica significativa durante o período nazista?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pele_89
Pele_89 🇧🇷

4.2

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DE WEIMAR AO NAZI-FASCISMO:
(DES)ORDEM E VIOLÊNCIA SOB O CAOS
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Roberto Bueno*
A linguagem sempre revela o que uma
pessoa tem dentro de si e deseja encobrir, de
si ou dos outros, ou que conserva
inconscientemente.Viktor Klemperer
RESUMO
O primeiro passo proposto por este texto é circunscrever e analisar
alguns dos elementos que corroboraram a ruína da República de
Weimar e a ascensão do nacional-socialismo. Este artigo tem como
objeto a análise das estratégias do nazi-fascismo para alcançar o
poder conectado ao poder do capital e as grandes corporações, a
direita autoritária conservadora e, paralelamente, como estas
forças solaparam a República de Weimar para, logo, pavimentar
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Este texto pertence à linha de pesquisa em curso sobre a teoria legal e política do
nacional-socialismo, conexa ao doutoramento e pós-doutoramento de seu autor.
Derivação específica desta linha de pesquisa foi trabalhada inicialmente em
conferência sobre o fascismo e suas variáveis clássicas e contemporâneas
pronunciada na Faculdade de Direito da FURG no mês de novembro de 2018,
motivo pelo qual volto a manifestar meu penhorado agradecimento pelo convite e
gentil acolhida naqueles difíceis dias pré-eleitorais que antecipavam o quão
difíceis seriam os tempos vindouros. O presente texto é uma versão bastante
abreviada de capítulo de livro ora em elaboração sobre a teoria jurídico-política do
nazi-fascismo.
*Professor Doutor Associado I. Faculdade de Direito da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) no Curso de Graduação. Professor colaborador do Programa de
Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em Filosofia do
Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Filosofia do Direito e
Teoria do Estado pelo Univem (Marília/SP). Mestre em Filosofia pela Universidade
Federal do Ceará (UFC). Especialista em Ciência Política e Direito Constitucional pelo
Centro de Estudos Constitucionais de Madrid (CEC). Pós-Doutor em Filosofia do
Direito pelo Univem (Marília/SP). Graduado em Direito pela Universidade Federal de
Pelotas (UFPEL). E-mail: rbueno_@hotmail.com
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DE WEIMAR AO NAZI-FASCISMO:

(DES)ORDEM E VIOLÊNCIA SOB O CAOS^1

Roberto Bueno* A linguagem sempre revela o que uma pessoa tem dentro de si e deseja encobrir, de si ou dos outros, ou que conserva inconscientemente. Viktor Klemperer RESUMO O primeiro passo proposto por este texto é circunscrever e analisar alguns dos elementos que corroboraram a ruína da República de Weimar e a ascensão do nacional-socialismo. Este artigo tem como objeto a análise das estratégias do nazi-fascismo para alcançar o poder conectado ao poder do capital e as grandes corporações, a direita autoritária conservadora e, paralelamente, como estas forças solaparam a República de Weimar para, logo, pavimentar (^1) Este texto pertence à linha de pesquisa em curso sobre a teoria legal e política do nacional-socialismo, conexa ao doutoramento e pós-doutoramento de seu autor. Derivação específica desta linha de pesquisa foi trabalhada inicialmente em conferência sobre o fascismo e suas variáveis clássicas e contemporâneas pronunciada na Faculdade de Direito da FURG no mês de novembro de 2018, motivo pelo qual volto a manifestar meu penhorado agradecimento pelo convite e gentil acolhida naqueles difíceis dias pré-eleitorais que já antecipavam o quão difíceis seriam os tempos vindouros. O presente texto é uma versão bastante abreviada de capítulo de livro ora em elaboração sobre a teoria jurídico-política do nazi-fascismo.

  • (^) Professor Doutor Associado I. Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) no Curso de Graduação. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em Filosofia do Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Filosofia do Direito e Teoria do Estado pelo Univem (Marília/SP). Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Ciência Política e Direito Constitucional pelo Centro de Estudos Constitucionais de Madrid (CEC). Pós-Doutor em Filosofia do Direito pelo Univem (Marília/SP). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). E-mail: rbueno_@hotmail.com

