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Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície da terra e são divididos em cinco bacias principais: atlântico, pacífico, índico, ártico e antártico. Além disso, existem corpos menores chamados mares. A água do mar é composta por uma grande quantidade de materiais dissolvidos, sendo o cloreto de sódio o principal. A circulação das correntes marítimas é controlada por diferentes processos, como a ação dos ventos e as variações de temperatura e densidade da água. As correntes marítimas influenciam o clima e a distribuição de nutrientes e vida nos oceanos.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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18. Ação e influência dos oceanos na superfície da Terra u Os oceanos recobrem cerca de 70% da superfície da Terra e ocupam cinco principais bacias, onde se situam os oceanos Atlântico, Pacífico, Índico, Ártico e Antártico. u Os oceanos formaram-se juntamente com a at- mosfera, em decorrência do vulcanismo durante os estágios iniciais da formação do planeta. u Os principais agentes dinâmicos nos oceanos são as correntes, as ondas e as marés. As correntes superficiais são decorrentes da interação com a atmosfera, através dos ventos, os quais tam- bém geram as ondas. As correntes profundas se relacionam a gradientes de temperatura e salini- dade. As marés resultam das forças gravitacionais do Sol e da Lua. u A profundidade média do oceano é de aproxi- madamente 3.800 m, e o seu relevo pode ser dividido em três províncias maiores: margens continentais, bacias oceânicas profundas e ca- deias mesoceânicas. u O fundo oceânico é rico em minerais, além do pe- tróleo e gás natural, destacando-se os granulados marinhos, sais evaporíticos, minerais fosfáticos e nódulos polimetálicos. Principais conceitos p Praia de Massarandupió – BA. (^306) CAPÍTULO 18 Janete
Janete AÇÃO E INFLUÊNCIA D OS OCEANOS NA SUPERFÍCIE D A TERRA^307
Não é a toa que muitos chamam a Terra de “planeta água”, já que é o único planeta do Siste- ma Solar com tamanha quantidade desta substân- cia e que recobre cerca de 70% da sua superfície. A importância dos oceanos é tão grande quanto a sua extensão, pois constituiu o ber- ço para as primeiras formas de vida e o meio para o desenvolvimento das inúmeras espécies de animais e vegetais que atualmente habitam o planeta. Desde muito tempo, grande parte do sustento humano provêm dos oceanos. Este e outros fatores, como o clima mais ameno que os observados nos interiores continentais e a loca- lização estratégica para o transporte de cargas e pessoas, provocaram a concentração de apro- ximadamente 60% da humanidade ao longo das zonas costeiras do mundo. A atmosfera e os oceanos armazenam e distri- buem uma grande quantidade de energia prove- niente da radiação solar que pode ser convertida em eletricidade, a partir da dinâmica dos ventos, ondas, correntes e marés. Estas fontes alternativas são altamente vantajosas, por serem limpas, reno- váveis e de grande disponibilidade.
