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Este documento discute a adaptação de imigrantes venezuelanos em brasília e como a imigração influencia os sabores e significados de pratos típicos. O texto também detalha as preparações tradicionais de alguns pratos, como arepa e pabellón.
Tipologia: Notas de aula
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Monografia apresentada ao Centro de Excelência em Turismo – CET, da Universidade de Brasília – UnB, como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em turismo. Orientador: Professora Drª Tainá Bacellar Zaneti
Monografia apresentada ao Centro de Excelência em Turismo – CET, da Universidade de Brasília – UnB, como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em turismo.
Aprovado por:
Professora Drª Tainá Bacellar Zaneti
Professora Meª Alessandra Santo dos Santos
Professora Drª Lana Magaly Pires
Brasília, 7 de dezembro de 2017.
A meus pais, Iraida Margarita Chirinos de Carrillo e Humberto Carrillo Montesinos pela oportunidade e o apoio em cada passo da minha vida. E à minha irmã, Laura Gabriela Carrillo Chirinos, por ser meu maior pilar e sempre estar do meu lado.
Esta pesquisa procurou responder o questionamento de como é a adaptação do imigrante Venezuelano em Brasília – DF em relação à alimentação e, como que o ato de imigrar cria mudanças de sabor e significado dos pratos típicos. Esta pergunta foi respondida mediante a aplicação de entrevistas semiestruturadas no estudo de caso realizado com imigrantes Venezuelanos morando em Brasilia-DF, com os quais procurou-se compreender o fenômeno de migração e adaptação alimentar. Alguns dos resultados mais relevantes do presente estudo foram a importância dos ingredientes para a realização dos pratos típicos, os venezuelanos fazem uma procura realmente profunda para alcançar os ingredientes necessários mais parecidos aos da culinária venezuelana para a realização dos pratos típicos. Por fim, com a realização desta pesquisa, se concluiu que os pratos típicos recebem uma mudança de sabor quando o sujeito que os prepara imigra, justamente pela falta dos ingredientes originais, mas que o mesmo prato típico, seja onde for preparado, sempre vai levar o mesmo significado na mente do imigrante.
Palavras-Chave: gosto, identidade, memória gustativa, imigração venezuelana, cultura, alimentação.
Este proyecto de investigación buscó responder los cuestionamientos de cómo es la adaptación del inmigrante Venezolano en Brasilia- DF en relación a su alimentación y como es que el acto de inmigrar crea mudanzas de sabor y de significados de los platos típicos. Esta pregunta fue respondida mediante la aplicación de entrevistas semiestructuradas realizadas con inmigrantes Venezolanos viviendo en Brasilia-DF, con los cuales se buscó comprender el fenómeno de inmigración y adaptación alimentar. Algunos de los resultados más relevantes del presente estudio, fue la importancia de los ingredientes para la realización de los platos típicos, los venezolanos hacen una verdadera búsqueda para alcanzar a encontrar los ingredientes necesarios que sean más parecidos a los de la culinaria venezolana para la realización de los platos típicos. Por fin, con la realización de este proyecto de investigación, se concluyó que los platos típicos reciben una mudanza de sabor cuando el sujeto que los prepara inmigra, justamente por la falta de los ingredientes originales, más que el mismo plato típico, donde sea que es preparado, siempre va a llevar el mismo significado en la mente del inmigrante.
Palabras llave: gusto, identidad, memoria gustativa, inmigración venezolana, cultura, alimentación.
Este trabalho demostra o estudo dos significados e sabores dos alimentos típicos na percepção de imigrantes Venezuelanos em Brasília- Distrito Federal. Baseia-se na análise de adaptação alimentar destes imigrantes ao vierem para o Brasil. O objetivo era observar o processo de adaptação da gastronomia típica venezuelana em Brasília a partir do olhar dos imigrantes, questionando uma afirmação recorrente nas áreas de Antropologia, Turismo e Alimentação.