o enraizamento cultural dos valores modelares do nazi-fascismo inspiradores do novo modelo de Estado com poderes extremamente concentrados tal como ocorreu imediatamente após o falecimento de von Hindenburg. Este artigo propõe a análise das forças culturais e instrumentos políticos e oferecer uma prévia interpretação sobre as inauditas e sofisticadas formas de influência social das mensagens ideológicas e culturais do regime nazi-fascista e que dinamizou o desapreço popular pela República de Weimar e a antecipação da ultimação de seu processo corrosivo, permitindo o questionamento sobre as omissões históricas de massa considerável com as conhecidas trágicas consequências. A justificativa deste artigo pode ser observada na notável importância das vibrações dos fundamentos do nazi-fascismo clássico quando contraposto ao sucesso eleitoral de determinadas opções políticas afinadas com tal tipo de precedentes ideológicos que impõe o questionamento dos tempos de recrudescimento das estratégias globais de poder em que forças neofascistas ameaçam a democracia em sua formatação clássica liberal e suas expectativas de avanços qualitativos a partir dos pressupostos estabelecidos no pós-Segunda Grande Guerra. O objetivo superior deste artigo é chamar a atenção para o modelo nazi-fascista e suas estratégias de poder e permitir ao leitor percorrer os caminhos analíticos que obstaculizem a pavimentação de novas vias para o sucesso do velho mal quando facilita o reconhecimento das novas faces de velhas e nefastas ameaças às democracias. Ao longo do artigo apresentei algumas das várias estratégias de mobilização cultural, política e ideológica nazi-fascista no sentido de colonizar mentes e corações para controlá-los da forma mais eficaz possível, a saber, através das motivações do próprio indivíduo. PALAVRAS-CHAVE : República de Weimar. Nazi-Fascismo. Autoritarismo. Totalitarismo. Nacional-socialismo. FROM WEIMAR TO NAZI FASCISM: (DIS)ORDER AND VIOLENCE BELOW THE CHAOS ABSTRACT The first step proposed by this article is to circumscribe and to analyse some elements which reinforce the overthrow of the Weimar Republic and the rising of the National Socialism. This article has as object the analysis of the nazi fascism´s methods to achieve the power connected with the capital and the big corporations, the right-wing conservative and authoritarian, and at the same time acting together as forces which undermined the Weimar Republic, and, so, paved the root of pattern cultural values of nazi fascism wich inspire the new model of State with its powers exceedingly concentrated as it happened immediately after the decease of von Hindenburg. This article proposes the analysis of the cultural powers

com as formulações clássicas no que concerne a organização para realizar o mal através da implementação de regimes políticos comprometidos necessariamente com uma estrutura descritível como de ilicitudes legalizadas. Há quase 100 anos o Ocidente observava os primeiros rumores e desestabilizações provocadas pela mobilização de forças que a médio prazo articulariam o regime nazi-fascista alemão, muito embora ele não tenha sido fruto direto de uma específica e determinada constelação, mas de um complexo conjunto que incluiu a gravíssima crise de 1929, que emprestouexpressiva carga da necessária força para criar as condições que permitiriam ao nacional-socialismo embalar a sua expansão eleitoral. As condições de deterioração da vida política e partidária alemã foramsendo consolidadas desde há pelo menos cinquenta anos, quando os partidos de esquerda e direita mostravam sucessivamente a perda de apoio eleitoral, notavelmente a partir das primeiras eleições da década de 1920 até o início de 1930, quando, então, o radicalismo extremista de direita do NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães)^3 começou aoperar desde uma posição central no panorama político alemão. Vencida a sua maior tragédia o Ocidente passou a compartilhar visão e certo conjunto axiológico em matéria cultural tanto quanto em política, o que sustentou os seus regimes políticos orientados para as liberdades, o bem-estar popular e para a restauração e qualificação dos emergentes sistemas democráticos, conjunto de valores que habitavam moderadamente a tradição constitucional brasileira^4 com signos expressivos de materialização (^3) Hitler juntou-se ao Deutsche Arbeiterpartei (DAP), o Partido dos Trabalhadores Alemães, em setembro de 1919, sendo apenas no ano seguinte que a sigla foi alterada para NSDAP. (^4) Mais recentemente, a partir de 1934, certos valores liberais habitaram de forma mais consistente a tradição constitucional brasileira, mas não sem a incidência autoritária como ocorreria apenas três anos após, em 1937, sob o Estado Novo no consórcio político-jurídico de Getúlio Vargas e Francisco Campos (ver BUENO, 2019). Logo ocorreria a retomada de seu curso democrático em 1946, mas que não ultrapassaria o período de 1964, dado o golpe de Estado e a legislação que suspendia o Estado democrático. Esta situação prevaleceu até que fosse alcançada a normalidade democrática a partir da Constituição de 1988, sucedida em 2016 por nova ruptura democrática e Constitucional pela mobilização das forças da direita