A grande massa de água salgada que recobre a superfície terrestre encontra-se distribuída em cin- co principais bacias oceânicas, nas quais se situam os oceanos Atlântico, Pacífico, Índico, Ártico e Antártico. A principal delas é a do Oceano Pací- fico, com aproximadamente 180 milhões de km^2 o que corresponde a cerca de 50% do total da área oceânica do planeta. Com veremos a seguir, as bacias oceânicas são unidades geológicas e geográficas muito dinâmi- cas, limitadas pelas margens continentais e cordi- lheiras oceânicas ( Figura 18.1 ), que podem estar em processo de expansão ou retração. A disposição geográfica atual dos continentes é o resultado do deslocamento das placas litosfé- ricas, que teve início a partir da fragmentação da Pangea , o supercontinente que compreendia todas as terras emersas há cerca de 200 milhões de anos no passado geológico. Não obstante sua individualização por nome e localização geográfica, as bacias oceânicas são interconectadas, formando um único e contínuo “oceano mundial”. Corpos menores e, em geral, menos profundos são conhecidos como mares e são individualizados pelo isolamento relativo de massas de água salgada, com ligação limitada com as bacias oceânicas. En- tre os mais importantes podem ser citados os mares continentais: Báltico, Mediterrâneo, Negro, Verme- lho, do Caribe e do Norte. Os mares fechados são grandes lagos de água salobra (mar Cáspio) ou sal- gada (mares Morto e de Aral). O mar Morto, por exemplo, está situado na depressão de Ghor (Oriente Próximo) e apresenta 85 km de comprimento por 17 km de largura. Ele é alimentado pelo rio Jordão e é caracterizado por apresentar salinidade excepcio- nalmente elevada da água, porque o volume do apor- te fluvial não compensa a forte evaporação local. p Praia de Boa Viagem, Recife – PE. Christian Knepper / Embratur
Janete AÇÃO E INFLUÊNCIA D OS OCEANOS NA SUPERFÍCIE D A TERRA^309 A origem dos sais nos oceanos pode ser explica- da por processos que ocorreram na Terra primitiva e que hoje ainda acontecem, porém com menor in- tensidade. O intemperismo químico e a dissolução de minerais das rochas continentais, devido às in- tensas chuvas decorrentes da condensação inicial do vapor d’água atmosférica, liberaram elementos como cloro, sódio, magnésio e potássio, os quais foram transportados para os oceanos. O mais im- portante componente da salinidade marinha, que é o íon Cl-, também foi expelido junto com o vapor d’água de vulcões primitivos. Tabela 18.1 – Principais materiais dissolvidos em 35‰ de água do mar (Thurman & Trujillo, 1999). Constituintes menores (em partes por milhão, ppm) Constituintes maiores (em partes por mil, ‰) Constituinte Concentração (ppm) Constituinte Concentração (‰) Gases Cloreto (Cl-) 19, Dióxido de Carbono (CO 2 ) 90 Sódio (Na+) 10, Nitrogênio (N 2 ) 14 Sulfato (SO 4 2-) 2, Oxigênio (O 2 ) 5 Magnésio (Mg2+) 1, Nutrientes Cálcio (Ca2+) 0, Silício (Si) 3,0 Potássio (K+) 0, Nitrogênio (N) 0,5 Total 34, Fósforo (P) 0,07 Elementos-traço (em partes por bilhão, ppb) Ferro (Fe) 0,002 Constituinte Concentração (ppb) Outros Iodo (I) 60 Bromo (Br) 65,0 Manganês (Mn) 2 Carbono (C) 28,0 Chumbo (Pb) 0, Estrôncio (Sr) 8,0 Mercúrio (Hg) 0, Boro (B) 4,6 Ouro (Au) 0, Parte dessas substâncias ( e.g. , silício, cálcio e fósforo) é utilizada por plantas e animais marinhos na constituição de partes duras, como crostas de al- gas calcárias, esqueletos de peixes e conchas de mo- luscos. Sedimentos depositados no fundo do mar também incorporam alguns elementos ( e.g. , potás- sio e sódio). Existe, entretanto, um equilíbrio entre fornecimento e consumo, pelo que a composição da água do mar é essencialmente constante. E as- sim parece ter permanecido desde os primórdios, já que estudos geoquímicos de sedimentos marinhos antigos evidenciam que a salinidade dos oceanos manteve-se relativamente inalterada através das eras geológicas. Para a maioria dos pesquisadores, a elevada salinidade dos oceanos pode ser explicada em fun- ção dos longos intervalos de tempo em que os sais permanecem dissolvidos neles, denominados perío- dos de residência. Para os íons mais abundantes na água do mar, tais como cloreto e sódio, os pe- ríodos de residência são de 120 M.a. e 75 M.a., respectivamente.