O tema escolhido para a realização desta pesquisa é pertinente, mas o campo de estudo é pouco discutido, ainda assim, se conseguiu achar algumas dissertações com um propósito parecido ao deste trabalho. Além disso, existem diversos documentos como livros e artigos onde são discutidos alguns subtemas desenvolvidos nesta pesquisa.
Enquanto aos dados sobre os imigrantes venezuelanos em Brasília, as informações são precárias e, dos venezuelanos no Brasil em geral as informações são limitadas.
“O capital cultural que desenvolvemos durante às férias em relação aos alimentos estrangeiros é utilizada nos nossos tempos de lazer distinguindo-nos dos outros e desenvolvendo a nossa identidade.” (RICHARDS, 2002;7). Analisando esse paragrafo, percebe-se que Richards faz referência ao momento em que nos deslocamos do nosso entorno^1 “comum”, aquele que vivemos todos os dias e faz parte da nossa rotina, até um local diferente, existe uma troca cultural muito grande entre a minha própria cultura e a cultura do outro, o turismo faz com que as diversas culturas se entrelacem, faz com que existam trocas de conhecimentos entre uma e outra pessoa, esta troca gera muitas vezes uma mudança nas culturas que estão se relacionando, elas vão se adaptando às caraterísticas da outra cultura e assim se modificando.
Com a alimentação poderia dizer que acontece a mesma coisa, já que a alimentação é considerada parte de uma cultura, no momento em que eu viajo para outro lugar assim seja para turismo ou porque estou imigrando, o primeiro impacto que percebemos é como a nossa alimentação muda, como aquela cultura come diferente e como tenho que me adaptar aquilo, esse momento é um momento de choque cultural, é ali onde a pessoa percebe quanto de importante é sua própria cultura, quando que é de vital seguir ela e como essa troca pode mudar a vida da
(^1) Vizinhança; população mais próxima situada ao redor de outra. Diz-se do que circunda um local específico ou uma população. (DICIO, Dicionário online de português)
Por isto, a pesquisa traz como objetivos específicos, perceber as mudanças de sabores e significados de se consumir os pratos típicos no Brasil, o que mudou de lá para cá, como fazem os pratos típicos, em quais ocasiões e como obtém os ingredientes específicos que não tem no Brasil; identificar as imigrações existentes de venezuelanos em Brasília e observar a adaptação desses venezuelanos num entorno cultural diferenciado. Sendo que estes objetivos estarão sendo respondidos em quatro capítulos no percurso do trabalho, o Capítulo I e II são a base teórica da pesquisa, o capítulo III é sobre a metodologia a ser utilizada e por fim, no Capítulo IV se encontra a análise dos resultados e discussão. No Capítulo I Contextualizando a construção do gosto , são tratados alguns conceitos básicos necessários para o entendimento do trabalho como um todo, também se realiza uma junção dos conceitos para assim trazer um link entre cada um deles. É discutido sobre a cultura, alimentação, o gosto e alguns elementos que fazem parte dele como a identidade a memória e a comensalidade. Além disso, se traz informações sobre a comida típica venezuelana e como a mesma é construída. No Capítulo II Tornar-se nativos: A imigração de Venezuelanos no Brasil trata primeiramente sobre o conceito de migração, e após são trazidos alguns dados de imigrantes Venezuelanos, também, se realiza uma análise sobre as razões de imigração e por fim conclui com o processo de adaptação dos imigrantes venezuelanos no Brasil. O Capítulo III Metodologia , é basicamente explicita a metodologia a ser utilizada para a realização desta pesquisa, as dificuldades e facilidades existentes na realização do trabalho, a descrição do sujeito a ser estudado, o instrumento de pesquisa a ser utilizado e, por fim, como será realizada a análise dos dados. No Capítulo IV Resultados e Discussão , são apresentados os resultados da pesquisa realizada, este capitulo será dividido em dois momentos, o primeiro onde se analisará a adaptação do venezuelano enquanto à alimentação e também a adaptação dos pratos típicos e, o segundo momento estará baseado mais nas imigrações, as razões de ficar, e o sentimento dos imigrantes de estarem aqui no Brasil.