na Carta de 1988. Desde o final da Segunda Grande Guerra Mundial, sem embargo, foi minimizada a percepção de que todas as ideias e ideais permanecem plenamente vivos, o que alimentaria lentamente a possibilidade da gestação do mal. Nos dias correntes o capital promoveu o divórcio das políticas públicas e as políticas de bem-estar, e sob tal circunstância proliferam arranjos extremistas autoritários de extrema-direita articuladores da insatisfação da elite com os perfis estatais jurídico-políticos e constitucionais comprometidos com arranjos e práticas social-democratas, mesmo quando em moderada escala. O welfarismo está sob intenso ataque das forças de extrema-direita que alimentaram a emergência do neofascismo hoje em ebulição e crescimento eleitoral

  • malgrado ainda não observemos a massividade comparável ao fenômeno do NSDAP (cf. LÖWY, 2015, p. 654) – associado às forças imperiais cujos interesses exclusivos e excludentes são de corte econômico, e expropriatório das riquezas de Estados de militarização e força geopolítica insuficiente, e isto forja um cenário de duríssima crise econômica e sociopolítica que alimenta consequências politicamente deletérias, sendo este o caso alemão, hipótese sublinhada por Fritzsche (2006, p. 160) quantoa que avanço do nacional-socialismo esteve inegavelmente ligado à crise agrária, mas, sobretudo ao desemprego de milhões durante mais de dois anos e recessão comercial. Durante a década de 1920 foram sendo lentamente forjados os tempos em que a instabilidade atingiu notas superlativas conducentes ao caos, divisa histórica em face da qual a disposição para a aceitação do terror era maior, contraposto ao mundo real e, logo, avaliado como mal menor enquanto fonte de poder supostamente idônea (re)instaurar a ordem. Sob o firme propósito de concretizar o domínio (neo)fascista, hoje é a crítica direta à tortura e à defesa da ordem constitucional que resultam funções políticas estranhas, mas não a defesa da ignominiosa tortura, ou de espancamentos e discriminações, nem sequera omissão relativamente a toda sorte de opróbrios e ilegalidades como perseguições e fuzilamentos à luz do dia, bem como tampouco causa espécie ou interesse as condenações autoritária brasileira, historicamente comprometidas e ansiosas pela realização de golpes de Estado contrários ao estabelecido nas urnas pelo povo brasileiro.

A importância de trazer à discussão o fascismo clássico e aqui especificamente em sua versão alemã é evidente para todos os que dedicam mesmo modesta atenção ao cenário político e geopolítico, quer em sua dimensão regional, continental ou global. Pergunta inicial autoevidente é sobre os motivos da exitosa reaparição do nazi-fascismo, mesmo que, como seria de esperar, sob fórmula fugidia ao seu modelo clássico, embora não menos patológica e fatal para as massas, e que foi viabilizado, ao menos parcialmente, a partir da falência das promessas liberais, processo que não ocorreu naturalmente, senão que foi forjado. Em todos os espaços de avanço nazi-fascista é notável como se avolumam forças antidemocráticas e antibolcheviques voltadas a orientar a aplicação material de suas políticas de forma absolutamente indiferente aos propósitos da massa da população. Exemplo disto é a configuração da política econômica e suas nefastas projeções sobre a previdência social, a saúde e a educação, mas não menos intensamente sobre a estrutura dos poderes, Judiciário e Legislativo, porém, nada disto seria possível sem uma forte estratégia de manipulação midiático-publicitária, tamanha a imposição da força. Estas forças dispostas a aprofundar os já consideráveis limites da desrazão e do mal, que dialogam com seus antecedentes fascistas, que buscam encontrara espaço para reverter a condenação político-ideológica do pós-Segunda Grande Guerra Mundial. É grave erro histórico supor que as ideias e ideais perecem, mesmo quando sofram chamativas derrotas históricas. O desprezo pela potência e resiliência de ideias e ideais representa sério desafio para os avanços civilizacionais na medida em que cerra os olhos e obsta a análise do experimento humano, e neste sentido é que sugerimos a importância de retomar a Weltanschauung de Hitler. Para cumprir tal finalidade recorremos também às pouco consideradas linhas hitlerianas que malgrado dificilmente questionadas em sua debilidade, são referenciais importantes para o objeto em questão e para compreender o alcance do discurso político do fascismo alemão. Convergimos com Blanc (2013, p. 189) ao sustentar compreender “[...] perfectamente el rechazo psicológico que pueda provocar una ideología que fomenta el odio hacia un grupo humano, pero consideramos que un trabajo de carácter científico debe superar