Janete (^310) CAPÍTULO 18
O movimento da água nos oceanos não se li- mita ao vai e vem das ondas no litoral ou à subida e descida das marés. A água do mar também se movimenta ao redor do globo, em circuitos que podem durar até mil anos. As massas de água com características diferen- tes das águas que as circundam são denominadas de correntes marítimas ou oceânicas, que se asse- melham a rios movendo-se no meio do oceano. Existem correntes superficiais, intermediárias e profundas, que podem ser de água quente ou fria. As correntes quentes e frias possuem características opostas. As quentes tendem a ser estreitas, rápidas e superficiais; formam-se nas proximidades do Equa- dor e dirigem-se depois para altas latitudes. As frias são extensas, vagarosas e profundas; originam-se na superfície oceânica próxima aos polos e afundam por densidade, seguindo em direção ao Equador. As massas de águas superficiais mais quentes são separadas das mais profundas e frias por uma zona de queda abrupta de temperatura, denomi- nada termoclina. A circulação das correntes marítimas na super- fície dos oceanos e em profundidade é controlada por diferentes processos. Na superfície, os oceanos se movem, principalmente, em resposta a ação dos ventos, enquanto as águas mais profundas movimentam-se em função das variações vertical e horizontal da densidade e temperatura da água ( circulação termohalina ). Influenciadas pelos ventos e pelo efeito Co- riolis, as correntes marítimas percorrem trajetó- rias circulares, que giram no sentido horário no Hemisfério Norte e no anti-horário no Hemis- fério Sul. Como consequência, são formadas as correntes Equatoriais Norte e Sul. ( Figuras 18.2 ). Quando se considera o oceano Atlântico como exemplo, o sistema de circulação superficial das águas pode ser representado por dois grandes vórtices ou redemoinhos , um no Atlântico norte e outro no Atlântico sul. Estas correntes são provocadas pela ação dos ventos alísios e também pela rotação da Terra. As do Atlântico norte, entre as quais se encon- tram as correntes Norte-equatoriais, a das Canárias e a corrente do Golfo, movem-se no sentido horá- rio. As do Atlântico sul, entre as quais se destacam a do Brasil, a de Benguela e a corrente Sul-equatorial, orientam-se no sentido anti-horário ( Figura 18.2 ). Corrente Circumpolar Antártica Corrente Circumpolar Antártica Corr ente Kuro shio Cor rent eOy ashio C^ orren teda . Corr ent e das Can ária s Corr ente das Can ária s G^ r^ o^ e^ n l^ â^ nd iaOr ient al C^ orre nted a. G^ r^ o^ e n^ l^ â^ nd iaOr ient al Corre nte^ N o^ rte Atlâ^ n tica Corrente^ Norte^ Equatorial Cor rent e^ do Golfo CorrenteSulEquatorial Corr ente do Cor nre ted eB e n g u (^) e l a rC o n r e t^ ed a^ A us^ t rá^ l^ ia Corren teda C a l i f ó (^) r (^) n i a Correntedo 120˚L 150˚L 180˚ 150˚O 120˚O 90˚O 60˚O 30˚O 0˚ 30˚L 60˚L 90˚L 120˚L 60˚N 60˚S 30˚N 30˚S 0˚ Círculo Polar Ártico Círculo Polar Antártico Trópico de Capricórnio Trópico de Câncer Contracorrente Equatorial Contracorrente Equatorial Contracorre n teE qua tori al d o Al a s k a Corre nted oPe ru Corr ente das Agu lhas Bra sil Cor rent e^ da sAg ulha s Corrente SulEquatorial Corrente SulEquatorial Corrente Norte Equatorial Corrente Norte Equatorial O^ r^ i enta l Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Equador PacíficoNorte C o r r e n t e C o r r e n t e N o r t e E q u a t o r i a l CCoorrrreenntteeddooLLaabbrraaddoorr p Figura 18.2 – Padrão de circulação das correntes marinhas superficiais que mostra a movimentação horária no Hemisfério Norte e anti-horária no Hemisfério Sul. O padrão é similar ao de circulação atmosférica. crédito crédito crédito crédito/crédito 4470_I18_CIE_CAP18_M001 MAPA EM 94%