CAPÍTULO I : Contextualizando a construção do gosto
Neste primeiro capítulo serão apresentados alguns significados importantes para o entendimento desta pesquisa. Começaremos trabalhando a definição de cultura e alimentação, passando à construção do gosto como elemento de memória, identidade e comensalidade.
1.1 Cultura e Alimentação Para iniciar, é pertinente dissertar brevemente sobre como o impacto de uma nova cultura afeta a vida de um imigrante. Antes disso, é preciso estudar um pouco este fenômeno e ter um melhor entendimento do que a palavra “cultura” significa. Segundo José Luiz de Andrade Franco (2013), o ser humano tem evoluído bastante e muito rápido, em termos de ter aumentado seu regime de população, de ter se distribuído por praticamente o mundo inteiro e de ter se adaptado a diferentes climas e terras, assim criando ambientes culturais e sociais e que, com o passar do tempo, também foram crescendo e deixando assim as primeiras culturas criadas como lembranças históricas para as novas gerações.
A autora, Maria Tereza D. Paes- Luchiari (2007) descreve a cultura como, “[...] o conjunto de símbolos comunicáveis, mas não necessariamente coerentes entre si, construídos pelos seres humanos [...]. [...] se expressa também nos objetos materiais construídos deliberadamente pelos humanos [...].” (LUCHIARI, 2007; 106) Outro autor relevante para esta pesquisa é Cleyde Kluckhohn (1963), autor do livro “ANTROPOLOGIA: Um Espelho para o Homem”, no qual, no capítulo II: “Costumes estranhos”, realiza uma análise detalhada sobre a definição da palavra “cultura”, como pode ser visto no trecho abaixo:
“Por “cultura”, antropologia entende a vida total de um povo, a herança social que o indivíduo adquire de seu grupo. Ou pode a cultura ser considerada como aquela parte do ambiente que o próprio homem criou” (KLUCKHOHN, 1963;
Ao pensar o que é “cultura”, o mesmo autor ressalta três ideias analisadas por ângulos diferentes:
“Na linguagem comum, um homem de cultura é um homem capaz de falar línguas diferentes da sua, que conhece a história, a literatura, a filosofia ou as
Por fim, se conseguiu definir que o conceito de alimentação é basicamente “um processo consciente e voluntario” “que pode atender uma das necessidades básicas do homem”, “e que se ajusta a diferentes normas” sendo elas “individuais ou coletivas”, e que tem sido uma atividade que é realizada “desde os mais remotos indícios de civilização”.
“[...] o alimento não é simplesmente um objeto nutritivo que permite saciar fome, mas algo que também tem significado simbólico em uma determinada sociedade. Partindo de elementos similares, distintas culturas preparam sua alimentação de diversas formas. Essa variedade na preparação dos pratos está condicionada pelos valores culturais e códigos sociais em que as pessoas se desenvolvem.” (SCHLUTER, 2003; 16) Como afirma Schluter (2003), a gastronomia típica pode ser entendida como um elemento muito importante para a identidade de uma sociedade, a mesma leva as características básicas daquele entorno no que esta inserida. Os ingredientes principais, o modo de preparo e os recursos utilizados fazem parte da cultura e existe uma apropriação da mesma pela parte dos membros da sociedade. Ou seja, a gastronomia pode ser considerada uma herança cultural, pois “ela atua como um fator de diferenciação cultural, pois ao comer, incorporam-se não apenas as caraterísticas físicas dos alimentos, mas também seus valores simbólicos e imaginários, que, [...] passam a fazer parte do próprio ser” (SCHLUTER, 2003; 31).
Já que a cultura baseia-se nos hábitos diários de uma sociedade, no desenvolvimento do seu dia a dia, e cada sociedade tem uma maneira de realizar uma determinada ação, a mesma coisa acontece com a alimentação, por isso ela também é considerada cultura, a alimentação requer de diversos fatores tanto geográficos, quanto simbólicos para sua realização e estes elementos pertencem à cultura na que ela esta inserida.