dichos prejuicios y analizar tanto las ideologías de la paz como las ideologías del odio”, e o Mein Kampf é, indubitavelmente, um exemplo maior deste ódio. Neste sentido retornar a alguns dos textos fundadores nazi-fascistas evidencia enorme utilidade para ampliar nossa possibilidade de compreensão contemporânea do fenômeno. Os valores de fundo que sustentaram este compartilhamento foram pedra angular da Declaração dos Direitos dos Homens de 1789, e foram observados também os seus desdobramentos constitucionais em 1791 na França, mas também com ecos no Código Bávaro de 1813 sob a formulação legal de Feuerbach ( nullum crimen sine lege, nulla poena sine lege ). Este conjunto de valores civilizacionais logo seria amplamente recepcionadapela Constituição de Weimar em 1919 e seu considerável elenco de direitos e liberdades logo inviabilizados pelas circunstâncias concretas da economia impostas à vida ordinária (cf. SANTOS, 2014, p. 119), que logo se espraiaria em outras cartas constitucionais, e que seriam alvo direto de ataque por parte da então emergente cultura política conservadora e autoritária que alimentava o tempo e colocava as condições de possibilidade para a ascensão do regime nacional-socialista. É preciso retomar a análise do fenômeno ascensional do nacional-socialismo em suas matrizesteóricas, posto que nestes textos como os de Hitler e Rosenberg são apresentadas as linhas gerais do sistema nacional-socialista em que se configuram as categorias e conceitos que alimentariam a teoria legal e política nazi-fascista, cujas decisões centrais foram tomadas segundo as estritas determinações do Führer (cf. JÄCKEL, 1972, p. 35). A este respeito convergimos com a análise de Blanc (2013, p. 187), para quem de modo algum a doutrina jurídica do nacional-socialismo é hoje desconhecida nos meios especializados,mas que, sem embargo,é preciso sopesar que tampouco alcançou o nível de disseminação necessáriaa ponto de que o seu adequado conhecimento seja oponível como barreira de contenção eficiente o rebrote defenômenos similares. Os termos conceituais até então em vigor naquela quadra histórica projetavam-se na esfera jurídica, que precisaria ser combatidos e derrotadostotalmente pelo nacional-socialismo. Deriva disto que a teoria legal do regime precisaria não apenas atacar como derrotar completamente e, assim, abolir o princípio da legalidade, viabilizando a consolidação de sua política através da revolução

1. A CORROSÃO DA REPÚBLICA E A HOMOGENEIZAÇÃO

CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DO PODER

As ideologias não apenas não sucumbem como as suas propriedades, conceitos e categorias, dispõem de singular capacidade de ganhar o mundo da vida, e perseguem os seus fins mais caros, sobretudo quando encontram épocas em que os indivíduos recuam e deixem de tensionar para conter o avanço de ideologias fascistas. A Alemanha soube disto, e mesmo em sua primeira aparição tudo ocorreu rapidamente, por exemplo, “[...] after January 30, 1933, Germany witnessed a transition from a parliamentary system (or what was left of it) to dictatorship in the space of a new months” (STOLLEIS, 1998, p. 12), e consigo levava não poucas referências das aspirações que haviam embalado o nacionalismo alemão de 1914 (ver KERSHAW, 2016). A transição do regime parlamentarexpresso pelo Reichstag para uma ditadura foi testemunhada pacificamente assim como apoiada cientificamente por ampla gama da intelectualidade.^6 Mais precisamente a partir de 14 de julho de 1933, então, um pacote de decretos estabilizaria o ordenamento jurídico nacional-socialista (cf. KOONZ, 2005, p. 71), o que logo foi confirmado no plano político com as declarações públicas de Hitler sobre o fim do período “revolucionário” do regime, pois era indispensável que o regime encontrasse imediatamente um ponto de estabilização relativamente a profundidade das alterações inicialmente anunciadas, e que em um ponto de viragem pré-ordenado e previsível, passaria a orientar esforços para assegurar as melhores oportunidades para os seus associados capitalistas, e que a partir da ascensão ao poder encarnaria a função de eixo de sustentação econômica do regime e, por conseguinte, política. Neste sentido, em julho de 1993, Hitler deixou claro que a “[...] Revolution had come to its end” (LOEWENSTEIN, 1944, p. 27). Através disto deparamos (^6) No que concerne ao apoio de intelectuais ao regime, foram muitos e de estatura elevada, tais como Heidegger e Schmitt, capaz de escrever o Der Führer schutz das Recht , cujo objetivo foi o de legitimar as centenas de homicídios ordenados por Hitler na conhecida Nacht der langen Messer ( Noite das facas longas ). A respeito da construção teórica schmittiana sobre a ditadura, ver DINER, (2006, p. 26-48), assim também, ver MEIERHENRICH, SIMONS, (2016).