Janete (^312) CAPÍTULO 18 As correntes marítimas influenciam o clima do planeta e atividades humanas importantes como a pesca e a navegação. Através da interação dos oceanos com a atmosfera, as correntes quentes podem ter um efeito moderador sobre um clima frio, enquanto cor- rentes frias podem ter influência na aridez do clima no interior do continente. Como exemplo, pode-se citar a Corrente do Golfo, que transporta a água quente do mar do Caribe para o Atlântico Norte, liberando calor e umidade para a atmosfera e evitando o congelamen- to dos portos europeus. Por outro lado, a corrente do Labrador desce do Ártico e congela o porto de Nova York no inverno. Já as correntes frias da Califórnia e do Peru (ou Humboldt) são responsáveis pelo clima árido existente no litoral do oceano Pacífico. Além de conduzir calor das regiões mais quentes do planeta para as regiões mais frias (dos trópicos para os polos), as correntes marítimas são fundamen- tais para a distribuição de nutrientes e manutenção da vida nos oceanos. Quando as águas superficiais se deslocam no sentido do litoral para o mar aberto, as águas provenientes de maiores profundidades se movem para cima substituindo as águas superficiais ( Figura 18.5 ). Este movimento vertical , conhecido como afloramento costeiro ou ressurgência, é de gran- de importância econômica porque as massas d’água mais profundas são geralmente mais frias e ricas em nutrientes, com fosfatos e nitratos. Estes nutrientes são fundamentais para o metabolismo do fitoplânc- ton , que constitui a base da cadeia alimentar nos oce- anos. O efeito final é uma diminuição da temperatura superficial e um aumento da produtividade biológica nessas áreas, com proliferação de microrganismos e, portanto, de peixes. As águas ricas em nutrientes, procedentes da corrente Circumpolar Antártica alcançam a super- fície e originam a corrente do Peru, ao longo da costa do Chile e do Peru, que alimentam cardumes gigantescos de anchovas, um recurso alimentício de importância mundial. Na navegação, as correntes marítimas in- fluenciaram as rotas marítimas de portugueses e espanhóis durante a época dos Grandes Descobri- mentos. Um exemplo é a descoberta do caminho marítimo para a Índia há pouco mais que 500 anos, quando os marinheiros portugueses tiveram que enfrentar a perigosa corrente das Agulhas, a sudeste da África, numa zona onde ventos com velocidades superiores a 180 km/h deslocam-se em sentido contrário ao da corrente, originando ondas gigantes. Estas ondas, que causam frequen- tes naufrágios na região, deram origem a vários mitos relacionados a monstros marinhos. As correntes marítimas também interferiram na navegação dos portugueses e espanhóis à América do Sul, como no caso das correntes do Brasil e das Caná- rias na chegada ao Brasil, da corrente do Peru ao litoral do Peru e Chile, da corrente da Califórnia às partes ocidentais da América do Norte e Central e, finalmente, da corrente das Malvinas à parte sul da América do Sul. Sul ressurgência p Figura 18.5 – Movimento vertical próximo à costa conhecido como afloramento costeiro ou ressurgência. Equipe Conexão Editorial Norte litoral vento fundo do mar
Janete AÇÃO E INFLUÊNCIA D OS OCEANOS NA SUPERFÍCIE D A TERRA^313
As marés representam subidas e descidas pe- riódicas e previsíveis do nível médio dos oceanos, que ocorrem em escala global. Devido à atração gravitacional da Lua e do Sol, formam-se ondu- lações sobre a superfície oceânica, com compri- mentos de milhares de quilômetros e altura que pode alcançar 1 m, em oceano aberto. Essas gi- gantescas ondulações varrem as zonas litorâneas à medida que a Terra realiza seu movimento de rotação, ocasionando os movimentos alternados de subida e descida do nível do mar, denominados de marés enchente e vazante, respectivamente. Por uma questão de simplicidade, considerem- -se inicialmente dois pontos diametralmente opos- tos, A e B, localizados na superfície da Terra e sobre uma reta imaginária que passe pelos centros da Terra e da Lua ( Figura 18.6 ). Os dois pontos estão submetidos à atração gravitacional da Lua, que é inversamente proporcional ao quadrado das distâncias e, portanto, maior na face voltada para a Lua (ponto A) que na face oposta (ponto B). Também há a influência da aceleração centrífuga relacionada ao eixo comum de rotação do sistema Terra-Lua, que apresenta valores iguais em ambos os pontos. O balanço entre atração gravitacional e aceleração centrífuga gera forças resultantes de mesma intensidade, porém com sentidos opostos, em cada um dos pontos considerados. O mesmo raciocínio pode ser aplicado para qualquer