Nessa mesma linha, Montanari (2013) afirma que, “[...] as escolhas alimentares dos povos e dos indivíduos são sempre determinados por um cálculo (mais ou menos consciente) das vantagens e desvantagens consequentes: no fim das contas, os vários regimes alimentares- não excluídos aqueles que dão lugar à antropofaiga- seriam os mais práticos e econômicos historicamente possíveis naquelas determinadas condições, uma vez que em toda sociedade os alimentos preferidos seriam sempre aqueles “que fazem pender a balança para o lados dos benefícios práticos, em relação ao lado dos custos”: daí os hábitos alimentares, daí a avaliação de determinados alimentos como “bons”, de outros como “ruins”.” (MONTANARI, 2013;109-110) Por fim, uma pessoa pode ser considerada de uma região pelo simples fato de se alimentar de uma maneira diferente que o resto, ou por avaliar os alimentos com um gosto diferenciado.
1.2 Gosto Como visto no item anterior, a alimentação é de fundamental valor para a vida das pessoas, ainda mais, a alimentação, como dito antes, é formulada pelo dia a dia de cada sociedade, além de ser uma necessidade biológica, o sentir fome, é um reconhecimento de gostos e sabores, como afirma Pilla (2005),
“[...] as pessoas são levadas por um impulso instintivo a se alimentar. Como animais, os seres humanos sentem fome. Mas os ingredientes que ingerem devem, além de satisfazer-lhes as necessidades biológicas, cumprir certas caraterísticas ligadas às escolhas, principalmente determinadas pelo gosto e pelo cheiro.” (PILLA, 2005; 54) Nesse sentido, se pode trazer a este contexto a definição de paladar, pois o mesmo é um elemento que faz parte da alimentação e é o responsável pelo significado que os alimentos possuem para as pessoas. O paladar é “[...] cultural e historicamente formado” (GONÇALVES, 2004; 44), isto quer dizer que o paladar é o encarregado da cultura alimentar da sociedade.
Nesta mesma linha, Matos (2013) contribui na formação do significado de paladar afirmando que “O sabor (o que se sente pelo paladar) diferencia-se do gosto que é o resumo de várias experiências adquiridas e transmitidas e presente nas experiências [...]” (MATOS, 2013; 141). Quer dizer que, o paladar é um sentido e o gosto é a mistura do paladar com a cultura, o qual é construído socialmente.
Dessa forma, entende-se que o gosto é quem define as caraterísticas culturais alimentares de uma sociedade. Percebe-se que o gosto faz parte de uma construção social, resultante de uma série de experiências individuais e de grupo inerido em um determinado espaço cultural, bem como, é construído com três elementos principais, que fazem parte da cotidianidade e da cultura das pessoas,
“[...] nas práticas alimentares estão incluídas: “[...] a identidade cultural , a condição social , a memória familiar expressa nos procedimentos relacionados à escolha e à preparação do alimento e ao seu consumo propriamente dito” (GARCIA, 2005, p.277 apud GREGORY; NETO; STEFANUTTI, 2015;8- grifo nosso) Dessa forma, se identifica que os elementos que fazem parte da construção do gosto, são a identidade, a memória e a comensalidade, os quais serão desvelados a partir dos seguintes trechos do discurso.
inteira, onde a construção do gosto é realizado de certa maneira e que isso influencia na memória individual de cada pessoa pertencente à comunidade.
Do mesmo modo, Tedesco (2012) contribui com este tema afirmando que “Os sentimentos de memória podem ser muito profundos e intensos; desse modo, quanto mais significativos, mais difíceis de serem apagados e não lembrados” (TEDESCO, 2012, p. 344, apud GREGORY; NETO; STEFANUTTI, 2015;14). Ou seja, assim como a memoria é um sentimento o qual sua construção é complexa, também é um sentimento bastante profundo e difícil de ser mudado.