com contradição ao menos parcial, entre o que foi o nazi-fascismo enquanto movimento ideológico de extrema-direita orientado à tomada do poder e o que representou enquanto como regime político estabelecido que, efetivamente, guardaram diferenças, evolução notável desde os primórdios da década de 1920 (cf. CAMPDERRICH BRAVO, 201 4 , p. 29). Este perfil seriacaracterístico da etapa hitlerista no poder justo ao anunciar que os propósitos revolucionários que eficazmente foram colocados para embalar o imaginário de seus apoiadores no concernente à uma Alemanha racialmente “purificada”,^7 então, haveria de encontrar um ponto de detenção ainda mesmo antes de que o regime pudesse empreender aquelas anunciadas como as suas mais ousadas reformas que implicavam atingir o establishment. A rigor, o fato é que este processo de superação do momento de ascensão ao poder e das estratégias necessárias para isto passavam a ser disfuncionais para a manutenção do poder, e liberar-se da retórica política pré-regime era essencial, e Hitler compreendeu isto, o que deixou suficientemente claro na Nacht der langen Messer ( A noite das facas longas ). Estabelecido no poder, foi notável como grandes empresas da dimensão deThyssen (expropriada pelo regime em 1939), I.G. Farben – na qual Primo Levi (ver 2019 ) prestou serviços na condição de escravo

  • , Daimler-Benz, Siemens e Krupp, que em momento algum sofreram com as políticas nacional-socialistas, senão que aumentaram notavelmente os seus benefícios,isto sim, sem que tal boa sorte e frutos conectassem com a realidade dos trabalhadores. O discurso antiburguês e anticapitalista do nazi-fascismo estava orientado ao combate à democracia liberal, mas logo seria matizado quando o poder estivesse concentrado no Führer. A elite continuou a prestar o seu apoio aos nacional-socialistas, embora os desprezasse por seu muito precárioaculturamento, em face de sua ponderação de que, logo chegados ao poder, poderiam ser controlados por esta elite bem educada (cf. EVANS, 2014, p. 535), em suma, eram violentos e perigosos úteis para alcançar o poder que a elite não conseguia, mas, uma vez no poder, a intelectualidade seria capaz de dar a condução e linha política. (^7) Para a aproximação a uma literatura da realização do imaginário nazi-fascista de uma comunidade racial ( Volksgemeinschaft ) livre de judeus, ver CONFINO, (2016).

(ver NEAMAN, 1999), que soube cozinhar e bem preparar o caldo cultural para apoiar os dias vindouros incluindo o âmbito da arte (ver BARRON, 1991a; ADAM, 1992) que logo se revelaria central para o nacional-socialismo (ver MICHAUD, 2004). Sob este pantanoso terreno o nazi-fascismo assumiu como base a mesma linguagem, embora com novas táticas e estratégias (cf. WEITZ, 2009, p. 342), que não surgiram da noite para o dia, senão que foramsendo gestadasno curso dos temposaté a ascensão do regime (cf. HASSEMER, 1996, p. 5-6), e não de inopino sem uma tradição intelectual que a tivesse sustentado, e que revelou ser indispensável para a necessária ancoragem do poder por uma minoria,^10 estratégia tão necessária para a continuada articulação para derrubar a República (cf. WEITZ, 2009, p. 331) a partir de uma grande coalisão tanto no plano da sustentação teórica como empírico-política relativamente ao NSDAP (cf. WEITZ, 2009, p. 332) como também para manter o regime estabelecido após 1933. É importante alargar o horizonte compreensivo e apontar que o nazi-fascismo não articulou o seu poder e a sua influência totalitário. Neste sentido avança a conclusão de Jones (2014a, p. 3) de que “What held these disparate organizations together, however, was not so much an ideology as a profound sense of bitterness over the lost war, a deep and abiding distrust of the democratic theory of government with its emphasis upon the principle of popular sovereignty, and a longing for the hierarchical and authoritarian values of the Second Empire”. A compreensão do poder da direita não pode ser pensada em dissociação com este aspecto. (^10) A este respeito é importante a longa citação de Jandl feita por Kaufmann e colhida em seu momento por Campderrich Bravo (2014, p. 49-50) e que vale a pena ser aqui reproduzida indicando que: “Ningún movimiento totalitario carece de su propio lenguaje y “tal lenguaje está fundado en la fraudulenta pretensión de anclar el dominio de una mayoría por una minoría diretamente en los cerebros de quienes han de ser dominados hasta el punto de que el dominio sea vivido positivamente por estos últimos como una suerte de autodominio”. Estamos aquí ante un abuso de las palabras a efectos de encobrir las verdaderas intenciones o manipular el sentido de las palabras mismas: sirva como ejemplo de esto la apropiación nazi de la palabra “socialismo” (...). El discurso racional no es apropiado para lo que pretendía [el nacionalsocialismo], a saber, ocultar sus verdaderas intenciones y suscitar adhesiones irracionales, para de ese modo ejercer poder sobre las almas. Para ello, se requería un lenguaje que no fuera descifrable con claridad y que ofreciese siempre la posibilidad a quien lo controlase de rellenarlo con nuevos contenidos”. Certamente, todas as versões contemporâneas do fascismo estão carregadas destes elementos bem destacados por Jandl.