ou- tro ponto na superfície do globo e a componente horizontal da força resultante é a chamada força geradora de maré, responsável pela criação das gigantescas ondulações situadas em lados opostos do corpo oceânico que ocasionam as marés. p Figura 18.6 – Sistema Terra-Lua e as protuberâncias de maré. Daniel Ferreira/Conexão Editorial 4470_I18_CIE_CAP18_I aprovada Sol p Figura 18.7 – Marés de sizígia (a) e quadratura (b). Daniel Ferreira/Conexão Editorial maré solar maré solar quarto crescente Lua quarto minguante maré de sizígia maré de quadratura Terra Terra Sol Lua cheia Lua nova maré lunar maré lunar 4470_I18_CIE_CAP18_I005a,b aprovada
Janete AÇÃO E INFLUÊNCIA D OS OCEANOS NA SUPERFÍCIE D A TERRA^315 Palavra japonesa que significa “onda de porto”, os tsunamis são ondas que ocorrem após perturba- ções abruptas no fundo marinho capazes de afetar a coluna de água, como maremotos (terremotos em regiões cobertas por oceanos) (ver Capítulo 3 ), erupções vulcânicas, deslizamentos de terras ou gelo, ou ainda, o impacto de meteoros. Em oceano aberto, essas ondas apresentam altura de cerca de 0,5 m, contrastando com seu comprimento de onda, tipicamente maior que 200 km, e sua velocidade, que pode alcançar 700 km/h. Na zona costeira, um tsunami não se apresenta como uma onda gigante que se rompe violentamente, mas como uma on- dulação que leva vários minutos para alcançar uma altura de até 40 m acima do nível normal do mar, provocando um grande avanço ou retração da água em relação à praia, como se fossem marés extremas. O caráter mortal dessas ondas deve-se à sua extre- ma velocidade de avanço nas praias afetadas, mais de 4 m/s, muito maior que a velocidade de uma pessoa correndo. O oceano com a maior incidência de tsunamis é o Pacífico. Tsunami p Figura 18.10 – Onda em processo de arrebentação EpicStockMedia/shutterstock.com
A forma das ondas é variável. On- das curtas podem originar-se durante uma tempestade e criam uma superfí- cie de mar caótica, normalmente com espuma branca à medida que o vento sopra sobre suas cristas. Fora desta área de geração, as ondas tornam-se mais re- gulares, com cristas achatadas e maiores comprimentos de onda. Denominação para tal tipo de onda é ondulação ou “swell”, a qual apresenta períodos em geral superiores a 13 segundos e podem viajar mais de 10.000 km nos oceanos até alcançar uma linha de costa. Já as ondas que ocorrem na área de geração, por tempestades ou pelos ventos predominantes em tempo bom, são deno- minadas “sea”, sendo muito irregulares, com diversos comprimentos de onda, em geral menores que os das ondulações, e várias direções de propagação. Seus perí- odos são, em geral, inferiores a 10 segundos. O fundo do mar começa a afetar as ondas à me- dida que estas viajam de águas profundas para águas rasas, com a modificação do movimento orbital das ondas, de circular para elíptico, em decorrência da proximidade da superfície de fundo ( Figura 18.9 ). A onda também diminui de velocidade e de com- primento e aumenta de altura. Simultaneamente, o declive e a diminuição de profundidade do fundo do mar empurram a onda para cima à medida que esta se aproxima da linha de costa, fazendo com que se torne cada vez mais inclinada até que sua crista de- saba para frente (devido ao seu sentido de propaga- ção), movendo-se com velocidade superior ao resto do corpo principal. Neste instante ocorre o colapso da onda, processo denominado de arrebentação ( Fi- gura 18.10 ). Quando as ondas quebram na zona de 4470_I18_CIE_CAP18_I aprovada p Figura 18.9 – Modificação das trajetórias das partículas orbitais da água e do formato das ondas com a aproximação da praia. Renan Leema/Conexão Editorial arrebentação menor profundidade em direção ao continente cadeia Meso-Atlântica movimento da onda arrebentação, uma grande parte da sua energia é des- pendida para mover a areia ao longo da praia. Após a arrebentação, a onda avança como uma massa de água turbulenta e espumosa em direção ao continente, dentro da zona de surfe. Em seguida, ocorre o espalhamento da água declive acima sobre a superfície da praia, seguido de sua descida por ação da gravidade, dentro da zona de espraiamento.