1.2.2 Identidade Dessa forma, o segundo pilar que faz parte do gosto é a identidade. Para Schluter (2003), a identidade é,
“uma construção simbólica , uma forma de classificação que cria uma posse. As posições diferentes produzem percepções distintas da realidade e outros valores pelos quais aparecem as disputas simbólicas entre os diferentes setores para impor sentidos, valores e fronteiras entre uns e outros.” (SCHLUTER, 2003; 32- grifo nosso) Deste modo, entende-se que identidade é a construção da cultura e, além disso, a apropriação da mesma. É a maneira em que os povos se distinguem um dos outros, pode-se dizer então, que é a representação e o pertencimento a uma cultura e o entendimento da significação que essa cultura tem para a sociedade.
Ao mesmo tempo, Gregory ( et al , 2015) contribuem com a significação de identidade defendendo que a identidade está formada por diversos aspectos que se encontram dentro das “necessidades de pertencimento, aconchego e segurança”. Estes aspectos podem ser ligados tanto à terra, quanto à sociedade e à cultura. "Essas particularidades formam a identidade de um determinado grupo humano.” (GREGORY; NETO; STEFANUTTI, 2015; 6). Ou seja, elementos como o espaço territorial, tipo de clima, solo e vegetação, folclore, histórias, lendas, cultivo, método de cultivo, etc. São os elementos que em conjunto criam a identidade de um povo, pois tais atividades são adaptadas ao meio ambiente no qual estão inseridos, aos recursos que o mesmo espaço territorial lhes oferece e, além disso, o grupo de pessoas contem seus próprios jeitos de realizar quaisquer atividades, criando por fim, a identidade.
Como discutido anteriormente, a alimentação é um elemento que traz um sentimento coletivo de pertencimento, esta incorporação dos alimentos, é o que se chama de identidade como parte do gosto. Assim como afirma Schluter (2003), “A identidade também é comunicada pelas pessoas através da gastronomia, que reflete suas preferências e aversões, identificações e discriminações [...]” (SCHLUTER, 2003; 32). A identidade de uma pessoa ou um grupo de pessoas pode se refletir no gosto dos mesmos, e como diz Gonçalves (2004) modificações que o gosto possa sofrer, serão possíveis de acontecer só mediante a “mesma fonte de sua formação: o tempo”.
O sentimento de identidade é aportado nos indivíduos durante a vida inteira, então como afirma Matos (2013) “[...] os aromas e paladares dos pratos da infância são inesquecíveis,[...] “campainhas da memória”, [...] memórias afetivas que levam na busca de tempos perdidos[...]”(MATOS, 2013; 142). Quer dizer, além de nos sentirmos identificados com o gosto, o mesmo traz memorias, memórias de infância, de momentos especiais, de comidas que marcaram alguma parte da vida de cada individuo.
1.2.3 Comensalidade Por fim, o terceiro e ultimo fator que faz parte da construção do gosto é a comensalidade. A comensalidade é aquele elemento que reúne grupos onde são reforçados os laços existentes ou são criados laços novos, tanto familiares, quanto de amizades. (MATOS, 2013; 144). Isto é o rito de comer e beber em conjunto o qual ajuda a organizar as regras de identidade e hierarquia social, impondo limites sociais, políticos, religiosos, etc. e, além disso, criar laços.
Como discutido anteriormente, os alimentos estão verdadeiramente ligados à cultura, isto pelo fato de, como afirma Barbosa (2007), terem-de-ser manipulados e preparados de alguma forma específica, com alguma técnica de preparo e cocção específico, além disso tendo que ser “apresentados sobre uma forma específica e ingeridos em determinados horários e circunstâncias, na companhia de certas pessoas”.
Em síntese, os alimentos são de alguma forma construídos por cada comunidade à sua maneira própria, para assim participarem de um ritual de consumo, onde cada membro da comunidade convive com o resto e faz-se um intercâmbio social. Montanari (2013) afirma que