a partir de um terreno virgem, senão que já vinha sendo realizado um movimento intelectual e político preparatório para a instalação de um regime autoritário em substituição da República de Weimar (ver McELLIGOTT, 2013), ainda quando, a certa altura não estivessem minimamente claro qual força política viria a ocupar tal posição. Este movimento terminou por fortalecer o nacional-socialismo com o qual a direita conservadora revolucionária alemã da década de 1920 e demais grupos conservadores radicais compartilhavam valores de fundo,^11 sendo que sua reverberação no campo político empírico se traduzia no ímpeto de defenestramento da República de Weimar reputada como epítome da modernidade (cf. WEITZ, 2009, p. 339)^12 e, por conseguinte, da negatividade nazi- fascista relativamente ao moderno cujo empenho em destruir se deu desde os seus primeiros dias no poder (cf. KATER, 2019, p. 6), apontando para a negação da modernidade em sua acepção ocidentalizada e, inversamente, para uma modernidade inspirada nos supostos valores tradicionais germânicos. Atacar a República era, assim, a encarnação de um espírito político do tempo que priorizava o desprezo pelo liberalismo político ao passo que fortalecendo uma cultura política autoritária, o que passava pelo obstinado empenho em combater tudo quanto à esquerda dissesse respeito assim como instituições, não deixando de articular e bem organizar e dar curso à repressão aos trabalhadores, 13 operação que favorecia ao empresariado e ao mundo do capital ao maximizar os seus benefícios (ver KERSHAW, 2006, p. 73-74). A consolidação daquele regimede maximização de benefícios aliado ao racialismo que sustentou o modelo político nazi-fascista (^11) A este respeito interessa a análise de Jones (2014a, p. 3) ao apontar que “To stand on the Right” did not mean membership in any particular party but rather a disposition that expressed itself in a sense of contempt toward the symbols and institutions of Germany´s new republican order”. Este posicionamento à direita englobou diversos grupos, mas que mantendo importantes afinidades que permitiram caminhar para a evolução autoritária. (^12) Sobre a República de Weimar, em diversos de seus ricos aspectos, ver HENIG, (2002), HETT, (2019), ver JENSEN, (2019), PEUKERT, (1993). Para uma minuciosa história da República de Weimar, ver EYCK, HANSON, (1962). Para uma história dos últimos momentos da República de Weimar, ver FRIEDERICHS, BARTH, (2019). (^13) Para uma história do mundo da classe trabalhadora alemã deasw fins do século XIX até o fatídico ano de 1933, ver a minuciosa obra de EVANS, (2019).