Janete (^316) CAPÍTULO 18
A profundidade média do oceano é de 3.865 m e, ao contrário do que se imaginava anteriormen- te, o fundo do mar possui grandes irregularidades, incluindo vales e montanhas com dimensões por vezes gigantescas. O relevo oceânico pode ser di- vidido em três províncias maiores: margens con- tinentais, bacias oceânicas profundas e cadeias mesoceânicas ( Figura18.11 ).
A margem continental corresponde à zona que separa o continente emerso da planície abissal (ver adiante), e é constituída fundamen- talmente pela plataforma continental e pelo ta- lude continental. As plataformas continentais são regiões pou- co profundas em torno dos continentes, com- preendidas entre o nível médio da maré baixa e profundidades máximas de 200 metros. Apresen- tam declividades muito suaves (menos de 1°) e correspondem a aproximadamente 7,6% da área total dos oceanos. Sua extensão média é de 60 km, podendo variar de 1.000 km no Ártico até alguns quilômetros, como na costa oeste das Américas do Norte e do Sul. As plataformas que apresentam maior lar- gura ocorrem nas proximidades de planícies e regiões de relevo suave, enquanto que as mais estreitas (quando existentes) ocorrem próximas a áreas montanhosas. Em termos de tectônica de placas, as primeiras relacionam-se a margens pas- sivas, enquanto que as segundas relacionam-se a p Figura 18.11 – Esquema síntese do relevo oceânico. 100 m 200 m 1.000 m 2.250 m 4.5000 m 115.000 m talude continental vertente continental sopé continental montanha submarina planície abissal fossa submarina costa submarina colina abissal rift Equipe Conexão Editorial
Janete (^318) CAPÍTULO 18 com média em torno de 1.000 km. Com porte comparável ao das cadeias de montanhas conti- nentais, elevam-se, em média, a 2.500 m acima do nível das planícies abissais ou províncias de mon- tes submarinos adjacentes. Em algumas áreas, como na Islândia, a cadeia mesoceânica se eleva acima do nível do mar. O caráter inteiramente vulcânico das cadeias mesoceânicas é atestado por sua composição inteiramente basáltica, representando os sítios onde a crosta oceânica é criada pelo processo de espalhamento do assoalho oceânico. Ao longo das cristas submarinas ocorre um vale que cor- responde a uma fenda ( rift ), gerado pelo afas- tamento das placas litosféricas. Nestes vales, há uma intensa atividade geológica, com derrames de lavas que se resfriam como grandes gotas, adquirindo a forma de almofadas quando em- pilhadas ( pillow lavas ). Há também numerosas fontes de exalações hidrotermais ricas em enxo- fre e metais como ferro, cobre, zinco, etc.
O fundo oceânico é rico em potencial mi- neral. Enquanto os recursos localizados nas planícies abissais não devem ser explorados em futuro próximo, por sua inacessibilidade, aque- les em águas mais rasas apresentam-se como alvos atraentes. Além do petróleo e gás natural, existem outros recursos minerais marinhos de interesse econômi- co, a saber: granulados marinhos, sais evaporíti- cos, minerais fosfáticos e nódulos de manganês. Granulados marinhos Incluem areias e cascalhos que ocorrem nas pla- taformas continentais. Alguns granulados marinhos são compostos predominantemente de minerais sili- cáticos (essencialmente quartzo), sendo denomina- dos sedimentos siliciclásticos. Já aqueles granulados constituídos predominantemente de conchas e frag- mentos de algas calcárias (essencialmente carbonato de cálcio) são denominados sedimentos bioclásticos. Estes depósitos são minerados costa afora por dra- gas de caçamba ou hidráulicas (sucção). Normalmente, os granulados siliciclásticos marinhos são utilizados na construção civil, regeneração de praias afetadas por erosão, in- dústria química, indústria de vidro, abrasivos e para moldes de fundição. Atualmente e no plano mundial, depois do petróleo e gás natural, são os depósitos marinhos mais extraídos do fundo dos oceanos. Já os granulados bioclásticos são utilizados principalmente na agricultura ( corre- tivos de solo ), potabilização de águas para consu- mo humano, indústria de cosméticos e dietética, implantes em cirurgia óssea, nutrição animal e tratamento da água em lagos. Alguns sedimen- tos siliciclásticos marinhos podem conter quan- tidades comerciais de diamantes, ouro e minerais pesados (mais densos que o quartzo), como mo- nazita, ilmenita, cassiterita, etc. (ver Capítulo 6 ). Sais evaporíticos Quando a água do mar evapora, as concen- trações relativas dos sais dissolvidos (solutos) aumentam com relação à água (solvente) até que ocorre sua precipitação, formando os depósitos evaporíticos. Aqueles de maior interesse econô- mico são a halita e a gipsita. A halita (ou sal de cozinha) é amplamente utilizada no tempero América do Norte América do Sul África Europa p Figura 18.12 – Dorsais do Oceano Atlântico. Renan Leema/Conexão Editorial
Janete AÇÃO E INFLUÊNCIA D OS OCEANOS NA SUPERFÍCIE D A TERRA^319 e preservação de alimentos, produção de cloro, sódio, ácido clorídrico, etc. Já a gipsita é utili- zada principalmente na fabricação de cimento, gesso, corretivos de solo e ácido sulfúrico. Fosforita É uma rocha sedimentar composta de vários minerais fosfáticos ( e.g. apatita). Embora ne- nhum depósito comercial esteja sendo minerado atualmente nos oceanos, o potencial é grande, já que as reservas são estimadas em mais de 45 bi- lhões de toneladas. A fosforita ocorre em profun- didades menores que 300 metros, em plataformas e taludes continentais. Sua principal utilidade é a produção de fertilizantes fosfáticos. Nódulos polimetálicos Os nódulos polimetálicos contêm concentra- ções significantes de manganês, junto com co- bre, níquel, cobalto e ferro. São encontrados em vastas áreas das planícies abissais ( Figura 18.13 ), principalmente no oceano Pacífico Leste, entre Havaí e México. Embora os metais encontrados nestes depósitos tenham larga aplicação na in- dústria metalúrgica, os custos para explorá-los em profundidades tão grandes são elevados.
Em vários aspectos, os oceanos são de funda- mental importância para a vida no planeta e para a sobrevivência humana. Com vastas regiões de fundo quase desconhecidas, recursos minerais e vi- vos ainda intocados, além de um imenso potencial energético (ver Capítulo 27 ), os oceanos devem ser encarados como mais que simples via de dispersão da raça humana entre os continentes, mas como importante fronteira a ser conhecida e respeitada, dentro de seus limites ambientais, para o prolon- gamento da existência humana no planeta Terra.
u (^) Quais são as principais bacias oceânicas do planeta Terra? u (^) Como se formaram os oceanos? u (^) Quais são os principais agentes dinâmicos dos oceanos? Explique cada um deles. u (^) Quais são as grandes províncias do relevo sub- marino? Descreva cada uma delas. u (^) Que recursos minerais ocorrem no fundo oceâ- nico? Quais suas utilizações?
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