für Volksaufklärung und Propaganda – RMVP) sob a titularidade de Goebbels que ainda subordinava o Reich Chamber of Culture , do que é exemplo a música atonal e as artes plásticas, dimensão cultural cujo legado foi apreciável ainda no entreguerras (ver EDITORS, 2018). Por trás desta estrutura ministerial do Reich e do papel decisivo do Ministério da Propaganda e do Esclarecimento conduzido por Goebbels se encontrava uma particular interpretação da política através da arte e da cultura mantida por Hitler. Em seu pensamento o propósito de dominação política não encontraria a melhor forma de concretização senão através da consolidação cultural e dos valores inerentes a esta cultura que deveria ser concentrada em uma construção propriamente germana, aspecto no qual dava azo a sua dimensão racialista e discriminatória com o objetivo de “purificá-la” das indevidas mesclas e interferências, das quais o judaísmo e o bolchevismo, mas também elementos estrangeiros diversos assim como a arte moderna, todos eles eram os representantes mais expressivos que deveriam ser tomados como inimigos e combater. Tendo o objetivo de vencer estes inimigos o Reich conceberia diversos instrumentos para combatê-los, e além dos institucionais, como o Ministério da Propaganda, que assim deflagrariam um embate que não suporia tão somente uma vitória bélica, mas também, e quiçá, essencialmente, cultural ( lato sensu ) que apontava para a elaboração do wagneriano conceito de arte total. Para apoiar na concretização deste objetivo seriam mobilizados tantos outros de ordem filosófica e cultural retorcidos para, como admitia Hitler, “[...] ajudar a preservar os valores eternos que são parte da natureza integral de nosso povo” (apud EVANS, 2014, p. 480). A preservação destes valores genuínos do povo alemão estaria na dependência de sua materialização através da criatividade do artista, que não seria mais do que o gênio executor do espírito do povo ( Volksgeist ) imerso na comunidade do povo ( Volksgemeinschaft ) perpassada pela pureza e homogeneidade ( Homogenität ), com o qual a civilização superior anunciada por Hitler em sua Mein Kampf encontraria as vias de realização. Para cumprir esta missão histórica civilizadora a Alemanha precisaria necessariamente “purificar” a arte, objetivo a alcançar prévia purificação da raça, recuperando, assim, os valores integrais do povo

alemão que já restavam expostos com clareza na década de 1 920 aos leitores interessados no Mein Kampf (HITLER, 2016, p. 342), onde era afirmado que “A burguesia alemã, por julgar-se superior, nunca se preocupou seriamente com os problemas psicológicos [...]”,^16 evidentemente funcionais para os fins de um regime de moldes totalitários, mas inexplicáveis desde os pressupostos filosóficos do Iluminismo^17 e seu foco na racionalidade como elemento explicativo do homem no mundo, incluindo a sua relação com os sistemas políticos sob os quais vive (ver TRIVIÑO, 2014, p. 5 4 ). A despreocupação burguesa quanto a dimensão psicológica da operação política e sua consequente aplicação ao povo exercefunção desarticuladora dos valores e virtudes do Deutsches Volk que Hitler reclamava “reais”, algo de que não poderia abrir mão um movimento político factualmente empenhado com a retomada do verdadeiro Volk. Estas são algumasdas linhas basilares com as quais trabalhou o nacional-socialismo, e é sob a égide de toscas versões do racialismo que algumas delas hoje conhecem momento de rebrote mas já extremamente sofisticado em seu perfeito controle dos recursos da psicologia de massas aplicado através da tecnologia para instaurar o reino primogênito-mor da necropolítica. O nacional-socialismo vislumbrou o futuro político sob a miragem de uma tortuosa teoriaracial-supremacista aliada ao irrracionalismo filosófico tomadascomo base inspiradora de todos os desdobramentos práticos de suas políticas (cf. BENDERSKY, 2007, p. 118), e ela própria embebida em profundamente débeis concepções do século XIX. Historicamente o nacional-socialismo encontrou as suas condições de desenvolvimento nos estertores do fracasso provocado de uma República plural e tolerante mas que nascera no contexto de um fracasso bélico decisivopara a substituição do regime imperial. (^16) Neste particular, a crítica de Hitler (2016, p. 342) se articulava com o seu descrédito quanto ao papel que poderiam cumprir os movimentos políticos compostos por indivíduos recrutados em círculos intelectuais, como se por este só fato tivessem mais chances de alcançar o poder do que “movimentos de massa sem instrução”. Os reais problemas “psicológicos”, sem embargo, somente podem ser acessáveis e manipulados por agrupações políticas capazes de articular autoridades carismáticas, e é este o ponto sobre o qual o nazi-fascismo se deteria. (^17) Para uma análise da posição dos intelectuais alemães no período em que a sombra da catástrofe se avizinhava e no qual já eram então colocados em questão os valores do Iluminismo, ver RABINBACH, (2001).

como instrumentos para a ampliação da esfera compreensiva e de resistência efetiva pelas novas gerações. Compreender a derrocada de um regime constitucional e democrático como o de República de Weimar apontou para eleições que não apenas indicariam a substituição de governo, mas de regime, sendo que previamente foram necessáriosos primeiros passos para consolidar a emersão da cultura autoritário-conservadora que não foi interditada a tempo e, logo, encontrou as condições de possibilidade para fortalecer o nacional-socialismo (ver MORRIS, 1982). À época os movimentos conservadores realizadosimplicaram “[...] rechazo del viejo mundo burgués y las idealistas nociones de una nueva sociedad con mayor movilidad y más igualitaria formaban la base de la dinámica movilización nazi de los jóvenes” (KERSHAW, 2006, p. 239), nada disto poderia ser aceito, e estes foram os valores que radicalmente negados pelo nazi-fascismo já contando com uma prévia consolidação social através de seu cultivo inicial por parte da extrema-direita e autoritária na década de 1920. Expandidos estes valoresantiliberais no início da década de 1930, é preciso observar que a democracia pereceu menos devido a carecer de reais possibilidades de defesa substancial e legal dos seus valores do que pela efetiva inapetência popular e falta de defensores efetivos desde os primeiros momentos de ataque. A massa foi entretenida em um primeiro momentocom a insatisfação sobre a crisede final da década anterior que se projetava sobre os primeiros anos dadécada de 1930, cometendo o equívoco de desprezara possibilidade da eclosão da catástrofe, e que em um segundo momento quando experimentou a evolução econômica alemã em meados da referida década, optou por desconhecer a origem e os terríveis meios e métodos dos empregados para a obtenção dos avanços dos índices econômicos.^20 Neste aspecto assiste razão a quem, como Forsthoff (2000, p. 322), sustenta que naquele contexto o voto era (^20) Não há espaço suficiente para tratar de tema perpassado por este requinte de detalhamento técnico-estatístico. Sem embargo, é importante considerar que a superação da fase aguda da crise econômica deveu-se em grande parte a instrumentos não ortodoxos e politicamente ilegais, tais como o uso de trabalho escravo, o emprego de mão-de-obra em situação análoga a da escravidão e, ainda, o direto roubo de propriedades, bens e riquezas por parte do Estado, além de processos de expropriação marcados por ilegalidades e chantagens várias para que o valor a ser pago ao legítimo proprietário fosse irrisório.

a divisa do fazer político que, por si só, era condição débil para sustentar um regime democrático, circunstância agravada pela massificação do distanciamento da posição de defesa do regime. No curso da década de 1920 e início da seguinte, muitos cidadãos desprezaram ou simplesmente não votaram no NSDAP, não foram poucos, senão a maioria. Malgrado a obtenção e manutenção de relativo apoio na área rural como na classe média das pequenas cidades (cf. BENDERSKY, 2007, p. 61),^21 o NSDAP também buscava sustentação através dedeclarado apreço ao trabalhador e ao soldado, figuras que habitavam o núcleo duro do nazi-fascismo juntamente ao elogio das históricas e genuínas virtudes másculas e viris que poderiam ser concretizadas através da morte (cf. WEITZ, 2009, p. 339) ao serviço do Volk através da fiel obediência ao Führer .O conceito de Volk e a remissão ao “homem rural”era apenas mais um dos recursos para contrapor-se à cultura weimariana, descrita como tão urbana, moderna e cosmopolita quanto degenerada e judia (cf. WEITZ, 2009, p. 340). Sem embargo, havia uma missão a cumprir para que o regime pudesse ser consolidado, a saber, amalgamar a cultura alemã em um mito de unidade e assim obter os favores legitimatórios tanto dos campos como das urbes. Sob esta perspectiva era central assumir a tarefa de manipular a percepção popular sobre o desvalor do judaísmo e da figura do judeu, desde a sua cultura à sua religião, destituindo-o potencialmente de sua humanidade e dando azo à eliminação de milhões de seres humanos do mundo. Para a reconfiguração do campo dos valores alemães, a cultura e a educação foram setores absolutamente priorizados, conhecidos e eficientes instrumentos que são para tal finalidade de consolidar quaisquer novas ordens sociais, muito especialmente aquelas que mantém uma orientação autoritária.^22 (^21) Convergimos com Hernández (2014, p. 159) ao sustentar que a melhor compreensão sobre a penetração do nazi-fascismo na sociedade alemã e sua aceitação mantém direta relação com a capacidade de que disponhamos para ampliar o horizonte cognitivo sobre a vida corrente dos indivíduos em seus dilemas e problemas ordinários. No que concerne a idêntico movimento de obtenção de obtenção de apoio realizado pelo fascismo italiano contando com similares adesões, ver TOGLIATTI, (1978). (^22) No caso alemão a prioridade deste fator foi elevada à última potência através da